Como Deixar de ser Insensato


Como Deixar de ser Insensato

Conselhos bíblicos para o homem andar em sabedoria

 

No livro de Provérbios, capítulo 9, versículo 6, do Antigo Testamento, o sábio Salomão nos oferece um ensinamento. Ele diz: "Deixai a insensatez e vivei, e andai pelo caminho do entendimento". Essa breve passagem apresenta um princípio fundamental para o desenvolvimento na vida cristã. Primeiramente, somos exortados a abandonar a insensatez. Em seguida, somos chamados a viver e a trilhar o caminho do entendimento.
 É impossível alcançar a sabedoria sem, ao mesmo tempo, abandonar a insensatez. É preciso renunciar a uma coisa para adquirir a outra.

  Sabedoria e insensatez são incompatíveis; não podem coexistir o discernimento e a insensatez. Aquele que possui sabedoria e discernimento, por consequência, deixa de ser insensato.
 Assim, mesmo o conhecimento de algo que se sabe ser errado, se praticado, não demonstra sabedoria, mas insensatez. O mero conhecimento intelectual, portanto, carece de valor se não for traduzido em prática, e nisso reside a essência do Evangelho.
 Compreendemos, portanto, de maneira mais clara, a razão pela qual o antinomianismo se mostra incompatível com a fé cristã, mesmo diante da crença na doutrina da justificação pela fé. As epístolas paulinas corroboram essa visão, pois acreditamos que a justificação pela fé decorre do encontro do homem com a sabedoria. Uma vez que o indivíduo encontra a sabedoria, ele a coloca em prática. É inerente ao homem renovado em Cristo Jesus viver a sabedoria e o conhecimento de forma prática. Assim, em outro trecho bíblico, percebemos o encontro de Cristo com o homem, representando o encontro da sabedoria em uma pessoa. Através desse encontro, o indivíduo encontra a sabedoria nos ensinamentos de Cristo e, a partir desse aprofundamento, consideramos as palavras de Jesus no Sermão da Montanha, sobre o homem prudente e o homem insensato. O homem prudente é aquele que edifica sua casa sobre a rocha. E quem edifica sua casa sobre a rocha? Aquele que ouve e pratica.
 Não é pela prática que ele alcança a justificação. Não. Não é pela prática que ele conquista a salvação. Não. Ele pratica como resultado de sua salvação. Ele pratica porque é justificado. Ele encontrou a sabedoria. E, uma vez que a encontrou, naturalmente abandonará a insensatez. Portanto, isso é evidente para um homem sábio, para um homem espiritual, e não para um homem natural; mas para um homem espiritual. Este entende que, no momento em que a luz do Evangelho começa a brilhar em seu coração, ele andará segundo essa luz.
 Em Provérbios, capítulo 4, versículos 18 e 19, encontramos as seguintes palavras: "A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. Mas o caminho dos ímpios é como a escuridão; não sabem em que tropeçam."

 Este trecho apresenta um contraste entre o homem justo e o ímpio. O versículo 18 descreve a trajetória do homem justo, comparando-a à luz da aurora, que se intensifica gradualmente até atingir a perfeição do dia. Este homem é aquele que encontrou a iluminação, a clareza do Evangelho e a graça de Deus. Guiado por essa luz, ele é capacitado a fazer escolhas sábias e a tomar decisões corretas em todas as situações.
 Em contraste, o versículo 19 descreve o caminho dos ímpios como a escuridão, simbolizando a ausência de discernimento e sabedoria. Consequentemente, o ímpio age por instinto, sem a orientação do Espírito Santo. O homem justo, por outro lado, guiado pelo Espírito Santo e pelos princípios estabelecidos na Palavra de Deus, não se deixa levar por seus instintos, mas age com prudência e sabedoria. O Espírito Santo o guia e ilumina em seus caminhos.

 Em Provérbios, capítulo 4, versículos 18 e 19, encontramos outra passagem significativa. O versículo 18 assevera: "Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito." O versículo 19, por sua vez, adverte: "O caminho dos ímpios é como a escuridão; não sabem em que tropeçam."


 Esta passagem contrasta a figura do homem sensato com a do homem insensato. O versículo 18 descreve o justo, o prudente, aquele que foi justificado. A sua trajetória é comparada à luz da aurora, que gradualmente se intensifica, conduzindo a um dia perfeito. Este homem encontrou a luz, a clareza do Evangelho, a graça divina e, por conseguinte, orienta-se por ela. O discernimento que possui o capacita a fazer escolhas acertadas e a direcionar sua vida em todas as circunstâncias.
 Em contraste, o versículo 19 trata do homem insensato, aquele que carece de discernimento e sabedoria. Guiado por seus próprios instintos, ele não se deixa conduzir pelo Espírito Santo. O caminho dos ímpios assemelha-se à escuridão, e eles ignoram os perigos que os espreitam.
 Portanto, o homem justificado, prudente e sábio, não se guia por seus instintos, mas sim pelo Espírito Santo. Ele se orienta por princípios e padrões estabelecidos na Palavra de Deus, e é guiado e iluminado por esses princípios e pelo Espírito Santo em todas as questões.
 Assim, a jornada rumo ao entendimento se apresenta como um percurso natural, resultante de uma transformação espiritual. Anteriormente, a pessoa se via limitada por uma visão obscurecida, alheia aos princípios espirituais e aos ensinamentos evangélicos, desconhecendo as realidades eternas. Contudo, ao trilhar o caminho do entendimento, passa a compreender que sua existência terrena possui um princípio e um fim, e que Jesus Cristo, movido pela compaixão, entregou Sua vida pelos pecados da humanidade, prometendo a todos os que crêem a vida eterna. Portanto, caminhar no entendimento equivale a seguir os preceitos do Evangelho. A crença no Evangelho se manifesta como uma característica inerente ao indivíduo verdadeiramente perspicaz. Essa é uma lógica que acompanha a sensatez. Quando o homem se torna sensato e ponderado, compreendendo a natureza da vida e da eternidade, e quando passa a discernir a natureza divina, reconhecendo Deus não apenas como bondoso e justo, mas também como juiz, ele passa a viver com sabedoria, guiado pela prudência.

 O indivíduo que possui discernimento, aquele que trilha o caminho da compreensão, reconhece a magnitude do Evangelho. Ele aprecia profundamente a mensagem da cruz, pois compreende o preço pago por sua redenção. As implicações do Evangelho são profundas e abrangentes. O homem sábio e perspicaz, que segue o caminho da compreensão, está ciente dessas verdades.

 Ao observarmos a Igreja do Novo Testamento, como retratada no livro de Atos dos Apóstolos, e analisarmos a experiência dos irmãos da Igreja Primitiva, notamos que o homem de discernimento percebia com clareza o elevado custo do Evangelho para aquelas vidas, para aquelas almas. Eles sacrificavam suas próprias vidas pelo Evangelho, entregando-se por Cristo sem receio de açoites, da espada ou da perseguição. Diante de olhos humanos, essa igreja era vista como um grupo frágil, subjugado pela pressão dos judeus incrédulos e do poderoso Império Romano que oprimia os cristãos nos primeiros séculos. Contudo, os cristãos percebiam que o custo valia a pena, que o sofrimento era justificável, e que valia a pena arriscar e, se necessário, morrer pela causa do Evangelho e de Cristo.
 Essa coragem era fruto de um profundo entendimento, de um caminhar constante no caminho do Evangelho e da compreensão. A glória e a luz do Evangelho iluminavam seus corações, revelando a eternidade. Eles discerniam entre a brevidade da vida terrena e a eternidade que se estendia para sempre. Reconheciam a fragilidade do mundo presente e a força do mundo vindouro. Portanto, essa percepção, esse entendimento sobre o Evangelho, sobre a obra consumada e perfeita de Jesus Cristo, sobre a mensagem da cruz, lhes concedia a coragem necessária.
 Qual é a evidência mais clara de um homem que trilha o caminho do entendimento? Ao considerarmos o contexto de Provérbios, capítulo 9, versículo 10, onde Salomão declara: "O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo é o entendimento", podemos inferir que a sabedoria e o entendimento se manifestam em uma vida caracterizada pelo temor a Deus.

  O termo "temor a Deus" pode parecer incomum para o cristão contemporâneo. Raramente ouvimos sermões e estudos bíblicos que enfatizem a reverência e o temor ao Senhor. Contudo, essa reverência e esse temor são possíveis através do conhecimento do Santo. É o conhecimento de Deus, de Sua natureza e atributos, que nos concede o entendimento.
 Assim, podemos considerar o conhecimento do Santo como um degrau para o entendimento. Observamos em Provérbios 9:6 e 10, e também em 4:18, um claro progresso e uma construção espiritual na vida do homem regenerado. Essa caminhada se assemelha à luz da aurora, que se intensifica gradualmente, em um processo contínuo de crescimento, aprofundamento, intimidade e compreensão. Há um propósito final, uma meta a ser alcançada, culminando na perfeição. Caminhamos, então, de luz em luz, de glória em glória.

 O amanhã, se Deus assim permitir, será superior ao hoje, não em termos materiais, mas espirituais. Seremos menos apegados a este mundo e mais próximos do Senhor. Isso nos conduz à compreensão de que, a cada dia, estamos mais próximos da eternidade, da transição do tempo presente para a vida no mundo vindouro, da partida deste mundo para estar com o Senhor.
 Portanto, nossa vida deve progredir continuamente. À medida que crescemos em graça e conhecimento, e caminhamos pelo caminho do entendimento, estamos mais preparados para esse encontro, para o desfecho da vida terrena e a entrada no mundo espiritual.
 Que a graça divina nos ilumine e nos conceda discernimento sobre as verdades essenciais para nossa fé e vida cristã. Que possamos trilhar o caminho da compreensão e da prudência. A insensatez, infelizmente, tem se proliferado em nossos dias. Em verdade, a história humana sempre foi marcada por ela. Ao considerarmos o mundo que circundava Jesus em seu tempo, tanto em seus aspectos culturais quanto espirituais, observamos como a insensatez levou muitos a rejeitá-lo. Vemos a zombaria na cruz, enquanto ele sofria pelos pecados da humanidade. A mensagem do Evangelho, para o homem insensato, sempre foi motivo de escárnio e rejeição.
 É notável que, muitas vezes, essa atitude provém daqueles que se consideram inteligentes, sábios ou intelectuais, com um suposto conhecimento avançado. No entanto, esse conhecimento, na realidade, é obscuro.
 Reafirmo que o homem espiritual, aquele que possui entendimento e busca a sabedoria, abraça a mensagem da cruz. Ele é guiado pela luz do Evangelho, possui temor e conhecimento do sagrado, e crê em Deus. Acima de tudo, ele serve.

 

C. J. Jacinto

 

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