A Interpretação Bíblica da Ceia do Senhor: Uma Resposta às Construções Metafísicas
C. J. Jacinto
Introdução
Aristóteles viveu entre 384-322 A. C. Jesus nunca usou as idéias desse filósofo para construir doutrinas ou fazer exegese do antigo testamento, Paulo e os apóstolos também não usaram o sistema silogístico aristotélico para fazer exegese e tirar conclusões doutrinárias a partir desse método. Por esse motivo, depender do sistema de pensamento de Aristóteles para concluir dogmas e doutrinas, ė tornar-se aristotélico e não apostólico. Trata-se de uma fermentação espiritual, assim como Agostinho de Hipona (354-430 D.C) e Pseudo Dionísio Areopagita (Viveu provavelmente entre o século V ou VI) introduziram o neoplatonismo no cristianismo. Essa fermentação espiritual abriu o caminho para o misticismo ocidental, um esoterismo disfarçado de uma falsa espiritualidade, induzindo devotos a experiências e práticas espirituais que nunca foram ensinadas pelos apóstolos, a metodologia aristotélica de fazer exegese acaba induzindo a eisegese e ao erro, provocando apostasia.
A controvérsia sobre a natureza da Ceia do Senhor — se ela envolve uma transformação metafísica (como na doutrina da transubstanciação) ou se é um memorial simbólico — remonta aos primeiros séculos da Igreja. Enquanto o Catolicismo Romano recorre à filosofia aristotélica para explicar a presença de Cristo na Eucaristia, uma análise estritamente bíblica revela que as Escrituras não ensinam tal distinção entre "substância" e "acidentes". Este artigo examinará:
1. O uso da linguagem simbólica por Jesus nos Evangelhos.
2. A interpretação apostólica da Ceia do Senhor como memorial.
3. A localização corporal de Cristo após a ressurreição e ascensão.
4. O perigo de substituir a exegese bíblica por filosofias humanas.
A doutrina da transubstanciação portanto depende do sistema de raciocínio filosófico desenvolvido por Aristóteles (Bem representada por Tomas de Aquino) e não do Espírito Santo, a heresia ganhou força através dos escritos de Pascasius Radbertus e foi declarada como um dogma oficial por Inocêncio III em 1215, posteriormente foi confirmado pelo concilio de Trento
1. A Linguagem de Jesus: Literal ou Figurativa?
Jesus frequentemente usou metáforas para comunicar verdades espirituais:
- "Eu sou a porta" (João 10:9)
- "Eu sou a luz do mundo" (João 8:12)
- "Eu sou a videira verdadeira" (João 15:1)
Nenhum intérprete sério entende essas declarações como transformações metafísicas. Da mesma forma, quando Jesus disse "Este é o meu corpo" (Lucas 22:19), Ele segurava fisicamente o pão enquanto Seu corpo inteiro estava presente. Isso indica uma representação simbólica, não uma transmutação da matéria.
Princípio Hermenêutico:
- As Escrituras interpretam as Escrituras — Cristo e os apóstolos nunca apelaram a categorias filosóficas gregas, mas sim a um estudo indutivo do texto, sob a iluminação do Espírito Santo (1 Coríntios 2:13).
Crer que uma bolacha ou um pedaço de pão se transforma num corpo literal de Cristo, e o vinho no sangue literal de Cristo, quebra absolutamente o evento único da encarnação, criando uma outra heresia que chamo de pancristeismo, a crença em muitos cristos que se materializam no espaço e no tempo em muitos lugares infinitamente onde ocorre uma missa. Uma idéia que se parece muito com o pensamento gnóstico que vê Cristo como um ser cósmico atemporal que se manifesta numa multiplicidade de cristos. Conclui-se que a idéia da multiplicação de Cristos num processo ritual litúrgico é um erro grotesco e é claramente antiescrituristico (Hebreus 10:10 a 12)
Na impossibilidade exegética, teológica, lógica da hóstia se transubstanciar em carne literal de Cristo, a adoração a bolacha, significa praticar idolatria, fazendo da bolacha uma divindade. O que é condenado pelas Escrituras ( I João 5:21 com Êxodo 20:4 e 5)
2. A Ceia do Senhor como Memorial (1 Coríntios 11:23-26)
Paulo descreve a Ceia como uma recordação da morte de Cristo:
"Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha." (1 Coríntios 11:26)
A Gravidade do Pecado na Ceia
1 Coríntios 11:27 adverte contra participar indignamente, mas isso não exige uma presença física de Cristo nos elementos. Assim como desrespeitar uma bandeira ofende a nação que ela representa, profanar a Ceia é desonrar o que ela simboliza — o sacrifício único de Cristo.
Alem disso, devemos entender o fato de que a bíblia proíbe o consumo de sangue (Levitico 17;10 ) e no concilio de Jerusalém essa ordem tornou-se um imperativo importante (Atos 15;20) isso significa que os cristãos de Atos não criam em transubstanciação! Se eles estivessem errado quanto a isso, Paulo posteriormente teria corrigido, mas não fez, essa é uma realidade, são fatos, basta deixar que a bíblia seja o interprete da Biblia e tudo é esclarecido.
3. A Localização Corporal de Cristo Após a Ascensão
A Bíblia é clara:
- Cristo ressuscitou com um corpo físico glorificado (Lucas 24:39).
- Ele ascendeu aos céus e está sentado à direita de Deus (Atos 1:9-11; Hebreus 10:12).
- Sua volta será física e visível (Atos 1:11).
Problema Teológico da Transubstanciação:
Se o corpo de Cristo está fisicamente presente em todas as hóstias consagradas, isso:
1. Contradiz a doutrina bíblica da ascensão.
2. Descaracteriza a singularidade de Seu corpo ressurreto.
3. Introduz um conceito estranho ao ensino apostólico.
Uma vez que a ressurreição de Cristo corresponde a um corpo glorificado e incorruptível e a hóstia consagrada se dissolve no estomago ou se corrompe se não for consumida, então a transubstanciação não apresenta o corpo de um Cristo glorioso, celestial, ressurreto e triunfante, assim a idéia é uma síntese, uma contradição, pois a ressurreição já transformou o corpo de Cristo, o corpo do Senhor agora é um corpo glorificado, de substancia celestial, incorruptível e eterno. A transubstanciação não confere a natureza do Cristo vencedor e glorificado.
4. O Perigo da Filosofia Humana na Interpretação Bíblica
Jesus advertiu:
"Tende cuidado para que ninguém vos engane." (Marcos 13:5)
A metafísica aristotélica:
- Não tem base nas Escrituras.
- Origina-se do paganismo grego, não da revelação divina.
- Cria camadas de complexidade onde a Bíblia é clara.
O Método Correto: Deixar a Bíblia Interpretar a Si Mesma
- Cristo e os apóstolos usaram o Antigo Testamento para explicar o Novo (Lucas 24:27).
- O Espírito Santo guia o crente à verdade (João 16:13).
- A simplicidade do Evangelho não depende de sistemas filosóficos (2 Coríntios 11:3).
Conclusão: Sola Scriptura e Soli Deo Gloria
A Ceia do Senhor é um memorial solene, não um sacrifício repetido. Cristo não está fisicamente no pão, mas:
- Espiritualmente presente entre Seu povo (Mateus 18:20).
- Reina no céu até Seu retorno (Apocalipse 22:20).
Qualquer doutrina que:
- Adicione requisitos não-bíblicos,
- Substitua a suficiência da cruz,
- Dependa de filosofias humanas,
Deve ser rejeitada em favor da pureza apostólica das Escrituras.
"À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles." (Isaías 8:20)
Cristo disse: “A Tua Palavra é a Verdade” (João 17:17) Satanás foi o primeiro proponente a negar um contexto e adicionar um pensamento extrabiblico, para interpretar o mandamento divino em Genesis 3, o tentador usou uma ferramenta não bíblica para interpretar as primeiras palavras de Deus, o resultado foi catastrófico.
Soli Deo Gloria.
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