O Falso Cristo das Igrejas Fundadas por Falsos Profetas
Por Clavio J. Jacinto
Introdução: O Cristo Utilitarista de Nossa Época
Vivemos uma época marcada por uma distorção perigosa da figura central do cristianismo. Falsos mestres desenvolveram um cristo utilitarista, transformando o Salvador em um ser mítico, um servo subserviente que obedece às ordens dos homens em vez de ser o Senhor soberano que deveria comandar suas vidas.
Esta manipulação não é apenas teológica — é uma perversão sistemática que atinge o cerne da fé cristã, criando um substituto conveniente para aqueles que desejam os benefícios da religião sem o compromisso da verdadeira conversão.
A Religião da Barganha: Quando Deus Se Torna Mercadoria
O Sistema da Resposta Instantânea
A centralidade desse sistema corrupto reside na promessa de respostas instantâneas e mágicas para os problemas financeiros, emocionais e sentimentais dos homens. É a religião da barganha, da negociação, do trocadilho, onde Deus supostamente vende seus favores divinos por ofertas de seus seguidores.
Esta abordagem mercenária transforma a relação sagrada entre o Criador e a criatura em uma transação comercial vulgar. O divino é reduzido a um prestador de serviços celestial, disponível mediante pagamento adequado.
A Facilidade da Falsificação Religiosa
É surpreendentemente fácil criar uma religião com um cristo falso e mitológico. Na verdade, essa figura se torna uma entidade que contradiz o Verdadeiro Cristo — uma espécie de anticristo que se veste de roupagens evangélicas para iludir os desavisados.
O processo é simples e lucrativo: o proponente desse sistema apenas aluga uma sala com cadeiras e um púlpito, faz sua propaganda e oferece resolver problemas emocionais, enfermidades e questões financeiras. É a venda sistemática de bênçãos, a mágica das soluções instantâneas. Não há qualquer indício de verdadeira espiritualidade nisso — apenas um sistema mercenário disfarçado de ministério.
A Busca pela Celebridade Religiosa
A Catapulta do Status
Outra dimensão perversa dessa distorção é a formação de religiões como plataformas para projetar seus fundadores ao status de celebridade. O empreendedor religioso agora se intitula "pastor" ou, ainda mais pomposamente, "apóstolo" — títulos que conferem autoridade sem exigir legitimidade.
O Ciclo da Adoração Falsa
Pessoas espiritualmente cegas inevitavelmente cairão nessa armadilha. Se há homens sem integridade que desejam receber glória dos homens, eles sabem que no mundo existe uma quantidade substancial de pessoas dispostas a adorar falsos profetas.
Esta é uma realidade dolorosa: observe o mundo ao seu redor e você descobrirá que cristãos verdadeiros e sérios são poucos, e frequentemente são desprezados. Igrejas sérias também enfrentam o mesmo destino.
O Contraste com a Verdade Bíblica
A Realidade da Perseguição
Paulo ensinou claramente que a piedade induz à perseguição, não ao aplauso. Cristo advertiu que o mundo que o odiou também odiará seus verdadeiros seguidores. Esta é a marca distintiva da autenticidade cristã — não a popularidade, mas a perseguição por causa da justiça.
O Evangelho Sem Cruz
O que vemos proliferar é um evangelho desprovido de seus elementos essenciais:
- Sem cruz
- Sem proclamação de arrependimento
- Sem novo nascimento
- Sem exposição fiel das Escrituras
Em seu lugar, encontramos apenas uma composição vaga de promessas de curas, bênçãos e resoluções financeiras e emocionais, carregadas de clichês e frases de efeito vazias.
A Blasfêmia do Humanismo Religioso
Este evangelho humanista, centrado nos desejos humanos e condicionado aos seus caprichos, apresenta um cristo tranquilizador de consciência — uma personagem fictícia inventada por falsos profetas para sustentar o falso evangelho e manter funcionando a máquina religiosa lucrativa.
Isso não é apenas erro doutrinário; é anátema, é blasfêmia contra o verdadeiro caráter de Cristo e a natureza do evangelho genuíno.
Características do Verdadeiro Jesus: Um Contraste Necessário
Para estabelecer discernimento acerca do verdadeiro Cristo e sua relação com a prática religiosa autêntica, é fundamental conhecer suas características genuínas. O teólogo Zac Poonen oferece insights valiosos que expõem a diferença gritante entre o Cristo verdadeiro e suas imitações:
1. Independência dos Poderes Terrenos
O verdadeiro Jesus jamais buscaria o apoio de governantes seculares nem as recomendações de líderes religiosos não convertidos para seu ministério. Ele não bajularia nenhum deles. Quando um bispo foi ter com Jesus, ele lhe disse claramente que "precisava nascer de novo" (João 3:1-10). Jesus chamou o rei Herodes de raposa (Lucas 13:31-32) e até se recusou a falar com ele quando se encontraram (Lucas 23:8-9).
2. A Provisão Através da Dependência Divina
O verdadeiro Jesus jamais pediria dinheiro a ninguém — nem mesmo para seu próprio ministério. Ele comunicava suas necessidades exclusivamente ao Pai. Então, o Pai movia homens, e em certa ocasião até um peixe, para atender às necessidades de Jesus (Lucas 8:1-3, Mateus 17:27).
3. A Gratuidade dos Dons Espirituais
O verdadeiro Jesus jamais venderia suas orações por dinheiro algum. O episódio de Simão, o mágico samaritano, que ofereceu dinheiro a Pedro para que orasse por ele, resultou em uma repreensão severa por Pedro, que condenou a perversidade de imaginar que os dons de Deus poderiam ser comprados com dinheiro (Atos 8:18-23).
Embora Simão tenha se arrependido imediatamente, muitos ao longo dos séculos seguiram seus passos sem arrependimento genuíno. Aqueles que se consideram seguidores de Pedro ainda vendem suas orações por dinheiro. Martinho Lutero se manifestou contra tal perversidade em sua época, assim como Pedro. Tragicamente, alguns dos seguidores de Lutero — os protestantes modernos — começaram a vender suas "orações" e "profecias" por dinheiro, encontrando muitas pessoas dispostas a pagar por isso.
Conclusão: O Chamado ao Discernimento
A proliferação de falsos cristos e falsos evangelhos não é acidental — é o resultado inevitável de uma geração que prefere ter os ouvidos coçados a enfrentar a verdade transformadora do evangelho autêntico.
O verdadeiro Cristo não oferece soluções mágicas nem promessas de prosperidade fácil. Ele oferece transformação radical, vida eterna e a possibilidade de uma relação genuína com o Deus vivo — mas isso exige arrependimento, fé verdadeira e um compromisso que vai muito além do que os mercadores da fé estão dispostos a proclamar.
O chamado é claro: busquemos o Cristo das Escrituras, não o cristo das conveniências humanas. Apenas assim encontraremos a verdade que liberta, em vez das mentiras que escravizam.
Este artigo representa uma reflexão crítica sobre as distorções contemporâneas da mensagem cristã e um chamado ao retorno à autenticidade bíblica.
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