C. J. Jacinto
A.W. Pink, em determinada ocasião,
afirmou que nenhum pecador jamais foi salvo por simplesmente entregar seu
coração a Deus. A salvação não advém de nossa entrega pessoal, mas sim do que
Deus entregou: Seu Filho unigênito. Nesse sentido, e sem dúvida, concordo
plenamente com A.W. Pink. Afinal, compreendemos que Deus entregou Seu Filho
para que este, por sua vez, pudesse entregar-se por nós. Consequentemente, sem
a obra consumada e perfeita de Jesus na cruz, sem Sua total entrega, a salvação
jamais seria possível. Consideremos, então, o Evangelho de João, capítulo 1,
versículos 11 e 12. Primeiramente, é-nos revelado que Ele veio para os Seus, mas
os Seus não o receberam, em alusão ao povo judeu. Contudo, João acrescenta:
"mas a todos os que o receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de
Deus, os que crêem no seu nome".
Portanto, nesta passagem específica,
João aborda o ato do pecador de receber a Cristo. Esse recebimento de Cristo
ocorre mediante a audição da mensagem do Evangelho, conforme se pode observar
em Romanos, capítulo 10, versículos 9 e 10. Adicionalmente, uma outra passagem relevante é
João, capítulo 16, versículo 8, que registra as palavras de Jesus. Tal
versículo discorre sobre o Consolador, o Espírito Santo, que convence o homem
acerca do pecado, da justiça e do juízo. Assim, o ato de receber a Cristo
ocorre somente mediante duas condições preliminares: primeiramente, ouvir a
mensagem correta do Evangelho e, em segundo lugar, ser convencido pelo Espírito
Santo. Portanto, entendo que a obra de
salvação realiza-se através da dinâmica do próprio plano salvífico apresentado
por Deus: Deus entrega Seu Filho; o Filho Se entrega na cruz por cada pecador;
e todos aqueles que O recebem, o fazem por meio da convicção operada pelo
Espírito Santo. Sem essa convicção do Espírito Santo, não há verdadeira
conversão. Verdadeiramente, a Queda primordial impeliu a humanidade inteira
para o vale sombrio da morte. Ela nos deixou dilacerados e em desespero. Dessa
condição, Cristo nos resgata. Nesse sentido, em João 12:32, Jesus declarou:
"E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim." Essa
atração por Cristo nos eleva de um estado de profundo desamparo, onde vagamos
perdidos em um vale de sombras. Sem a luz do Evangelho, somos incapazes de
discernir o amplo aspecto da força do pecado que conduz ao abismo e o chamado
daquele que nos guia à salvação. É o resplendor da glória da graça divina,
revelada no Evangelho de Deus, que nos concede a capacidade de reconhecer nossa
intrínseca condição de miséria. A Queda primordial, ademais, desvinculou o ser
humano de sua essência, de sua comunhão e do seu relacionamento com Deus.
Tornou-se, assim, um ser desarraigado, à beira de um abismo de perdição eterna.
O profeta Isaías, no capítulo 59, versículo 2, revela que a iniquidade humana
estabelece uma separação entre o homem e Deus. Essa iniquidade, de fato,
constitui a barreira que nos afasta da presença divina. Tal realidade é
corroborada pela estrutura do Tabernáculo, primeiramente revelado a Moisés no
deserto. Pois, no Tabernáculo, existia um compartimento denominado Santo dos
Santos, um espaço representativo da presença de Deus e cujo acesso era estritamente
restrito. Nenhum homem comum tinha permissão de adentrar ali, exceto o sumo
sacerdote, e este, apenas uma vez por ano. O Santo dos Santos, com sua
inacessibilidade, simbolizava, de fato, um relacionamento rompido. Todavia, é
nas próprias palavras do Senhor Jesus que encontramos o caminho para o
restabelecimento dessa comunhão. Ao declarar: "Eu sou o caminho, a verdade
e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim", Jesus não apenas reitera, mas
efetivamente restabelece a comunhão outrora perdida.
As boas novas do Evangelho
proclamam a redenção, a qual é obtida única e exclusivamente por meio da obra
realizada por Jesus Cristo na Cruz do Calvário. Jesus é nosso único Salvador;
não há salvação além de Cristo. A redenção nos possibilita viver livremente na
graça. Como o próprio Jesus afirmou em João, capítulo 8, versículo 32: "Se
o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres." O pecado escravizou
o homem, que, em sua condição caída, vivencia a angústia inerente a ele.
Contudo, conforme registrado em 2 Pedro, capítulo 2, versículo 1, Cristo
efetuou um resgate. O preço desse resgate pode ser compreendido pela leitura de
Atos, capítulo 20, versículo 28, onde se fala de um resgate feito com sangue
divino.
No Antigo Testamento, o conceito de
salvação é expresso pela palavra Yasha, da qual deriva o nome Yeshua, traduzido
para Jesus Cristo. No hebraico, Yasha está associado à redenção, vitória e
libertação – e é tudo isso que Jesus nos oferece por meio da cruz do Calvário.
Em Mateus, capítulo 11, versículo 28, Ele convida: "Vinde a mim, todos os
que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei." Essa
libertação, esse alívio, essa redenção, que Jesus oferece, provém da obra
consumada e perfeita de Jesus na cruz, e é oferecida gratuitamente a todos que
creem em Cristo. Portanto, prezado leitor, creia em Jesus, reconheça-O como Senhor
e Salvador, confie Nele e siga-O para que a redenção seja uma realidade, uma
experiência de vida que se manifesta em nosso caminhar diário. Isso é ser
cristão.
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