A CRISE ESPIRITUAL DO FIM DOS TEMPOS E COMO ENFRENTÁ-LA


 

A CRISE ESPIRITUAL DO FIM DOS TEMPOS E COMO ENFRENTÁ-LA

 


C. J. Jacinto

 

 

"A glória de Cristo é o maior tesouro da alma, e contemplá-la é o maior privilégio do crente." (John Owen)

Na breve epístola, concisa em extensão, mas rica em conteúdo e doutrina, Judas, o apóstolo e irmão do Senhor, no versículo 3 do primeiro capítulo, sentiu a necessidade de exortar os cristãos a lutar pela fé que foi entregue aos santos. Passados dois milênios, essa exortação permanece tão relevante e essencial quanto no momento em que Judas a escreveu e enviou, para que circulasse entre as igrejas locais da época. É imperativo que, mais do que nunca, estejamos vigilantes. Devemos manter-nos firmes e agir com coragem, pois enfrentamos tempos desafiadores.
O cristianismo contemporâneo clama, com grande necessidade, por homens piedosos, homens de fé inabalável na palavra do Senhor, dotados de santa ousadia para se posicionarem firmemente contra as tendências anticristãs que ameaçam a integridade da fé. Estes homens devem defender, com firmeza e coragem, as doutrinas cristãs e os valores judaico-cristãos.

 “Se a Escritura não governa seu coração e sua mente, você está à mercê de qualquer vento de doutrina."(John Owen)


Devem demonstrar grande disposição, intenso fervor espiritual e, acima de tudo, profunda convicção ao assumir o papel de profetas e arautos da verdade em uma sociedade cada vez mais influenciada pelo relativismo moral.
Com pesar, constata-se que a discussão sobre certos temas não goza de grande aceitação no âmbito eclesiástico. Observa-se, na sociedade pós-moderna, uma tendência a relativizar as verdades absolutas, fenômeno que, lamentavelmente, se manifesta também no contexto religioso, com consequências preocupantes.


Desde os tempos bíblicos, como evidencia o Antigo Testamento e o ministério do Profeta Jeremias, a humanidade demonstrou, em geral, relutância em aceitar mensagens que demandam reflexão e mudança. Preferem, muitas vezes, mensagens agradáveis e tranquilizadoras de falsos profetas em detrimento de mensagens desafiadoras e autênticas de verdadeiros profetas. Essa tendência persiste na atualidade, onde indivíduos que se identificam como cristãos frequentemente se mostram mais receptivos a ensinamentos que ecoam suas próprias convicções e menos dispostos a considerar perspectivas que questionam ou confrontam seus valores e práticas religiosas.


"O maior perigo para a igreja não é o ateísmo, mas a mediocridade espiritual.” (A. W. Tozer)


 Podemos também analisar o ministério do profeta Elias, que, quase sozinho, assumiu uma postura firme contra as práticas religiosas desviadas de sua época. Sua atuação representou um protesto enérgico contra as tendências abomináveis, relativistas, ecumênicas e pragmáticas, defendidas principalmente por Jezabel, com a conivência de Acabe, rei de Israel. Nesse cenário, a voz de Elias ressoava como a de um homem solitário, proclamando pelas estradas de Israel contra a religião superficial e sincrética que a sociedade abraçava com satisfação, adotando crenças e doutrinas falsas, disseminadas com palavras persuasivas pelos profetas de Baal e pelos profetas de Aserá.


 Podemos retroceder às eras primordiais da história da civilização, à época antediluviana, quando Noé, arauto da justiça, anunciava o juízo, e antes dele, Enoque, o sétimo após Adão, também um pregador e profeta, proclamava o iminente juízo sobre uma sociedade profundamente corrompida. Todo homem de fé e aquele que trilha um caminho de retidão reconhece que a iniquidade é a marca que condena uma civilização. Portanto, devemos atentar às palavras de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, que previu a vinda do Filho do Homem com os mesmos sinais dos dias de Noé, ou seja, uma época em que os casamentos e as relações sociais eram marcados por uma grande apostasia moral e decadência espiritual, destinando a sociedade à ruína. Nesses dias, sempre haverá aqueles que, como faróis, iluminarão a escuridão. Poucos se dispõem a fazê-lo, pois em tempos de grande indiferença, aquele que possui discernimento espiritual e denuncia as tendências nocivas e demoníacas de uma sociedade é considerado inimigo do mundo, sendo frequentemente uma voz solitária em meio à impiedade e à iniquidade.

 É possível retroceder aos primórdios da civilização, em tempos remotos, como o período anterior ao dilúvio. Nessa época, Noé, arauto da justiça, anunciava o juízo divino, precedido por Enoque, o sétimo após Adão, também profeta, que proclamava o iminente juízo sobre uma sociedade corrompida. Todo homem de fé, aquele que busca a retidão, reconhece a iniquidade como a marca distintiva da condenação de uma civilização.
 Devemos, portanto, considerar atentamente as palavras de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, nas quais Ele compara a vinda do Filho do Homem aos dias de Noé. Naquele tempo, as pessoas se casavam e viviam suas vidas, em uma sociedade marcada pela apostasia moral e decadência espiritual, caminhando para a ruína.

Em meio a esses tempos, sempre existirão aqueles que, como faróis, iluminarão a escuridão. Poucos estão dispostos a essa tarefa, pois, em épocas de grande indiferença e excessiva sensibilidade, aquele que possui discernimento espiritual e denuncia as tendências nocivas e demoníacas de uma sociedade é frequentemente considerado inimigo. Ele pode ser visto como alguém isolado, uma voz solitária em um mundo sufocado pela impiedade.
 É possível afirmar que o homem de fé, o homem piedoso, compartilha uma característica fundamental: a profundidade em sua relação com Deus. Para o homem de fé, aquele que possui a fé que foi transmitida aos santos, não há superficialidade. Sua crença não é rasa, sua comunhão não é superficial, e seu cristianismo não é trivial. Ele é um homem que deixa sua marca, que imprime um padrão. Esse padrão se manifesta nos homens santos que mencionamos, como Jeremias, Enoque, Noé e, sobretudo, o Senhor Jesus Cristo, que estabelece o modelo de uma verdadeira vida espiritual. Esses homens marcam cada época.

 Vivendo em um tempo de grandes crises espirituais, torna-se imperativo que esses homens sejam ousados, corajosos e proclamem incessantemente contra a decadência moral e espiritual que caracteriza nosso tempo. Pois Deus sempre reservará para si um remanescente que o represente em meio a uma geração incrédula. Esses homens são aqueles que não se conformam com este século, mas que têm seus corações inteiramente voltados para a vontade de Deus e anunciam o juízo divino sobre o mundo.

É imperativo salientar que, ao se discorrer sobre um remanescente — homens piedosos destinados a impactar profundamente uma geração corrompida e uma cristandade em processo de apostasia — torna-se evidente que indivíduos de tal estatura, dada a sua excepcionalidade, frequentemente se encontrarão em solidão. Esses indivíduos são, com frequência, confrontados pela solidão, compelidos a trilhar um caminho solitário.

“Milhares hoje mudam suas crenças para se adaptarem ao seu comportamento moral. Por outro lado, milhares adotam doutrinas falsas e, em seguida, apostatam em suas ações.” (Kenth Hugues)


A. W. Tozer há muitas décadas, abordou este tema em seu artigo "Os Santos Devem Andar Sozinhos". Tozer tinha plena consciência do que afirmava; sendo ele próprio um homem cuja voz profética já denunciava a decadência espiritual de sua época, qual não seria sua postura no cenário contemporâneo?Assim, a solidão nos remete, uma vez mais, aos ministérios proféticos, como os de Elias, Jeremias e Enoque, já mencionados neste artigo, cuja característica distintiva era a solidão e a rejeição. A sociedade recusava-se a ouvir seus sermões e suas proclamações, e não demonstrava interesse em suas posições doutrinárias. Por isso, frequentemente, viram-se compelidos a trilhar um caminho solitário.

É crucial, todavia, compreender que tal sentimento se manifestou de forma constrangedora na vida de Elias. Quando o profeta exclamou ao Senhor, questionando: "Senhor, sou o único que sobrou? Não existe mais ninguém? Acaso todos sucumbiram à cilada da apostasia?". E o Senhor, então, respondeu a Elias que ainda restavam sete mil que não haviam se prostrado diante de Baal e sete mil joelhos que não se haviam dobrado perante a imagem abominável de Baal. Havia, portanto, muitos.
A solidão, entretanto, é apenas um traço distintivo de um contingente significativo de irmãos ao redor do mundo que, perseverando, erguem o estandarte da fé em Cristo, da sã doutrina e da ortodoxia, defendendo os absolutos fundamentados na Palavra de Deus.

 

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