Panteismo e as Vertentes do Espirito do Erro




 

Detectando o espírito do erro na historia das religiões.

 

C. J. Jacinto

 

“Há dois opostos relevantes na mensagem da cruz: Ela é absolutamente necessária e totalmente ofensiva. O mundo chegará ao seu estagio final, quando ela for completamente insuportável”

Diversas correntes religiosas e filosóficas contemporâneas parecem exibir, de maneira evidente, características que remetem ao espírito do anticristo, conforme descrito e advertido por João em sua Primeira Epístola Universal, capítulo 4, versículos 2 a 3. "Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa Jesus não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e já agora está no mundo."
Em suma, os escritos de João confrontam fundamentalmente uma corrente de pensamento filosófico-religioso, com raízes esotéricas e espiritualistas, que emergiu e desafiou o cristianismo ortodoxo nos primeiros séculos da era cristã: o movimento conhecido como gnosticismo

Declarações como a presente no Evangelho de João, capítulo 1, versículo 14, tornam-se notáveis. Nesse trecho, o evangelista João declara que "o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade". Tal afirmação contrasta significativamente com a perspectiva filosófica do gnosticismo e suas ramificações, bem como com as correntes do panteísmo e do panenteísmo.



Durante a Segunda Guerra Mundial, em meio ao ressurgimento do movimento nazista, observou-se, conforme comprovado e documentado por diversos pesquisadores, uma influência de religiões orientais e do esoterismo. Essa influência manifestou-se entre os principais líderes nazistas, que demonstraram inclinações por crenças panteístas e gnósticas. G. H. Lang por exemplo, observou a catástrofe que rebateu sobre a sociedade daquela época, quando o afastamento sistemático das doutrinas cristãs começou a dar lugar para o pensamento esotérico, espiritualista de visão panteísta.



Antes do surgimento do nazismo, a Teosofia de Helena Petrovna Blavatsky resgatou, para o mundo moderno, a visão panteísta. Blavatsky, ao elaborar sua doutrina teosófica, defendia a unidade entre a matéria e Deus, concebendo que tudo o que existe emana da divindade. Essa perspectiva não foi original de Blavatsky, mas sim uma adaptação de conceitos presentes em religiões orientais e em alguns filósofos gregos da Antiguidade, como Parmênides, que enxergava a totalidade como um único ser. Essa visão monista do universo contrasta com a visão dualista, presente, por exemplo, na tradição judaica, que postula um Deus criador pessoal, distinto e transcendente à sua criação. Acreditamos que, de certa forma, essa visão panteísta e panenteísta está profundamente enraizada na história da humanidade, diferenciando-se da cosmovisão judaica que, desde tempos antigos, defende a existência de um Deus criador pessoal e transcendentr

A doutrina do panteísmo e do panenteísmo, intimamente relacionadas, adquiriu proeminência a partir da década de 1980, impulsionada pela crescente popularidade do movimento Nova Era. Essa perspectiva filosófica encontrou eco entre acadêmicos, cientistas, líderes religiosos ocidentais e diversos movimentos espiritualistas de orientação mística oriental. A visão panteísta do mundo, amplamente difundida, contudo, contraria os ensinamentos bíblicos e apresenta riscos significativos. Essa crescente influência, caracterizada por uma força ascendente, culmina na consolidação de ideologias que podem pavimentar o caminho para o surgimento de figuras que se opõem aos princípios cristãos.

 A presente reflexão aborda a antiga doutrina inspirada por Satanás, o Enganador, que desde o Jardim do Éden almeja minar o monoteísmo original, alicerce fundamental da verdade revelada nas Escrituras. Essa corrente, dotada de uma força intrínseca e sutil, busca ampla disseminação e aceitação social, preparando o terreno para a manifestação do anticristo.


 Em sua essência, tanto o panenteísmo quanto o panteísmo, juntamente com a crença na divindade inerente ao ser humano, conduzem a uma perspectiva completamente antibiblica. Essa visão, fundamentada na premissa de que tudo é Deus, que tudo se resume a uma única substância e na crença fundamental de que o homem é, em maior ou menor medida, divino, desemboca no universalismo e na rejeição da mensagem central do Evangelho.  

 Essa mensagem rejeita a Jesus Cristo como Salvador e a necessidade de sua encarnação, morte sacrificial e derramamento de sangue, a fim de redimir a humanidade perdida. O processo de redenção universal seria uma evolução cósmica com um processo também cósmico que culminará numa restauração de tudo aperfeiçoada por essa força evolutiva, Darwin, talvez sem perceber, usou essa mesma visão processual para definir sua doutrina da evolução natural.


 Consideremos, com atenção, a questão do panteísmo. Na perspectiva panteísta, a individualidade e o valor intrínseco de cada ser são secundários, prevalecendo a integração no todo divino. As experiências pessoais de sofrimento e infortúnio perdem sua importância diante da ordem universal, para a qual todos contribuem. A trajetória da existência, em sua inexorável marcha, visa à divinização final, independentemente das adversidades individuais. Na unificação final com Deus, tudo será absorvido, em um otimismo fundamental inerente ao panteísmo. O desfecho será a divinização de tudo e de todos. A esta visão, eu denomino universalismo panteísta, uma crença que considero equivocada e perigosa, pois se distancia do Deus pessoal revelado nas Sagradas Escrituras e rejeita a encarnação do Verbo e a necessidade de redenção pelo sangue.


 Essa crença, embora atraente, é antiga e encontra raízes nas filosofias e religiões antigas e sistematizada por outros sistemas de crenças que irão influenciar alguns teólogos cristãos como é o caso do neoplatonismo de Plotino. Ela também está presente no gnosticismo antigo, que, embora com uma perspectiva ligeiramente distinta, compartilhava a crença na divindade do espírito humano e do plano espiritual, contrastando-o com a matéria, vista como inerentemente má. O gnosticismo, ao ensinar a divindade do homem e associar a matéria ao mal, opõe-se diretamente à encarnação do Verbo, negando a mensagem evangélica e a possibilidade de um Deus puro se manifestar na matéria. Essa visão, considerando a matéria má, implica na rejeição do sangue de Cristo derramado na cruz, caracterizando uma blasfêmia grave. Pois o sangue de Cristo ao invés de imaculado e santo na visão gnóstica deve ser reputado como maligno. A blasfêmia, nesse contexto, representa uma força de oposição à fé cristã e à divindade encarnada, a profecia da vinda do “Emanuel, Deus conosco” seria uma mentira, há de modo implícito uma negação da palavra de Deus e da sua autoridade, pois ao considerar a matéria maligna, automaticamente o sangue derramado na cruz também o é. Desejo lembrar que toda a falsa religião tende a negar de modo implícito a autoridade das Escrituras e suas doutrinas fundamentais, e fazem assim a fim de enganar todos os cristãos superficiais que pouco sabem acerca dos fundamentos da fé cristã.


 Ao analisarmos o panteísmo, podemos constatar que ele inevitavelmente conduz a graves blasfêmias. O que torna o panteísmo uma crença tão perigosa? Ora, ao acreditar que tudo é Deus, incorre-se, sutilmente, na negação da divindade singular de Cristo. Reduzir tudo um conceito que rebaixa o caráter e os atributos da divindade a criatura, aliás, é esse um erro fundamental. Retomo aqui a questão do sangue de Jesus. Ao crer que tudo é Deus, o panteísta é levado a concluir que tudo, inclusive o que é considerado degenerado, a matéria em decomposição, e os dejetos orgânicos, também são divinos. Assim, iguala-se o sangue de Cristo a qualquer coisa imunda que possa existir no mundo. Isso é blasfemar, mesmo de modo subjetivo, mas trata-se de blasfêmia.

 Tal afirmação é refutada claramente pelo livro de Levítico. Há elementos cerimonialmente impuros e coisas que, por natureza, são impuras. O sangue de Jesus Cristo jamais pode ser comparado a essa matéria impura, pois sua natureza é de pureza extrema.

O panteísmo, ao englobar tudo em um único conceito — "tudo é Deus" —, promove comparações absurdas e blasfemas, equiparando o sangue de Jesus Cristo, derramado na cruz do Calvário, sangue imaculado, a qualquer coisa impura que exista.

Ademais, outra vertente doutrinária que conduz à blasfêmia é o emanacionismo, doutrina que postula o universo como um desdobramento da essência divina. A doutrina da emanação, portanto, ensina que o universo é uma expansão da própria divindade. Remetendo a Plotino, com seu neoplatonismo, a Cabala, o sufismo e o gnosticismo, de certa forma, esses movimentos abraçam essas doutrinas, misturando verdades e equívocos. Baruch Spinoza, outro proeminente pensador, concebeu o universo como uma divindade despersonalizada, a totalidade da realidade, operando como uma máquina, que é a essência dessa divindade despersonalizada. Esta crença, conforme minhas pesquisas, está associada ao conceito de divindade que homens intelectuais como Einstein, acreditavam. Assim, o emanacionismo nos conduz ao panteísmo filosófico, à crença de que toda a matéria, independentemente de sua natureza, é divina, parte da divindade, uma expansão dela, como um "Big Bang" filosófico e esotérico. Consequentemente, tal pensamento também induz à blasfêmia ao equiparar o sangue de Cristo a qualquer elemento do mundo, pois toda a matéria seria uma emanação.

 Comparar o sangue de Jesus Cristo a qualquer coisa material, especialmente a elementos corrompidos, contaminados ou pejorativos, constitui-se o erro bem como quebrar a unidade transcedente do Deus Triúno. Em suma, o emanacionismo revela-se uma doutrina perniciosa, aliando-se ao panteísmo e ao panenteísmo, e a outras concepções que identificam Deus com todas as coisas ou todas as coisas dentro de Deus.




Examinemos detalhadamente a doutrina do panenteísmo, já mencionada anteriormente, a fim de evitar que o prezado irmão a confunda com o panteísmo. Permita-me esclarecer: o panteísmo postula que Deus e o universo são idênticos; tudo no universo é divino, o universo é o próprio Deus. O panenteísmo, por outro lado, apresenta uma nuance distinta. No panenteísmo, Deus inclui e interpenetra o universo, mas simultaneamente o transcende. Mesmo assim, o panenteísmo sustenta que o universo é parte de Deus, embora Ele o ultrapasse. O erro persiste, e pode ser aperçeiçoado, e aqui temos um princpio da apostasia, perpetuar um engano tornando ele mais sofisticado para que possa ser aceito por mentes mais sofisticadas, essa é a base do dinamismo do pai da mentira, ele é o príncipe das trevas mas para ganhar a credencial dos mais “espertos” ele se transfigura em anjo de luz.

 


A questão central que desejo abordar é que o panenteísmo, em última análise, também leva à blasfêmia contra o sangue divino de nosso Senhor Jesus Cristo, derramado na cruz do Calvário, ao equiparar todas as coisas ao sangue de Jesus. Observamos, portanto, uma negação completa da redenção, que reside unicamente em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. As doutrinas do panteísmo, do panenteísmo, do emanacionismo e outras similares negam a redenção exclusiva por meio de Jesus Cristo, a encarnação, a necessidade da morte expiatória de Jesus Cristo e, em última análise, comparam o sangue de Jesus a qualquer elemento existente neste mundo, o que, em essência, constitui uma blasfêmia. Veja que os processos evolutivos para chegar a ponto de perfeição, defendidos por esotéricos e espiritualistas bem como as religiões orientais como budismo e hinduísmo, é de teor cármico, o processo exclui em absoluto a graça de Deus e a obra de Cristo na cruz, pois não há sentido nessas coisas e são completamente rejeitadas como obsoletas.



Ao discutir essas tendências, G. H. Lang, em seu livro "Caos social Sua Raíz e seu Remedio, adverte sobre essas crenças que contrariam os ensinamentos bíblicos. Lang observa a natureza inerente dessas ideias na linguagem utilizada, afirmando que, para elas, Deus não é um ser pessoal, portanto, não pode ser nem Pai nem Filho. Consequentemente, a encarnação de Deus em Cristo é considerada impossível. A ideia de que o Filho foi enviado pelo Pai ao mundo para reconciliar a humanidade com Deus e restaurar a comunhão original é rejeitada. Toda essa concepção, e tudo que ela implica, deve ser descartada. Dessa forma, a ideia de que Cristo estabelecerá o reino de Deus na Terra também deve ser abandonada. A doutrina do milênio é, portanto, considerada prejudicial. Lang conclui que, dessa perspectiva, o ser humano não pode encontrar consolo em relação ao seu passado ou esperança em relação ao futuro da Terra, resultando em um sentimento de desesperança. Cristo é reduzido a simples figura projetada para admiração e todo o futuro e toda a redenção se dá sem Ele.


 Finalmente, posso afirmar que as concepções sobre emanação, emanacionismo, panteísmo, panenteísmo e diversas formas de gnosticismo convergem para uma única visão, universalista, que prescinde da necessidade de redenção e nega o evangelho, a expiação e a encarnação de Jesus Cristo. A mensagem evangélica, neste contexto, é relegada a uma postura considerada intolerante, incompatível com a sensibilidade do mundo pós-moderno. A doutrina panteísta ou panenteísta, ou ainda as vertentes do emanacionismo que postulam a divindade de tudo, apresenta uma promessa de salvação e evolução da consciência, culminando em um final feliz. Contudo, essa promessa oculta um engano, a mesma artimanha que, desde o princípio, seduziu Eva, e que ainda atua no mundo, incitando a crença nessas falsas doutrinas e na perdição eterna dos homens.



Observamos, portanto, a atratividade, ou melhor, a atratividade de tais doutrinas. A título de exemplo, podemos mencionar o teólogo e paleontólogo católico Pierre Teilhard de Chardin, que propôs a existência de um ponto de convergência. Segundo sua visão, o universo encontra-se em constante processo evolutivo. Chardin buscou, na realidade, uma síntese entre a evolução darwinista, a espiritualidade e a ciência, resultando em uma forma de panenteísmo cósmico, no qual Deus e o universo mantêm uma relação dinâmica d evolução. O cosmos evolui gradualmente sob a ação divina, convergindo para um ponto que ele denomina de ponto Ômega, culminando na unificação de tudo em Deus. Dentro desse arcabouço conceitual, ele desenvolve a ideia do universalismo cósmico.  Chardin desenvolveu uma cosmovisão para se adequar ao panteísmo e suas vertentes, enquanto que as Escrituras afirmam que o universo não está evoluindo mas envelhecendo (Hebreus 1:10 a 14) e seus elementos um dia se fundirão e se desfarão (II Pedro 3:12) Novos céus e nova terra serão uma nova criação e não o resultado de uma evolução e a salvação de cada homem se dará mediante o Sangue derramado de Cristo na cruz para a nossa redenção e não através de processos evolutivos (Atos 4:12 João 3:16 e 36 Hebreus 9:22)



Diante das diversas crenças, como o panenteísmo, o panteísmo e o emanacionismo, e demais doutrinas consideradas equivocadas, propomos a seguinte análise conclusiva:


 Primeiramente, tais doutrinas minam a importância e a singularidade da encarnação e da morte de Jesus Cristo, nosso Senhor. Em segundo lugar, negam a singularidade de Deus como Pai e sua transcendência absoluta sobre a criação. Terceiro, ao promover a ideia de evolução e ascensão à imortalidade, invalidam a necessidade da obra redentora e perfeita de Cristo na cruz, um engano crucial. A mensagem subjacente a essas correntes espiritualistas e esotéricas é a suposta desnecessidade do sacrifício de Jesus Cristo para a remissão dos pecados. A cruz, portanto, seria um ato supérfluo o sangue de Cristo algo completamente sem valor.

 Ademais, tais crenças contrariam os princípios bíblicos sobre a idolatria, tornando irrelevantes os mandamentos que a proíbem. A exemplo do que se observa no Antigo Testamento e em toda a Bíblia, há advertências e condenações veementes contra a adoração e a veneração de criaturas e da criação, como a veneração do sol, da lua e das estrelas, ou de imagens. O panteísmo, o panenteísmo e outras doutrinas afins, ao promoverem essas ideias, conduzem as pessoas a um erro fatal. O mais grave, entretanto, é a blasfêmia que essas doutrinas promovem contra o sangue de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador. O espírito do erro ou do anticristo convencerá o mundo acerca da “inconveniência” da doutrina da cruz e da redenção através do sangue imaculado de Cristo, haverá uma rejeição universal, poderá ser considerado um crime pregar acerca da redenção que há somente em Cristo, e muitos intelectuais abraçarão a doutrina da evolução espiritual e universal do cosmos, assim como muitos intelectuais abraçaram a doutrina da evolução natural de Darwin.

 

 

 

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