Libertando-se do Cativeiro digital



São as coisas pequenas vistas de modo humilde pela gratidão, que marcam para sempre nossas vidas, como se fossem as coisas mais importantes para nós. É por isso, que na dura prova de uma luta de vida e de morte, quando se vence, se dá muito mais importância para a saúde do que para as riquezas, ou quando ficamos privados por muito tempo de uma liberdade, damos tanto valor a natureza e as flores e as montanhas. A maior riqueza de um homem é ter a possibilidade de sentir felicidade a partir das coisas simples, que por motivos justos, nos colocam em momentos especiais. Viver é mais do que existir, viver é tecer os vestidos coloridos da nossa existência, de modo que nossa esperança seja sempre revestida com as roupas de nossas sábias ações. Isso não reflete muito bem o cristianismo moderno, já que se dá uma ênfase total ao ter como a essência da felicidade. É um erro que se perpetua hoje, que o consumismo nos dá felicidade. Acreditar  que o mundo digital é o paraíso do mundo moderno constitui-se das maiores falácias da pós modernidade. Nada pode ser tão terrível para o coração humano, do que viver numa prisão de paredes visuais e emocionais. A saga da vida  feliz é emocional e espiritual, e ela consiste em comunhão com a natureza, o sentir o frescor do vento, o cheiro do mato, o perfume das flores, o canto dos pássaros, o cintilar das estrelas, porque a criação glorifica e nos transcende até  o Criador. O  por do sol nos inspira, as montanhas que se intercalam com o céu azul amplia nossa visão, as flores silvestres ensinam o valor da simplicidade, enfim, a vida ganha sentido quando transcende pela humildade e a conexão do nosso coração com a natureza. Precisamos quebrar as grades visuais que nos prendem no calabouço digital, precisamos derrubar as paredes das masmorras artificiais construídas de sentimentos de isolamento e falsas perspectivas de vida, o universo é grande demais para esperar o definhamento total daqueles que deixam morrer a sensibilidade.

Clavio J. Jacinto

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