Cristo morreu por nossos pecados



Cristo morreu por nossos pecados
(Christ Died for Our Sins)


         Em desespero, o carcereiro de Filipo gritou: “Que devo fazer para ser salvo?” A simples resposta de Paulo foi: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo” (Atos 16:31). O grande apóstolo nada falou sobre batismo, sacramentos, velas, incenso, freqüência à igreja, reforma de vida ou qualquer outra coisa que fosse necessária ou mesmo servisse de auxílio à salvação. De Gênesis a Apocalipse a Bíblia deixa claro que nada existe a ser feito pelo pecador, e muito menos que este deva fazer algo, a fim de satisfazer a justiça divina a respeito da penalidade do pecado. Podemos e devemos somente crer em Cristo, pois Ele pagou toda a penalidade do pecado: “Está consumado” (João 19:20).
         A Escritura não poderia ser mais clara. Romanos 4:5 diz: “Mas, àquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça”. Em Efésios 2:8-9 lemos: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”. Tentar fazer algo pela própria salvação, além de “crer no Senhor Jesus”, é negar que Ele pagou totalmente a penalidade do pecado na cruz; é rejeitar a oferta divina de perdão e a vida eterna como um dom gratuito de Sua graça. Está claro que podemos ser salvos exclusivamente pela fé em Cristo. Contudo, o que significa isso exatamente? No que devemos crer?
         Imaginem que alguém afirme ser “cristão”, crendo em Cristo somente como uma pessoa histórica, como o melhor dos homens, admirando-O e procurando seguir o Seu exemplo altruísta. Que se emocione a respeito do sofrimento e morte de Cristo na cruz e freqüente regularmente uma igreja. Contudo não se interesse pelo fato de que Ele tenha tido ou não um nascimento virginal, se Ele é Deus, vindo em forma de homem para morrer na cruz em total satisfação pelos nossos pecados, ou se Ele ressuscitou dos mortos. Será que essa pessoa está salva? Será que ela realmente “crê no Senhor Jesus”? Ou será que ela apenas crê e admira “outro Jesus”... “outro espírito” e “outro evangelho”? (2 Coríntios 11:3-4). Será que isso realmente importa ou apenas estamos “arrancando os cabelos?”
         Paulo declara que o evangelho de Cristo “... é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego”. (Romanos 1:16). Então, crer no evangelho de Cristo conduz à salvação. Mas se crer no evangelho de Cristo é a única maneira de ser salvo, então o que é o evangelho? Pedro declarou em atos 4:12: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos”.
E nenhuma resposta é dada à pergunta de Hebreus 2:3: “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram”. Desse modo não há escapatória, a não ser através de Cristo, que disse: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim”.
         Contudo, em nenhuma parte a Bíblia define o evangelho como desligado de Cristo. Sim, o evangelho está aqui: “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras (1 Coríntios 15:3-4).. Ora, esta declaração de Paulo não fala, por exemplo, do nascimento virginal nem que Cristo é Deus. Mas o senso comum nos diz que a declaração de Paulo em Atos 16:31 - “Crê no Senhor Jesus e serás salvo” - não significa apenas crer que em certo tempo existiu um homem chamado Jesus Cristo. Obviamente, deve existir muito mais a respeito de Cristo que não foi incluído nesta breve declaração e que Paulo já deveria ter explicado antes ao carcereiro de Filipo. Ninguém pode crer realmente no Senhor Jesus Cristo, se  tiver a respeito dEle uma falsa compreensão.
         Cristo admoestou um grupo de judeus: “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Eu retiro-me, e buscar-me-eis, e morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, não podeis vós vir. Diziam, pois, os judeus: Porventura quererá matar-se a si mesmo, pois diz: Para onde eu vou não podeis vir? E dizia-lhes: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados (João 8:21-24). “EU SOU” é o nome de Deus, conforme foi revelado a Moisés na salsa ardente (Êxodo 3:14). Isaías declarou, profeticamente, que o Messias iria nascer de uma virgem (Isaías 7:14). Que Ele seria o “Deus Forte, Pai da Eternidade” (Isaías 9:6). A linguagem de Cristo é exata. Ele não disse aos judeus: “Antes que Abraão existisse, eu era”.  Ele disse: “Antes que Abraão existisse, EU SOU” (João 8:58). Ele é o Ser Auto-existente, “Sem princípio e sem fim”, “O Alfa e o Ômega” (Apocalipse 1:8, 11; 21:6; 22:13).
         Então, ouvimos isso dos lábios do próprio Cristo: para sermos salvos devemos crer que Ele é Deus. Negar esta doutrina essencial é rejeitar o evangelho que salva. Crer que Cristo ressuscitou dos mortos também é essencial à salvação: “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo (Romanos 10:9). Contudo, existem pastores e professores de seminário que não crêem na Divindade de Cristo nem em Sua Ressurreição. Eles ensinam “outro evangelho”, que não salva, e milhões parecem acreditar nesses falsos mestres em vez de crer na Palavra de Deus. A condenação, tanto para os mestres como para os seus seguidores, recai sobre suas cabeças, visto como têm rejeitado a verdadeira salvação que Cristo obteve na cruz, quando morreu por nossos pecados.
         E aqui temos outro item essencial do evangelho, no qual devemos crer para sermos salvos: “... Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Coríntios 15:3). O fato de ter sido Ele açoitado, cuspido, espancado ou maltratado pelos homens -  e até crucificado, em total cumprimento das profecias - não poderia pagar a total penalidade do pecado, nem salvar-nos.
         Cristo morreu por nossos pecados. “A alma que pecar, essa morrerá” (Ezequiel 18:4,20). “O salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23). A salvação veio através da morte de Cristo. A morte é a penalidade do pecado e Cristo teve de pagar completamente essa penalidade pelos pecados de toda a humanidade. Completamente? Mas a morte não é apenas morte? Poder-se-ia imaginar algo pior que isso? Claro que sim!
         Embora tenhamos tratado ligeiramente, no mês passado, da distinção entre os sofrimentos físicos infligidos pelos homens e os sofrimentos espirituais nas mãos de um Deus Santo contra o pecado, este assunto é de tal importância que deveríamos voltar ao mesmo. O pecado é um problema moral e espiritual, envolvendo a Lei de Deus e a rebelião do homem contra Deus. Que o sofrimento de Cristo não foi apenas físico, mas também espiritual, está claro: “Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias; e o bom prazer do SENHOR prosperará na sua mão. Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si. Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores” (Isaías 53:10-12). Em Hebreus 9:14, lemos: “Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?“
         Pouco antes de Judas tê-lo traído, Cristo  “... tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, tomou o cálice, depois da ceia, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue, que é derramado por vós” (Lucas 22:19-20). Também na 1 Coríntios 11:24-25, lemos: “E, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim”.
         A maioria dos cristãos recebe periodicamente o pão e o cálice, conforme Cristo ordenou. As igrejas católicas romanas e ortodoxas ensinam que o pão e o cálice são literalmente o corpo e o sangue de Cristo, oferecidos sobre os seus altares e que Ele continua sofrendo, ininterruptamente, pelo pecado. Contudo a Bíblia declara sobre Cristo: “De outra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo. Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação. Mas este, havendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados, está assentado à destra de Deus,  porque com uma só oblação aperfeiçoou para sempre os que são santificados.  Ora, onde há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado” (Hebreus 9:26,28:10:12,14, 18). Cristo sofreu por nossos pecados: “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito” (1 Pedro 3:18). Se Cristo subiu aos céus, conforme Estevão contemplou-o, ao ser apedrejado até á morte (Atos 7:55-56), como é que Ele pode continuar a ser oferecido (imolado) nos altares católicos romanos? O que dizer dos católicos que amam realmente a Cristo, crendo que Ele morreu pelos seus pecados e, ao mesmo tempo, crendo na doutrina católica de que a hóstia e o vinho se transformam no corpo e sangue  de Cristo e que Ele continua a ser oferecido? Será que eles podem ser salvos, apesar de tal ignorância e falta de entendimento? Quais as margens de erro que podem ser mantidas dentro do evangelho e no que importam? Importaria se eles cressem que Jesus morreu por nossos pecados e, contudo, continuassem assistindo ao “sacrifício da missa”, imaginando que Cristo continua sendo oferecido por nossos pecados e que eles o estão digerindo dentro dos seus estômagos, após terem engolido a hóstia e o cálice? Sim. A Escritura diz que Cristo “tendo oferecido para sempre um único sacrifício pelos pecados...” (Hebreus 10:12). Portanto, não é um erro grave demais acreditar que Ele continua a ser oferecido? Claro que é!
         A oferta voluntária de Cristo ao Pai por nossos pecados aconteceu na cruz, segundo 1 Pedro 2:24: “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados”. Nesse caso, não é pelo fato de ter sido açoitado que Cristo pagou por nossos pecados. Ele sofreu algo muito pior do que o sofrimento físico. No Jardim, em terrível antecipação daquele horror, “E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão” (Lucas 22:44).
         Quando tomamos o pão e o cálice, conforme Cristo nos ordenou, nós o fazemos, não para obter perdão de pecados (como ensinam os católicos e ortodoxos), nem como alimento de nossa alma (como ensinaram Lutero e  Calvino), mas como grata lembrança de Cristo pelo Seu sacrifício na cruz. É tão fácil imaginar que na participação física do comer e beber temos cumprido o nosso “dever” com o Senhor mais uma vez, em comemoração ao seu sofrimento físico, deixando de usar um tempo adequado para meditar no que Ele “padeceu uma vez pelos pecados” (1 Pedro 3:18).
         Aqui, novamente verificamos a importância vital da distinção entre o sofrimento físico que o nosso Salvador suportou nas mãos dos homens [o único tipo de sofrimento apresentado de modo grotesco no filme de Mel Gibson] e a penalidade que lhe foi infligida por Deus, conforme Isaías 53:10: “...Todavia, ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar”.
         Como dissemos no mês passado, seria absurdo imaginar que pecadores rebeldes contra Deus seriam Seus servos escolhidos para executar a Sua justiça contra Cristo. Como poderiam eles saber até que ponto espancá-Lo e quantos golpes Lhe aplicar? E como poderia o sofrimento físico pagar o preço espiritual da eterna separação de Deus merecida pelo pecado? Cristo disse: “Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai” (João 10:17-18).  Nesse caso, os soldados não poderiam matá-lo e nem o fizeram. Contudo, Cristo morreu por nossos pecados, mas o que os soldados Lhe fizeram não poderia pagar por nossos pecados. Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras. Temos a tendência de pensar em Sua morte física, quando certamente há muito mais que isso. A morte é, antes de tudo, a separação de Deus. A morte física causa a separação da alma e do espírito, do corpo.
         Adão foi avisado em Gênesis 2:17: “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Ele não morreu fisicamente naquele mesmo dia, mas uns cem anos mais tarde. Adão e Eva devem ter morrido espiritualmente naquele mesmo dia. Depressa eles se sentiram como estranhos no Jardim do Éden, separados de Deus por causa do seu pecado e tentaram se esconder dEle, “entre as árvores do jardim” (Gênesis 3:8), mortos para Deus em seus espíritos.
         Todos os descendentes de Adão e Eva herdaram a morte espiritual. Nascemos todos “mortos em ofensas e pecados” (Efésios 2:1). A morte física iniciou o seu processo em Adão e Eva, no exato dia em que eles pecaram. Nascemos pecadores. Nossos corpos começam a morrer no momento exato do nascimento, fato para o qual nenhuma ciência médica tem explicação. Ninguém (exceto Cristo) já experimentou o absoluto horror da morte em toda a sua plenitude. Isso vai acontecer somente no juízo final, quando acontecerão a morte e o inferno (Apocalipse 20:14-15).  Cristo tornou-se homem, de modo que, “pela graça de Deus, provasse a morte por todos” (Hebreus 2:9). Portanto, Sua morte na cruz teve de incluir a “segunda morte”. Desse modo, Ele suportou na cruz o sofrimento eterno que toda a humanidade merece sofrer no “lago de fogo”. Isso poderia acontecer somente pelas mãos de Deus e não dos homens. “O salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23). Não apenas uma separação temporária de Deus. Então, ao sofrer por nossos pecados, Cristo deve ter experimentado o horror da eterna separação de Deus, merecida por toda a humanidade. Não é de admirar que Ele tenha clamado: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Salmos 22:1; Mateus 27:46; Marcos 15:34). Nenhum sofrimento físico, especialmente nas mãos dos pecadores, poderia ter anulado essa penalidade terrível. O pecado é um problema moral e espiritual, envolvendo a Lei de Deus e a rebelião do homem contra Deus. Tanto o pecado como a solução do mesmo só podem ser espirituais.
         A ICR ensina que em adição ao sofrimento de Cristo pela eterna penalidade do pecado  devemos sofrer o castigo “temporal” , quer seja nesta vida, ou no purgatório, do qual poucos católicos esperam escapar, depois da morte [Quando morre um papa, a ICR manda  celebrar milhares de missas para retirá-lo do purgatório, o que não se entende, visto como os papas dão indulgências plenárias aos seus fiéis, exatamente para livrá-los dessa pena temporal]. Supostamente as chamas de purgatório são um meio de purgar os pecados. Aqui temos novamente uma confusão entre o sofrimento físico e o espiritual, uma negação completa da obra da Redenção e uma tentativa de ganhar em parte a salvação. A Escritura declara meridianamente: “O qual [Cristo], sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas” (Hebreus 1:3). Além disso, “...sem derramamento de sangue não há remissão” (Hebreus 9:22). A verdade é que Cristo pagou por nossos pecados através do Seu sangue. Em Apocalipse 1:5, lemos: “... Àquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados”. Reconhecer que o que Cristo sofreu por nossos pecados foi além de qualquer sofrimento físico deveria aumentar a nossa gratidão por Ele. Quanto mais profunda for a nossa compreensão, maior será a nossa apreciação pelo que Ele sofreu em nosso lugar.
         Possa o Senhor despertar em nossos corações um caudaloso rio de louvor e gratidão, a fim de que expressemos continuamente o nosso amor pelo Pai, por ter Ele entregue o seu Filho e por ter Cristo suportado o castigo que merecíamos por nossos pecados.

“The Berean Call Letter”, Junho, 2004 - Dave Hunt


Publicado anteriormente no site do CPR


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