Poucos cristãos ouviram falar
sobre o coliridianismo, esse foi um movimento do Século IV dentro da
cristandade que deu forte ênfase pratica da mariolatria. O movimento emergiu dentro do cenário
controverso do nestorianismo. Não há muitas informações disponíveis sobre esse
movimento, é certo que adoravam Maria e ofereciam pão consagrado a ela. Alguns
teólogos católicos argumentam que os
coliridianos ultrapassavam a linha da ortodoxia mariana do catolicismo e tornaram-se
idolatras.(1) O cenário em que se
levantou essa questão pode ser descrito nessas palavras: “A rivalidade que
existia entre as escolas de Alexandria e Antioquia, os dois centros teológicos
que regiam o pensamento da igreja cristã, tanto ocidental como oriental, se
caracterizava por distintos sistemas de interpretação das Escrituras. A Escola
alexandrina empregava o método alegórico, como herança da cultura grega, para
interpretar a bíblia. A escola de Antioquia pelo contrario optou pelo método de
interpretação mais cientifico, baseado em um exame histórico gramatical do
texto bíblico” (2) isso corrobora um fato pouco percebido por muitos
pesquisadores, que enquanto uma vertente da fé cristã, estava fundamentada na
interpretação correta das Escrituras, a de Antioquia, outra ramificação parecia
ser mais influenciada pelo gnosticismo, e como Orígenes, optou pela
alegorização das Escrituras. Por essa distinção de escolas de interpretação,
percebemos outro fator importante o desenvolvimento de versões das Escrituras
bizantinas e alexandrinas, pois de certa forma, essa seria uma tendência
natural no tocante a duas escolas de interpretação completamente opostas.
Foi Epifanio (315-403) um dos principais
opositores a reagir contra o coliridianismo, este foi amigo de Jerônimo, era
asceta, e enquanto combatia a mariolatria do Coliridianismo, defendia de forma
extremamente fanática o uso de ícones. O
gérmen do marianismo tal como ocorreu por
causa de controvérsias a respeito de disputas teológicas se Maria era ou não a
Mâe de Deus. O coleridianismo como vamos ver nesse artigo, nunca deixou de
existir, ela nunca perdeu sua força, e
por mais que o catolicismo tente argumentar sobre essas questões, usando supostos
termos teológicos para distinguir latria de dulia e hiperdulia e veneração de
adoração, a literatura teológica do catolicismo romano expõe claramente a
crença na divindade de Maria e na sua adoração como idolatria, ou seja, a
heresia do coliridianismo está presente hoje na liturgia católica, e para provar
isso, escrevi esse artigo.
Antes quero tomar as palavras do
ex-padre Aníbal Pereira Reis, pois ele fez declarações que se harmonizam
completamente com a teologia bíblica do Novo Testamento, essas são as
convicções do autor desse artigo. Com relação a concepção de Maria, mulher de
exemplo de vida piedosa, que deve ser
imitada, mas nunca adorada e nem mesmo venerada. O ex-padre escreveu: “ Maria é mãe do corpo
físico, das carnes de Jesus Cristo. Em sendo ele Deus, como Deus, não pode ter sido gerado por uma
mulher” (3) o Dr Anibal prossegue: “Ora, a pessoa de Cristo não se originou no
ventre de Maria, COM EFEITO, EM Cristo ocorre a união substancial das duas
naturezas, a humana e a divina, numa só pessoa. É o caso impar, único, entre
todos os homens”(4)
Que a igreja do Novo Testamento é
completamente cristocentrica é um fato irrefutável, que a veneração a Maria vai
de encontro a pratica de outro evangelho é um fato a considerar. Teólogos católicos desenvolveram terminologias
não bíblicas para tentar justificara veneração de imagens, na tentativa de diferenciar
o ato da adoração e veneração, argumentam que a latria se oferece a Deus e a
hiperdulia á Maria. É uma tática
falaciosa, escritores do Novo Testamento e os apóstolos não reconhecem esses
termos e muito menos essas praticas.
Diego Barrera explica com eficiência a questão da adoração: “A palavra
latina ‘adoratio’, como seu equivalente grego
‘proskynesis’ designava em sua origem a simples genuflexão ate um ser
considerado divino ou a suas imagens. Depois tomou o sentido estrito de ‘homenagem
ou tributo a Deus como tal” y não se pode render-se a nada mais” (5) Segue-se
que veneração num sentido real é o mesmo que praticar “Proskynesis”, e isso percebeu o autor da Carta a Diogneto,
nesse documento antigo, pode se perceber claramente que o autor faz criticas
aos que prestam adoração aos ídolos, “venerando ídolos incapazes de receber
reverencia”(6) esse documento é um escrito apologético contra o paganismo, demonstra
a percepção do autor quanto ao ato de venerar deuses falsos. A Carta a Diogneto
é um documento que foi escrito aproximadamente no ano 120 da nossa era, e
estava alinhado a idéia teológica de que
veneração é adoração (proskyneo)
Como não há nas Escrituras
qualquer justificativa para se venerar imagens e prestar culto a Maria,
católicos precisam recorrer a autoridade extra bíblica e aos “teólogos” que
começarem a introduzir novas idéias e falsas doutrinas no seio da fé cristã,
porem há uma advertência no Livro de Atos que precisava ser levada em consideração,
mas que foi quase que ignorada: “Porque eu sei isto que, depois da minha
partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão o rebanho”
(Atos 20:29) essa advertência foi feita em Efeso, justamente na cidade onde era
venerada a grande deusa Diana. Toda a argumentação em defesa do culto mariano
leva esse argumento “como fala os santos padres”(7). As evidencias são meros
subterfúgios incoerentes. “Os milagres mesmos, operados tão freqüentemente pela
Virgem Santíssima mediante suas imagens, são uma confirmação eloqüente da
legitimidade desse culto.” (8) Afonso de Ligório, Doutor da Igreja católica,
cita Brigida, que recebeu uma revelação de Maria, messa aparição, a entidade
que se identificava como “Maria” lhe disse “Eu sou Rainha do Céu e Mãe de
misericórdia; para os justos eu sou alegria e para os pecadores sou a porta por onde entram para Deus”(9) É
difícil de acreditar que uma pessoa que recebe uma revelação dessas, precisa
ignorar completamente os fundamentos da doutrina cristã do Novo Testamento, uma
vez que o próprio Cristo declara que “ninguém vem ao Pai senão por mim” (João
14:6) Ele declarou ser a porta, se alguém entrar por mim, salvar-se-á...”(João
10:9) aqui está claramente revelada a exclusividade de Cristo ser a Porta, é
uma declaração singular, feita pelo próprio Cristo com um contexto que diz,
aquele que tenta entrar por outra porta
é ladrão e salteador (João 10:1) Uma entidade que aparece com o nome de “Maria”
contradizendo as declarações exclusivistas de Cristo nos levam para as
advertências de Galatas 1:8 e 9, “Mas ainda que nós mesmos ou um anjo do céu
vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema,
se alguém anuncia vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja
anátema” Todo o teólogo católico precisa adotar a dialética hegeliana, para
fundir duas opostas numa idéia só, para
aceitar as declarações exclusivistas de Cristo como verdadeiras e ao mesmo crer
que as revelações do mundo espiritual contrarias as declarações do Novo
Testamento não sejam falsas. Isso é um absurdo.
A visão que o catolicismo tem de
Maria ultrapassa muito o bom senso e afasta-se completamente das paginas do
Novo Testamento. Assumem a regia negação
que Maria não é tratada como divindade, porém deve-se prestar atenção as suas
declarações expostas de forma explicita em suas publicações. Afonso de ligório,
no livro Glórias de Maria, afirma: “Por conseguinte estão sujeitos ao domínio
de Maria os anjos, os homens e todas as coisas no céu e na terra” (10) se isso
não é crer em uma autoridade absoluta, então as palavras perderam o sentido em
meio aos devaneios místicos. O Novo Testamento é muito claro em ensinar que
Deus sujeitou todas as coisas aos pés de Cristo, e não aos pés de Maria,(Leia Efésios
1:21 a 23) a expressão infeliz de Ligório remete um católico a acreditar que
Maria supostamente tem prela autoridade no céu e na terra, mas se você não esta
convencido, então leia isso: “Eis aqui como em todas as batalhas com o inferno,
seremos sempre vencedores seguramente, se recorrermos a mãe de Deus, e nossa,
dizendo e repetindo: sob a tua proteção nos refugiamos”(11) Domínio sobre todas
as coisas no céu e na terra, completo poder contra o inferno, o que mais
precisa para se tornar uma divindade, a não ser chamada de Toda poderosa? Pois
é então veja as declarações do autor de um clássico de espiritualidade
católica: “E como não existe doença espiritual que seja incurável nesta vida e
nenhuma pode resistir ao tratamento da todo-poderosa Mãe de Deus, ela nos
curará”(12) Sim se é toda poderosa significa que é uma divindade, se é toda
poderosa então tem todo o poder, se tem todo poder não pode ser menos do que
Deus, se não pode ser menos do que Deus é igual a Ele. Essa veneração chamada
de hiperdulia é uma verdadeira falácia, no bom sentido da palavra um logro
teológico para enganar bobos. No céu, Maria é capaz até mesmo de colocar Deus
em delicias místicas, como Joseph Tissot declara: “Mas o leite da
bem-aventurada Virgem Maria também como que o poder de embriagar a Deus, porque
quando o bebeu, bebeu com ele a misericórdia...”(13) Tissot ainda lamenta que na parábola das dez
virgens, as imprudentes não tenham recorrido a “esposa” ao invés do esposo,
nessa exegese tão ridícula e falaciosa, argumenta ele que se tivesse clamado
“Nossa Senhora! Nossa Senhora” teriam recebido a graça de entrar nas núpcias,
em outras palavras, na parábola o noivo negou a entrada das imprudentes, mas se
elas tivessem recorrido a noiva, ela teria concedido a entrada, isso insinua
que Maria pode confrontar a vontade de Cristo, opor-se a vontade dEle, e fazer
com que a sua vontade predomine sobre a vontade de Cristo. Assim de forma tão
infeliz Tissot exorta “Olha para Maria, pensa em Maria”(14), enquanto que o Espírito
Santo, usando o Escritor da epistola aos Hebreus exorta a olharmos para Cristo,
autor e consumador da nossa fé (Hebreus 12:2
leia também Isaias 45:22 Zacarias 12:10, João 19:37) Ligório a fim de
incitar essa mariolatria descarada, confirmada pelos próprias declarações dos “doutores
católicos” para justificar essa super ênfase á Maria, afirma que Deus
“concedeu-lhe plenos poderes a fim de nos valer”(14) Para finalizar, muitos
“santos” católicos, ou são mentirosos, ou fazem do Espírito Santo um mentiroso,
Ligorio completamente desviado das Escrituras recorre aos escritos de seus
comparsas e cita São Germano que afirmou “Que ninguém se salva a não ser por
meio de Maria”(15) Oh meu Deus! Quanto
engano em tão pequena declaração. é lamentável que tamanha heresia seja exposta
sem qualquer temor, o Novo Testamento, a afirmação apostólica de Pedro é “Em
nenhum outro há salvação, pois também abaixo do céu nenhum outro nome há, dado
entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (Atos 4:12) essa é a voz da
autoridade do Espírito Santo. Jesus é único, único mediador (I Timóteo 2:5) único
intercessor (Isaias 59:16) Único remédio
(João 3:14) Único Alimento (João 6:35) Único Salvador (Atos 4:12) Única fonte
da verdade (João 6:67) único fundamento (I Coríntios 3:11) A bíblia diz
claramente, esse era o ensino fundamental da igreja do Novo Testamento que
“Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para
que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, na terra e
debaixo da terra, e toda a língua confesse que Jesus é o Senhor, para a glória
de Deus Pai”(Filipenses 2:9 a 11) essa é
a doutrina dos apóstolos, essa é uma declaração irrefutável, essa é a mais
sublime e pura verdade, Cristo é Tudo em todos (Colossenses 3:11)
(2)
La Outra Historia de La Virgen Maria. Diego
Rubio Barrera Editorial ATE. 1981. Barcelona. Espanha.Pagina 127
(3)
A Virgem
Maria. Anibal Pereira Reis. Edições Caminho de Damasco. 1999. Pagina 20
(4)
Idem pagina 21.
(5)
La Outra Historia de La Virgen Maria. Pag 147
(6)
Carta a Diogneto Capitulo 3 verso 5 , pagina 20,
2003. Editora Vozes
(7)
Glorias de Maria Pagina 45
(8)
Instruções
Marianas. G. Roschini. Edições Paulinas
. 1960. Pagina 232
(9)
Glorias de Maria 41
(10) Idem Pagina 35
(11) Idem 49
(12) A Arte de Aproveitar as próprias faltas.
Joseph Tissot. Quadrante Editora 1995-Pagina 125
(13) Idem Pagina 120
(14) Glorias de Maria Pagina 97
(15) Idem 143
Autor: Clavio J. Jacinto
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