Tecno-utopia






A simples percepção que o mundo mudou é um convite á reflexão de que precisamos tomar cuidado, espiritualmente falando, o mundo nunca muda para melhor. Lembre-se que a primeira invenção do homem depois da queda foi o homicídio. No capitulo 6 de Genesis a civilização toda está no auge da depravação, então vem o dilúvio, depois da família de Noé ergue-se novamente a  civilização, então Cristo profetiza que a sua vinda seria caracterizada por sinais distintos, entre as quais, os dias seriam como os dias de Noé. Então o mundo pode e de fato melhorou bastante em certos setores, mas não se esqueça que também a era da ciência e tecnologia, o século vinte foi selado com duas guerras mundiais e mais 22 guerras de grandes proporções que dizimaram mais de 200 milhões de almas. Assim, concordo como o filosofo René Girard: “Quer queiramos quer não, estamos hoje numa situação propriamente apocalíptica, no sentido da revelação violenta da violência humana. A violência do homem é revelada pelo que se passa hoje, e, uma vez que transcende as possibilidades humanas, coloca ao mesmo tempo a espécie em perigo.” (René Girard em “O Bode Expiatório e Deus”) A tecnologia e as redes sociais tornaram os homens mais egoístas, aliás o egoísmo é antropocentrismo e além disso o egoísmo provoca o vicio do consumismo assim vimos como a rede é realmente uma armadilha se não tivermos bom senso e discernimento. O ouro que vem do Egito com os hebreus serviram na construção do tabernaculo, mas também serviu para construir o bezerro de ouro.  A vida do homem ocidental moderno elevou-se para uma vida melhor em diversos setores, e isso está muito evidente, de que com o desenvolvimento social vem a tecnologia e com ela a promessa do paraíso psico-emocional. O consumismo é uma marca distinta da nossa civilização, e então o sistema nos escraviza, inventando coisas desnecessárias que se tornam necessárias aos viciados em idolatrar as coisas, essa fome em possessividade é que está tornando o homem cada vez mais escravo das coisas que ele mesmo inventa. Tozer certa vez escreveu: “Não pode existir duvida de que o apego possessivo ás coisas é um dos hábitos mais perniciosos da vida. Pelo fato de serem tão naturais, raras vezes as pessoas reconhecem pelo mal que é; todavia, suas conseqüências são trágicas”  (A. W. Tozer em “Em Busca de Deus”) Veja que isso pode ser percebido com provas  simples, por exemplo; os games. Olhe como as crianças viciam nesses jogos eletrônicos. Outro exemplo, note o comportamento das pessoas que ficam todos os dias no mundo virtual,  se ficam por algumas horas sem acesso a internet, há uma alteração no comportamento delas tornam-se agressivas ou mal humoradas, esses sinais são evidencias claras que a tecnologia está controlando o homem, ao invés do homem controlar a tecnologia. Sem duvida hoje vivemos sob alienação constante da tecnologia, ela nos seduz, e de fato tem escravizado muitas pessoas, como poderia ser chamada a nossa era, que seria uma utopia inalcançável se pudéssemos voltar a 40 anos atrás, e tentar reimaginar sob a obscuridade da ignorância, o que seria nosso mundo quatro décadas depois...Chamaríamos de tecnopia: uma utopia tecnológica? Muito bem, foi Dawkins quem alertou: "A inteligência artificial poderia significar o fim da raça humana", diz Hawking. Levando em conta que a cisão de Dawkins seja mais pessimista olhando para movimentos radicais como o transhumanismo, de certa forma, faz sentido a sua declaração se for interpretada de forma subjetiva. O fim da sensibilidade é o fim de uma civilização. Se os fundamentos de alguns absolutos ruírem, a tendência do homem é a autodestruição. Duas guerras mundiais que ocorreram no século passado, são modelos clássicos de exemplo que o homem tem dentro de si esse impulso para a destruição quando os valores são absorvidos por conveniências e os absolutos cedem para o relativismo. O diabo sabe que basta que o homem perca o senso, se a visão do certo e do errado pode ser comprometido, tudo mais vem com conseqüências devastadoras. Até aqui quero que percebam, que a tendência natural do homem por possuir coisas sem sentimento de saciedade e a destruição da sensibilidade quando andam juntas, não é necessário que ocorra crises catastróficas como uma guerra mundial, apenas indivíduos autônomos sob um regime tecnocrático de escravidão já é necessário para que haja uma ruptura com anormalidade e o homem desça os degraus da coerência. Estamos vivendo isso hoje. Veja bem, eu não estou afirmando que a tecnologia em si é má, o problema é o homem. D e certa forma, a tecnologia nos ajudou muito e ainda ajuda, creio que não podemos negligenciar o lado bom. Porém essa dependência gera escravidão, e nenhuma escravidão é boa, não quando o artificial controla pessoas, pois quanto mais vivemos de ilusão, mais alheios ficaremos na realidade. O que percebo é que parece que estamos revivendo um gnosticismo tecnológico, onde há um inverso situacional. Abandonamos o mundo real, para viver no artificial, deixamos a realidade como se ela fosse ruim, para entramos num mundo de ilusões de ótica. Cito o exemplo, qualquer um poderia perceber o impacto da leitura de um livro que toca a natureza com os sentidos humanos, o livro de Henry Thoreau “Walden; ou a Vida nos Bosques” uma vez que Thoreau interagiu com a natureza e extraiu dela a observação necessária para dar um sentido a vida, a experiência dele é uma inversão do homem moderno, que penetra nos bosques da tecnologia, mas se perde no emaranhado de ilusões, pois a tecnologia é um claustro, o mosteiro dos desalmados, homens que enrijecem a sensibilidade e tornam-se mais egoístas e anônimos, mas esse anonimato é uma anomalia, porque sendo observável, o centro da comunhão familiar é quebrado, para que todos os componentes de uma família se individualizem, os próximos distantes, a loucura desse dilema, é que toda a família agora pode ser prodiga sem sair de casa, basta entrar no caminho virtual e percorrer as longas jornadas que faz co que cada próximo torne-se distante. E mais, às vezes as descidas para os lugares mais obscuros são manejos fáceis para provar das mais devassas bolotas que a terra distante do anonimato coloca diante do homem, dando-lhe uma falsa segurança de libertinagem, como se fosse “liberdade”. Então diante desses fatos, a proposta é que devemos reagir, e não perder os limites que definem o real da ilusão, e que a percepção e o bom senso estejam ativos na nossa vida, de modo a vivermos com sabedoria e prudência em tempos que parecem perigosos e são de certa forma, muito complexos, porque envolvem valores e problemas que em longo prazo, se não forem resolvidos podem ser catastróficos para a humanidade. O que a bíblia nos diz? Os dias difíceis devem ser confrontados com vigilância (Mateus 24:42 a 44, 25:13 Lucas 35 Apocalipse 16;15) Sobriedade (I Pedro 1:13 I Tessalonicenses 5:2 a 6 I Pedro 4:2) Mortificação da carne (Colossenses 3:3 a 5 I João 3:2 e 3) Comunhão com os Santos e muito amor fraternal (I João 2:20 e I Tessalonicenses 3:12 e 13)


Clavio J. Jacinto

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