O CRISTIANISMO PROGRESSISTA E O CAMINHO DA APOSTASIA


 

CRISTIANISMO PROGRESSISTA E O CAMINHO DA APOSTASIA

 

C. J. Jacinto

 


 

 

O cristianismo progressista, um movimento que se tem infiltrado nas igrejas evangélicas contemporâneas, configura uma desconstrução teológica que acarreta perigos substanciais para a fé cristã. Este representa uma tentativa moderna de reinterpretar o Evangelho, buscando adequá-lo à cultura relativista e pós-moderna. Apesar de sua fachada bíblica, ele se revela como uma fé atualizada e pretensamente inclusiva, um falso evangelho (Galatas 1:8)

 Em sua manifestação prática, rejeita doutrinas cristãs fundamentais, bem como a autoridade e a inerrância das Escrituras, nos casos mais extremos, a divindade de Cristo, e, por conseguinte, minimiza a realidade e a gravidade do pecado. Suas influências e raízes remontam ao antigo movimento apóstata denominado liberalismo teológico, sendo agora reembalado em uma linguagem aparentemente cristianizada, com o intuito de seduzir indivíduos com uma fé superficial e propensos à apostasia.
 O cristianismo progressista, em sua manifestação contemporânea, freqüentemente se associa a agrupamentos políticos cujas ideologias se alinham a perspectivas por vezes percebidas como anticristãs. Ele exibe uma inclinação notável para absorver doutrinas que divergem substancialmente das doutrinas cristãs fundamentais estabelecidos e os valores morais judaico-cristãos e, em alguns aspectos, os contradizem abertamente, ainda que as apresente sob um invólucro lingüístico sedutor. Uma de suas marcas distintivas reside na representação de Jesus como um arquétipo moral e na proposta de uma reinterpretação do cristianismo como um vetor primordial para a transformação social. Caracteriza-se por uma postura anticapitalista e pela dedicação preponderante à resolução de problemas socioeconômicos, como a erradicação da pobreza e a promoção da equidade entre as classes sociais, além de abordar dilemas éticos. Apesar da aparente beleza, esta mensagem esconde um movimento perigoso, uma religião antropocêntrica em vez de teocêntrica. A graça, como revelada nas Escrituras, é minimizada. A mensagem da cruz é negligenciada, e a necessidade de arrependimento é ignorada. O Evangelho é reduzido a um sistema “moralista” secular, cujos princípios freqüentemente se baseiam em verdades parciais.  

 Essa abordagem, embora superficialmente atraente, caracteriza grande parte da doutrina do cristianismo progressista. Suas ideias carecem de fundamento bíblico e representam uma tendência de desvio das doutrinas autênticas do Evangelho. Para sustentar essa postura, recorre-se à distorção e à aplicação de uma nova hermenêutica nos textos sagrados, alterando seu significado original e reformulando conceitos cristãos para se adequar a seus próprios pontos de vista.

 Atualmente, observa-se a crescente influência de ideias progressistas em algumas igrejas evangélicas. Este movimento encontra suas origens e associações na Teologia da Libertação, que surgiu no contexto do catolicismo romano. Dada essa relação histórica, é pertinente adotar uma postura de cautela. A Teologia da Libertação, com foco predominante na ação social, tende a se afastar dos princípios fundamentais do evangelho bíblico, é ecumênico, tem inclinações propensas para o marxismo e enfraquece as doutrinas centrais da fé cristã histórica.
 No que concerne ao movimento em questão, a ênfase primordial não reside na sã doutrina ou nos ensinamentos bíblicos, mas sim na ação social. Observa-se, portanto, um desvio significativo do evangelho bíblico e do cristianismo tradicional, pois a nova abordagem religiosa prioriza as obras, especialmente as de cunho social. Sob essa ótica, a maneira como se crê e o conteúdo da fé tornam-se secundários, prevalecendo a prática do bem e a realização de boas obras, independentemente da motivação. A ação social, nesse contexto, parece desvinculada do sacrifício redentor de Jesus Cristo. Esse movimento humanista, travestido de roupagem cristã, desvia-se das doutrinas principais da fé cristã histórica e pretende ser uma religião alternativa sob a ótica de reinterpretação do evangelho por quem já se desviou dele.

 Outra característica proeminente do cristianismo progressista é a sua postura inclusiva. Embora o tema do amor seja freqüentemente evocado, o significado atribuído a ele é relativizado. Na prática, o amor assume uma importância desproporcional em detrimento da doutrina, especialmente das doutrinas bíblicas históricas, consideradas, por vezes, opressivas e intolerantes. Assim, o cristianismo progressista adota uma concepção de amor relativa e subjetiva, justificando, por conseguinte, a defesa de ideologias como a de gênero e outras práticas consideradas imorais, sob a alegação de que são expressões autênticas de amor.

 É imperativo, portanto, compreender que o amor defendido pelo movimento progressista não se assemelha ao amor bíblico. Há, nesse contexto, a apresentação de uma imagem distorcida de Jesus, um Jesus que tolera o pecado e enfatiza o amor em detrimento da justiça. A compaixão de Jesus é freqüentemente ressaltada, mas seu senhorio, sua justiça, seu poder e sua autoridade são negligenciados. É fundamental examinar as Escrituras, atentando para as palavras do apóstolo Paulo, como em Romanos 11:22, onde se evidencia a necessidade de considerar a bondade e a severidade de Deus e não apenas uma ênfase sobre amor. Adicionalmente, em Apocalipse 2:6 e 15, encontramos a clara declaração do Cristo sobre o seu repúdio à falsa doutrina. Esses ensinamentos, cruciais no Novo Testamento, são freqüentemente negligenciados e omitidos pelos pregadores no contexto do movimento cristão progressista.

 Gostaria de apresentar um ponto relevante: os defensores desse movimento progressista utilizam termos próprios que os distinguem, levando a considerá-los divergentes de certos princípios. Um desses termos, "não julguem", aparentemente descontextualizado de Mateus, capítulo 7, versículo 1, é freqüentemente empregado. Contudo, ao analisar o capítulo 7 integralmente, percebemos que Jesus instrui sobre a avaliação da identidade pelos frutos e suas respectivas arvores, frutos bons ou ruins. Além disso, nesse texto Jesus aborda a questão dos falsos profetas, fornecendo critérios para discernir entre os verdadeiros e os falsos pelos frutos que produzem.

 Ademais, conforme João, capítulo 7, versículo 24, Jesus nos orienta a julgar não pela aparência, mas com justiça. Considero que esse termo específico foi criado para isentar os líderes e adeptos do cristianismo progressista de críticas em relação a erros, desvios doutrinários e apostasia, evidenciados em suas práticas. Trata-se, a meu ver, de um movimento que contraria os princípios bíblicos fundamentais e segundo o rigor das Escrituras, deve ser evitado (Tito 3:10).

Contudo, observamos no Novo Testamento exemplos de julgamento realizado pelos cristãos, um julgamento justo e fundamentado na reta justiça. Jesus ensinou isso claramente em João 7:24 Paulo, por exemplo, censura os gálatas por pregarem um evangelho diferente e chama os corintos de carnais. João, em suas epístolas, adverte sobre aqueles que propagam o espírito do erro e negam a encarnação de Jesus Cristo, posicionando-se contra todos os gnósticos. Jesus chama os fariseus de víboras e João Batista também!

  As Escrituras defendem e ensinam o julgamento justo como um critério fundamental. Os cristãos irão julgar o mundo  (I Coríntios 6:2 e 3) Os cristãos devem possuir discernimento  e isso é uma necessidade para saber o que é falso e o que é verdadeiro. A igreja de Éfeso, por exemplo, aplicou critérios e identificou os falsos apóstolos que se infiltraram na congregação, eles foram expostos e achados mentirosos. (Apocalipse 2:2) Da mesma forma, utilizando os critérios bíblicos, é possível identificar aqueles que se alinham ao cristianismo progressista como detentores de posições questionáveis. Pois Paulo adverte sobre obreiros fraudulentos que precisam ser identificados e combatidos. (II Coríntios 11:13)

 Observa-se que o cristianismo progressista, em essência, se configura como uma filosofia humanista que se utiliza de termos cristãos para persuadir cristãos com conhecimento limitado das doutrinas fundamentais das Escrituras. Uma de suas características distintivas é a contestação da autoridade. Consideram toda autoridade, em especial a eclesiástica, como opressora, atacando-a com argumentos falaciosos. Utilizam exemplos negativos e abusos de poder, freqüentemente perpetrados por cristãos que se desviaram da fé, para justificar sua oposição à autoridade estabelecida. Desta forma, rejeitam a submissão à liderança, promovendo o individualismo e, por conseguinte, priorizando a dúvida em detrimento da certeza. Conseqüentemente, contestam as doutrinas centrais da fé cristã, promovendo um sistema de negação da fé histórica, em um processo de desconstrução, conforme será demonstrado  posteriormente. Exemplos serão apresentados ao final deste documento.
Ademais, observa-se outra grave divergência. Os indivíduos em questão praticamente negam a autoridade da Palavra de Deus e fazem abuso de eisegese (Falsa interpretação, forçando o texto a defender a idéia do herege e não o que o hagiógrafo queria dizer), negando sua inerrância e inspiração verbal. De fato, rejeitam partes das Escrituras e, de certa forma, adotam a antiga tese modernista de que a Bíblia contém a palavra de Deus, mas não é a Palavra de Deus. Para eles, não existe uma autoridade absoluta, como a de uma Bíblia inerrante ou inspirada como autoridade final, o que o homem faz particularmente do texto é o que conta e não o que o Espírito Santo quis dizer. Em certa medida, priorizam um Cristo mitológico, um personagem fictício feitos aos moldes para se encaixar as idéias mais subversivas de alguns,  em detrimento de um Cristo histórico, real, que é Senhor e Juiz, apresentado como Rei dos Reis e Senhor dos Senhores e dotado de suprema autoridade. Paralelamente, a divindade de Jesus Cristo é minimizada, sendo Ele apresentado apenas como um modelo moral, e não como objeto de adoração.

 Contudo, nossa compreensão difere. Sabemos, pela Palavra de Deus, que Jesus Cristo é Senhor e Salvador. Adicionalmente, nota-se uma ênfase na bondade humana, depositando esperança no potencial de transformação social do homem. Isso se manifesta em uma inclinação ao humanismo secular, podendo ser caracterizado como uma espécie de transumanismo teológico, no qual a responsabilidade pela transformação social, através de uma revolução, é atribuída ao homem nesse caso, ao cristão progressista. Este, então, assume o papel de salvador, não apenas de si mesmo, mas da sociedade e da humanidade.

 A divergência pode ser identificada com clareza. Jesus não veio para redimir os pecadores. A doutrina do inferno é, em grande medida, irrelevante ou até mesmo rejeitada e combatida. Contudo, nas Escrituras, constatamos que Jesus não veio para solucionar questões de justiça social. Ele veio para salvar a humanidade de seus pecados. (I Timóteo 1:15)

 A origem da problemática humana não reside na injustiça social. A injustiça social é, em verdade, uma conseqüência de um problema mais profundo: o pecado. Este, sim, deve ser revelado e combatido com veemência. Contudo, observamos que a corrente progressista, em sua abordagem, age de maneira diametralmente oposta. Através de um relativismo moral, busca-se instrumentalizar os efeitos do pecado, negligenciando a doutrina que o define e, em vez de combatê-lo, apóia-se ações consideradas pecaminosas pelas Escrituras. (I Coríntios 6:9 e 10, Gálatas 5:19 a 21, Efésios 5:3 a 5, I João 5:16 e 17, Romanos 6:23 II Tessalonicenses 1:8 e 9, Hebreus 10:26 a 31 I Coríntios 3:16 e 17, Tiago 2:10, Apocalipse 21:8)

 Conforme o relato bíblico, em Lucas 19:10, Jesus veio ao mundo com o propósito de salvar. Ele veio para salvar os pecadores, conforme também atesta 1 Timóteo 1:15. A Bíblia, e o Novo Testamento em particular, apresenta de forma clara a missão de Cristo: o Verbo se fez carne para morrer pelos pecados da humanidade. Esta é a essência do Evangelho. A responsabilidade da Igreja e do cristão, fundamentados na Bíblia, é pregar o arrependimento, denunciar o pecado e proclamar que Jesus Cristo é o Salvador. É proclamar que Jesus Cristo entregou sua vida pelos nossos pecados, e que, por meio da doutrina da cruz, podemos compreender que o sacrifício de Cristo é o meio pelo qual Deus justifica o pecador.

 É imperativo reconhecer e aceitar a natureza grave e abominável do pecado, a ponto da justiça divina exigir o sacrifício de Jesus Cristo como necessária para a salvação dos homens pecadores.

Os seguidores desse movimento, contudo, concentram-se quase que exclusivamente na questão social. Por conseguinte, a salvação, para eles, não é mais concebida como uma redenção eterna, mas sim como uma solução secular para os problemas do presente, sem considerações ulteriores. A ênfase na eternidade e na gravidade do pecado desapareceu. Contudo, ao lermos a Epístola aos Romanos, no capítulo 3, Paulo ensina que, por intermédio de um homem, o pecado adentrou o mundo e, por meio do pecado, a morte. Da mesma forma, a morte se estendeu a todos os homens, pois todos pecaram. A alma que pecar, essa morrerá, visto que o salário do pecado é a morte. E sabemos que essa morte, da qual Paulo fala, inclui a segunda morte, a morte eterna. A doutrina da gravidade da condenação eterna é proeminente nas Escrituras, mas é amplamente minimizada pelo movimento progressista. A salvação que a igreja deve pregar é a justiça social e o amor inclusivo.

 A reinterpretação das doutrinas cristãs tradicionais para acomodá-las aos valores da pós-modernidade representa uma grave falha, configurando um caminho que pode levar à apostasia intencional e deliberada com efeito espiritual devastador. Essa prática é característica do movimento progressista, cujo cerne reside no relativismo, na ausência de verdades absolutas. Conseqüentemente, as verdades fundamentais do cristianismo histórico são negadas e evitadas e pior é na mentalidade de seus adeptos, são passíveis de alteração, sujeitas à conveniência dos defensores desse movimento progressista. O relativismo, portanto, prevalece e exerce domínio. Em sua concepção e pensamento, esse movimento pode empregar argumentos falaciosos para rejeitar as doutrinas centrais do cristianismo histórico, desconstruindo-o em grande parte, a fim de propor um novo sistema de crenças que se harmonize com as inclinações morais da época atual cheia de iniqüidade e decadência moral.

 Diversos representantes internacionais do movimento cristão progressista, como Marcus Borg e John Shelby Spong, manifestaram abertamente o apoio ao pluralismo religioso, defendendo uma revisão das crenças cristãs e uma interpretação mais simbólica das Escrituras. Eles questionaram dogmas centrais da fé cristã, incluindo o nascimento virginal de Cristo, a rejeitaram um Deus pessoal,  negaram da inspiração divina das Escrituras e a doutrina da redenção através do sacrifício de Jesus Cristo. Essa postura, caracterizada pela desconstrução do cristianismo, é uma tendência distintiva de proeminentes figuras do cristianismo progressista. Conseqüentemente, observa-se um processo de declínio espiritual que pode ser interpretado como uma forma de apostasia deliberada, uma queda para um abismo espiritual.

 Suas relações políticas demonstram alinhamento com políticos e partidos de orientação esquerdista, os quais defendem a legalização do aborto, a apologia e descriminalização do uso de drogas, a disseminação da ideologia de gênero e outras tendências consideradas dissonantes com valores tradicionais da fé cristã.

No Brasil, um proeminente representante do cristianismo progressista, em um vídeo de pregação, interpretou o texto de João 4 sobre Jesus e a mulher samaritana.  Ele sugeriu que a "água viva" oferecida por Jesus seria, o seu sêmen, que Cristo ofereceu a mulher samaritana. Uma blasfêmia descarada, sem mais comentários... 

Em uma entrevista concedida a um comediante, outro representante afirmou que o incenso utilizado no santuário no Antigo Testamento continha maconha. Segundo sua interpretação, essa substância caracterizava os cultos da época, gerando uma fumaça que preenchia o templo e transformava o ritual supostamente em uma experiência extrovertida, na qual os sacerdotes seriam influenciados pelos efeitos da maconha. Essa relativização do sagrado é uma marca que mais cedo o mais tarde acaba emergindo das idéias dos defensores do progressismo cristão.

 Em 2 Pedro 3, a Escritura adverte sobre os últimos tempos, nos quais surgirão indivíduos que deturparão a verdade, seguindo suas próprias paixões. Esta passagem menciona pessoas inconstantes que distorcem as Escrituras para sua própria destruição. Essa mesma ideia é encontrada em 2 Pedro 3:16. Paulo, em 1 Timóteo 1:19, também se refere àqueles que naufragam na fé. Essa atitude pode ser identificada em certos movimentos religiosos que se afastam dos ensinamentos tradicionais. Tais grupos são formados por pessoas que agem conforme seus desejos, sendo inconstantes e desvirtuando as Escrituras para proveito próprio. Aqueles com uma fé superficial acabam sendo influenciados por essas ações.

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Uma versão imprimível em formato PDF desse artigo, desenvolvido e formatado como lição para escola bíblica ou escola dominical poder baixada gratuitamente aqui:

https://drive.google.com/file/d/1vnANdkpeb5_eYK1zywvoB2if67J_wGzP/view?usp=sharing

 

Fontes pesquisadas:

 

https://lionandlambapologetics.org/research/aberrations-of-orthodoxy/progressive-christianity-2/






https://juicyecumenism.com/2021/09/14/john-shelby-spong/

https://creation.com/whats-wrong-with-bishop-spong

https://christiancourier.com/articles/john-shelby-spong-anglican-nightmare

 

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