Candura



(1)
Andei descalço nesse vale vil

Minhas vestes sujas me desamparavam

A vergonha de ser maltrapilho

Errante pelos pântanos do pecado


(2)
Quem me encontrava se assustava

Horrenda era minha pegajosa túnica

De espectro de um morto rastejando

Sobre a lama prosseguia gemendo


(3)
Gritos meus ressonancia da escuridão

Que tristeza e asco que me prendia

Com lagrimas tristes gotas que ardiam

Pra tentar cobrir minhas vergonhas


(4)
Do alto vi o sol que escurecia

Aquele que brilha após o meio dia

E no coro de seres angelicais

Um consumado que bradava ainda mais


(5)
Um trovão tremendo o cosmo inteiro

Um Divino Ente que mais bradava

Uma chuva de sangue se derramava

Sobre minha asquerosa veste


(6)
Que o efeito em mim logo surgia

No terror daquela tarde toda escura

Pois aquela sanguinária chuva que caía

De sujas vestes agora alma em candura



(Clavio J. Jacinto)

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