A Utopia do Anticristo
Nosso mundo está ficando cada vez mais
secular, há uma mudança sutil, de
maneira que poucos estão percebendo que estamos num processo continuo de
mudanças de paradigmas, e que uma reforma psicológica está em processo na
sociedade atual, essas mudanças são ataques demoníacos, por trás deles, o diabo
usa seus fantoches, e assim, o cristão bíblico acaba percebendo cedo ou tarde
que esse mundo e a sociedade que emerge nesse processo acelerado de
secularização, tornou-se um campo de batalha moral e espiritual. Alister McGrath adverte: “O novo ateísmo
tem uma resposta fácil: religião. Livre-se da religião, e o mundo será um lugar
melhor. ‘a religião envenena tudo’ é uma mensagem carregada de retórica, e essa
mensagem atrai determinado tipo de classe media racionalista e liberal. As
falhas do mundo se devem as superstições retrógradas que o impelem de seguir
seu destino racional e cientifico. Elimine a religião, e o mundo será um lugar
melhor. A religião só leva á violência, a desonestidade intelectual, a opressão
e a divisão social” (1). Com esse pensamento em vista, a era secular procede
pela força pungente de um exercito de neo-ateus e outro exercito não menos
poderoso de relativistas morais que de alguma forma, estão lutando com todas as
forças para fazer uma mudança radical na sociedade ocidental, esse sinais são visíveis
na Europa, America do Norte e também na nossa nação. Na era secular, o
evolucionismo materialista reduz o fenômeno da vida á organismos biológicos sob
efeitos de reações químicas, e nada mais. Tudo o que existe é puro
materialismo, e, portanto as crenças são inúteis, veja que o berço do niilismo,
cujo profeta mais promissor, foi Friedrich Nietzsche , é esse materialismo que
ganha cada vez mais força na pós-modernidade. Assim temos uma utopia
materialista, Darwin resolveu o problema existencialista da condição humana,
através de sua teoria desenvolvida na “Origem das Espécies” o nosso destino é
um vasto campo de fatalidades organizados pelo acaso até chegar onde estamos
agora, alguns mais românticos, tentaram dar um sentido a toda essa cadeia de
eventos acidentais que produziu o homem, Teilhard de Chardin foi um desses.
Assim temos a utopia materialista, a primeira dessa abordagem, pois a crença de
que não há validade nas crenças religiosas e a negação de um Criador onipotente
e Soberano, remete a nossa vida ao labirinto filosófico do absurdo. Mas há uma
esperança, porque o homem é sortudo, e então o acaso nos deu a inteligência,
podemos nos safar desse emaranhado de casualidades e fatalidades, e podemos
tecer a teia de nosso próprio destino, o homem tem futuro, basta a acreditar em
si mesmo. Assim o sonho utópico do materialismo é a construção de um admirável mundo
novo, organizado por uma geração de intelectuais que libertaram-se de todas as
crenças religiosas, e desde então alcançaram a plena felicidade debaixo de uma
esfera puramente biológica e materialista. Essa é a nova religião do
endeusamento da razão humana, a negação de um Criador, mas a crença de que o
homem tem capacidade de criar um lugar utópico onde o homem alcança a plenitude
existencal, livrando-se de todas as religiões e vivendo debaixo dos instintos
controlados por uma ética situacional. É lógico que houve outros fatores que contribuíram
para a utopia materialista, pois é impossível tornar-se um secular sem tornar-se
um humanista, pois o humanismo aponta para a esfera biológica como o centro
existencial, como afirmou Francis Schaeffer, no humanismo o corpo e a mente
humana assumem grande relevância, em contrapartida, omite-se qualquer tipo de
graça de âmbito espiritual (2). Agora veja que o fato notável dessa estrutura ideológica
utópica predominar na sociedade, é que o fenômeno da vida fica debaixo de um
postulado absoluto: á vida é apenas um
conceito biológico mecânico e acidental, um amontoado de células e reações químicas,
não há espírito e não há Deus, acaso isso não uma plataforma, uma abertura para
a eutanásia, aborto e eugenia? De igual modo como procede dentro do conceito
espiritual milenar “Um abismo chama outro abismo” (Salmos 42:7) assim, não há
nada promissor em um mundo secularizado, a utopia materialista é uma miragem
mirabolante no deserto da miséria humana. Concordo com essa declaração: “Consideremos, ao mesmo tempo, que nenhuma ideologia pode pretender dar uma resposta única a cada uma das circunstancias em que uma pessoa se encontra a não ser transformando-se numa espécie de credo religioso”(3) o que desejo
salientar é o que cada cristão sensato conclui, o materialismo nega uma
religião espiritual para usurpar o lugar dela. Olhando para essa tendencia
materialista pós-moderna, Albert Mohler percebeu o que o futuro nos reserva: “Pois
tudo a nossa volta é um céu escurecendo e nuvens se juntando. A medida que nos
envolvemos com esta cultura e a examinamos honestamente, devemos sentir que
algo aconteceu- e está acontecendo mesmo agora – na nossa cultura. Essas
grandes mudanças vão mudar tudo o que sabemos sobre o ministério em termos do
desafio diante de nós e vão expor a realidade de quem a igreja é no meio de um
conflito em progresso. As nuvens estão escurecendo” (4) Para muitos, as coisas
seguem seu rumo, para poucos, esse mundo está a beira do abismo, e a diferença
dessa visão é que muitos enxergam somente os interesses pessoais e outros
enxergam a multiplicação da iniqüidade.
A base do materialismo ideológico nada mais é do que o ceticismo, a
crença de que não há nenhuma certeza relacionada
a verdade, veja a superfície tênue dessa visão utópica, a certeza de todas as
incertezas. Porem o existencialismo, a
crença de que o homem é o centro de tudo, consegue manter viva uma chispa de
luz de esperança nesse imenso mundo cósmico de faz de contas. A pós modernidade
com seu estandarte materialista está abrindo as portas para o anticristo, é
esse materialismo que acelera a crise espiritual completa para por o homem num
abismo de total desespero, então será o momento certo, para um falso salvador
emergir desse oceano de aflições sociais, mas enquanto isso, a igreja permanece
debaixo dessa influencia social-demoníaca, como percebe Albert Mohler: “Uma das
realidades fundamentais desta escuridão é a aurora de uma cultura pós-cristã –
e uma realidade fundamental da nossa cultura emergente é o encerramento da
mente pós-moderna. Algo está acontecendo com a cosmovisão, a mentalidade e a
percepção desta era. Se ouvirmos atentamente, poderemos ouvir algo como o
fechamento de uma porta de aço – uma solene batida cataclísmica de uma porta.
Nós estamos assistindo a mente pós-moderna em seu desenvolvimento, e agora ela
está bem desenvolvida. Não vemos apenas os temas da pós-modernidade tomando
conta da cultura em geral, mas entendemos o desafio que este padrão de
pensamento representa para a verdade cristã e a proclamação da verdade cristã.
A tolerância foi pervertida em um secularismo radical que é tudo exceto
tolerante. Há pouca abertura para a verdade, e a hostilidade é crescente em
relação ás alegações da verdade” (5) Assim, a utopia materialista caracterizada
pelo ceticismo e pelo evolucionismo darwinista que pavimenta todo o trajeto da
visão relativista predomina hoje no sistema de educação como salienta Elinaldo
Renovato: “ A educação oficial, ministrada na rede de ensino, publico e
particular, é totalmente influenciado pelo materialismo e pelo ateísmo. Os currículos,
que reúnem os conteúdos programáticos, a serem transmitidos nas salas de aula,
são fundamentados nas filosofias e pseudociências materialistas. Tudo começa
com a explicação sobre a origem da matéria, da vida, do homem, da inteligência,
e de todas as coisas que existem no universo” (6) porém devemos ficar ainda
muito mais atentos, pois certo autor denuncia o que ocorre atualmente:
“Uma revolução pedagógica baseada nos resultados da pesquisa
psicopedagógica está em curso no mundo inteiro. Ela é conduzida por
especialistas em Ciências da
Educação que, formados todos nos mesmos meios revolucionários,
logo dominaram os departamentos de educação de diversas instituições...
...Essa revolução pedagógica visa a impor uma ética voltada para a
criação de uma nova sociedade e a estabelecer uma
sociedade intercultural. A nova ética não é outra coisa se não uma sofisticada
reapresentação da utopia comunista. O estudo dos documentos em que tal ética
está definida não deixa margem a qualquer dúvida: sob o manto da ética, e
sustentada por uma retórica e por uma dialética frequentemente notáveis,
encontra-se a ideologia comunista, da qual apenas a aparência e os modos de ação
foram modificados. A partir de uma mudança de valores, de uma modificação das
atitudes e dos comportamentos, bem como de uma manipulação da cultura, pretende-se levar a cabo a revolução psicológica e,
ulteriormente, a revolução social.(7)
.
(1)
Surpreendido Pelo Sentido. Alister McGrath. Hagnos. Pagina 129
(2) A Morte da Razão Francis Schaeffer. Pagina 54
(3) Poder Global e Religião Universal. Juan Claudio Sanahuja.
Eclesiae.pagina 27
(4)
O Desaparecimento de Deus. Albert Mohler. Pagina 117
(5)
Idem pagina123
(6)
Perigos da Pós – Modernidade. Elinaldo Renovato. CPAD.Pagina 50
(7)
Maquiavel Pedagogo. Pascal Bernardin. Eclesiae. Pagina 6
CLAVIO J. JACINTO
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