Um desafio contemporâneo significativo para a fé
cristã evangélica reside na superficialidade percebida na compreensão e prática
da crença por muitos que atualmente a professam.
Frequentemente, essa postura é
característica daqueles que não experimentaram a genuína transformação
espiritual, a regeneração. Em vez disso, podem ter migrado para uma nova
religião, adotado uma prática religiosa para tentar promover uma aceitação
social, ou sido influenciados por apelos emocionais, sem vivenciar uma
experiência profunda de renovação espiritual.
Jesus
abordou essa questão. Ele citou o Antigo Testamento, o profeta Isaías, capítulo
29, versículo 13. Contudo, sua indignação com a religião superficial é evidente
em Mateus, capítulo 15, versículos 8 e 9, onde Ele declara: "Este povo
honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim; em vão me adoram,
ensinando preceitos que são mandamentos de homens".
Em Hebreus, capítulo 11, versículo 4, o
apóstolo Paulo afirma que o sacrifício de Abel foi considerado superior ao de
Caim, razão pela qual foi aceito por Deus. Observamos, portanto, uma
comparação, aos olhos divinos, entre a fé de Abel e a de Caim. A prática
religiosa de Abel revelava profundidade espiritual, enquanto o oferecimento de
Caim demonstrava superficialidade.
Dessa forma, Judas, em sua epístola
universal, aborda a trajetória de Caim. Ali está escrito: "Ai deles! Pois
seguiram o caminho de Caim, lançaram-se ao erro por amor ao lucro, como Balaão,
e foram destruídos pela rebelião de Coré." Ao mencionar Caim, Balaão e
Coré, Judas se refere a indivíduos que se distinguiram por uma prática
religiosa distorcida.
De fato, a religião superficial pode ser
considerada uma forma inadequada de prática religiosa. Não se pode encobrir a
natureza humana com a mera observância de práticas religiosas superficiais,
buscando enganar os outros. É imperativo cultivar uma essência santa e
experimentar a genuína transformação espiritual. Acima de tudo, essa renovação
espiritual se manifesta por sinais que acompanham o indivíduo regenerado, tais
como o temor reverente a Deus, o desejo ávido pela palavra divina e uma vida
dedicada ao Evangelho. A experiência do novo nascimento implica,
intrinsecamente, essas características. São elas que evidenciam a regeneração
genuína, distinguindo-a de uma simples decisão motivada por emoções. Trata-se
da obra do Espírito Santo, que transforma o coração do indivíduo, conduzindo-o
a uma nova vida. Assim, para aquele que nasce de novo, que é regenerado,
inicia-se um processo contínuo de crescimento, cujo objetivo é alcançar a
maturidade espiritual, vivenciar o Evangelho, manter um relacionamento íntimo
com o Senhor, amar a palavra divina e viver integralmente o Evangelho em sua
profundidade.
Outro indício da regeneração é a
experiência de uma iluminação divina e sobrenatural, conforme descrito por
Jonathan Edwards, que é concedida àqueles que vivenciam o novo nascimento. Em
outras palavras, o cristão regenerado experimenta uma transformação em sua
sensibilidade, permitindo uma genuína compreensão da excelência divina revelada
na Palavra de Deus. Consequentemente, ele desenvolve uma profunda convicção da
veracidade e das realidades contidas nas Escrituras.
Outro indicativo da regeneração é a
experiência descrita por Jonathan Edwards como uma luz divina e sobrenatural,
concedida àqueles que experimentam o novo nascimento. Nesse sentido, o cristão
regenerado vivencia uma transformação em sua sensibilidade, permitindo-lhe
discernir a excelência divina revelada nas Escrituras. Consequentemente, ele
desenvolve uma profunda convicção da veracidade e das realidades contidas na
Palavra de Deus.
Outro indicativo da regeneração é a experiência de uma iluminação divina e sobrenatural, conforme descrito por Jonathan Edwards, vivenciada por aqueles que experimentaram o novo nascimento. O cristão regenerado tem sua capacidade de percepção transformada, permitindo-lhe compreender o valor intrínseco da divindade revelada na Palavra de Deus. Consequentemente, ele desenvolve uma profunda convicção da veracidade e das realidades contidas nas Escrituras.
Outra característica do homem
transformado é o apreço que demonstra pela prática da devoção. Ele se deleita
tanto nas orações individuais quanto nas coletivas, evidenciando sua dedicação.
A oração, assim como a leitura e o estudo das Escrituras, torna-se um elemento
essencial de sua vida. Trata-se de uma vida dedicada, devotada a Deus.
Consequentemente, ele se revela um homem devoto, que não mais se guia por seus
próprios desejos, mas se orienta pela direção do Espírito Santo, em vez de
seguir os valores do mundo. Ele nutre um genuíno interesse e preocupação em
cumprir a vontade de Deus. Zeloso em suas palavras, pensamentos e testemunho,
ele cultiva sua vida espiritual com afinco. Por experiência, ele reconhece o
valor infinito das coisas espirituais autênticas. Portanto, um homem sábio, em
suas decisões, sempre optará pelo que é valioso em detrimento do que é
superficial. Sua escolha constante será o que possui valor. Essa perspectiva se
reflete em diversas passagens bíblicas, como a que segue:
No Evangelho
de Lucas, capítulo 10, versículos 38 a 42, observa-se a interação entre Marta e
Maria. Cada uma demonstra uma postura distinta, mas um traço marcante na vida
de Marta se revela: ela se preocupava excessivamente com as tarefas domésticas,
a ponto de perder a atenção à presença de Jesus. Essa atitude assemelha-se à
superficialidade da religião que negligencia a compreensão profunda da
importância da obra e da pessoa de Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.
Contrastando com a atitude de Marta,
Maria, ao reconhecer a presença de Jesus, sentou-se aos seus pés,
contemplando-o, adorando-o e ouvindo seus ensinamentos. Ela demonstrou uma
clara percepção do que era essencial, fazendo a escolha acertada.
Assim, são apresentadas duas posturas
distintas: a da superficialidade religiosa, evidenciada na preocupação
excessiva de Marta com as atividades, e a do relacionamento profundo e íntimo
com Jesus, exemplificada na atitude de Maria.
Observamos em Marta uma postura que
demonstra, naquele momento, uma fé superficial. Ela se mostra alheia quando
buscamos recreação, e busca distração em momentos de solenidade, como durante
um culto religioso, uma pregação ou a exposição das Sagradas Escrituras,
enquanto nós mesmos nos comportamos de maneira dispersa. Isso sugere que nossa
espiritualidade é limitada. Não demonstramos interesse genuíno, nem a ânsia
pela Palavra de Deus, tampouco um compromisso sério com a adoração.
Consequentemente, nossos pensamentos vagueiam por outros assuntos. Embora nosso
corpo possa estar presente em um culto solene de adoração e na exposição da
Palavra de Deus, nossa mente e nosso coração podem estar completamente
desligados desse ambiente sagrado. Estamos distraídos. Nossa religião é
superficial.
Diante da superficialidade religiosa que
permeava o povo de Israel, caracterizada pela ausência de justiça social, o
profeta Amós confrontou essa prática. Sua pregação denunciava uma religião que
se limitava a rituais e crenças vazias, destituída de verdadeira essência. Em
Amós, capítulo 5, versículos 21 e 23, encontramos a declaração do Senhor:
"Aborreço, desprezo as vossas festas, e as vossas solenidades não me dão
nenhum prazer. Afasta de mim o estrépito dos teus cânticos, porque não ouvirei
as melodias das tuas liras."
Observa-se que a religião natural, em
certa medida, busca revestir-se de uma roupagem religiosa para dissimular a
condição original e decaída da natureza humana. O homem espiritual, contudo,
distingue-se por ter experimentado um novo nascimento. Além da regeneração, ele
é habitado pelo Espírito Santo, que o guia permanentemente e o orienta na
tomada de decisões e na prática de ações justas. É por essa razão que ele é
considerado espiritual, por ser conduzido pelo Espírito Santo.
Atualmente, testemunhamos um
comportamento, em alguns adeptos de igrejas contemporâneas, que se manifesta de
forma escandalosa, materialista e mundana. A maioria parece não ter passado
pelo processo da regeneração. Consequentemente, são homens naturais que se
valem da religião, utilizando a liturgia, as celebrações, as cerimônias e os
cânticos como ferramentas para encobrir a sua condição original, na esperança
de obter aceitação perante Deus e os semelhantes.
Um sinal muito evidente da superficialidade da fé está na postura de pregadores modernos e seus seguidores de evitarem a todo o custo falarem acerca do julgamento contra o pecado, o puritano Thomas Watson certa vez escreveu que “Homens culpados não amam ouvir sobre o dia do julgamento” Há uma tendência abominável em nossos dias em tentar justificar a pratica do pecado pelo “amor”, o que por trás deste intento herético é usar uma desculpa, usando o amor como um meio para encobrir as mais terríveis praticas de pecado. O apelo a emoção como um meio para justificar um cristianismo superficial é uma das armadilhas mais perigosas dos últimos tempos, e milhares de pessoas tornaram-se vitimas desse engano.
Todavia, Jesus Cristo foi enfático ao afirmar que aqueles que não nasceram de novo não podem entrar e portanto não podem contemplar o reino de Deus. A evidência primordial do novo nascimento reside no anseio de viver a fé genuína e de praticar a verdade conforme os ensinamentos bíblicos. Diante disso, a questão fundamental que se coloca é: você já experimentou o novo nascimento? Ou você está sendo arrastado por essa onda religiosa moderna de viver um cristianismo superficial e sem qualquer vestígio de vida interior movida pelo Espírito Santo e sem qualquer profundidade teológica doutrinaria, mas é simplesmente seduzido pelas emoções agradáveis, entretenimento e sustentado por uma agenda litúrgica semanal recheada de doutrinação motivacional, musica e diversão religiosa?

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