União Mistica ou Decepção Espiritual?






Seremos deuses?

A idéia de que seremos divinos tem suas origens da teologia de alguns pais da igreja e no misticismo da nova era, no espiritualismo e também no misticismo cristão. Atualmente vem ganhando força dentro da cristandade por meio do movimento carismático que tem promovido um misticismo proativo, cujas origens remetem alguns santos medievais da igreja católica.  É notável como o movimento carismático vem flertando técnicas místicas para se alcançar iluminação, êxtases e outras experiências místicas pelo uso corrente das praticas como lectio divina, oração contemplativa, visualizações e outras técnicas que promovem estados alterados de consciência. Segunda a tradição antiga, a união mística do homem com Deus redunde em deificação da raça humana redimida, essa teoria chama-se theose.  O processo segue a ordem Katharis (purificação) Theoria (Iluminação) e Theosis (Deificação). O texto bíblico usado para apoiar essa falsa doutrina é II Pedro 1:4 “Pelas quais ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção que pela concupiscência há no mundo”.  Ora, a primeira vista, realmente parece que Pedro lançou os fundamentos dessa doutrina, porém não é assim. Entendemos o contexto cultural em que a epístola está inserida, observado que a principal força espiritual contra o cristianismo nos primeiros séculos era o gnosticismo, e esse movimento, mesmo dentro das suas variadas correntes, cria na centelha divina adormecida no fundo do homem interior, e que através de certas técnicas místicas poderia emergir numa experiência de transformação e conhecimento espiritual.  Assim como sendo participantes das aflições de Cristo, não oferece nenhum hipótese de auto-redenção (I Pedro 4:13) de auto-justificação, ou qualquer idéia de que nossos sofrimentos possuem poder de nos redimir da maldição do pecado (Efésios 2:8 e 9) é lógico que também o fato de sermos participantes da natureza divina não significa que seremos divinos. Também pelo fato do progresso espiritual e a glorificação de cada salvo, está projetada no alvo supremo de sermos conforme a imagem de Cristo (Romanos 8;29) isso não fará de cada redimido um cristo. O versículo anterior (II Pedro 1:3) explica que com o divino poder, o Senhor nos deu tudo o que diz respeito a vida e piedade, isso importa que as virtudes e o caráter santo de Deus nos é oferecido pela graça e pela redenção. Para participar dos atributos que conferem a Deus princípios absolutos compartilhados com seus filhos redimidos.  Assim, somos que participantes de sua santidade (Hebreus 12:10) mas isso não confere a nós o direito de afirmar que somos absolutamente santos por natureza, de modo que, passamos a co-existir num mesmo nível de santidade do Senhor. Agora entremos num outro aspecto, as Escrituras afirma que os cristãos são o corpo de Cristo (II Coríntios 12:27 e Efésios  4:12) mas isso não deve ser entendido do modo que cada cristão é um membro literal de um corpo literal que é o de Cristo, pois Ele está entronizado a destra de Deus (Hebreus 1;3) então aqui não resta duvida de que é uma posição espiritual que confere virtudes santas e comunhão de vida, dependência e poder (João 15:1 a 10) Assim vimos que o Novo Testamento atesta que Deus é um ((I Coríntios 8:6, Gálatas 3:20, Efésios 4:6, I Timóteo 2:5 e Tiago 2:19) Não pode existir um Deus absoluto e divindades, o Deus Triuno está em uma perfeita unidade absoluta, fora disso é panteísmo. Mas ainda é necessário, que tenhamos em mente que a redenção é consumada e perfeita em Cristo, que morreu pelos nossos pecados, carregando sobre as nossas iniquidades (I Pedro 2:24) então a fé é imputada como justiça (Romanos 4:5 e 5:18) para sermos servos da justiça (Romanos 6:18) sermos transformados em novas criaturas conforme II Coríntios 5:17 e não em divindades conforme o misticismo, e pelo fato de nos tornarmos novas criaturas, como bem diz Paulo “O ser uma nova criatura” (Gálatas 6:15) não implica em hipótese alguma em ser uma divindade.  Insisto, pois que as Escrituras ensinam que a redenção nos transforma em um novo homem (Efésios 2:14) assim a admoestação aos salvos é que se revistam do novo homem que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade (Participação nos atributos divinos) e não transformados em divindades. (Veja Efésios 4:24). O misticismo que ensina a pratica da união do homem com Deus, acreditado que o divino absorve o humano carece de  fundamentos bíblicos.
Conclusão:  Outro texto apelativo para argumentar favoravelmente a doutrina da theosis é João 10:35, mas as palavras ali devem ser interpretadas de acordo com o contexto de todo o Novo Testamento.   O fato de que a bíblia fala da existência de deuses (I Coríntios 8:5) deve ser entendido como aqueles que por natureza não são divindades (Gálatas 4:8). A ideia de que meros humanos mortais vindo da raça adâmica podem tornar-se deuses é de origem pagã.  Em Atos 14:8 a 15, os pagãos de listra quiseram prestar culto a Paulo e  Barnabé, pensando que eram divindades, mas, sendo cristãos redimidos, protestaram contra essa idolatria, e Paulo disse : “Senhores, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos ás mesmas paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu e a terra, e o mar, e tudo o que há neles”(Atos 14:15).  O misticismo católico e esotérico que entrou na igreja cristã através de escritores como Richard Foster e Dallas Willard, principais porta vozes da proclamação dessa  “nova” espiritualidade, popularizou-se, por infiltração, uma vez que pouca resistência existe entre as editoras, com relação a falsas doutrinas, Foster com seu Best Seller “Celebração da Disciplina” vendeu milhares de exemplares e influenciou e ainda continua influenciando muito gente. De forma irônica, posso concluir esse artigo, com a certeza de que, homem nenhum pode subir a escada das técnicas místicas, para alcançar uma unidade com Deus e ser absorvido pela divindade, não pode tornar-se um deus, essa união mística nada mais é do que um caminho aberto para a união com o romanismo, ou seja, uma porta que se abriu para consolidar o ecumenismo entre as igrejas apostatas.


Clavio J. Jacinto

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