A Igreja A Política A Guerra Espiritual


 

 

A Igreja

A Política

A Guerra Espiritual

 


 

 

 

No livro de Efésios, capítulo 6, dos versículos 10 ao 12, Paulo nos instrui e admoesta com as seguintes palavras: "Finalmente, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade nos lugares celestiais."
 Outra passagem que demanda uma análise pormenorizada é a que se encontra em 2 Timóteo, capítulo 2, versículos 4 e 5, na qual Paulo igualmente instrui: "Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida a fim de agradar aquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita, não é coroado senão militar legitimamente."

 Atualmente, estamos envolvidos em um conflito de alcance global e natureza estratégica, no qual potências anticristãs demonstram uma acentuada ascendência sobre o cenário mundial. Essa situação configura um perigo extremo para a Igreja do Senhor, visto que representa um assalto direto e incessante de forças demoníacas contra a Igreja de Cristo.

 Ainda assim, mesmo diante da percepção de que as sombras se projetam como um horizonte ameaçador contra a Igreja, a maioria das manifestações e abordagens equivocadas insistem em um combate que ignora a verdadeira natureza do inimigo, pressupondo que este seja meramente carne e sangue, ou que não se consiga discernir a dimensão real do confronto.  

 Identificam os adversários como figuras políticas ou líderes que promovem e defendem ideologias anticristãs, falhando em enxergar além dessa superficialidade. Devemos não atentar apenas para os fantoches, mas para o palco de onde se articula as projeções políticas e religiosas mundiais, só os que possuem um verdadeiro discernimento bíblico podem enxergar essas realidades invisíveis ao mundo secular. (II Corintios 4:4)

 Contudo, o apóstolo Paulo adverte que nossa luta não se trava contra a carne e o sangue. O cristão bíblico necessita de discernimento para perceber as manobras orquestradas por agentes humanos, os quais não são senão fantoches manipulados por uma força espiritual muito superior. O objetivo comum dessa força é atacar a Igreja do Senhor e os valores judaicos cristãos. De fato, a Igreja de Cristo tem sido alvo de ataques ao longo de toda a história e isso se acentuará nos últimos dias. Por outro lado, em regiões e países onde o cristianismo é inóspito, como os islâmicos, a perseguição é implacável, resultando na morte diária de muitos cristãos por causa de sua fé. Enfrentamos uma luta diária, em maior ou menor grau, dependendo do contexto cultural, político e religioso, a igreja padece mais ou menos perseguição, e chegará o tempo em que o cristianismo bíblico será intolerável em qualquer lugar.


  Observamos o surgimento de um cenário político, que se manifesta no horizonte, com uma projeção que consideramos ameaçadora para aqueles que valorizam e defendem os princípios judaico-cristãos tradicionais, as verdades e virtudes fundamentais que sustentaram a civilização ocidental. Essas bases estão sendo erodidas, e a Igreja, em certa medida, testemunha a deterioração dessas estruturas. Contudo, parece não compreender a amplitude do conflito, reduzindo-o a uma questão que pode ser resolvida por meio do processo eleitoral e da confiança em figuras políticas, geralmente associadas à direita. Essa postura, de envolvimento político na expectativa de alcançar a vitória nesse embate espiritual, afigura-se um equívoco com potenciais consequências severas para a Igreja.
 Com efeito, a solução para os desafios que enfrentamos não reside unicamente na esfera política. A crença de que a vitória será alcançada através da eleição de representantes, embora importante, não é suficiente para resolver as complexidades da situação atual. A Igreja, em seu propósito equivocado, não triunfará apenas sobre a oposição, pois a questão é mais profunda do que aparenta. É imperativo que transcendamos a dimensão política e a polarização que divide as nações e o mundo. Devemos compreender que a batalha que travamos é, em essência, espiritual. A influência de fatores como eleições e a atuação de políticos, independentemente de suas inclinações ideológicas, não são a solução integral. A corrupção, infelizmente, permeia diferentes espectros políticos, minando a confiança na liderança humana. Jamais devemos ser indiferentes quanto a isso, a política segue a ordem do pragmatismo e do maquiavelismo, e isso é generalizado.


 A Bíblia nos adverte sobre a confiança excessiva nos homens. (Jeremias 17:5) A política, por si só, não resolverá os problemas do mundo, uma vez que o sistema político, em muitos casos, é afetado pela corrupção, mesmo nos sistemas que afirmam defender alguns valores judaico-cristãos e se identificam como conservadores.

 Ao analisar mais a fundo, percebemos que muitos daqueles que se apresentam como defensores desses valores não refletem um cristianismo bíblico autêntico. Portanto, não podem ser considerados verdadeiros combatentes na defesa do Evangelho.  

 Somente um cristão nascido de novo, guiado pelo Espírito, estará verdadeiramente preparado para participar dessa batalha espiritual e alcançar a vitória.

  A maioria, senão a totalidade, dos evangélicos que se dedicam à política com o objetivo de proteger a igreja ou promover valores cristãos, e que se autodenominam conservadores, aderem, na realidade, à doutrina do dominionismo. Essa teologia postula que os governos e todos os setores da sociedade devem ser subjugados pela igreja para que esta exerça controle sobre o mundo. Observo uma semelhança com o sistema do Sacro Império Romano-Germânico, que, durante a Idade Média, detinha influência e domínio sobre a maioria dos reis europeus, com a liderança eclesiástica exercendo um poder político considerável. A ideia subjacente seria a de estabelecer um reino de Deus na Terra, conquistando o mundo para Cristo, ou seja, implantar o Reino de Deus neste plano terreno um reino político/religioso forjado pelas mãos dos homens ecumênicos, uma tragédia!

 Durante a Era das Navegações e Descobertas, historiadores reconhecem que a motivação central dos reinos de Portugal e Espanha residia na conquista de novos territórios, acompanhada pela missão de converter populações consideradas não cristãs ao catolicismo. A expansão do reino de Deus, o domínio sobre povos e terras, e o estabelecimento de controle governamental sobre as áreas recém-descobertas e conquistadas eram elementos cruciais. A história demonstra claramente que a expansão de um império religioso foi o principal fator impulsionador dessas explorações.

 Novamente, observa-se a emergência da tendência de buscar a hegemonia mundial, visando o governo e o controle da igreja sobre todos os aspectos da sociedade. Essa ambição, que almeja estabelecer um reino messiânico e uma nova era, se manifesta através do esforço humano direto, em detrimento da atuação espiritual. A visão reducionista que prevalece, sugere que o envolvimento profundo da igreja na política e com figuras políticas seria o caminho para essa conquista. Essa abordagem representa um perigo e um equívoco.


Essa tendência demonstra que se emprega o poder humano para combater o poder humano, intensificando a polarização já presente no mundo ocidental. Embora se reconheça a responsabilidade do cristão na escolha de seus representantes políticos, é crucial compreender que essa é apenas uma parte limitada da questão. É preciso atentar para o que ocorre nos bastidores políticos e para as estratégias de alguns políticos que, com frequência, utilizam argumentos religiosos para disfarçar seus interesses pessoais.

 É imperativo discernir esses aspectos. Nossa luta não é contra seres humanos. Caso a luta se concentre em indivíduos, ela se desvia do caminho correto. Portanto, se a atuação não estiver em conformidade com os princípios bíblicos, ela não reflete o ideal cristão. Revela, em vez disso, a ausência de discernimento espiritual.
 As passagens de João capitulo 15 versículo 18, e 1 João capítulo 3, versículo 13, indicam que o mundo nutre aversão por nós. Portanto, podemos concluir que existe um inimigo comum, o mundo, que se opõe a Jesus Cristo e à sua igreja. Essa é a declaração de Jesus sobre a atitude do mundo em relação aos seguidores do Senhor. A bíblia diz que não devemos amar o mundo e nem o que nele há, sua política e seus sistemas de governo estão inclusos, mas há um movimento cristão político/religioso que quer ganhar o mundo que o Espirito Santo manda não amar (I João 2:15)

 Quais são os elementos que fundamentam, em essência, os sistemas mundanos? Podemos obter insights a partir da leitura de 2 Timóteo, capítulo 2, versículo 4, onde Paulo aborda a temática da guerra espiritual: "Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar aquele que o alistou para a guerra." Adicionalmente, em 1 Timóteo, capítulo 6, versículo 10, Paulo adverte: "Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males." Os sistemas políticos deste mundo frequentemente se dedicam aos afazeres da vida secular. A política, em sua essência, busca formar indivíduos afeiçoados aos bens materiais amantes de prazeres, do poder, da fama e do dinheiro. Diante disso, a Igreja deve manter-se vigilante, a fim de obter discernimento para lutar o bom combate da fé.

 Retomando o tema em questão, consideremos o que as Escrituras revelam, sob a inspiração do Espírito Santo, sobre este assunto. Em 2 Coríntios, capítulo 10, versículos 3 a 5, lemos: "Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Pois as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas. Destruímos raciocínios (sofismas) e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento à obediência a Cristo."

 Com efeito, Paulo é bastante explícito, não apenas em Efésios, capítulo 6, mas também nesta passagem, conforme mencionado anteriormente. Inegavelmente, travamos uma luta, uma batalha acirrada. Essa batalha se intensifica agora, mais do que em qualquer outro período da história. Assim como a igreja nasceu em meio a uma intensa batalha espiritual, os últimos dias também serão marcados por esse tipo de conflito. Trata-se de uma batalha espiritual de grande intensidade na qual não há posição neutra. Ou lutamos com diligência, com a postura correta, discernindo e compreendendo as coisas de forma adequada e aplicando os princípios bíblicos relevantes. Caso contrário, não estamos engajados na luta de forma legítima.
 Considerando que Paulo afirma que nossa luta não é contra seres humanos, e que as armas de nossa batalha não são terrenas, é imperativo discernir o foco adequado e a verdadeira natureza da luta espiritual. Devemos, portanto, alinhar nossa conduta aos princípios bíblicos para enfrentar o conflito espiritual com as ferramentas corretas e em uma postura apropriada. Este é um princípio fundamental que não pode ser negligenciado. Contudo, observa-se que, em certa medida, a igreja contemporânea tem se envolvido em conflitos de maneira inadequada, depositando esperança e confiança em figuras e líderes políticos. Essa prática representa um desvio significativo dos ensinamentos bíblicos sobre a guerra espiritual. Se reduzirmos nossa postura a uma militância reducionista, envolvendo apenas a área política, não estamos militando legitimamente, estamos laborando em erro.


 Os sistemas políticos globais atuais tendem ao pragmatismo, com poucas exceções. A maioria dos políticos demonstra essa característica. Adicionalmente, a política, em conjunto com as estruturas de poder, frequentemente se revela injusta em diversas esferas. Portanto, é crucial que evitemos nos envolver em conflitos de maneira equivocada sendo cúmplices diretos desses problemas que se caracterizam os governantes atuais no mundo. Dificilmente encontraremos um político que represente integralmente os valores judaico-cristãos e os princípios bíblicos. Muitos são motivados por interesses próprios, outros buscam o domínio, e a pragmática é uma constante, o oposto é extremamente raro.

 Diante disso, não se sugere que os cristãos devam se abster de escolher líderes políticos sérios, íntegros e com boa reputação. Tal possibilidade existe. No entanto, essa não deve ser a principal estratégia para nossa batalha espiritual. A confiança não deve ser depositada em homens. A essência da luta espiritual, da qual participamos nestes tempos finais, não é definida ou vencida pela eleição de figuras políticas de preferência ou pela participação em processos eleitorais embora isso possa ter alguma importância, ela não é em hipótese alguma a regra apresentada pelas Escrituras.

 A igreja contemporânea, em grande parte, concentra-se quase exclusivamente nesse aspecto, acreditando que a eleição de seus representantes, frequentemente pragmáticos, solucionará os problemas e as ameaças do espírito anticristão que emerge de ideologias extremistas e anticristãs, eles crêem que isso conferirá vitória sobre a guerra espiritual e garante a vitória da igreja que está ameaçada neste mundo. Essa é uma ilusão. A história demonstra que o envolvimento excessivo da igreja com a política pode resultar em consequências trágicas a longo prazo.

A razão para isso reside no fato de que, lamentavelmente, a maioria daqueles que se autodenominam cristãos contemporâneos carecem de discernimento e não compreendem que nossa luta não é contra seres humanos, ou seja contra a carne e o sangue. As armas que empregamos não são terrenas, mas sim espirituais e poderosas em Deus e não nos governantes que simpatizamos e em casos mais extremos estão sendo venerados. Consequentemente, Paulo se refere a sofismas, ideias equivocadas e doutrinas anticristãs que, com frequência, estão intrinsecamente ligadas a movimentos religiosos e políticos. Essas fortalezas de pensamento são destruídas por meio de métodos distintos daqueles frequentemente apresentados pela igreja moderna como o modelo de batalha espiritual. Essa abordagem não bíblica é, portanto, equivocada.

 Como ponto de partida, propomos uma abordagem fundamentada na Palavra de Deus. Acreditamos que a Bíblia Sagrada deva ser considerada a autoridade final sobre este tema. Somente ao nos dispormos a examinar o que as Escrituras revelam, estaremos aptos a enfrentar as questões em pauta de maneira adequada. Caso contrário, corremos o risco de não alcançar o resultado desejado.

 Começaremos pelo livro de Ester, onde se narra a história da rainha Ester. No contexto dessa narrativa, um homem chamado Hamã, oficial de grande importância no reinado de Assuero, monarca da Pérsia, conspirou para destruir os judeus. Por influência de Hamã, Assuero emitiu um decreto que condenava todos os judeus à morte. Diante dessa ameaça, a rainha Ester intervém, buscando salvar seu povo. Ela colocou em risco a própria vida para tentar salvar o povo de Deus.

O livro descreve uma batalha espiritual. Hamã é retratado como agindo sob influência demoníaca, seu ódio se evidenciou quando seu orgulho foi ferido por Mordecai, por trás desse ódio pode ser visto uma clara influência demoníaca, evidenciando a crença de que o ódio aos judeus, creio que o anti-semitismo, tem raízes espirituais. Desde o início, essa foi a dinâmica do diabo.

 Quais armas a rainha Ester utilizaria para iniciar esse confronto? Ela convocou seu povo para um período de jejum de três dias. Essas foram às armas espirituais que a rainha Ester empregou para entrar e vencer essa batalha. Um acesso ao Trono da graça, além das interverencias e manipulações políticas dos homens como Assuero e Hamã estava um Deus Supremo, Todo-Poderoso Majestoso e Soberano no Trono celestial e Ester tinha conhecimento disso! Era a Ele que deveriam os judeus recorrerem.

Analisamos também a trajetória de Daniel. Arrancado de sua terra natal durante o reinado de Nabucodonosor, foi conduzido à Babilônia, onde se tornou um cativo. É importante considerar que a Babilônia era um centro de ocultismo. Nas escrituras, o pensamento babilônico está intrinsecamente ligado à idolatria, a qual Paulo associa a demônios. Portanto, o contexto espiritual em que Daniel se encontrava era marcado por uma intensa batalha espiritual. O segredo para vencer essa batalha era oração e consagração.

 O que observamos em Daniel? Primeiramente, ele evitou a contaminação espiritual. Rejeitou a comida oferecida pelo rei, que incluía carnes sacrificadas a ídolos, optando por uma dieta vegetariana para não se contaminar com aquelas iguarias associadas a ritos idólatras.

Além disso, identificamos em Daniel uma característica peculiar e própria de um homem piedoso e com visão espiritual: a oração constante. Ele orava pela manhã, ao meio-dia e à noite, demonstrando uma vida dedicada à oração. Foram essas as armas que Daniel utilizou para enfrentar o ambiente espiritual adverso e vencer a batalha, mantendo sua fé inabalável diante da desconstrução espiritual que o cercava em seu cativeiro.

A vitória de Daniel foi alcançada por meio da oração e da recusa em se contaminar com as iguarias associadas à idolatria, praticando um jejum de abstenção das coisas que poderiam lhe trazer contaminação espiritual. Essas foram as armas de Daniel, a base de sua batalha. Esse mundo invisível atuando e influenciando o sistema político no contexto cultural de Daniel pode ser visto com a leitura de Daniel 10:13: “Mas o príncipe do reino da Persia me resistiu vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da pérsia”. Havia um conflito espiritual que estava além dos conflitos sociais que envolviam todo aquele contexto cultural em que Daniel estava envolvido, pense nessa possibilidade hoje em dia!

 Consideremos a vida de Jesus Cristo. Ele nasceu, viveu e foi até a cruz em um contexto político de opressão. Observamos que Jesus não se envolveu em atividades de campanha política ou propaganda. Sua atuação visava a libertação espiritual e a proclamação do Reino de Deus. Ele sabia fazer a distinção e usava uma linha que demarcava os fatos: “Meu reino não é deste mundo” (João 18:36)

 Jesus dedicava-se à oração constante e profunda. Ele buscava momentos de recolhimento, frequentemente passando noites em oração. Essa prática espiritual era fundamental em seu ministério. Durante o dia, pregava o Reino, curava e ensinava; à noite, orava, jejuava e intercedia. Ele mantinha comunhão com o Pai.
 Ao analisar os evangelhos, percebemos a posição de Cristo diante do conflito espiritual. Em seu ministério, Jesus confrontou forças espirituais malignas, manifestas por meio de possessões demoníacas. Para combater esse poder invisível e os enganos, Jesus utilizava a Palavra de Deus. A oração e a intercessão eram suas armas, com as quais passava longas horas, clamando a Deus incessantemente. Essa era a essência da vida de Jesus era assim que ele enfrentava o sistema político e religioso vigente na sua epoca.

 Atualmente, qual é a postura da igreja em geral e de sua liderança em relação a esta questão? Observa-se uma crescente participação política, por vezes caracterizada como ativismo, que parece priorizar a atuação política em detrimento de outros aspectos. Há relatos de que o púlpito tem sido utilizado para propagar ideologias políticas específicas, o que tem gerado controvérsias. Essa crescente participação política levanta a questão de sua compatibilidade com os ensinamentos bíblicos, uma vez que as Escrituras não ordenam explicitamente a participação em militância política.

 Em contrapartida, a Bíblia instrui os fiéis a utilizar as armas espirituais, conforme descrito por Paulo, e a se posicionar contra tendências contrárias aos princípios cristãos. Essa postura, alinhada com a missão de ser "sal e luz" no mundo, implica em manter-se firme nos valores cristãos e em usar as ferramentas espirituais adequadas para a batalha da fé, dentro de um contexto espiritual e bíblico, sem ceder às influências da modernidade e do mundo secular e acima de tudo, sem se envolver com o ecumenismo que abre caminho para o universalismo, que por sua vez será uma força que oporá aos cristãos que sejam fieis aos preceitos bíblicos.

 Da mesma forma, não somos convocados a participar de manifestações e organizar comícios, agindo como cabos eleitorais de políticos com certas orientações e influências cristãs aparentes, que, de alguma forma, parecem atender aos anseios da igreja. Sem dúvida, creio que, em certa medida, devemos apoiar políticos que demonstrem coerência, integridade e que não sejam movidos por pragmatismo ou maquiavelismo, mas que genuinamente busquem promover os valores do Reino de Deus por meio da política. Nesse caso, podemos, a título pessoal, defender e até mesmo votar nesses indivíduos. Cumprir com responsabilidade nossa cidadania, mas não ultrapassar os limites, não somos chamados a militância política, somos chamados a militância do evangelho.



Contudo, considero que essa situação é extremamente rara nos dias atuais. É difícil encontrar lideranças políticas que não sejam pragmáticas. Quero enfatizar o pragmatismo, pois essa corrente, com origem demoníaca, contaminou não apenas a política moderna, mas também, de maneira geral, a liderança a cristandade. É por isso que observamos essa união entre as tendências religiosa e política, em busca de um objetivo comum. Porque parecem que elas se encaixam em suas posturas e pontos de vista.


Contudo, essa postura não encontra respaldo nas Escrituras. Apesar de ser legítimo que um cristão exerça seu direito ao voto, escolhendo um candidato de sua preferência, sua atuação deve se limitar a isso. A esfera de atuação do cristão e sua batalha espiritual são distintas, conforme explicarei a seguir.

 Compreendemos que a Igreja do Senhor e os cristãos redimidos necessitam de uma compreensão que vá além da realidade física, percebendo a influência do mundo espiritual invisível, que permeia os múltiplos sistemas existentes. Essa visão deve transcender a compreensão meramente terrena, considerando a ação desse mundo espiritual.

 Essa perspectiva é ilustrada na Primeira Epístola de Timóteo, capítulo 4, versículo 1, onde Paulo adverte: "Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios".

 Reconhecemos que esses ensinos de demônios e espíritos enganadores se manifestarão por meio de falsos profetas e doutores. Paulo, ao analisar a questão, identifica a origem e a influência subjacentes, que utilizam a palavra desses indivíduos para disseminar doutrinas demoníacas, as quais serão acolhidas por pessoas suscetíveis a esses enganos, atuando no âmbito religioso para desviá-las da verdade.

 Essa dinâmica se assemelha à atuação no mundo físico, influenciada pelas potestades e pelas forças espirituais deste século. A própria Escritura, ao referir-se a Satanás como o "deus deste século", evidencia que este utiliza seus agentes para promover ideologias contrárias aos princípios cristãos.

Qual é a função da Igreja? E qual a responsabilidade do cristão? A atuação deve espelhar a dos profetas Daniel e Ester, que, como nós, precisavam empregar as armas espirituais. A Igreja do Senhor deve manter-se em oração e vigilância constantes, com os cristãos unidos, orando, dedicando noites à oração, à vigília, à súplica e à intercessão. As armas que utilizamos não são materiais, mas espirituais e poderosas em Deus. Em vez de depositar nossa confiança nos governos terrenos, devemos confiar plenamente no Senhor. Visto que essa batalha é espiritual, somente a venceremos nesse âmbito. Portanto, a ação mais eficaz provém do cristão que se dedica à oração, ao jejum e à intercessão, buscando a presença de Deus em humildade, pedindo misericórdia e autoridade para que os poderes espirituais da maldade sejam subjugados. Isso só é possível com uma Igreja desperta, que ora, e com cristãos que praticam os ensinamentos bíblicos. Como mencionado anteriormente neste estudo, não se trata de uma guerra física, mas espiritual. Devemos lutar com nossas armas espirituais. No entanto, a Igreja do Senhor, nestes últimos dias, tem se dedicado à oração e ao jejum? Pelo contrário, ela se encontra freqüentemente envolvida com o materialismo, festas dançantes, entretenimento, musica egocêntrica, palestras motivacionais e o pior, escândalos, luxúria e idolatria e veneração cega a lideres carismáticos.

 Portanto, devemos buscar a compreensão das verdades espirituais para evitar a advertência proferida por Pedro em sua primeira epístola, capítulo 2, versículo 8: "Tropeçam, porque são desobedientes à palavra". De maneira semelhante, em Hebreus, capítulo 11, versículo 27, observamos a firmeza do herói da fé, como se visse o invisível. A visão espiritual determinará nossa postura diante da realidade da guerra cultural e espiritual que se manifesta globalmente e avança rapidamente, representando desafios para a igreja no futuro, caso não haja um despertar espiritual.

Contudo, nossa luta não é contra seres humanos. Os verdadeiros inimigos operam em um plano espiritual, manipulando eventos e influenciando as ações humanas. A igreja, os cristãos, possuem acesso a esses inimigos espirituais e dispõem de armas espirituais poderosas em Deus. Por isso, a oração, o jejum, o clamor e a vigilância são essenciais, mantendo-nos na presença de Deus em constante oração.

 Acima de tudo, a igreja não deve centralizar sua atenção nos acontecimentos políticos e governamentais. Nossa prioridade deve ser clamar "Maranata, Maranata", aguardando o retorno do Rei dos Reis, o Senhor dos Senhores. Ele é o líder justo e incorruptível que um dia governará com justiça sobre todo o universo, governando com equidade, justiça e perfeição. Nosso verdadeiro Rei e Senhor está assentado à direita de Deus nas alturas, e a Ele devemos recorrer, nEle devemos depositar nossa confiança e fé.

 Concluindo esta análise, desejo reiterar e relembrar os mesmos textos que serviram de ponto de partida, mencionados inicialmente, em especial a passagem de Efésios, capítulo 6. Destaco a existência de uma arma espiritual, a espada do Espírito. Ao observarmos o relato de Mateus, capítulo 4, versículos 1 a 8, sobre a experiência de Jesus Cristo, percebemos um conflito, uma batalha com uma entidade espiritual. Essa experiência foi real e factual, ocorrida em um tempo e espaço definidos. Jesus enfrentou Satanás, que lhe ofereceu os reinos deste mundo.

 Sob outra perspectiva, o relato de Lucas, capítulo 4, versículos 1 a 11, descreve a mesma oferta de reinos a Jesus, pois, por um período histórico determinado na economia divina, esses reinos estavam sob o domínio de Satanás. Contudo, conforme Apocalipse, capítulo 11, versículo 15, esses reinos pertencerão um dia a nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Assim, as Escrituras demonstram claramente a capacidade de uma entidade espiritual e pessoal de influenciar as pessoas, oferecendo poder, glória, riqueza e os tesouros deste mundo.

Essa dinâmica se manifesta também no sistema político, que frequentemente atrai seus seguidores com promessas similares. Todos nós, com discernimento e consciência, compreendemos que a política muitas vezes oferece glória, poder terreno, fama e riquezas. Diante disso, é perceptível a ilusão e o engano que se instauram. Muitos cristãos, inclusive, podem ser afetados por essa tentação, negligenciando a dimensão espiritual da batalha.

Jesus Cristo demonstrou a importância crucial desse aspecto ao confrontar o diabo com a Palavra de Deus, a espada do Espírito. Portanto, que também empunhemos a espada do Espírito, conforme os ensinamentos bíblicos, dedicando-nos à oração, ao jejum e à intercessão, buscando a graça divina e perseverando em orações e vigílias, guiados pelas orientações bíblicas.

 Diante da iminência da batalha espiritual que se apresenta, é imperativo que nos consagremos e santifiquemos, a fim de obter a vitória e estarmos preparados para a volta de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Confrontados com a crescente oposição e as tendências contrárias aos ensinamentos cristãos, que podem gerar grandes aflições, precisamos estar munidos com as armas espirituais necessárias. É fundamental que permaneçamos firmes no Evangelho, dedicados à santificação, à consagração, e imersos na oração e na intercessão. A comunicação com o reino celestial deve ser constante e abundante.

 Este é o momento de orar e conclamar a igreja à oração. É chegada a hora de nos equiparmos com as armas espirituais adequadas. Nossa luta não se restringe ao plano terreno; é uma batalha espiritual contra as forças do mal que atuam nas esferas celestiais.
 A negligência desta realidade, ou a falta de determinação em combatê-la, nos conduzirá a desvios e equívocos, configurando um cenário de apostasia. Convém lembrar que o atual movimento evangélico político, em grande parte, adota uma postura ecumênica e aberta a interpretações heterodoxas e doutrinas questionáveis, como a teologia do domínio.

 Portanto, que sejamos sóbrios e vigilantes. Empenhemo-nos na guerra espiritual por meio da oração, da busca da presença de Deus, do jejum, da consagração, da intercessão e do clamor constante, implorando a Deus que nos conceda graça e socorro em tempo oportuno, perante o seu trono.

 

Um grande numero de jornalistas e o sistema midiático associado a eles, estão exercendo uma militância anticristã feroz, cujo objetivo não é outro a não ser manipular a opinião publica e prestar serviço ao pai da mentira.”

 

“A missão da militância ideológica anticristã é lutar com todas as forças para enganar a sociedade e reformular o pensamento das pessoas”

 

“Não podemos nos colocar numa ladeira escorregadia de concessões para ver caindo ao lado dessas concessões, verdades fundamentais da fé cristã”

 

                                         C. J. Jacinto

                     www.heresiolandia.blogspot.com

                             claviojj@gmail.com

 

 

 

 

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