A Consciência Dual e a Percepção do Belo



A Consciência Dual e a Percepção do Belo

Eu li o magnífico livro de Robert Here; “Sem Consciência”, de fato a consciência é um mecanismo mental misterioso, complexo, jamais pode ser tratado como um punhado de reações químicas na massa encefálica. Essa secularização cientifica da consciência é perigosa. Tratar da ética, dos mecanismos da moral e da percepção humana como meros produtos de reações químicas é um caminho aberto para o relativismo e uma abertura para a dessacralização completa do universo, é o fim da civilização, se esse conceito perdurar e se estabelecer, o homem encontrou a formula filosófica definitiva para a autodestruição. A consciência é complexa, um verdadeiro milagre da vida. Como desejo fazer uma abordagem mais definida, considero a consciência como a luz da mente, é necessário que se tenha consciência para se ter percepção e cognição. Assim esse mecanismo mental é o meio pelo qual podemos perceber as coisas de modo equilibrado. Há dentro de nós a possibilidade incrível de perceber as coisas a nossa volta, calcular, imaginar, inventar, refletir, memorizar, transcender de dentro de nós para fora, para um mundo cheio de espetáculos de cores, belezas, imagens e formas. Assim temos percepção de um mundo tridimensional, onde nossa mente percebe e interage. Isso é maravilhoso! Mas a consciência não é só o meio pelo qual temos o discernimento do cosmos, bem como suas macroestruturas quanto suas microestruturas. Também é um meio pelo qual temos discernimentos dos valores, como escreveu Hugo de Azevedo no livreto: “O Caso Valter”: A consciência não é senão o exercício inevitável da inteligência a respeito do mal e do bem”

A consciência é um fenômeno mental universal, todas as civilizações experimental isso, a capacidade de discernir valores universais envolve o nosso intelecto, assim nasce o senso moral que produz retração ou compulsão. Trata-se de algo interno, não é mera conseqüência de reações químicas. Porque é irrefutável o fato de que se emancipa e se torna independente do autor. Por exemplo o poeta escreve poemas, mas a poesia se internaliza. O poeta morre, mas a poesia continua viva. Você pode perceber que Dante morreu, mas a Divina Comédia continua perceptível aos leitores contemporâneos, a imaginação de Dante criou a arte mais ela se eterniza no tempo, essa é a parte perpétua de algo que saiu da consciência. Outro exemplo, vou citar Tolkien ou Kafka, eles escreveram meta-estorias, Imaginaram um mundo dentro da mente e então transportaram a idéia para fora de si, e escreveram livros surpreendentes. Vamos usar outro escritor: Albert Camus, em “A Queda”  “O Estrangeiro” ou “A Peste” Camus aborda o problema da ética humana na sua forma mais subversiva, mas ele transferiu para fora de si mesmo os conceitos reais do problema humano, ainda que seja referência como escritor secular, na verdade, Camus toca com muita profundidade naquilo que as Escrituras apontam para a versatilidade maligna de um homem adâmico, por isso, nunca encontrei problema com a filosofia de Camus, ele estava olhando para a vida pelo ângulo de onde estava: o vale da sombra da morte. A consciência É esse fator essencial por onde olhamos o mundo a nossa volta, é o mundo psíquico conectado com todas as coisas a nossa volta, por ela entramos no sistema moral, desenvolvemos a cognição, desabrocham inspirações, é de uma complexidade enorme, pois abrange a comunicação, a emoção, senso critico, discernimento etc.  Isso jamais pode ser obra do acaso, jamais pode ser relacionado unicamente a reações químicas no cérebro, os meios são apenas parte do fenômeno, é uma tolice você ler monumentos literários como “1984” de George Orwell ou “o Peregrino” de John Bunyan e concluir que esses livros foram o resultado de meras reações químicas no cérebro de seus autores. Esse reducionismo é um absurdo sem tamanho.  Estamos lidando com coisas elevadas, transcendentes em si mesmas, por exemplo, como podemos nortear princípios éticos, tais como as virtudes cardeais e teologias, Josef Pieper assim enumera, as virtudes cardeais: Prudência, justiça, fortaleza e temperança. As teologais: Fé, esperança e amor. Esses valores transcendem a matéria, é uma ascensão da matéria ao espírito. Por isso mesmo, homens de inteligência elevada, como Blaise Pascal, concluíram que o pensamento é a grandeza do homem. George Hegel, em uma base epistemológica concluiu que a consciência possui níveis, ele identificou pelo menos três, a religiosa, a intuitiva e a racional. Assim, os processos psíquicos transcendem a muito qualquer tipo de reações químicas no cérebro, há o lado transcendental que se exterioriza em pensamentos, imaginações, emoções, memórias, conhecimento, volição, percepções, inspirações, raciocínio. Muito mais do que apenas uma massa biológica, há também o processo do arquivo do conhecimento chamado memória, processos mentais que se relacionam com a realidade presente e arquivam o passado e as informações. Todo esse conjunto maravilhoso de fenômenos nos capacita a vivenciar lembranças e relacionar-se com a realidade tridimensional exterior, ter percepção do tempo e da matéria, das cores, além de outros fenômenos que nos possibilitam viver num mundo exterior criado de forma completa para termos experiências profundas de vida e existência. Essas conexões são os fios que tecem a nossa experiência cognitiva, metafísica, inspiracional e motivacional, a vida é um milagre, o universo também é, e isso pode ser percebido de forma muito sublime, e são evidências óbvias de que a criação no seu todo transmite um sinal da existência de um Criador, e essas evidências são para que eles, os materialistas fiquem inescusáveis.

CLAVIO J. JACINTO



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