Pregadores ou Massagistas de Ego?
C. J. Jacinto
Na segunda epístola universal do apóstolo Pedro Capitulo 2 e versículo 5, o apóstolo menciona e atesta a respeito de Noé, referindo-se a ele como "pregador da justiça". É pertinente, portanto, contextualizar a função de Noé como pregador da justiça, uma vez que ele foi o escolhido por Deus para proclamar a respeito do juízo eterno, o julgamento divino que recairia sobre o mundo antigo. Aquela civilização, corrompida e cuja iniqüidade atingiu a medida e transbordou, seria alvo do juízo de Deus, que se manifestaria sobre os impenitentes, aqueles que não temiam a Deus e se rebelaram contra os Seus mandamentos.
A civilização antediluviana era marcada por um materialismo exacerbado, uma insensibilidade para com as questões espirituais. Estavam imersos nos prazeres mundanos, e tudo indica, corroborado por evidencias, que, embora mantivessem práticas religiosas, suas vidas estavam voltadas unicamente para os interesses pessoais e materiais. Poderíamos mesmo considerá-los uma geração hedonista.
Jesus, no capítulo 24, versículos 37 a 39 do Evangelho de Mateus, compara a situação dos dias de Noé, em que as pessoas "comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, e não o perceberam", demonstrando uma profunda insensibilidade espiritual. Todo aquele povo, totalmente absorto nos prazeres e paixões que satisfazem o homem natural, ignorava a proximidade do juízo divino. Eles estavam vivendo em uma falsa segurança, suponho que, entendendo a natureza humana, eles criam que estavam debaixo de uma grande benção de Deus, pois tinham muita prosperidade, conforto e felicidade, essas seriam evidencias irrefutáveis de Deus estaria abençoando eles e não os reprovando. A grande tragédia dos pregadores que falam do amor de Deus sem a sua ira santa, que pregam o céu sem advertir severamente acerca do inferno, falam acerca do perdão sem advertir sobre a severidade do pecado e falam sobre os afetos de Cristo mas não sobre coisas que Ele odeia, traz a mesma falsa segurança para os homens de hoje como trouxe para os dias de Noé.
Em Hebreus capitulo 11 versículo 7, testemunha-se que Noé, advertido por Deus sobre eventos ainda por ocorrer, agiu com fé. Acreditando na iminente destruição do mundo, conforme revelado por Deus, ele dedicou-se a construir a arca, assegurando a salvação de sua família. A distinção entre Noé e seus contemporâneos residia em sua fé, na confiança nas palavras e advertências divinas. A grande ênfase até então era sobre o duro juízo, o ódio santo e justo de Deus não somente contra os pecados sociais, mas contra os pecadores daquela sociedade.
Atualmente, tanto o Antigo quanto o Novo Testamento nos instruem sobre diversas profecias que se cumprirão no futuro, incluindo o juízo final. Diante da proximidade do cumprimento dessas profecias, vivenciamos um período análogo aos dias de Noé.
Nesse contexto, aqueles líderes religiosos que
omitem a pregação sobre o juízo de Deus, que não advertem sobre a crescente iniqüidade
do mundo contemporâneo e que não proclamam como arautos, a iminência da volta
de Cristo e não advertem acerca do fato de vivermos como nos dias de Noé, as
mesmas iniqüidades se multiplicam em nossos dias, não se mostram fiéis ao
propósito original a que foram chamados. Se esses pastores e líderes não se
constituem em instrumentos de alerta sobre o juízo vindouro que se abaterá
sobre o mundo, caracterizado pela multiplicação da iniqüidade, não são,
seguramente, pregadores da justiça, nem seguem o exemplo de Noé, e não serão
aprovados por Deus.
Não somos chamados a pregar mensagens
que anestesiem a consciência ou que visem apenas ao conforto, especialmente em
tempos como estes. A mensagem do Evangelho, pregada atualmente, deve promover a
vigilância e o temor, tanto entre os crentes quanto entre os descrentes, em
face do juízo divino que se aproxima. Se uma mensagem não alcança tal objetivo,
é sinal de que algo está em falta, e tal omissão representa um perigo. É
terrivelmente trágico que se um cristão ouve uma pregação após outra sobre
coisas agradáveis e não desagradáveis aos seus ouvidos, ele esteja possa ser um
vitima de uma emboscada espiritual, quase sempre quem sustenta um falso
cristianismo é um falso cristão, a menos que o Espírito Santo o desperte para
esse fato!
Na Primeira Epístola Universal de Pedro, capítulo 3, versículos 20 e 21, observa-se que essa passagem divide o mundo da época do dilúvio, o mundo antediluviano, em dois grupos distintos. Um grupo estava destinado à destruição e ao juízo divino, enquanto um pequeno remanescente, composto por aproximadamente nove pessoas, foi preservado na arca e sobreviveu ao dilúvio. A questão crucial que se apresenta para nós hoje é a seguinte: estamos conscientes de que o mundo em que vivemos está se aproximando do juízo, assim como, naquela época, a maioria se conformou aos valores do presente século? Amarram o mundo e buscaram os prazeres terrenos, mostrando-se indiferentes à mensagem de Deus, à mensagem profética e à santidade, esses como aqueles homens da antiguidade, têm todos os seus interesses voltados para seus próprios desejos que lhe agradam? Contudo, Noé, apesar das dificuldades e da solidão, permaneceu firme na fé de que o juízo viria sobre aquele mundo, mesmo diante de sinais e circunstâncias aparentemente contrários.
Diante do cenário desafiador que vivenciamos, marcado pela presença, em muitos púlpitos, de indivíduos movidos por interesses pessoais e preocupados com sua própria ascensão, torna-se relevante refletir sobre a natureza da pregação e a reação do público.
Recordamos que Noé, em sua época, não desfrutava de popularidade. Sua mensagem de advertência sobre o juízo divino, motivada pela impiedade da sociedade, encontrou resistência e zombaria, assim como ocorreu com Jeremias e outros profetas. Suas palavras foram consideradas incômodas, e ele próprio, um opositor.
Observamos, atualmente, o crescente número de
pessoas que freqüentam igrejas, muitas vezes atraídas por mensagens que lhes
são agradáveis, em vez daquelas que as confrontam e as convidam à reflexão. A
sutileza reside no perigo de priorizar mensagens que acalentam o coração em
detrimento daquelas que alertam sobre o juízo vindouro.
Vivemos tempos complexos. Muitos dos que hoje lotam as igrejas evangélicas
modernas buscam mensagens motivacionais e ilusórias, que nutrem a doce
enganação, sem prepará-los para a vinda de Cristo ou o juízo. Essa falta de
preparação decorre, em grande parte, da ausência do temor a Deus, do desprezo
pela lei divina e da falta de incentivo ao arrependimento, privilegiando-se o
prazer e a diversão nas mensagens ouvidas.
Tenho ouvido, inclusive de alguns líderes que se auto-intitulem bíblicos e conservadores. Um deles há poucos dias, afirmou que deveríamos apresentar uma mensagem branda, especialmente aos novos convertidos que freqüentam a igreja. Considero essa postura um equívoco, uma demonstração de falta de sensibilidade e de responsabilidade em relação a temas tão cruciais e importantes quanto alertar o povo sobre a semelhança dos dias atuais com os de Noé.
É notável como a tendência da nossa época de relativismo e frouxidão, o substantivo feminino “pregação” perdeu seu significado intenso, pode agora com facilidade ser substituído por termos mais adequados, massagem de ego, hipnotismo, ilusionismo espiritual, e coisas desse gênero. A pregação não consiste em fazer cócegas no ego ou no entendimento das pessoas, mas tomar a espada do espírito e ir até no profundo da consciência humana e fixar com firmeza lá dentro, as verdades bíblicas e todos os conselhos, doutrinas e advertências de Deus!
É imperativo utilizar o púlpito para
proclamar, para advertir, para exercer o papel de arauto, como um vigia em sua
torre, anunciando a iminência do juízo divino. É necessário pregar o
arrependimento, levar as pessoas a temerem a Deus e a reverenciarem o Altíssimo
e a mensagem do Evangelho. Essa mensagem não se limita à salvação, mas também
abrange o juízo de Deus, o qual se abaterá repentinamente sobre o mundo, assim
como ocorreu nos dias de Noé, quando a maioria não percebeu o perigo.
Muitas pessoas, sentadas nos bancos das
igrejas, não estão conscientes do juízo que paira sobre o mundo e que pode
recair sobre elas. Isso se deve ao fato de que a mensagem que ouvem não é de
advertência, nem de arrependimento, nem da cruz. Em vez disso, recebem
mensagens diluídas, um evangelho falsificado, uma alimentação espiritual
superficial. Estão sendo enganadas, desviadas da questão central: a iminente
volta de Jesus Cristo. É fundamental que se preparem que vigiem, que estejam
atentos, que vivam em temor, em zelo e obediência a Deus, permanecendo prontos
para aquele grande dia, para que, assim como Noé, possam encontrar refúgio e
não perecer.
Ao abordar o capítulo 3 do livro de
Apocalipse, especificamente a respeito da igreja em Laodicéia, observamos uma
comunidade cristã caracterizada por uma significativa decadência espiritual.
Essa igreja demonstrava uma notável inclinação para o materialismo, priorizando
as riquezas terrenas. É provável que seus cultos fossem marcados por elementos
de superficialidade e entretenimento, com ênfase no luxo e na ostentação. A
igreja de Laodicéia, embora aparentemente mantivesse uma liturgia sofisticada,
demonstrava uma auto-suficiência que a distanciava dos princípios cristãos.
A semelhança entre a situação da igreja de Laodiceia e a realidade contemporânea, especialmente no Ocidente, é notável. Nas últimas décadas, a igreja tem se inclinado progressivamente ao materialismo, à busca desenfreada por bens e a diversas formas de idolatria, inclusive a do dinheiro. Hoje, a adoração a Mamom parece superar qualquer outra época da história eclesiástica.
Além do culto a emoção, a freqüência a uma reunião dita evangélica apenas como um meio de entretenimento ou um paliativo para silenciar a consciência.
Vivenciamos tempos desafiadores, com paralelos
com os dias de Noé. Diante disso, devemos estar vigilantes. Não podemos
permitir que o evangelho se torne uma mera fonte de anestesia, negligenciando
os sinais que indicam um iminente juízo divino sobre a sociedade. A violência,
com milhões de assassinatos anuais, a iniqüidade generalizada e a prática do
aborto, que ceifa milhões de vidas, nos alertam. Além disso, o século passado
testemunhou duas guerras mundiais devastadoras, com perdas irreparáveis, e o
impacto das armas nucleares, lançando o mundo em incertezas. Nossa sociedade
parece estar à beira de um colapso moral e espiritual.
Contudo, em meio a essa conjuntura
crítica, com sinais claros de ruína e a promessa da volta de Cristo, a igreja,
em muitos casos, parece absorta em atividades superficiais e entretenimento. O
cristianismo, em vez de ser encarado como uma preparação para a batalha
espiritual é freqüentemente transformado em um espetáculo festivo.
As epístolas de Paulo retratam a igreja
como um exército em combate. O apóstolo fala de soldados que militam na Boa
Milícia, confrontando o mundo. A igreja do primeiro século enfrentava
perseguições, pois sua mensagem desafiava os valores da sociedade. Contudo, em
nossos dias, a igreja, em muitos casos, parece ter se tornado amiga do mundo, o
que é profundamente lamentável.
Na Segunda Epístola de Paulo a Timóteo, o apóstolo adverte sobre o caráter dos tempos vindouros, predizendo que os últimos dias seriam marcados por dificuldades. Descreve a prevalência do egoísmo, da arrogância e, em suma, um período de grande apostasia e aflição, decorrente da progressiva deterioração moral da sociedade. Jamais testemunhamos, em escala global, um declínio moral e espiritual tão acentuado. Essa realidade deveria suscitar em nós um estado de vigilância. Contudo, observamos uma época de apatia generalizada, tanto no mundo quanto entre os cristãos.
Essa letargia pode ser em parte, atribuída à influência de pregadores que, em vez de incitar ao despertar espiritual e proclamar a verdade com vigor profético, parecem adormecer seus ouvintes. Em vez de advertir e exortar, preferem palavras que acalmam, em vez de despertar pessoas preferem adormecê-los.
O chamado à atenção e à preparação deve ser direcionado a todos, dentro e fora da igreja, para que estejam conscientes dos desafios atuais, se fortaleçam e permaneçam vigilantes e sóbrios, aguardando a vinda daquele que descerá do céu com grande poder e glória, trazendo a salvação aos redimidos e o juízo sobre o mundo.
Você está preparado ou será indiferente a essa mensagem?
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