A Aliança Esquecida: Líderes Árabes, o Nazismo e o Holocausto
Com base em um antigo documento que está arquivado em minha biblioteca – C. J. Jacinto
O artigo prova que Ideologias políticas atuais estariam ao lado de Hitler e colaborando com o holocausto se estivessem militando na II Guerra mundial.
Uma página sombria da história que ainda ecoa no antissemitismo moderno
A luta contra o antissemitismo exige que confrontemos todas as suas facetas, inclusive aquelas que são historicamente inconvenientes ou politicamente sensíveis. Uma delas é a colaboração ativa de certos líderes árabes com a Alemanha nazista, uma aliança que não foi meramente estratégica, mas ideológica, e que teve consequências profundas.
No centro desta teia histórica está Amin al-Husaini, o Grande Mufti de Jerusalém. Longe de ser uma figura marginal, al-Husaini foi um parceiro estratégico de Adolf Hitler e Heinrich Himmler. O documento histórico apresentado, baseado em evidências de arquivos alemães e árabes, incluindo as próprias memórias do Mufti, não deixa margem para dúvidas.
Da Retórica à Ação: O Envolvimento Ativo
A colaboração começou cedo. Em 1933, o mesmo ano da ascensão de Hitler ao poder, al-Husaini já estabelecia contactos com os nazistas. A Alemanha financiou a primeira revolta árabe contra judeus na Palestina e no Egito, orquestrada pelo Mufti e pela Irmandade Muçulmana.
Durante a Segunda Guerra Mundial, al-Husaini viveu exilado em Berlim como convidado de honra do regime. De seu escritório fornecido pelos nazistas, ele:
· Recrutou muçulmanos para lutar pela SS e para o esforço de guerra alemão.
· Produziu propaganda antissemita e anticapitalista em transmissões de rádio em árabe, incitando à jihad contra os Aliados e os judeus.
· Tornou-se uma peça central na máquina de propaganda nazista para o mundo árabe.
O Conhecimento e o Apoio ao Holocausto
A questão crucial é: o Mufti sabia do Holocausto? As evidências são esmagadoras e vêm diretamente de fontes primárias:
1. O Testemunho de Dieter Wisliceny: Em 1946, este colaborador direto de Adolf Eichmann declarou por escrito ao Tribunal de Nuremberg que, no início de 1942, Eichmann fez uma apresentação detalhada ao Mufti sobre a "Solução Final para a Questão Judaica". A apresentação, repleta de mapas, gráficos e estatísticas, deixou al-Husaini "muito impressionado".
2. A Confissão de Himmler: Nas suas próprias memórias, publicadas em Damasco em 1999, al-Husaini relata um encontro com Heinrich Himmler no verão de 1943. Durante uma conversa, o líder da SS afirmou claramente: "até agora, liquidado [abadna] cerca de três milhões deles [judeus]". Esta é uma admissão direta, feita pelo principal arquiteto do Holocausto, ao principal líder árabe da época.
3. Planos para o Oriente Médio: A cumplicidade ia além do conhecimento. Documentos dos arquivos norte-americanos mostram que, em meados de 1942, um comando especial das SS, liderado por Walter Rauff (o inventor de equipamentos de gás móveis), planejava liquidar os judeus do Cairo assim que a cidade fosse conquistada pelo Afrika Korps de Rommel. Al-Husaini teria inclusive pedido que um assistente de Eichmann fosse enviado a Jerusalém após uma vitória alemã para o aconselhar na "solução da questão judaica no Oriente Médio".
A Negação e a Herança Tóxica
Em suas memórias, al-Husaini tenta limpar seu legado, fingindo horror perante a revelação de Himmler. No entanto, suas próprias ações contradizem essa narrativa. Em um discurso público em Berlim, em novembro de 1943, ele exortou os muçulmanos a "seguir o exemplo dos alemães" que haviam encontrado "uma solução definitiva para a questão judaica".
Conclusão: Por Que Esta História Importa Hoje?
Conhecer esta história não é sobre reviver acusações do passado, mas sobre compreender as raízes de um ódio que ainda persiste. O antissemitismo moderno no Oriente Médio não surgiu num vácuo. Foi alimentado e instrumentalizado por uma aliança ideológica com a forma mais virulenta de ódio racial que o mundo já viu.
Educar sobre este capítulo é essencial para:
· Desconstruir a negação do Holocausto, que ainda é uma ferramenta de propaganda em algumas partes do mundo.
· Compreender a dimensão internacional e colaboracionista do regime nazista.
· Reconhecer que o antissemitismo é um mal global, que transcende culturas e religiões, e que deve ser combatido com a luz da verdade histórica.
Ignorar ou apagar esta aliança é falhar na luta contra o antissemitismo. Só ao confrontarmos plenamente o passado, com todas as suas complexidades e horrores, podemos esperar construir um futuro livre desse veneno.
Bibliografia e Fontes para Pesquisa
Fontes Primárias e Documentos:
1. Memórias de Amin al-Husaini: Mudhakkirat al-Hajj Amin al-Husaini (As Memórias de al-Hajj Amin al-Husaini). Editado por Abd al-Karim al-Umar. Damasco: 1999. (Fonte árabe fundamental onde o próprio Mufti detalha seus encontros com Himmler).
2. Declaração de Dieter Wisliceny (1946): Prestada ao Tribunal Militar Internacional de Nuremberg. Disponível nos arquivos do United States Holocaust Memorial Museum (USHMM) e nos Nuremberg Trial Proceedings.
3. Documentos de Arquivo Norte-Americanos: Relatórios de inteligência desclassificados sobre Walter Rauff e planos para o Norte da África. Consultar os National Archives and Records Administration (NARA), em particular os registos do OSS (antecessor da CIA).
Obras Académicas e Livros:
1. SCHWANITZ, Wolfgang G. *Germany and the Middle East, 1871-1945*. (O autor do artigo base é um historiador especializado no tema).
2. GENSICKE, Klaus. The Mufti of Jerusalem and the Nazis: The Berlin Years. Tradução inglesa. (Biografia académica fundamental que detalha a estadia de al-Husaini em Berlim).
3. MALLMANN, Klaus-Michael & CÜPPERS, Martin. Nazi Palestine: The Plans for the Extermination of the Jews in Palestine. (Expõe detalhadamente os planos nazis para o Médio Oriente, incluindo a operação liderada por Rauff).
4. NEFTALI, Eldar. *The Nazi Movement in the Levant, 1933-1945*. (Analisa a penetração da ideologia nazi e a colaboração na região).
Artigos e Recursos Online:
1. United States Holocaust Memorial Museum (USHMM): Entradas para "Amin al-Husaini", "Arab Collaboration", e "The Holocaust in the Middle East". (Fonte com vasta documentação e contexto educativo).
o Link: www.ushmm.org
2. Yad Vashem - The World Holocaust Remembrance Center: Recursos sobre o Mufti e a negação do Holocausto.
o Link: www.yadvashem.org
3. Artigo Original de Wolfgang G. Schwanitz: A versão integral em alemão, citada no final do texto, pode ser uma fonte para pesquisadores que leiam a língua.
Sugestão para Pesquisa Adicional:
· Pesquisar nos arquivos digitais do Foreign Office britânico e do Bundesarchiv (Arquivo Federal Alemão) por documentos relacionados com "Amin al-Husaini", "Großmufti", e a "Legião Árabe Livre" da SS.
Esta bibliografia oferece um ponto de partia sólido e credível para qualquer pessoa que deseje verificar as informações ou estudar o tema em maior profundidade.
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