Em Santa Humildade



Eu tenho um caminho pela senda da cruz
A via que elimina os anseios de um velho homem
Os espinhos também florescem depois da morte
A esperança que ressuscita depois da consumação

E eu pobre que em desgraça tanto chorava
Na miséria da escravidão de meus terríveis pecados
Coração acorrentado sujeito a vis paixões
Precisava dentro dessas angustias, a libertação

Então vi ao longe aquele Calvário de dores
Nos fardos abomináveis cheio de meus dissabores
Lugar de ceifa amarga de punhais cortantes
Que sugou a vida de quem ficou em meu lugar

Desço nesses degraus até o santo monte desses "ais"
De mãos vazias, castiçais apagados e vergonha nua
Por entre o rosto minhas mãos sujas de falsas obras
Contemplando trêmulo o Cordeiro da substituição

Vazio está esse meu coração todo baldio
Mendigo frágil nos farrapos de minha pobre religião
Precisando de amparo, fui caindo até o ó da humilhação
Pois na cruz encontrei um Caminho de refúgio

Deixando todos os tumulos de sacrificios vãos
Recorro a fonte de vida que de lá emana
E como um pobre e miserável mendigo vou bebendo
Até meu coração todo ser purificado por dentro

Prostrado em santa humildade, contemplo
E no silêncio depois das dores que o cosmos de cala
Erguendo-me depois de receber o santo consolo
Carregando na voz grata toda a gratidão pelo perdão.

Prossigo erguendo a face perante o infinito
De joelhos a alma se preza a mais chorar
Não porque está sofrendo nas gotas amargas e frias
Mas as lágrimas consoladoras de santa alegria.

Clavio J. Jacinto

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