O Evangelho da Graça e a Liberdade Cristã


Em João, capítulo 8, versículo 36, Jesus proferiu a seguinte declaração: "Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres." Esta é uma promessa de grande valor. Cristo prometeu a libertação. Em Mateus, capítulo 11, versículo 28, lemos: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso." Jesus afirma que seu jugo é suave e seu fardo é leve. A experiência da vida espiritual, alcançada por meio do novo nascimento e da regeneração, não nos submete a uma religião opressora ou a um legalismo rigoroso, mas nos conduz à liberdade em Cristo.
 Esta declaração de Jesus ressoa com a exortação de Paulo aos Gálatas. Os gálatas estavam em perigo de abandonar a graça em favor de uma religião carnal, sujeitando-se à opressão das leis do Antigo Testamento. Paulo, então, adverte em Gálatas, capítulo 5, versículo 1: "Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou."
 A experiência do cristão que verdadeiramente experimentou o novo nascimento corresponde àquela descrita em Tiago 1:25, onde se menciona a lei da liberdade perfeita. Isso implica que o cristão desfruta de uma genuína liberdade.

 É crucial compreender que, ao apresentar a liberdade, o Evangelho, por meio de Cristo, oferece a libertação, essencialmente, do domínio do pecado e da religiosidade baseada em rituais vazios. Frequentemente, indivíduos que se autodenominam cristãos encontram-se oprimidos por doutrinas humanas, defendendo ideias e práticas não fundamentadas na Palavra de Deus, que não foram ensinadas por Cristo e que não se alinham à graça da nova aliança.

 Diante disso, é imperativo valorizar profundamente essa liberdade, pois Jesus prometeu libertar-nos. Essa libertação constitui uma lei perfeita, que nos permite usufruir das realidades espirituais e eternas inerentes ao Evangelho.

 A entrega ao Evangelho é um ato voluntário que traz consigo a leveza e a libertação. Libertos da condenação do pecado, do fardo da culpa, das incertezas e inseguranças que a vida por vezes impõe, encontramos a liberdade plena, pois fomos redimidos por Jesus.

 O conceito bíblico de redenção, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, remete à compra de escravos no mercado, libertando-os mediante um pagamento. Esses, antes cativos, passavam a desfrutar da liberdade.


 De modo análogo, em Cristo e pela graça, através da obra perfeita e consumada de Jesus na Cruz do Calvário, encontramos a liberdade completa, da qual desfrutamos diariamente. A fé em Cristo, manifestada em uma justificação que não depende de obras, é o caminho a ser seguido.

 Portanto, não nos devemos apoiar em nossas próprias capacidades nem macular o sacrifício de Jesus, misturando nossos esforços com o sangue precioso, puro e imaculado de Cristo, que foi o preço pago por nossa redenção. Nossa salvação foi integralmente garantida por Jesus, e em nada podemos contribuir para a obra consumada na cruz. Jesus morreu por nossos pecados, e a salvação não é alcançada por meio de nossas ações.
 Analisamos a condição humana de perdição, cativa do pecado e, consequentemente, sujeita à influência e possível domínio de entidades espirituais malignas.

 Paulo, na Epístola aos Efésios, capítulo 2, declara: "Ele vos vivificou, estando vós mortos em vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência, entre os quais também todos nós, outrora, vivíamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos vivificou com Cristo (pela graça sois salvos)." Que mensagem inspiradora!

 Consideremos a afirmação de Paulo sobre o passado, quando vivíamos "segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar". Essa é a condição daqueles que ainda não experimentaram a redenção.



 Entretanto, em 1 João, capítulo 5, versículo 18, encontramos a seguinte declaração: "Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus o guarda, e o Maligno não lhe toca." Aquele que é regenerado por Deus não permanece sob a influência dos espíritos das trevas, dos príncipes da potestade do ar. Ele foi liberto. É essa libertação que a Palavra de Deus, o Evangelho, nos oferece.

 Libertos do pecado, agora obedecemos a Deus, depositando nossa fé completa na obra redentora de Cristo na cruz do Calvário. Ali, Jesus entregou Sua vida, pagando o preço pelos nossos pecados, cumprindo a justiça divina em nosso lugar. Através do sacrifício de Jesus, fomos resgatados, libertos, não para confiarmos em nossas próprias ações, como se a salvação dependesse de méritos pessoais ou da observância rigorosa de dogmas e rituais religiosos. O Evangelho nos convida a confiar unicamente em Cristo, pois a salvação é concedida por meio da fé, e não pelas obras. A crença de que a salvação pode ser perdida por falhas ou omissões é uma deturpação da verdade, uma volta à escravidão, semelhante à situação dos gálatas que se desviavam da graça. O verdadeiro Evangelho liberta da necessidade de alcançar a salvação através de esforços próprios, rompendo com a religião da carne e conduzindo à vida em Cristo. Ao instruir-nos sobre a liberdade, o Evangelho nos remete à liberdade dos filhos de Deus. Observa-se, em nossos dias, considerável confusão sobre este tema, decorrente da falta de compreensão. A liberdade que Cristo nos oferece, que o Evangelho nos propicia, não é uma licença para o pecado, mas sim, a libertação do pecado. Não se trata de uma liberdade para agir segundo a própria vontade, pois esta já era a condição anterior à libertação, quando o indivíduo era escravo do ego e das inclinações mundanas. Antes, o homem é liberto para cumprir a vontade divina, para seguir os preceitos do Senhor, para viver na graça de Deus, dedicando-se, acima de tudo, ao serviço do Senhor em fé e mansidão, reverenciando-O em temor e santidade. Contudo, essa liberdade não se confunde com uma religião rigorosa, que impõe pesados fardos sobre a vida do indivíduo, gerando opressão espiritual, tão penosa quanto aquela que existia anteriormente na vida de incredulidade.



É importante ressaltar que a afirmação de que não devemos viver em libertinagem não implica, de forma alguma, em permissividade. A graça de Deus, revelada no Evangelho, não nos conduz a esse comportamento. O Evangelho não nos direciona ao antinomianismo, mas nos capacita a viver uma nova natureza em Cristo, sob a orientação e o poder do Espírito Santo, de modo que possamos viver em obediência e reverência a Deus, conforme compreendemos pela leitura e estudo da Palavra.

 Em 1 João, capítulo 5, versículo 3, o apóstolo João, que desfrutou de íntima comunhão com o Senhor e experimentou as glórias do Evangelho de Jesus Cristo, declara: "Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos. E os seus mandamentos não são pesados". Essa declaração provém de alguém que vivenciou a graça de Deus, o poder do Evangelho, a misericórdia de Cristo e a regeneração, alcançando a plenitude da vida cristã.

 A declaração de João evidencia que o cristianismo não impõe regras onerosas, que cerceiam a liberdade. Ao contrário, somos libertos para viver o Evangelho e confiar no Senhor, princípios dos quais não podemos abrir mão.


 Há um trecho fundamental, um capítulo inteiro em 1 João 3, que aborda as características dos filhos de Deus. Estes foram libertados para praticar a justiça, libertos para não mais viver na prática do pecado, mas para viver em obediência. É importante ressaltar que não devemos comparar o pecado com outras práticas, pois ambos produzem consequências severas para a humanidade. A religião que enfatiza as obras, focada no que o homem deve fazer para alcançar a salvação, impõe fardos pesados. Se o indivíduo não cumprir as regras e preceitos estabelecidos, não será salvo, pois a ênfase recai sobre o que se deve evitar. Essa abordagem condiciona a salvação a um conjunto de normas.



Em contraste, a religião de Cristo, o Evangelho, aponta para o que   

 Cristo fez por nós. Vivemos a vida no Evangelho e em obediência, não por esforço próprio, mas por causa da nossa nova natureza em Cristo. Essa natureza nos impulsiona à obediência por amor, conscientes de que o pecado traz maldição e a vontade de Deus nos abençoa. Somos conscientes de que o pecado acarreta consequências devastadoras, enquanto a obediência nos conduz à proteção.

 Essa distinção é crucial, pois o homem regenerado possui discernimento bíblico a respeito dessas questões. Ele vive dependendo da graça e da misericórdia de Deus, e sua confiança na salvação reside no que Cristo fez por ele, e não em suas próprias ações.

 Portanto, é imprescindível considerarmos a lei perfeita da liberdade, pois ela proporciona um profundo deleite espiritual ao vivermos em consonância com a graça divina. Somos salvos pela graça, e não por nossos méritos ou deméritos. É fundamental compreender esta doutrina bíblica, que nos conduz ao verdadeiro Evangelho. A salvação não é conquistada, mas concedida pela misericórdia de Deus, que nos alcança. Confiamos integralmente no que Jesus Cristo realizou por nós no Calvário, onde Ele se entregou como cordeiro. Ali, a ira de Deus, que deveria recair sobre nós, foi direcionada a Jesus, cumprindo-se a justiça divina por meio da expiação realizada na cruz. Somos salvos pela obra de Cristo na cruz, e não pela observância de preceitos ou doutrinas humanas. A salvação é unicamente pela graça de Deus, mediante a fé inabalável em Jesus. Este é o significado da justificação pela fé: somos salvos pela obra perfeita e consumada de Cristo na cruz do Calvário. A salvação não depende de nossos esforços ou obras; a única condição é oferecermos nossa fé e confiança naquilo que Deus, em Cristo, realizou por nós na cruz.

 

C. J. Jacinto

 

0 comentários:

Postar um comentário