QUESTÕES CRUCIAIS SOBRE DEUS



QUESTÕES CRUCIAIS SOBRE DEUS

“O problema da dor é decerto o maior e o mais grave dos que se apresentam ao homem. Quem não vencer a dor não vencerá a vida. Compreende-la é compreender a vida. Ora, só por meio da revelação divina podemos conhecer a origem, o sentido e a finalidade da dor, pois nem a ciência nem a experiência de vida bastam para explicá-la” (Richard Graf em : O Cristão e a Dor. Pagina 5.

Primeiro: Deus não é o autor do mal. É um dilema, envolve a difícil questão da teodiceia, mas Deus não é o autor do mal. Está claro que em Deus não há anomalia alguma, pois é perfeitamente santo “Deus é a verdade, não há nele injustiça, justo e reto é” (Deuteronômio 32:4) Devemos buscar repostas sobre o mal em outra direção, mas nunca devemos trilhar um caminho que por fim coloque sobre DEUS a responsabilidade do mal sobre esse mundo. Sei o quanto é  teologicamente e filosoficamente difícil lidar sobre esse assunto, porém está claro que “O Senhor é reto, e nele não há injustiça”(Salmos 92:15) Portanto não pode ser atribuído a Deus a responsabilidade da existência do mal. vamos fazer essa distinção necessária (Ezequiel 22:26) ora, sabemos que ele é poderoso e santo (Lucas 1:49) Em sua natureza, Deus é um ser perfeito, é espírito, e Deus como espírito encerra em Si a forma mais perfeita de um ser, é também perfeito em santidade e retidão(João 4:24 I Pedro 1;16) Sendo Deus santo, esse atributo o isenta de qualquer responsabilidade pelo mal, de outra forma seria uma contradição, pois a santidade inerente significa um afastamento completo de qualquer forma de malignidade. Aqui está uma doutrina fundamental, sem conjecturas, sem qualquer duvida. A perfeição de Deus o isenta de qualquer responsabilidade com relação ao mal.
Segundo: A origem do mal. O mal é derivado e conseqüência, vamos começar pela seqüência; seguindo a revelação progressiva, o primeiro a apresentar a natureza da malignidade foi o diabo, isso está claro quando estudamos Genesis 3 com passagens como Apocalipse 12;9. Porem devemos ir adiante, a natureza perfeita de Deus fez com que o mal fosse uma conseqüência de uma escolha fora dEle. Não creio que o ser pecador seja autônomo e tenha um livre arbítrio, de outra forma, a libertação pelo conhecimento da verdade seja desnecessária (João 8:32) todo o pecador é escravo (Efésios 2:2 com Romanos 6:20 etc.) Mas aqui é outro assunto. O mal tem um poder de contaminação seguido de uma conseqüência desastrosa sobre o tempo e a criação. (Romanos 8:22) Porém a partir do momento em que seres foram criados em um estado de pureza, foram dotados pelas bênçãos de volição e responsabilidade, isso deu ao Criador o mérito de ser justo e não criar seres debaixo de uma escravidão imposta por uma obrigação da Sua vontade, pois de outra forma, isso criaria autômatos subjugados por uma ditadura divina sem discernimento profundo sobre questões de âmbitos espirituais e eternos, por favor, eu tenho essa percepção particular meditando sobre a complexidade do assunto nas Escrituras, não sei porque as coisas tiveram que ser assim, mas essa era a única maneira de Deus permanecer Santo e Justo na sua eterna imutabilidade. Clamo com Paulo: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! quão insondáveis são seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos!”(Romanos 11:33) Então sei que o terreno é muito santo, devo seguir descalço, deixar as sandálias de minha arrogância e orgulho. Sendo esse o sentido da existência da criação, a escolha dos seres na sua pureza de essência lhe deram por atribuição divina o direito da escolha seguida de responsabilidade pessoal, e isso ocorreu tanto com relação ao diabo como com relação a Adão e Eva, seguiu á eles o direito da escolha, a volição dada por Deus, como uma grande benção de servi-lo com amor, gratidão e devoção, porém, numa circunstancia objetiva de que isso também lhes daria a responsabilidade seguida de terrível conseqüência caso tomassem desse direito para fins egoístas e tomassem o rumo errado.(I João 3:8) Tanto na questão de demônios quanto com relação aos primeiros homens, foi dado o direito da escolha como benção em estado de pureza, seguido da consciência das terríveis conseqüências das escolhas erradas, seriam responsáveis e sofreriam as conseqüências por isso! Não pode ser atribuído a Deus nem o pecado e nem a conseqüência do pecado, assim como não pode ser atribuído a quem inventou o carro, a responsabilidade de todos os acidentes por imprudência, todavia há um mérito para quem desenvolveu a ambulância que salvou tantas vidas, Não devemos atribuir a Deus a responsabilidade da existência do mal, porque Ele foi o mais justo possível com relação as suas criaturas. A responsabilidade é da criatura, a queda tantos dos espíritos quanto da humanidade, foi de natureza responsável dentro do coração deles e nunca um projeto divino.(Genesis 1:10 I João  3:8 )Deus poderia ter evitado essa catástrofe? Sim, mas uma vez que a Sua justiça é a direção da Sua ação e Sua santidade a luz que alumia a sua justiça, ele permitiu que as coisas seguissem esse rumo, sem, contudo abandonar a criação, mas lidando com o problema do Seu jeito no âmbito do espaço e do tempo que integra a sua natureza benévola e santa.Romanos 11:28 e Efésios 1:10) Nosso modo de ver as coisas é temporal e breve, a perspectiva divina é outra, engloba toda a eternidade, então por favor,nós olhamos as coisas com escala extremamente diminuta, mas Deus tem uma visão cósmica, atômica, atemporal, ultrapassa todas as perspectivas da nossa supérflua compreensão do universo e do tempo.

Terceiro. Deus é soberano, e nada está fora do controle da sua soberania. Todavia, ainda assim, a difícil questão da compatibilidade da existência de um Deus bom e a existencial do mal e do sofrimento ainda é um tema espinhoso. Porém: “Quem é sábio observará essas coisas, e eles compreenderão as benignidades do Senhor” (Salmos107:23). Mais uma vez, segue a revelação das Escrituras a restauração de acordo com os planos do Criador. O universo está debaixo da maldição do pecado, mas a soberania de Deus está acima do universo. A perpetuação temporária do sofrimento como condição existencial da criação é uma conseqüência, estamos lidando com isso agora, porque o âmbito existencial está dentro desse universo que geme “Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora” (Romanos 8:22) Mas Deus não abandonou a sua criação (João 1:1 Mateus 1:23) Porque Deus não erradica definitivamente todo o sofrimento do mundo? o universo está funcionando de modo como saiu da vontade de Deus, no seu todo a humanidade ainda é um composto de seres na sua grande maioria de pecadores, agentes que ainda semeia a rebelião, por isso a colheita universal do pecado é irreversível dentro da santidade divina. Veja que, Deus toma medidas dramáticas para remediar a situação, Jesus precisa se encarnar para sofrer a maldição e efetuar eterna redenção (Gálatas 3:13) e nesse processo, segue a restauração de todas as coisas por um batismo cósmico de fogo purificador sobre a matéria criada (II Pedro 3:10 a 12) então Deus está trabalhando do jeito justo e correto, não pode errar por proceder assim, nós erramos porque somos falíveis no juízo e no julgamento, porém Ele não erra do modo como age para resolver o problema do mal e da queda. Acredito piamente nessas coisas, conta-se que durante a segunda guerra mundial, alguém saiu aterrorizado das trevas de um campo de concentração nazista, presenciou os mais terríveis sofrimentos e então fez a pergunta: “Onde estava Deus quando tudo estava acontecendo lá?” Deus estava onde realmente devia estar: no Seu trono Soberano. Os campos de concentrações nazistas, Treblinka, Auschwitz etc., eram coisas humanas, de homens para homens, cada um deles dará conta no dia do juízo, pagarão por seus atos e sofrerão as conseqüências por seus pecados.
Desejo fazer um adendo ao tema aqui abordado, pois que, uma vez entendemos ser Deus Santo e não é o autor do mal, também precisamos abordar a questão do sofrimento. Sendo esse ultimo a conseqüências direta do pecado. E isso é lógico por duas razões, a primeira é que não havia dor dentro da condição humana antes da queda, nenhum tipo de experiência de dor sofria o homem antes de cair. Mas o sofrimento já existia, pois a existência do diabo e seus anjos antecede a queda. No Eden, o diabo já entra em cena como maligno, assim ele é descrito posteriormente, pois Caim vai ser identificado como do maligno, e essa é uma expressão que representa ser Caim do diabo, Jesus ensinou que o fogo eterno foi criado para o diabo e seus anjos (Mateus 25:41) isso implica penalidade, de alguma forma, há sofrimento que envolve espíritos imundos, de alguma forma eles buscam um repouso ou alivio (Mateus 12:43) e parecem que esses seres desencarnados encontram esse alivio em lugares desertos ou em corpos, de qualquer forma, é nos dito pouco sobre esse assunto nas Escrituras. Mas uma vez que a queda e o pecado trazem como conseqüência o tormento, sofrimentos e dores, seres espirituais sofrem os tormentos conseqüentes da queda, na sua própria esfera existencial. Pois a bíblia é clara em relatar que há tormentos na dimensão invisível o mundo dos espíritos caídos. Mas quero lembrar aqui que sofrer não é pecar, a dor torna-se um dispositivo de ajuda para a vida, e pela dor Deus abriu o caminho da redenção. Nosso mar vermelho é o sofrimento intenso que a humanidade labora nas ânsias existenciais desde o principio do mundo, e então o Verbo se fez carne, na plenitude dos tempos (Gálatas 4:4) ao invés de Deus tirar o sofrimento dos homens, ele se faz homem e sofre com os homens. E por essa via das chagas mortais, ele caminhou o Calvário de todos os homens, penetrou na dor humana, sorve o cálice da amargura dos homens, entra na dimensão da queda, envolve-se com os pecadores, pisa no chão lamacento de todas as iniqüidades, enfrenta a tortura da cruz, derrama sua vida pelo próprio sangue imaculado e redime muitos pecadores através de uma obra consumada e perfeita, assim Deus em Cristo sofreu com os homens, e fez da nossa desgraça o próprio pão, chorou as nossas dores, enfrentou nossas tentações, morreu com a nossa morte, gemeu com nossas chagas e sofreu o desamparo, como nós gritamos no noturno de nossas misérias, quando passamos pelo vale da sombra da morte e das dores, olhando para um lado e outro sem compreender a situação, como Cristo na cruz gritou a mesma dor em forma de perguntas existenciais profundas que emanam das dores mais terríveis: “Deus meu Deus meu, porque me desamparastes?” (Mateus 27:46) e assim, da miséria da cruz, morte que espantalho súbito demanda todas as misérias, num eco profundo que traz as trevas sobre todo o mundo, viagem até o centro do frio de todas as mortalhas, jaz três dias o Verbo Divino e ao terceiro dia ressuscita. Queremos reimaginar toda essa sabedoria divina? não há recôndito profundo na mente de um filosofo que possa lapidar o peso dessa glória redentora, ali tudo isso remete a loucura, mas Deus se fez homem, tabernaculou entre os mortais pecadores, e usou o sofrimento necessário para lapidar a mais valiosa jóia da coroa do Deus Todo Poderoso: a jóia da misericórdia, e por ela vem a redenção e pela redenção, todo aquele que nele crê tem a vida eterna. Amem.



CLAVIO J. JACINTO

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