O Nada e Todas as Coisas
C. J. Jacinto
Faz muito tempo que René Descartes proclamou sua expressão existencial profunda, um eco que nunca silenciou a alma humana: "Penso, logo existo". A existência de todas as coisas observadas no mundo sensível é irrefutável! A ciência define a matéria e tudo o que existe no universo como real dentro do espaço e do tempo. Mas de onde veio tudo isso? Do nada absoluto?
A definição de nada absoluto refere-se à ausência completa de qualquer coisa, incluindo espaço, tempo, matéria, energia e leis naturais. O nada não é sinônimo de vazio; nada é a ausência total de qualquer coisa. Não é possível provar a existência do nada em um laboratório, pois ele só pode ser compreendido por definições conceituais. Nosso universo está repleto de coisas que existem, e afirmar que elas surgiram do nada absoluto seria uma contradição gritante, uma aberração intelectual. Sempre há agências atuando na criação, renovação e transformação das coisas já existentes.
Há leis intrigantes e sofisticadas que regem o universo. São invisíveis, mas seus efeitos são inegáveis. Não vemos a energia que percorre um fio, tampouco conhecemos a forma exata das leis que fazem a criação funcionar. Ainda assim, elas existem. Exemplos disso são as forças dinâmicas que regem as estações do ano, a rotação da Terra e os mecanismos que movimentam o universo e os átomos. Embora essas leis sejam intangíveis, percebemos seus efeitos em nossa experiência de observação.
O nada é um estado de completa ausência de tudo. Existe algum lugar conhecido pela ciência onde o nada absoluto esteja presente? Se algo pode ser observado e medido, então não é nada; pode ser desconhecido, mas ainda assim é algo. Se há uma lei que permite ao nada gerar alguma coisa, então essa lei implica a existência de um agente inteligente, uma potência onipotente capaz de criar algo a partir do nada. Se todas as coisas surgiram do nada absoluto, então uma agência ultra-poderosa e dotada de inteligência ilimitada precisou atuar dentro desse sistema de completa ausência para que dele emergisse tudo o que conhecemos.
Esse é um raciocínio simples e uma conclusão irreversível: o nada depende de um agente inteligente para ser definido. O nada não pode auto-definir-se; é impossível. Da mesma forma, é absolutamente impossível que algo surja do nada, a menos que haja uma causa inteligente por trás, uma agência cuja potência seja a própria onipotência, dando origem à existência de todas as coisas.
No conceito teológico cristão, a criação "Ex Nihilo" afirma que Deus, o agente onipotente, cria todas as coisas a partir do nada. O universo e tudo o que nele existe exigem, necessariamente, um Criador. De outra forma, nada existiria, pois o nada jamais pode transcender para qualquer coisa — essa é uma impossibilidade absoluta. Deus é um agente necessário, pois a vastidão e a complexidade do universo só podem ser explicadas por meio de um Ser que seja Onipotente, Onipresente e Onisciente.