A Proibição da Bíblia na História da Igreja Católica.


 

A Proibição da Bíblia na História da Igreja Católica.

A Palavra de Deus é verdadeiramente uma dádiva para a humanidade! Ele, em misericórdia, nos permitiu compreender alguns dos Seus atributos e pensamentos (Scott Crawford)

Introdução: O Controle das Escrituras pela Igreja Católica

Ao longo da história, a Igreja Católica Romana exerceu um rígido controle sobre o acesso e a interpretação da Bíblia, restringindo sua leitura aos clérigos e proibindo traduções para línguas vernáculas. Essas medidas visavam evitar interpretações consideradas heréticas e manter a autoridade eclesiástica sobre a fé dos fiéis. Este artigo explora os principais documentos e concílios que formalizaram essa proibição, destacando também o papel crucial dos batistas na defesa da liberdade de consciência, da separação entre Igreja e Estado e do direito à leitura das Escrituras.

“A Bíblia é o maior de todos os livros; estudá-la é a mais nobre de todas as buscas; compreendê-la, o mais alto de todos os objetivos.”
― Charles C. Ryrie


1. Os Concílios e Documentos que Proibiram a Bíblia

A. Concílio de Toulouse (1229) – A Primeira Proibição Formal

Concílio de Toulouse, realizado em 1229, foi um marco na restrição ao acesso à Bíblia. Seu Cânone 14 proibia explicitamente os leigos de possuírem cópias das Escrituras, especialmente em línguas vernáculas, sob o argumento de evitar heresias como a dos cátaros 1. Essa medida refletia a preocupação da Igreja em controlar a interpretação dos textos sagrados, reservando-a exclusivamente ao clero.

B. Concílio de Constança (1414-1418) – Perseguição aos Reformadores

Concílio de Constança condenou e executou reformadores como Jan Hus e Jerônimo de Praga, que defendiam a tradução da Bíblia para línguas comuns e sua livre interpretação. Hus foi queimado na fogueira em 1415, tornando-se um mártir da liberdade religiosa e um precursor da Reforma Protestante 112.

C. Concílio de Trento (1545-1563) e a Vulgata Latina

Concílio de Trento (1546) estabeleceu a Vulgata Latina como a única versão autorizada da Bíblia, proibindo traduções vernáculas. Além disso, a Constituição "Dominici Gregis Custodiae" (1564), de Pio IV, reforçou essa proibição, exigindo que todas as versões fossem aprovadas pela Inquisição 113.

D. O Índice de Livros Proibidos (1559-1966)

Índice de Livros Proibidos, criado após Trento, listava obras consideradas perigosas para a fé católica, incluindo traduções vernáculas da Bíblia. Esse índice permaneceu em vigor até 1966, consolidando séculos de censura 113.

E. A Encíclica "Qui Pluribus" (1846) – Condenação das Sociedades Bíblicas

O Papa Pio IX, em sua encíclica "Qui Pluribus", condenou as "pérfidas sociedades bíblicas", acusando-as de espalhar traduções distorcidas da Bíblia entre os fiéis menos instruídos. Essa postura refletia a resistência da Igreja Católica à democratização das Escrituras 810.


2. A Resistência Batista pela Liberdade Religiosa

Enquanto a Igreja Católica restringia o acesso à Bíblia, os batistas emergiram como defensores radicais da liberdade religiosa. Suas principais contribuições incluem:

A. Separação entre Igreja e Estado

Os batistas foram pioneiros na defesa da separação entre religião e governo, argumentando que o Estado não deveria interferir na fé dos indivíduos. Thomas Helwys, um dos primeiros líderes batistas, declarou em 1612: "O rei é um homem mortal, não Deus. Portanto, não tem poder sobre as almas imortais dos seus súditos" 1.

B. Liberdade de Consciência e Leitura da Bíblia

Os batistas insistiam no direito de cada pessoa interpretar as Escrituras por si mesma, rejeitando a mediação exclusiva do clero. Essa visão foi fundamental para a disseminação de traduções vernáculas e a alfabetização bíblica.

C. Perseguição e Resistência

Muitos batistas foram perseguidos por defenderem essas ideias, especialmente na Europa e nas colônias americanas. Sua luta influenciou diretamente a Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que garante liberdade religiosa 1.


Conclusão: O Legado da Liberdade

A proibição da Bíblia pela Igreja Católica foi um instrumento de controle doutrinário, mas também gerou movimentos de resistência que moldaram a liberdade religiosa moderna. Os batistas, com sua defesa intransigente da liberdade de consciência, da separação entre Igreja e Estado e do acesso às Escrituras, deixaram um legado duradouro que ainda ressoa nas sociedades democráticas.

A história nos lembra que a Palavra de Deus não pode ser aprisionada – seja por decretos eclesiásticos ou por regimes autoritários. Como afirmou o pastor batista George W. Truett"A liberdade religiosa é a alma da liberdade civil, e a negação de uma é a morte da outra" 

“A Palavra de Deus, bem compreendida e obedecida religiosamente, é o caminho mais curto para a perfeição espiritual. E não devemos selecionar algumas passagens favoritas em detrimento de outras. Nada menos do que uma Bíblia inteira pode formar um cristão completo.”
– AW Tozer

Para aprofundar pesquise na internet sobre os temas abaixo:

Este artigo foi elaborado com base em fontes históricas e documentos eclesiásticos, destacando tanto a repressão quanto a resistência que moldaram a relação entre fé e liberdade.

Todo o artigo foi esboçado por C. J. Jacinto

 

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