No livro de Hebreus, capítulo 9, versículo 27, o autor, movido pelo Espírito Santo, apresenta uma afirmação concisa sobre a condição humana. Declara-se que aos homens está estabelecido morrer uma vez, e depois disso, o juízo.
A questão do que sucede após a morte é recorrente e, por vezes, perturbadora. Alguns, aderindo a uma visão materialista, assemelham a existência humana à dos animais, crendo na extinção da consciência com a morte. Essa perspectiva, característica de um universo concebido como puramente material e mecanicista, nega a existência de um mundo espiritual e, consequentemente, a vida após a morte.
Contudo, a Bíblia contradiz essa visão. A passagem bíblica em questão deixa claro que, após a morte, segue-se o juízo, no qual todos os seres humanos comparecerão diante de Deus. Essa verdade está em consonância com o ensino geral das Escrituras sobre a vida após a morte.
A mortalidade humana é um fato, conforme atestado em passagens como o livro de Eclesiastes. O nascimento e a morte são experiências inerentes à condição humana, e a crença no juízo final, onde cada indivíduo prestará contas de suas ações, é parte essencial da fé cristã.
Conforme a Epístola aos Hebreus, a morte é uma condição imposta a todos os homens, constituindo uma ordem estabelecida para toda a humanidade desde a queda. Cada indivíduo, desde Adão até o último a nascer, está sujeito a essa ordem, que faz parte da estrutura do universo. Trata-se de uma lei cósmica. Em diversos trechos das Escrituras, observa-se que não somente o homem, mas todo o sistema de coisas existente está destinado à extinção. A Bíblia, nesse ponto, encontra consonância com a ciência, embora as perspectivas difiram. A perspectiva científica é distinta da perspectiva teológica e escatológica bíblica. As Sagradas Escrituras proclamam a vinda de novos céus e nova terra, e que o céu e a terra atuais, o universo tal como o conhecemos, estão envelhecendo e um dia serão desfeitos, conforme descrito na Epístola aos Hebreus. Entende-se, portanto, que esse processo de envelhecimento culminará no fim deste mundo, para que Deus possa inaugurar um novo mundo, os novos céus e nova terra, descritos no livro do Apocalipse e nas epístolas de Pedro.
Considerando a ordem de que o homem, ao longo de sua existência, aqui neste mundo, está sujeito à morte, compreendemos que esta é uma condição inevitável. A morte é um evento único na experiência humana. Após a morte, o julgamento se apresentará a todos. Entretanto, as Escrituras revelam distinções entre aqueles que morrerão e aqueles que terão um advogado. Em 1 João, capítulo 2, versículo 1, Jesus Cristo é apresentado como nosso advogado: "Filhinhos, se pecardes, temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo". Essa afirmação é encontrada na primeira epístola universal de João.
Concluímos, portanto, que existe uma diferença: algumas pessoas comparecerão ao julgamento sem um advogado, enquanto outras se apresentarão perante o Senhor com Jesus Cristo como advogado. Além disso, Jesus é nosso mediador e sumo sacerdote.
Para compreender o conceito de mediação, podemos considerar o relato do Antigo Testamento sobre o juízo divino sobre Sodoma e Gomorra. Deus planejava punir as cidades, mas Abraão interveio como mediador. Ele intercedeu junto ao Senhor, questionando se a justiça divina permitiria que justos e ímpios fossem punidos da mesma forma. Abraão atuou como um intercessor, buscando estabelecer uma norma de justiça.
Diante da possibilidade de destruição ou de um juízo punitivo sobre os ímpios, Abraão ponderou sobre a possibilidade de que a justiça de Deus não envolvesse a punição indiscriminada. Como resultado, Ló foi poupado, graças à mediação de Abraão.
De forma análoga, na escatologia, a questão da mediação se manifesta. Aqueles que morrem em Cristo terão um defensor, um mediador. Contudo, aqueles que perecem em seus pecados serão condenados por não possuírem um advogado, um intercessor.
No capítulo 5, versículo 12 da sua primeira epístola, o apóstolo João declara: "Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a vida." Portanto, haverá uma distinção entre aqueles que partem desta vida na fé e aqueles que o fazem rejeitando o Senhor. A todos os homens está determinado morrer uma só vez, e depois disso, o juízo, a bíblia declara que isso é um fato irrefutavel.
Contudo, os que creem em Cristo compreendem, de maneira clara e concisa, a mensagem do Evangelho: Jesus Cristo veio para morrer por nossos pecados. Assim, entendemos a passagem de João 3:16, que afirma: "Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna."
Essa dádiva divina, o envio de Seu Filho, culmina com a morte de Jesus na cruz, onde Ele assume nossos pecados. Desse modo, o juízo que todos os homens devem enfrentar por suas transgressões – pois, como Paulo declara, todos pecaram e carecem da glória de Deus – é, na cruz do Calvário, suportado por Jesus em favor daqueles que creem e se convertem a Cristo. A cruz, portanto, torna-se o lugar do juízo para os que aceitam a Cristo como seu Senhor e Salvador.
Acreditando firmemente nas Escrituras Sagradas e nas promessas divinas, em um Deus que é veraz e justo, creio que, por Sua providência, foi providenciado um caminho para que o homem pudesse ser justificado perante Deus através de Seu Filho, Jesus Cristo. É por isso que valorizamos passagens como João 14:6, onde Jesus declara: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim." Dessa forma, a mediação de Cristo é fundamental. Essa mediação é única e exclusiva. Toda a nossa confiança deve ser depositada em Cristo, pois Ele é o único elo, a única ponte, a única conexão capaz de reconciliar o homem com um Deus santo e justo.
É estabelecido que aos homens está determinado morrer uma só vez. Contudo, aqueles que creem em Cristo como mediador e advogado, no dia em que comparecerem perante o tribunal divino, o trono de Deus, o trono da equidade e da justiça de um Deus santo, soberano e majestoso, a sentença que recairia sobre eles foi suportada por Cristo. Desta forma, Cristo dirá ao Pai: "Este creu em mim; eu morri por ele. Ele creu na expiação que ofereci na cruz do Calvário; ele creu em mim. Portanto, a este, ó Pai, declaro que não merece a condenação, pois eu já sofri a condenação que ele teria de suportar eternamente, porque creu em mim." Assim, este foi justificado pela fé, justificado unicamente pela fé, porquanto creu em Cristo. Nada podemos acrescentar à obra perfeita e consumada de Jesus Cristo na cruz. Confiar em si mesmo e nas próprias obras é um desvio, um evangelho diferente. Portanto, nossa fé deve estar firmemente depositada em tudo o que Jesus realizou na cruz do Calvário, pois, de outra forma, é impossível que o homem alcance a redenção ou a salvação por seus próprios meios, a fim de se apresentar justo diante do Tribunal Divino.
Da mesma forma que Abraão intercedeu perante o Senhor, atuando como mediador e advogado em favor da família de Ló, Jesus também estará presente no dia do juízo, à direita de Deus. Conforme a Epístola aos Hebreus, em seu primeiro capítulo, versículos de 1 a 3, Jesus está sentado à direita de Deus. Somente aquele que compartilha da glória divina pode exercer a mediação e a função de advogado. Cristo realiza essa tarefa. Reconhecemos Jesus como nosso único advogado; confiar em qualquer outro é inaceitável. Devemos depositar nossa fé integralmente em Cristo, como ensinam o Novo Testamento e os apóstolos. Há uma exclusividade absoluta nos ensinamentos do Novo Testamento. Nenhuma evidência contrária pode ser apresentada, a não ser por meio de doutrinas falsas, visões distorcidas e novas revelações, que afastam as pessoas da autoridade plena das Escrituras. Nos 27 livros do Novo Testamento, essa verdade é reiterada. No livro de Hebreus, por exemplo, é evidente que Jesus é o único mediador e advogado, capaz de apresentar-se diante de Deus para defender a causa daqueles que creem na obra perfeita e consumada de Jesus Cristo na cruz do Calvário.
Ademais, outros trechos bíblicos corroboram e reforçam a ideia de que a obra redentora de Cristo na cruz é a única garantia de justificação e perdão. Em 1 João, capítulo 1, versículo 7, por exemplo, lemos que o sangue de Jesus nos purifica de todo pecado.
Contrariamente ao que alguns ensinam, as Escrituras não afirmam que as obras humanas contribuem para a justificação. Não há passagem bíblica que sustente a ideia de que as boas obras expiam os pecados. A Bíblia ensina que a remissão dos pecados ocorre por meio do derramamento de sangue, conforme atestado em 1 João 1:7. Portanto, é o sangue de Jesus que possui o poder de purificar o ser humano de suas iniquidades, e não as obras.
A justificação, portanto, é alcançada unicamente pela fé. Embora a epístola de Tiago possa gerar dúvidas em alguns, é importante considerar o contexto em que foi escrita e lembrar que a doutrina da justificação pela fé é amplamente defendida nas epístolas paulinas, onde encontramos a principal orientação teológica sobre o tema.
Por que a palavra final cabe a Paulo? Justamente porque muitos desconhecem profundamente a matéria em questão. Embora não seja o objetivo deste texto aprofundar a distinção entre os ensinamentos de Tiago e de Paulo sobre a justificação pela fé, prometo abordar esse tema em outro artigo, esclarecendo que as declarações de Paulo estão em consonância com o que o Novo Testamento como um todo ensina sobre a salvação, e que Tiago, também inspirado pelo Espírito Santo, escreveu sua epístola com outro propósito. A palavra final sobre o assunto é de Paulo. E por que a palavra final é de Paulo? Porque Paulo, ao escrever Romanos, o fez posteriormente à epístola de Tiago. Tiago está entre os primeiros escritos do Novo Testamento, enquanto Paulo figura entre os últimos. Assim, é crucial compreender que a definição final da justificação pela fé, a palavra final, foi estabelecida por Paulo, e não por Tiago. Esse princípio deve ser considerado, embora muitos se confundam, pois a epístola de Romanos, no Novo Testamento, precede a de Tiago. No entanto, essa ordem não reflete a cronologia da escrita. Portanto, a palavra final sobre a justificação pela fé foi dada por Paulo.
A menos que você se volte de seus pecados, não deposite sua confiança em teólogos que não compreendem a graça de Deus. Não confie em homens, tradições ou religiões; confie no Evangelho. Pois a Palavra de Deus declara que todos devem se arrepender de seus pecados. O arrependimento, a mudança de perspectiva, a renovação da mente e o novo nascimento estão intrinsecamente ligados à conversão. Aqueles que creem em Cristo, confessam-no como Senhor e Salvador, e vivem em obediência a Ele, podem enfrentar a morte, conforme determinado a todos os seres humanos. Contudo, no Juízo Divino, terão a vida eterna. Terão um Mediador, um Sumo Sacerdote que se apresentou como o Cordeiro Imaculado, oferecendo seu sangue puro e santo como sacrifício para satisfazer a justiça de Deus. Deus se agradará da justiça de Cristo e imputará essa justiça e o perdão dos pecados a todos os que creem em Cristo. Essa é a nossa garantia. Creia em Cristo hoje e arrependa-se de seus pecados. Como diz Salomão em Provérbios, capítulo 28, versículo 13: "O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia." Alcance a misericórdia que Cristo lhe oferece através da obra consumada e perfeita que Ele realizou na Cruz do Calvário.
C. J. Jacinto

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