Lugares Celestiais em Cristo e Lugares Celestiais Sem Cristo


 



Efésios 1:13 e 6:12

 

A Epístola de Paulo aos Efésios revela uma profundidade notável, repleta de tesouros espirituais que enriquecem a nossa jornada de fé. No capítulo 1, versículo 3, Paulo aborda a temática dos lugares celestiais em Cristo. Posteriormente, no capítulo 6, versículo 12, a epístola descreve a existência de principados e potestades, as forças espirituais da maldade que atuam nos lugares celestiais. Assim, a Epístola aos Efésios, ao mesmo tempo em que nos apresenta os lugares celestiais em Cristo (Efésios 1:3), também expõe a realidade dos lugares espirituais que estão destituídos da presença de Cristo. Desejo, então, aprofundar a discussão sobre essa dualidade, a fim de proporcionar uma compreensão mais clara do seu significado e das implicações para a vida cristã, a respeito dos lugares celestiais em Cristo e daqueles que estão à parte Dele.

 A expressão "lugares celestiais em Cristo" refere-se ao domínio completo de Cristo, sob sua autoridade e reinado, o lugar de sua preeminência e influência santificadora. É nesse contexto que somos abençoados com todas as bênçãos espirituais. Nos "lugares celestiais em Cristo", encontramos a nossa bênção, o nosso auxílio e desfrutamos da graça, estabelecendo nossa posição. Cristo, no céu, nos representa, de modo que nossos pecados foram expiados por Ele na cruz do Calvário e, agora, com Jesus assentado nos lugares celestiais, a nossa justiça, nossa esperança, salvação, justificação glorificação estão totalmente Nele.

 Portanto, apresento aqui uma perspectiva espiritual. Na cruz do Calvário, Cristo Se identificou com cada pecador que seria redimido. Da mesma forma, agora cada redimido deve identificar-se com Cristo nos lugares celestiais. Estabelece-se, assim, uma dinâmica de reciprocidade entre nós e Cristo. Tanto na cruz, quando Jesus tomou sobre Si os nossos pecados, quanto agora, quando Ele é o nosso representante, mediador e sumo sacerdote, permanecendo também nosso profeta, encontramos segurança nessa posição em Cristo nos lugares celestiais. Somos redimidos, comprados, propriedade exclusiva do Senhor, e devemos sempre contemplar o Cristo entronizado, o qual, acima de tudo, venceu a morte, o inferno, o diabo e todo o reino demoníaco. Ele triunfou e está agora entronizado no céu, desfrutando desse grande triunfo. Nós, como filhos de Deus, comprados e redimidos pelo sangue de Jesus, também podemos desfrutar da vitória que Cristo conquistou por nós através de Sua obra consumada e perfeita na cruz do Calvário.

 Neste ambiente de elevada espiritualidade, onde a atmosfera é santa, magnífica, pura e gloriosa, nosso coração e mente devem se concentrar, contemplando a dimensão espiritual e celestial acessível somente aos redimidos. A Palavra de Deus nos revela claramente sobre este lugar celestial em Cristo. Essa expressão "em Cristo" denota uma distinção. A percepção espiritual dessa diferença e o desfrute dos lugares celestiais são experiências reservadas aos verdadeiros cristãos. Desconheço se o prezado irmão já foi abençoado com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais, mas essa é a realidade. Essa é a realidade que deve ser desfrutada cotidianamente por aqueles que foram salvos. Se você realmente nasceu de novo, se é um regenerado, essa é a sua posição, deve ter percepção permanente sobre essa realidade apresentada por Paulo na Carta aos Efésios.

 Repito, Neste ambiente de atmosfera espiritual elevada, sagrada, magnífica, pura e gloriosa, nosso coração e mente devem estar unidos, focados e contemplativos desta dimensão espiritual e celestial, acessível somente àqueles que foram redimidos. A palavra de Deus declara claramente a respeito deste lugar celestial em Cristo. A preposição "em Cristo" denota uma distinção, e a percepção espiritual dessa diferença, bem como o desfrute desses lugares celestiais, são experiências reservadas ao cristão verdadeiro. Desconheço se o amado irmão tem a experiência de ser abençoado com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais; contudo, esta é a realidade que deve ser desfrutada diariamente por aqueles que são salvos.

 Existe, dentro dessa perspectiva, uma coisa bem lógica que deve ser bem enfatizada, que a redenção é um movimento, ela é um movimento espiritual. Nós saímos das trevas deste século e entramos para a glória, para a luz gloriosa do Evangelho, a uma movimentação, uma peregrinação, a um processo dinâmico, revolucionário, que é feito por etapas, segundo a economia de Deus. Portanto, do nosso chamado ao Evangelho, com a nossa correspondência ao Evangelho, ao nosso arrependimento, a crer em Cristo, a nossa redenção, o novo nascimento, nós estamos em movimento, dia após dia, até que nós possamos chegar até Cristo e contemplá-lo face a face. Portanto, aqui nós temos um princípio espiritual que nós devemos aprender, devemos sempre entender, e isso de forma bem prática, que a nossa vida cristã ela é um movimento espiritual do qual  dia após dia nós devemos nos aperfeiçoar para que nós possamos ter esse encontro com o Senhor.

  A compreensão de que já fomos agraciados com toda sorte de bênçãos espirituais nos lugares celestiais nos permite entender nossa jornada, nosso caminho, nossa peregrinação, que teve um início e terá um fim. Portanto, um dia desfrutaremos, de forma literal, desses lugares celestiais em Cristo Jesus, que se manifestarão no novo céu e na nova terra. Essa dinâmica espiritual que menciono é nossa peregrinação na Terra.  

 Precisamos ter um objetivo, uma meta. Todas as pessoas sensatas, mesmo aquelas que não seguem a fé cristã, possuem um foco. Muitas pessoas se preparam profissionalmente para o futuro. As pessoas têm metas, alvos, procuram um propósito para a vida, desejando viver e trabalhar para alcançá-lo. O cristão também possui um propósito; ele sabe e entende que foi abençoado com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo. Um dia, ele desfrutará plenamente dessas bênçãos, de maneira concreta. Portanto, devemos experimentar e usufruir das conquistas de Jesus, que são apresentadas no Novo Testamento. Jesus deseja compartilhar conosco sua vitória, alcançada a partir de sua encarnação, morte na cruz e ressurreição. Deus, em Cristo, quer compartilhar todas essas vitórias, todas essas bênçãos adquiridas através da cruz do Calvário e da ressurreição, partilhando aquilo que Cristo conquistou por meio de sua obra consumada e perfeita na cruz.
 Em consonância com o que o apóstolo Paulo expõe na Epístola aos Efésios, somos convidados a contemplar as inescrutáveis riquezas de Cristo. Essas riquezas, de natureza celestial e espiritual, são abundantes.  

 Através da obra redentora de Cristo no Calvário, somos agraciados com o perdão, a comunhão com Deus e uma vida guiada pelo Espírito Santo. 

 Desfrutamos da justificação, do selo do Espírito Santo e da promessa da ressurreição em um corpo glorificado. Temos a esperança do retorno literal de Jesus Cristo, a expectativa dos novos céus e da nova terra, e a perspectiva do mundo vindouro.

 Essas esperanças e expectativas representam tesouros espirituais que o cristão, gradualmente e de acordo com a vontade de Deus, experimentará em sua plenitude. Algumas dessas riquezas podem ser desfrutadas no presente, enquanto outras se manifestarão na eternidade.

 Para vivenciar plenamente essas bênçãos, é essencial permanecermos ligados a Cristo, o autor e consumador de nossa fé. Isso se concretiza através de uma vida centrada em Cristo, reconhecendo que foi Ele quem, por meio de sua morte e ressurreição, nos concedeu todas as bênçãos espirituais nas esferas celestiais. Diante disso, devemos dedicar atenção constante a Ele, buscando-O incessantemente e direcionando nossas vidas a Ele, que é a fonte de todas as bênçãos.

 A vida do povo de Deus, os redimidos, aqueles que foram comprados e purificados pelo sangue de Jesus Cristo, deve ser orientada e conduzida em direção aos lugares celestiais em Cristo Jesus. É ali que encontramos refúgio, a graça diária para resistir às tentações e a esperança para perseverar diante das aflições deste mundo. Fixamos nosso olhar nesses bens espirituais, desfrutando das maravilhosas bênçãos que Jesus Cristo conquistou para nós através do sacrifício da Cruz.

Desejo agora analisar a passagem de Efésios, capítulo 6, versículo 12. Ali, Paulo aborda a temática da batalha espiritual, exortando: "Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder, para que possais resistir no dia mau". Ele prossegue, afirmando que nossa luta não é contra carne e sangue, mas contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestiais. Essa descrição dos lugares celestiais, onde as forças espirituais do mal exercem seu domínio, é relevante. A Bíblia descreve essa esfera como estando fora da presença de Cristo, mas sob o controle de principados e potestades. Diante disso, e considerando a importância dada a essa questão nas Escrituras, torna-se imperativo que atentemos para essa realidade, pois ela exerce grande influência sobre nossa vida espiritual e também sobre o mundo adâmico que esta em consorcio que as entidades espirituais de natureza caída que se encontram nesses lugares celestiais sem Cristo.

 Embora seja prudente não atribuir todas as ações negativas e injustiças do mundo à influência direta de entidades demoníacas ou de Satanás, é igualmente importante reconhecer a existência de uma influência maligna, conforme mencionado pelo apóstolo João. Essa influência, representada por principados, potestades e forças espirituais da maldade, atua de maneira eficaz, servindo a Satanás, a quem a Bíblia descreve como o "deus deste século", que cega o entendimento dos que não crêem.


 Essa influência maligna manifesta-se em diversas esferas da vida, como na sociedade, na política e na religião. Consequentemente, observamos o aumento da descrença, a intensificação de conflitos, a disseminação de confusão e o surgimento de falsos profetas e doutrinas. A multiplicação da iniquidade, em parte, decorre da ação desses principados e potestades, que exercem sua influência nos lugares celestiais, impactando a sociedade e o mundo.

 Os reinos celestiais desprovidos da presença de Cristo se assemelham àqueles domínios terrestres que também carecem da influência santificadora divina. Observamos exemplos em estabelecimentos como bordéis e locais de tráfico de drogas, bem como em lugares onde práticas consideradas demoníacas são realizadas em detrimento da adoração a Deus, em ambientes marcados pela incredulidade.

 Afastamo-nos de instituições de grande porte que, em vez de servirem ao reino de Deus, servem ao mal; e de sistemas midiáticos e televisivos que, em certa medida, disseminam a falsidade. Ao contemplarmos esses sistemas, percebemos que eles, de alguma forma, representam uma oposição ao cristianismo, personificando o espírito do erro que prevalece em nosso mundo.

 Os reinos celestiais sem Cristo e seus correspondentes terrenos operam em mútua interação. Testemunhamos essa influência e colaboração entre homens e entidades demoníacas de diversas maneiras, inclusive nas Escrituras Sagradas. Tomemos como exemplo o caso dos gadarenos, cuja força descomunal derivava da possessão por espíritos malignos.

 Essa interação entre a sociedade, o mundo e esses reinos celestiais desprovidos de Cristo, mas repletos de demônios e espíritos impuros, manifesta-se na sua influência sobre a sociedade, levando-a, por fim, a um estado de perdição.

 O apóstolo Paulo expõe esses dois pontos cruciais para nosso entendimento. Em primeiro lugar, somos abençoados com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo Jesus. Em segundo lugar, somos exortados a nos fortalecer, como ele mesmo declara em sua palavra: "Quanto ao mais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder". Ao vivermos como redimidos neste mundo, necessitamos ser fortalecidos no Senhor e na força do seu poder, pois nossa luta não é contra carne e sangue. Trata-se de uma batalha espiritual, cuja existência é confirmada pelas Escrituras. Existem as regiões celestiais sem Cristo, que atuam ativamente contra a Igreja e os santos do Senhor. Há uma guerra, uma batalha, com o mundo servindo como seu exército, e demônios influenciando a sociedade. Podemos observar isso claramente em Efésios, capítulo 2, versículos 1 e 2, onde os filhos da desobediência estão sob a influência e o controle do espírito deste século, de principados e potestades. Assim, o livro de Efésios revela uma profunda dimensão espiritual, desvendando a realidade por trás das aparências.

 Considerando a importância da nossa posição espiritual em Cristo Jesus nos lugares celestiais, devemos também ter consciência do conflito espiritual que nos envolve. Como peregrinos neste mundo, somos influenciados por forças adversas. Embora estas não nos possam prejudicar diretamente, se nossa posição for firmes, como ensina Paulo, que devemos nos fortalecer no Senhor e na força do Seu poder, a nossa presença, como igreja e como redimidos, vai gerar sempre uma reação, pois somos o sal e a luz do mundo, contrastando com as trevas e a corrupção espiritual promovidas pelas forças espirituais da maldade que atuam nos lugares celestiais. Sem compreendermos essa realidade de conflitos e influencias sobre o mundo adâmico, não poderemos compreender com discernimento correto os acontecimentos locais e mundiais a luz da profecia bíblica.

 Este confronto constante entre a presença abençoada dos santos, que possuem toda sorte de bênçãos espirituais em Cristo nos lugares celestiais, e a influência maligna das hostes espirituais da maldade, que habitam nos lugares celestiais sem Cristo e exercem domínio sobre grande parte do mundo, constitui uma guerra. Diante dessa realidade, devemos estar atentos aos fatos apresentados na palavra de Deus. O mundo está sob a influencia dos espíritos caídos descritos em Efésios 6:12, o mundo pode não perceber essa influencia por causa de fatores diversos, a cegueira do entendimento impede-os de perceberem esses fatos, mas em passagens como Efésios 2:1 e 2 e II Coríntios 4:4 vimos claramente essa verdade incontestável; o mundo jaz no maligno (I João 5:19)

 Diante desses eventos perceptíveis ao coração que eleva-se aos lugares celestiais em  Cristo Jesus e que percebem o movimento do espírito do erro atuando neste presente século maligno, devemos nos preparar para assumir nossa posição, revestindo-nos de toda a armadura de Deus. É imperativo estarmos equipados, prontos para o combate, pois estamos envolvidos em uma batalha espiritual. Por isso, devemos nos dedicar à intercessão, à consagração, à vigilância e à sobriedade, conforme o Senhor Jesus nos ensinou, advertiu e exortou em suas mensagens.

 Paulo é enfático que devemos nos revestir de toda a armadura de Deus, é uma posição de guerra, há desfrute na presença nos lugares celestiais em Cristo Jesus, há guerra nos lugares celestiais sem Ele. E é maravilhoso que possamos perceber que Cristo tinha uma intima e profunda comunhão com o Pai e esse era seu deleite eterno, mas estava em conflito direto com as potencias malignas da presente era. O mesmo ocorre com o cristão redimido.

 Devemos atentar para esta questão de suma importância: estamos em um conflito. Nele, em Cristo, devemos permanecer firmes, revestidos do Espírito Santo e dotados de discernimento espiritual, a fim de identificar a atuação do inimigo nesta batalha. Precisamos discernir as potestades e forças espirituais da maldade que operam desde as regiões celestiais sobre esse mundo sem a verdade do Evangelho.

 Estejamos cientes dessa guerra, desse conflito, e determinados a enfrentá-lo, confrontá-lo, neutralizá-lo e repreendê-lo. Que estejamos espiritualmente aptos a permanecer firmes diante dessa batalha que nos cerca. Apenas os cristãos com uma vida espiritual mais profunda serão capazes de perceber a ação maligna que, freqüentemente, está por trás dos acontecimentos no mundo, tanto nas esferas celestiais quanto na Terra.
 Os crentes espirituais, aqueles que possuem profundidade em sua fé, que de fato compreendem sua posição celestial em Cristo Jesus, possuem a luz espiritual necessária para perceber a influência maligna dos espíritos imundos e das potestades que atuam nas regiões celestiais sem a presença de Cristo.

 Compreenda, prezado, estas duas realidades: por um lado, experimentamos o deleite das bênçãos espirituais nas esferas celestiais; por outro, enfrentamos um constante desafio. Que o amado irmão esteja ciente desses aspectos e que sua jornada terrena seja permeada por oração e vigilância, em todo tempo e lugar, a fim de que estejamos sempre protegidos e conscientes acerca do desfrute de um lado e da batalha de outro.

 É por isso que Paulo inicia sua descrição sobre as realidades celestiais em Cristo, demonstrando: "No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder." Jesus triunfou e assentou-se à direita de Deus como vencedor. E nós devemos também ser participantes dessa vitória, pois estamos em Cristo. Estar em Cristo significa partilhar de sua vitória, de seu triunfo, e de sua posição. Devemos compreender esses fatos, pois elas são doutrinas bíblicas, compreendemos a posição do verdadeiro cristão, a qual devemos manter constante, dia e noite. Amém.

C. J. Jacinto

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