"Viver no Céu na Terra: A Revolução de uma Mentalidade que Desafia o Mundo”
Viver Cristo em cada instante é viver o céu em todo momento
Introdução – O Grito de um Puritano que Ecoa no Século XXI
Em meio ao ruído de uma civilização que celebra o efêmero, que adora o agora, que se curva diante do instante — e que, no entanto, está profundamente vazia —, surge uma voz que não pertence ao nosso tempo, mas que fala com mais pertinência do que qualquer influencer ou filósofo contemporâneo.
Jeremiah Burroughs, um puritano do século XVII, escreveu um texto que
não é apenas uma crítica ao mundo, mas uma desconstrução
espiritual da mentalidade terrena.
Ele não fala de fuga do mundo. Ele fala de transcendência dentro dele.
Este artigo é uma ressurreição desse
manifesto espiritual, traduzido para a linguagem de uma geração que já
não crê numa vida espiritual profunda, mas que ainda sente o peso do vazio de
um mundo vago e de uma espiritualidade superficial.
1. A Ilusão da Permanência: Quando o Mundo se Oferece como Deus
Burroughs nos lembra:
“Vemos sobre que ombros frágeis se ergue agora o belo pescoço de toda a pompa e glória mundanas.”
Tradução:
Tudo que brilha hoje diante dos olhos mundanos é um cadáver bem maquiado.
O mundo se oferece como eterno, mas se desfaz com a brevidade do tempo
A mentalidade terrena é a que investe
em ilusões de permanência:
· O corpo que não envelhece,
· A conta bancária que nunca acaba,
· O amor que não morre,
· A fama que não esquece.
Mas tudo isso é a artimanha do
engano secular.
E a revolução começa quando você enxerga
a frágil estrutura por trás do espetáculo.
Olhamos para os valores sagrados do Evangelho, não para vivermos uma esperança futura, mas para fazer da vida espiritual a esperança que ilumina um futuro glorioso
2. A Comunhão com a espiritualidade do Céu
Burroughs diz:
“Nossa comunhão é no céu.”
Mas isso não é metáfora.
É estado de
consciência.
É realidade
espiritual.
É viagem perceptível no
profundo da alma.
A mentalidade terrena anestesia
a percepção de eternidade.
A mentalidade celestial desperta
a percepção de que você já está no futuro que o mundo tenta adiar. Cristo
em nós é a esperança da glória.
Você não precisa morrer para ir ao céu.
Você precisa morrer para a
ilusão de que este mundo é o seu eterno lar.
3. O Cristão como Estrangeiro com Passaporte Eterno
“Ele contemplava todas as satisfações terrenas com os olhos de um estrangeiro.”
Isso é radical.
Não é ascetismo.
É desapego lúcido.
O estrangeiro usa o mundo, mas
não se deixa usar por ele.
Ele come, mas não se
alimenta de ilusões.
Ele ama, mas não se
entrega a ídolos.
Ele trabalha, mas não
se resume ao que produz.
Essa é a postura
revolucionária:
Viver no mundo como quem já sabe que vai embora — e que, por isso, pode
finalmente viver com liberdade.
A felicidade cristã está alicerçada na certeza de tudo o que Cristo fez por nós pela cruz, perdão, justificação, regeneração e vida eterna e isso pode ser desfrutado desde o primeiro dia em que confiamos e seguimos a Ele
4. O Tempo como Cortina que se Fecha
“O tempo é curto... como um véu que se fecha em um quarto estreito.”
Essa é uma das imagens mais brutais da literatura espiritual:
O tempo não é linear. Ele é um cômodo que se fecha.
E você está dentro.
A mentalidade terrena impede essa percepção.
A mentalidade celestial liberta
o coração para contemplar essa realidade.
Você não tem tempo para odiar.
Você não tem tempo para se vingar.
Você não tem tempo para viver de máscaras.
Você não tem tempo para amar pela metade.
A plenitude da existência é viver cristo e essa vida espiritual alcança a eternidade mesmo agora quando vivemos aqui neste mundo.
5. A Geração Oculta: Quem Vive no Céu sem que o Mundo Perceba?
Burroughs fala de uma geração escondida:
“uma geração na Terra que vive assim... oculta sob uma aparência insignificante... mas que brilha interiormente com a glória de Cristo.”
Essa é a contra-cultura
silenciosa.
Não aparece no Instagram.
Não dá palestra.
Não escreve best-seller.
Mas transforma o
ambiente apenas por estar presente.
Essa geração não protesta o
mundo com cartazes.
Ela protesta o mundo
com presença.
Com paz que não faz
sentido aos olhos seculares.
Com amor que não cobra.
Com fé que não precisa
provar.
6. A Revolução que Ninguém Viu — Mas que Todos Sentem
A revolução de Burroughs não
é política.
É metafísica.
É uma inversão de
valores que começa dentro do peito.
Ela não ocupa ruas.
Ela ocupa corações.
Ela não grita.
Ela ressoa.
Ela não muda o sistema.
Ela cria um sistema
paralelo:
O Reino que vem em silêncio, mas que não vai parar.
Conclusão – O Convite para Viver no Céu Hoje
Burroughs não escreveu para te fazer fugir do mundo.
Ele escreveu para te despertar para o
fato de que você já pode viver do outro lado.
A revoluão não é sair do mundo.
É viver no mundo como
quem já tem a eternidade nos pulmões.
E, no fim, a pergunta não é:
“Você está preparado para morrer?”
A pergunta é:
“Você está preparado para viver — como quem já está no céu?”
Epílogo –
Que o mesmo Espírito que arrebatou Burroughs ao terceiro céu te arrebatue do segundo andar do teu apartamento.
Que você possa usar o mundo sem
ser tragado por ele.
Que você possa amar sem se perder.
Que você possa trabalhar sem se
tornar escravo.
E que, mesmo com o pé na terra, tua
alma viva no céu — todos os dias, até que o céu venha à terra.
“E eu vivo, já não eu, mas Cristo vive
em mim.”
— Gálatas 2.20
O TEXTO NA ÍNTEGRA:
Um Tratado sobre a Mentalidade Terrena
Jeremiah Burroughs
Um servo de Cristo disse: "Cada dia que um cristão passa na terra é um dia perdido no céu". Ele se referia ao lugar, não à companhia, pois o que constitui o céu senão a união e a comunhão com Deus em Jesus Cristo? Sendo isso possível nesta vida, o que impede um cristão de viver no céu enquanto vive na terra? Verdadeiramente, nossa comunhão é com o Pai e com Seu Filho Jesus Cristo ( 1 João 1:3 ). Nossa comunhão é no céu, disse outro apóstolo (Filipenses 3:20). E eu vivo, já não eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus ( Gálatas 2:20 ).
Esses eram homens na Terra, sujeitos às nossas fraquezas, mas vivendo no céu. E ainda existe, nesta era decadente, devassa e negadora de Cristo, uma geração na Terra que vive assim, cujas vidas e graças, embora ocultas sob uma aparência mesquinha, sob muitas opróbrios e fraquezas, ainda brilham interiormente com a glória de Cristo sobre aqueles que, embora estejam no mundo, seguem o Senhor com um espírito diferente do espírito do mundo; e entre esses que estão escondidos do Senhor, este homem abençoado (o Pregador destes sermões, de quem o mundo não era digno) foi um deles, que, enquanto esteve na Terra, viveu no céu. E como vocês podem facilmente perceber, o objetivo e propósito destes sermões é moldar o seu coração para uma postura e estrutura semelhantes, ou seja, desapegá-lo das vaidades perecíveis e fixá-lo naquilo que é a substância real e duradoura.
Vemos sobre que ombros frágeis se ergue agora o belo pescoço de toda a pompa e glória mundanas, e como o Senhor está concluindo e pondo fim às glórias dos reinos dos homens, que não contribuíram com sua força e poder para o avanço, mas sim para a destruição e o eclipsamento da glória do reino de Jesus Cristo. Além do que o mundo nos diz, nunca uma época teve tantos exemplos da vaidade do mundo como em nossos dias. Portanto, nossos corações devem se desapegar de tudo aquilo que não pode se estender à eternidade. A razão do Apóstolo é profunda,
Resta ainda que os que têm esposas ajam como se não as tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que se alegram, como se não se alegrassem; os que compram, como se não possuíssem; e os que usam o mundo, como se não o usurpassem.
E ele apresenta essa exortação com o seguinte argumento: " O tempo é curto", ou, como se diz, "O que resta da nossa temporada está se encerrando, como um véu ou cortina que se fecha em um quarto estreito".
O tempo é curto e a vida ainda mais curta, e o fim de todas as coisas está próximo. Temos coisas maiores em mente e nas quais fixar nossos corações. A divindade do espírito deste santo homem se manifestou muito nisto: mesmo tendo muito do conforto que a Terra podia lhe oferecer, ele ainda contemplava todas as satisfaçãos terrenas com os olhos de um estrangeiro, visando elevar sua alma a uma caminhada mais santa, humilde, útil e abnegada com Deus. Para um homem que desfruta de pouco ou nada neste mundo, falar muito sobre a vaidade e o vazio do mundo, e se desapegar disso, não é tão significativo quanto, quando cercado pela abundância de confortos terrenos, um espírito divino desafia essas coisas e é arrebatado ao terceiro céu, banhando-se, consolando-se e satisfazendo-se com doces e elevadas alegrias, com as percepções mais saborosas e cordiais que tem de Jesus Cristo. Isso é comparável àquele que se torna participante da natureza Divina e que vive acima do mundo, desfrutando dos seus prazeres.
Portanto, caro leitor, você tem agora estes sermões impressos duas vezes: uma vez na prática deste santo homem e outra vez nestes artigos que lhe apresentamos neste estilo de pregação (embora confessemos que as coisas poderiam ter sido mais concisas), porque consideramos este estilo mais desejável, mais aceitável para os seus ouvintes e, se não nos enganamos, mais eficaz nos afetos e mais proveitoso para o maior número de cristãos.
Que o Senhor Jesus esteja com o seu espírito e o acompanhe nestas e em todas as suas outras preciosas obras, para o fortalecimento da alegria da sua fé, edificando-o no seu interior e guiando-o no caminho para o seu descanso eterno.
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Organizado por C. J. Jacinto

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