Fundamentalismo Cristão: O Que Você Precisa Saber


 

 


Li recentemente o livro distópico “O Conto da Aia”(Publicado pela primeira vez em 1987 nos EUA) de Margaret Atwood, o livro é uma narrativa fantasiosa de uma novela obscura  que envolve a fé cristã, política e sexo.

Como de costume, sempre vou atrás da crítica literária, para saber como a classe intelectual enxergou o romance distópico de Atwood, e percebi que o romance é interpretado com uma abordagem religiosa e política, a estória narra um golpe de estado nos Estados Unidos e o surgimento de um regime totalitário: a republica de Gileade, um regime fundamentalista cristão. No romance percebi como alguns personagens citam as Escrituras como um meio de justificar os mais bizarros comportamentos. Há uma crítica embutida no livro, e tudo soa como um absurdo, pois o fundamentalismo cristão é apresentado como uma ameaça. Na república de Gileade é tolerável o concubinato e o seqüestro de crianças frutos deste relacionamento. Como o romance se caracteriza como distopico, o que vimos é um totalitarismo e uma opressão ao sexo feminino, uma crítica ao patriarcado e talvez o resultado da união da religião e política de estado.

Mas o que mais me preocupa no livro é o modo como alguns interpretam o significado de “fundamentalismo cristão”. Pois há um equívoco enorme que se perpetua na sociedade quando compara o fundamentalismo bíblico com o fundamentalismo de religiões intolerantes. A maioria enxerga como um mesmo fenômeno e por causa disso, muitos cristãos verdadeiros que são de fato, fundamentalistas se sentem receosos e envergonhados em identificarem-se como “cristãos fundamentalistas. Por outro lado, também olham para o Fundamentalismo cristão” como uma ameaça mortal. Esse é um erro que sobrevive a custa da ignorância e da falta de discernimento.

 

O QUE É FUNDAMENTALISMO CRISTÃO?

 No Dicionário de Apologética e Filosofia da Religião, o Autor, C. Stephen Evans define : “Originalmente o termo designava o movimento associado a uma série de livros escritos por destacados teólogos da primeira parte do século XIX que defendiam os fundamentos da fé cristã, especialmente a divindade de Jesus.” mas então ele explica que houve um desvio do termo e tornou ambíguo e com conotações quase que completamente pejorativas, associados a religiosos que defendem o terrorismo e a violência como meio de imposição á crenças. Evans afirma: “Com o passar do tempo, o termo foi usado em sentido mais amplo, associado a qualquer forma de cristianismo tradicional e conservador e, até mesmo, para se referir ao conservadorismo de outras tradições religiosas, como a dos muçulmanos fundamentalistas...”

 

Um grupo de teólogos piedosos, como veremos mais adiante, deram início a um movimento de oposição a teologia liberal e a alta crítica, que negavam os aspectos sobrenaturais das Escrituras, como o nascimento virginal, a ressurreição literal de Cristo a autoria mosaica do Pentateuco, a historicidade do livro de Daniel e do Profeta Jonas etc.

Essa reação foi um reflexo do compromisso com a fé que uma vez foi dada aos santos (Judas 3) uma resposta aos que eram contrários a sã doutrina (I Timóteo 1:10) que já não suportavam mais as doutrinas centrais da fé cristã, pois se apostataram (II Timóteo 4:3) assim os teólogos piedosos que deram início ao movimento fundamentalista cristão, apenas desejavam defender com fervor as doutrinas fundamentais do cristianismo e dar uma resposta eficiente aos contradizentes (Tito 1:9) Eles tinham em mente o compromisso sério de ouvir e responder ao chamado do Espírito Santo: “Tu porém fala o que convém, a sã doutrina”(Tito 2:1)

O movimento era uma reação contra crenças liberais, não havia qualquer tipo de intolerância como perseguições e autos de fé, tribunais inquisitórios e coisas desse gênero, era um movimento piedoso, tinha o propósito de manter e defender  a fé cristã ortodoxa, as doutrinas centrais da fé cristã e os valores morais e espirituais implícitos no sistema teológico que defendiam. Em outras palavras, seus líderes eram homens santos, que não defendiam qualquer tipo de violência, perseguições e imposições forçadas. Todos esses teólogos e os envolvidos na causa levavam em conta a literalidade dos ensinos de Cristo inclusive os que sem encontram dentro do Sermão da Montanha. Desde que entendo sobre os aspectos que envolvem a essência do fundamentalismo cristão, seguir os passos de Cristo é o ideal da vida espiritual de um fundamentalista cristão, isso nada tem a ver com guerras, pois ele sabe que a nossa luta não é contra a carne e o sangue (Efésios 6:10 a 18) e que jamais deve se envergonhar do Evangelho de Cristo que é o poder de Deus, quando a apostasia ameaça ruir com os fundamentos onde os justificados permanecem (Compare Salmo 11:3 com Romanos 1:16) O fundamentalismo cristão é pacificista e respeita a liberdade dos outros, não me admiro que a maioria dos fundamentalistas bíblicos sejam batistas, pois a história dos batistas é uma história de luta pela liberdade de culto e crenças.

 

A HISTÓRIA DO FUNDAMENTALISMO CRISTÃO.

 

 O fundamentalismo bíblico cristão está ligado a um manifesto de homens piedosos e pacíficos, cujo caráter era de teor muito elevado, começou em 1909, era um movimento de reação contra o liberalismo (Nesse contexto histórico, o liberalismo era o antônimo de fundamentalismo). Os fundamentos eram um conjunto de resoluções, que foi publicado posteriormente entre 1910 a 1915 e estavam reunidos artigos de grandes homens de piedade nessa grande comissão de defesa da fé (Judas 1:6) estavam muito estimados e conhecidos homens de Deus naqueles dias, homens de Deus com um legado espiritual que influencia ainda hoje milhões de cristãos, entre eles R. A. Torrey, Philip Mauro, G. Campbell Morgan, James Orr, J. C. Ryle Lewis Sperry Chaffer, James Gray, W. H. Griffith Thomas. Entre os autores selecionados nos artigos chamados de ‘fundamentos” (64 ao todos, publicado em 12 fascículos separados e posteriormente reunido em um livro só) estavam grandes eruditos e homens de formação espiritual avançada. Alguns cristãos que eram magnatas do petróleo nos EUA na época, financiaram o projeto de publicação dos fundamentos e milhões de exemplares foram distribuídos gratuitamente para missionários, pregadores, ministros do evangelho. Aprouve ao Senhor que no princípio, os livros foram distribuídos de graça, não havia nem mesmo lucro no projeto, tal foi a obra na sua essência e pureza cristã.

 

Do que tratam os fundamentos?

 

1-    Defesa da autoria mosaica do Pentateuco

2-    Defesa da historicidade do livro de Daniel e Jonas

3-    Valores doutrinários e históricos dos primeiros capítulos de Genesis

4-    Justificação pela fé e Salvação pela graça

5-    Divindade de Cristo

6-    Encarnação temporal e geográfica do Verbo de Deus

7-    Personalidade e divindade do Espírito Santo

8-    Nascimento virginal de Cristo

9-    Concepção bíblica do pecado

10-                     Inspiração total das Escrituras

11-                     Historicidade da fé cristã

12-                     Ressurreição literal de Cristo e  de todos os homens

13-                     Julgamento futuro

14-                     Oposição ao evolucionismo darwinista

15-                     A vinda literal e triunfante de Cristo

16-                     Outros tópicos não menos importantes.

 

Todo o perfil dos fundamentos era doutrinário, não havia ênfase para qualquer tipo de terrorismo ou violência, doutrinação por imposição e coisas desse gênero. Na mentalidade cristã conservadora, é o Espírito Santo quem convence, a iluminação da glória do evangelho é um ato soberano de Deus e não de imposição humana ou lavagem cerebral. Entender essa verdade evita infortúnios psicológicos a quem defende os fundamentos da fé cristã.

Se o leitor deseja ler algo acerca do terrorismo religioso suas inconseqüências pode ler “Terror em Nome de Deus” de Jessica Stern. O livro faz uma abordagem global sobre o terrorismo intolerante religioso, identificado erroneamente como “fundamentalismo” o uso midiático do termo de ‘fundamentalismo” e “fundamentalista” é uma desconstrução do termo, feito assim, para denegrir a imagem dos cristãos conservadores pois a mídia controlada é anticristã e desonesta ao extremo, pois nunca apresentam que na realidade o cristianismo é o mais afetado pela intolerância religiosa global. os cristãos são os mais atacados, mortos e são as maiores vítimas de intolerância religiosa no mundo, em 2021 a cada dia, 16 cristãos morriam no mundo por causa da sua fé. A mídia nunca mostra isso, mas ao mesmo tempo manipula os termos, tornando-os ambíguos e faz com que o mundo acredite que o fundamentalismo bíblico está associado com o terrorismo religioso. Pura desonestidade intelectual e informativa.

O Espírito Santo pergunta através de Davi: “Se forem destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo”(Salmos 11:3) Os homens piedosos envolvidos no movimento fundamentalista cristão não tinham qualquer tipo de associação com grupos radicais norte americanos como alguns evangélicos que erguem a bandeira racial (Igrejas de supremacia branca, que geralmente também são anti-semitas e se parecem ideologicamente com o neonazismo) ou com grupos terroristas cristãos como o “laskar Christus”.

A Coletânea de verdades fundamentais da fé cristã ao contrário, foi um manifesto contra a onda de apostasia que tentava minar as verdades cristãs centrais, todavia todos os envolvidos trilharam um caminho pacífico, era a verdade proclamada com amor e íntima compaixão, a voz da erudição piedosa para defender uma ortodoxia que era à base da esperança do cristianismo bíblico e conservador.

O uso midiático do termo “fundamentalista” distorceu o sentido da palavra, injetando nela um viés ideológico para colocar os desinformados contra a fé cristã, o espírito do erro que atua no sistema midiático é antes de tudo absolutamente anticristão. Assim o Conto da Aia como um romance distópico que tenta passar a imagem de um cristianismo fundamentalista que domina um país (No romance, os EUA) depois de um golpe de estado é PURA FICÇÃO IMPROVÁVEL. Se um dia, a distopia de Atwood ganhar alguma conceito de realidade, isso pode ocorrer sob um grupo que se diga “cristão” mas que não tem qualquer vínculo com os Fundamentos da Fé Cristã. A percepção e o discernimento espiritual me leva a conclusão, os personagens da distopia, mesmo citando trechos da bíblia, não possuíam o Espírito de Cristo, por esse motivo também não pertenciam ao Senhor.

 

 

C. J. Jacinto

 

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