C. J. Jacinto
Atualmente, uma força poderosa e
nefasta atua em nosso mundo, declarando uma guerra contra o Ocidente e,
preeminentemente, contra o cristianismo bíblico. Observa-se um esforço
considerável para remodelar nossa sociedade e cultura em moldes irreconhecíveis
e inimagináveis para as gerações passadas. É imperativo que não apenas
discernamos os eventos em curso e suas motivações subjacentes, mas que também
identifiquemos as forças atuantes e a influência preponderante que orquestra
esse processo. Essa força, em sua essência, é absolutamente anticristã. Embora
inúmeros indivíduos que se autodenominam cristãos, assolados por uma profunda
cegueira espiritual, tenham se alinhado a tais tendências e movimentos de
caráter anticristão, a verdade é que essa força tem adquirido notável
proeminência na contemporaneidade, precisamente em virtude de uma militância
exacerbada e de uma cegueira espiritual igualmente profunda. No longo prazo,
acredito que, se a Igreja não despertar para a urgência e a gravidade desse
movimento destrutivo que emerge com força crescente no mundo, as repercussões
de sua indiferença serão profundas.
Os fundamentos da fé cristã estão sendo profundamente solapados e, por meio de
correntes anticristãs, almeja-se sua completa abolição. Diante desse cenário,
torna-se imperativa uma redefinição abrangente de conceitos basilares: a
reavaliação da noção de pecado, a reinterpretação da instituição do casamento
e, em síntese, de todos os aspectos que caracterizaram a formação da sociedade
ocidental. Tais aspectos, vale ressaltar, possuem uma expressão intrínseca e
inegável do cristianismo bíblico, ortodoxo e, de forma mais acentuada, do
fundamentalista.
A mídia se posiciona em um determinado
viés ideológico, com o intuito de remodelar o pensamento coletivo. Essa
estratégia tem se revelado notavelmente eficaz, pois se observa que indivíduos
suscetíveis à influência do sistema midiático – o qual, reitero, veicula uma
agenda ideológica para difundir novas concepções – exercem um impacto
considerável sobre vasta parcela da sociedade. Consequentemente, aqueles que
não aderem ativamente a essa militância acabam por adotar uma postura, no
mínimo, passiva diante de tais transformações, o que facilita a rápida e ampla
expansão dessa tendência deletéria por todo o mundo ocidental. Este panorama,
convém salientar, acarretará consequências funestas para o cristianismo
bíblico.
Visando à manipulação, os agentes políticos
que lideram essa contenda cultural valem-se de uma retórica de falsa compaixão
e suposta caridade, bem como de outros expedientes análogos, para disseminar e
consolidar preceitos anticristãos em nosso território nacional e em todo o
mundo ocidental. Desse modo, evidencia-se um engajamento pleno, impulsionado
por uma militância incessante e, por vezes, violenta, cujo objetivo é a
concretização de profundas transformações no seio de nossa sociedade. O que
subjaz a esse processo é um trabalho meticuloso e uma atuação coordenada, que
visam à instauração de um poder global e, finalmente, de uma cosmovisão universal,
moldada nos fundamentos de um neossocialismo de matriz marxista.
Adicionalmente a essa tendência, emerge uma outra faceta que desempenha um
papel crucial na concretização dessa visão utópica, política, ideológica e
anticristã. A obra "Guerra Cultural", de Stephen Hicks, publicada no
Brasil pela editora Avis Rara, por exemplo, oferece insights relevantes sobre
esse movimento anticristão e, mais especificamente, sobre a vertente que ora se
pretende abordar: o pós-modernismo. Hicks apresenta a seguinte análise acerca
do pós-modernismo: Prevalece a concepção de que adentramos uma nova era
intelectual. Segundo os intelectuais proeminentes, vivemos hoje a era
pós-moderna. Argumenta-se que o modernismo findou e que uma era revolucionária
é iminente. Esta é concebida como uma era liberta das estruturas opressivas
pretéritas, ainda que mantendo preocupações com as projeções futuras. Inclusive
os críticos do pós-modernismo, que acompanham o panorama intelectual com certo
ceticismo, admitem a emergência de uma nova vertente dominante.
Na perspectiva pós-moderna, a narrativa
de libertação das estruturas opressivas do passado, indubitavelmente, remete a
uma questão central. Isso se deve à menção velada de órgãos e instituições, a
exemplo do cristianismo bíblico, que são percebidos como sistemas de opressão.
Tal dinâmica é observada, por exemplo, no movimento feminista, que interpreta o
Antigo Testamento e, em certa medida, também o Novo Testamento como um sistema
patriarcal. Consequentemente, fomenta-se um engajamento pela libertação da
sociedade desse sistema, frequentemente acusando o cristianismo de sua
perpetuação. Este é apenas um vislumbre de como essas transformações se
processam a passos largos, embora de forma sutilmente imperceptível. Qual,
então, seria a força motriz por trás dessa tendência maligna e demoníaca que se
consolida em nossa sociedade?
Em sua obra "Guerra Cultural", já mencionada, Stephen Hicks cita, à página 10, Jacques Derrida, um dos principais expoentes da pós-modernidade e notório defensor da desconstrução cultural. Hicks destaca em seu livro que Derrida identifica o marxismo como a fonte filosófica e inspiradora do pós-modernismo, conectando seus aspectos abstratos e técnicos da linguística e da epistemologia ao ativismo político.
Dessa forma, percebe-se que o principal vetor político e força motriz dessa desconstrução e desse anticristianismo é o marxismo cultural, que se infiltrou em todo o sistema ocidental, notadamente nas instituições de ensino e no ambiente midiático. Neste último, jornalistas e canais de televisão abertos se engajam numa militância em prol de uma transformação social que, biblicamente interpretada como decadência, é por eles conceituada como progresso.
Assim, configura-se um processo contínuo de desconstrução e de implantação de uma nova ordem de coisas, a qual proverá todo o amparo para uma religião global e universal e, por fim, para a chegada do anticristo, cuja vinda será aclamada por seus próprios adeptos, inclusive por aqueles que se intitulam cristãos, mas que, na realidade, são falsos cristãos engajados nesta militância anticristã.
Pode parecer paradoxal que indivíduos professos cristãos lutem contra a própria Igreja; contudo, trata-se, na verdade, de falsos cristãos deliberadamente envolvidos em um movimento diabólico e anticristão, o qual, mais cedo ou mais tarde, empregará sua própria força para destruir a Igreja que permanece comprometida com a verdade e com seus fundamentos. No Salmo 11, versículo 3, encontramos uma indagação de profunda relevância para a contemporaneidade, para a Igreja, e para cada indivíduo justo, redimido e cristão sincero e biblicamente alinhado. Essa pergunta se destina a um seleto remanescente que persevera na postura de homens transformados pelo Evangelho, engajados em uma incessante batalha contra as hostes espirituais da iniquidade que habitam as regiões celestiais, e contra governos e sistemas corrompidos e manifestamente anticristãos. Convém, portanto, que também nós nos debrucemos sobre essa questão, meditando profundamente a seu respeito. A indagação do Salmista nos conduzirá a uma reflexão mais aprofundada acerca de todas as considerações previamente expostas. O Salmista, então, nos interpela: "Se os fundamentos forem destruídos, aonde irá comparecer o justo?" Tal questionamento conserva sua irrefutável pertinência e ressonância em nossos dias.
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