As nuvens choram vossas festas
Os risos ocos de vossos ocos risos
As fúteis alegrias de vossas danças
A agonia dos vossos intrépidos vícios
As águas não lavam vossa escuridão
Os pulos que abastecem o abismo
O ostracismo de vossos cânticos
As volúpias velhas e tão retorcidas
O que vale vossos gritos?
Se as cinzas cobrem vossas línguas
O murmurio do mar seco que vos traga
O deserto árido da vossa mente vaga
As carnes dançantes se inflamam
Os ritos sufocantes dos sopros ácidos
Por teus falsos consolos, as feridas
Por tuas dores, as vaidades da vida
Foges para o vale da escravidão da carne
Mergulhas no insensato som dos batuques
Inebriados nas mais baixas paixões
Cultuas o coração da enfermidade
Quando enfim, as ânsias ficam soltas
A lama vaga, vazia tanto pesar, chora
Sem mais suor para derramar em vão
Engole a seco, a própria vida afora
(Clavio Juvenal Jacinto)
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