“Portanto vede
prudentemente como andais, não como néscios mas como sábios, remindo o tempo,
porquanto os dias são maus” (Efesios 5:16) Em tempos difíceis, é necessário que
se faça bom uso de nossas faculdades espirituais. A chamada a prudência é uma
santa convocação ao ato sagrado de discernir o tempo, viver o evangelho é viver
sob a luz da sabedoria divina, o homem de Deus deve tomar os devidos cuidados
nesse final de tempos, pois os dias são confusos. As Escrituras nos falam sobre
a condição espiritual de pessoas sem capacidade de discernir entre a mão
esquerda e direita (Jonas 4:11) mas o homem regenerado deve ter a capacidade de
discernir entre o santo e profano, entre o puro e o impuro (Ezequiel 44:23). Se
o dileto leitor, como um cristão sensato, acredita que estamos vivendo no fim
dos tempos, precisa também estar atento aos alertas que envolvem esses dias. é
praticamente impossível do ponto de vista do Novo Testamento, crer numa
escatologia divorciada do fato de que eles serão caracterizados por um
aparecimento universal de falsos profetas, apostasia e doutrina de demônios.
Muitas vezes a ênfase é dada sobre os conflitos de ordem cósmica, a decadência moral
do mundo secular, porém esse critério é diminuído ou praticamente extinto,
quando se olha para dentro da cristandade. De qualquer forma, é difícil falar
sobre isso, sem, contudo, não acusar a liderança pelo silencio e menos ainda as
livrarias cristãs por disseminarem e financiarem os falsos profetas. É óbvio
que as Escrituras nos capacitam com grande eficácia a discernir as coisas mais
profundas e até aquelas que parecem ser invisíveis em condições normais (Hebreus
4:12) mas uma vez que os tempos finais apontam para o surgimento de falsos
profetas, então parte de nosso tempo deveria ser para desenvolver o uso
continuo dos cuidados necessários para detectá-los e denunciá-los. Suas
heresias deveriam ser denunciadas e combatidas, nossa posição deveria ser firme
e constante contra tudo o que se opõe a Cristo e seus ensinos.
Sabemos que só o homem
espiritual pode discernir as coisas como de fato elas são (I Coríntios 2:15)
enquanto que o homem ímpio detém a verdade em injustiça (Romanos 1:18) a linha
divisória de um remanescente e um apostata está na questão da fidelidade, enquanto
que o remanescente está disposto a sofrer a solidão e a discriminação em tempos
de apostasia, o apostata é relativo com relação verdade, está convicto que um
pluralismo ecumênico deve prevalecer e que o amor é mais importante do que a
doutrina. A ênfase, portanto recai na cruz como um caso de amor de uma
divindade apaixonada por pecadores ao invés de revelar a gravidade maldita da
natureza do pecado. O homem espiritual sabe discernir esses fatores que
determinam onde permanece a realidade das coisas espirituais e onde prevalece a
ilusão e o engano religioso. Todo o apostata diminui a ênfase da cruz e a importância
da gravidade da resposta divina contra o pecado humano reduz a importância da
redenção pelo sangue de Cristo, diminui o valor da obra consumada e perfeita de
Cristo e aumenta o valor dos méritos pessoais com relação a justificação da própria
alma. Discernimento é enxergar a divisão entre a verdade e a mentira, assim
como o Senhor estabelece as normas de distinção desde o começo (Genesis 1:5) O
homem regenerado estará apto a manter a distinção entre fatos espirituais e
ficção religiosa.
Em Genesis 4 lemos a
historia de Caim e Abel. Aqui temos uma descrição clássica de dois homens
dentro do âmbito espiritual e religioso, ambos tinham altares e uma crença monoteísta,
ambos tinham crenças estabelecidas e uma proximidade de convicções, a diferença
não estava no altar, mas na oferta que colocaram sobre o altar. Abel era espiritual Caim não. Dentro dos
padrões bíblicos e na dinâmica espiritual genuína, Abel tinha uma percepção correta
da forma como deveria ser apresentado o sacrifício, e também estava debaixo da
graça do martírio. A breve historia de
Abel, nos remete contra o êxito humanista, j00á que do ponto de vista
terreno e materialista, a perda da vida foi um prejuízo incalculável, seu sacrifício
verdadeiro selou a própria vida como o primeiro mártir da fé, Caim foi exilado,
viveu muitos anos, teve grande êxito material, dois caminhos opostos que
derrubam todo o conceito moderno do significado de uma vida abençoada. Porque nos
padrões emergentes da igreja pós-moderna, Caim recebeu muito mais benefícios terrenos
do que Abel, e então, ele seria mais abençoado e mais bem aventurado, porque
foi conquistador, fundador de uma civilização, manteve o status que o mundo
exige para uma pessoa ser feliz e alcançar completitude existencial, enquanto
que Caim prosperava na terra, o corpo de Abel inaugurava o primeiro cemitério e
jazia numa sepultura. Você consegue perceber isso? A fidelidade nem sempre é o
caminho da felicidade e do êxito terreno, o prefacio da vida piedosa de Abel, o
sangue dele 00é um aviso, uma advertência de que a via sacra da fidelidade ao
evangelho não é um caminho confortável cheio de vantagens terrenas. Nisso
consiste o exercício do discernimento, que as coisas devem ser vistas tal como
a Bíblia apresenta, e de certa forma, esse é um caminho milenar, pois neles
caminharam todos os santos do Antigo e do Novo Testamento, e a historia da
igreja está repleta de homens fieis que foram conduzidos pelo caminho de Abel.
Porém vale lembrar que uma multidão incontável de religiosos traça o perfil de
Caim como um modelo de êxito espiritual, de certa forma o fazem do jeito mais
oculto possível, mas essa é uma realidade, se trazermos a hist00ória para a experiência
moderna, que testemunho poderia ser arrancado de Abel, se ele não recebeu um “livramento”
tendo em vista que muitos apóstatas olham para a morte como o monstro a ser
evitado e não como uma via de descanso no Senhor, é inegável o fato de que a
igreja moderna daria bons aplausos ao êxito de Caim, ele teria sinais evidentes
de ser um homem “abençoado”, pois alcançou grande êxito, seu “dizimo” seria
muito atrativo, sua vida de progresso terreno seria um bom atrativo, um modelo
de vida de sucesso. Mas mesmo apresentado todos os sinais consideráveis de um
homem abençoado aos moldes de certas teologias modernas, a verdade é que Caim
era do maligno (I João 3:12)
CLAVIO J. JACINTO
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