A Festa das Vaidades


(Um poema sobre o carnaval)



As nuvens choram vossas festas

Os risos ocos de vossos ocos risos

As fúteis alegrias de vossas danças

A agonia dos vossos intrépidos vícios

As águas não lavam vossa escuridão

Os pulos que abastecem o abismo

O ostracismo de vossos cânticos

As volúpias velhas e tão retorcidas

O que vale vossos gritos?

Se as cinzas cobrem vossas línguas

O murmurio do mar seco que vos traga

O deserto árido da vossa mente vaga

As carnes dançantes se inflamam

Os ritos sufocantes dos sopros ácidos

Por teus falsos consolos, as feridas

Por tuas dores, as vaidades da vida

Foges para o vale da escravidão da carne

Mergulhas no insensato som dos batuques

Inebriados nas mais baixas paixões

Cultuas o coração da enfermidade

Quando enfim, as ânsias ficam soltas

A lama vaga, vazia tanto pesar, chora

Sem mais suor para derramar em vão

Engole a seco, a própria vida afora


(Clavio Juvenal Jacinto)

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