MAGIA EVANGELICA?



MAGIA EVANGELICA?




Autor: PR VALDEIR DE SOUZA CONTAIFER

A palavra “magia” tem sua origem na língua persa (“magu”) com o sentido primário de “sacerdote”, “mágico”. O grego pediu emprestado do persa e produziu a expressão “arte mágica” (“magikê tékne”), que no latim é “magicars”. Também é do latim o termo correlato “sors” que significa “sorte” (que é a raiz por trás do termo “feitiçaria”). Magia é a capacidade de manipular poderes sobrenaturais para obter resultados pré-determinados na sorte de alguém (para o bem ou para o mal, para si ou para outrem, para individualidades ou para coletividades). Essa é a pretensão do termo. Pensa-se que a existência de realidades sobrenaturais invisíveis (anjos, demônios, deuses, energias) pressupõem influências benéficas ou prejudiciais ao mundo material.
Tais realidades seriam forças e poderes que obedecem a determinadas leis fixas do universo que, se descobertas e utilizadas corretamente, poderiam modificar a estrutura ou o estado de coisas em nosso cotidiano. A Bíblia sempre rejeitou o envolvimento dos fiéis a Deus com  práticas mágicas, chegando a proibir enfaticamente a magia em todos os seus âmbitos. Nos dias atuais  vemos a prática da magia ressurgida em nossa sociedade moderna (ou pós-moderna). Basta ligarmos a televisão em determinados
horários para sermos surpreendidos com anúncios de magos, astrólogos, videntes, numerólogos, cartomantes, esotéricos de vários segmentos. O que se propõe é simples: aprenda o número certo, o encantamento correto, o anjo necessário, o momento adequado para que sua vida alcance o sucesso.
Mude sua sorte para melhor. Saiba destravar os caminhos para prosseguir. Quebre a maldição do fracasso e viva melhor. Conheça seu futuro! Porém, sabemos que só Deus é Soberano. Não podemos lidar diretamente com as “forças ocultas”. Precisamos nos submeter a Deus e em humildade lançarmos sobre Ele as nossas ansiedades, porque Ele tem cuidado de nós.
Tal avalanche de informações esotéricas, de ritos positivistas, de fórmulas para o sucesso e da busca de manipulação direta do poder divino não poderia ficar sem eco no meio religioso mais ortodoxo.
Por isso verifica-se até na esfera evangélica a influência deste grande
movimento emocional em busca do sucesso.
Entre os evangélicos ficou popular o texto de Efésios que diz “nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra principados e potestades espirituais nas regiões dos ares”. Nesta base alguns irmãos
têm preferido um confronto direto com o inimigo espiritual. A exegese desse texto não nos aponta a luta invisível. Em nenhum momento da Bíblia os crentes são instruídos a guerrear no invisível, no sobrenatural
(apesar de que esta noção tem sido largamente difundida nas igrejas). Não é esse o interesse da Bíblia em nos treinar.
Nossa luta é diferente. Não ignoramos os ardis de Satanás, mas pregamos o evangelho a vidas humanas, intercedemos pelas pessoas por quem Jesus morreu. Quando prego o Evangelho estou destruindo os sofismas malignos na mente do ser humano, e quando alguém aceita
Jesus a “bagagem” do mal se retira dele. O coração é quebrantado e a paz de Cristo opera fluentemente. O crente que ama e testemunha aos seus na virtude do Espírito Santo vê o estado de coisas mudar ao seu redor. Sua família fica alegre, há unidade no lar. À medida que outros se convertem e também se tornam cristãos autênticos ajudam na prosperidade do lar. Se alguém está endemoninhado e precisa de sua oração, clame pelo nome de Jesus e liberte a vida do mal! Esta autoridade está em Cristo. Mas o que vemos? Ao invés de ir às pessoas e pregar para elas e testemunhar de uma vida transformada em Cristo Jesus, orar uns pelos outros no temor do Senhor, o que fazem alguns irmãos? Querem cercar a cidade com caminhadas ao seu redor, com orações não pelas (ou com) as pessoas que precisam ser tratadas, mas ao “vento”, aos “céus”, procurando atingir as potestades invisíveis. Não
aos espíritos que estão na vida de alguém que precisa ser liberto, mas
aos pretensos “príncipes” do ar.
Agindo assim utilizo elemento material para mudar a sorte do lugar.
Não estou assim lidando com o oculto, diretamente lhe falando, dirigindo-lhe ordens e procurando assim manipular sua influência nas
vidas? Tiro um príncipe aqui, coloco um anjo lá, determino assim, assim, declaro tal e tal, trago a existência algo que não está existindo, ou é latência, ou potência, ou mesmo está em outra dimensão! Tudo isto não é prática bíblica. Será que não estou trazendo para o meio evangélico, nesta onda de “nova era”, elementos e práticas estranhas ao contexto cristão?
A magia é chamada negra quando envolve claramente espíritos demoníacos e tem a finalidade de fazer o mal. Quando se usa orações
e textos sagrados (até bíblicos!) com o fim de bons resultados (coisas
moralmente corretas) diz-se que a magia é branca! Existem três classes de magia: a prática (atos bons, simpatias), a cerimonial (com ou sem sacrifícios, diz respeito a agouros e encantamentos) e a eclética (combina as duas primeiras, os atos são reforçados por rituais e orações). Que não nos classifiquemos em nenhum desses tipos! Conheço irmãos amados e sinceros que estão exagerando tais práticas
“positivas” no meio evangélico e gostaríamos de assim possibilitar um pouco mais de reflexão sobre o tema. Opinião é assentimento
sem medo da contraditória. Bem, essa é a minha opinião. Que se levantem os favoráveis e os contrários para tratar a matéria, mas que
o cristão não fique neutro no que diz respeito a práticas religiosas nas
igrejas cristãs. Alguns textos para análise do leitor: Dt.18:10-14; Lv.20:27; Is.3:18- 23; 8:19; Jr.27:9-10; Ez.13:18; 2Tm.3:1-9; At.8:9; 16:16; Ap.9:21; 18:23; 21:8; 22:15.
O Diabo é o Diabo de Deus É muito curioso que o título deste artigo seja estranho para a maioria dos crentes, porque na verdade, ele é uma frase de autoria de Martinho Lutero, o grande reformador. É uma pena que a maioria dos evangélicos saiba tão pouco de sua origem. Lutero, convicto da soberania de Deus, deixa claro que, conquanto Satanás seja maligno e ardiloso, ele também está sob o domínio de Deus. Satanás é responsável por seus próprios atos, mas não pode fazer tudo o que lhe vem à mente, pois Deus é soberano. E não só isso, a sabedoria de Deus é tão elevada que muitas vezes os atos do diabo acabam, em última análise, contribuindo para os propósitos de Deus.
Um exemplo clássico é o caso de Jó. Sem saber, Satanás estava contribuindo até para a formação do cânon bíblico. Se ele não tivesse se proposto a tentar Jó até os seus limites, não saberíamos quão pacientes e perseverantes devemos ser nas tribulações e não entenderíamos as dinâmicas espirituais muitas vezes envolvidas em nossas experiências diárias. Como Deus a ninguém tenta, Jó não teria passado por aquela experiência se não fosse a “valiosa” contribuição de Satanás, que ao acusá- lo diante de Deus, perdeu uma boa oportunidade de ficar calado. Detalhe: Foi a sabedoria de Deus que transformou o mal em bem e foi a Sua soberania que controlou a fúria
do Caluniador. Por isso, ao invés de ficar de olho em Satanás como a maioria dos supostos “guerreiros” envolvidos na batalha espiritual em moda hoje, desfrute o privilégio de manter os olhos fitos em Jesus. Observe que Jó nem suspeitava o que estava acontecendo nos bastidores celestiais. Ele não amarrou Satanás, não fez inventário de vida para quebrar maldições, não fez declarações proféticas e outras
coisas muito badaladas hoje. Jó apenas tomou a atitude de esperar em
Deus. Ele mesmo disse: “Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus
planos pode ser frustrado.” (Jó 42:2). É o que Paulo disse: “tudo é dele,
por meio dele e para ele”. (Rm 11:36). Até o Diabo é o Diabo de Deus. Quando Chegar a hora, ele será lançado no lago de fogo e enxofre
sem a menor resistência (Ap 20:10). A grande arma de um crente
contra o maligno continua sendo a mesma de Jó - santificação.


Publicado no Jornal Desafio das Seitas, na edição do terceiro trimestre do ano de 1999

Conclusão: Infelizmente há uma completa falta de discernimento hoje em dia por parte daqueles que estabelecem suas crenças pela via do pragmatismo. Há certos princípios que regem de forma errada a maneira como se lida com certos fatos que envolvem o ocultismo. Por exemplo, pelo fato de um vidente acertar certas predições, isso não faz dele um verdadeiro profeta. A prova disso, é que já descobri em mais de 30 anos de pesquisas, que realmente há certas coisas que realmente aconteceram como foi predito pelos prognosticadores, muitos deles de orientação espiritualista. Assim como muitas curas, muitas delas até mesmo documentadas, no espiritismo e em outras religiões, tem sido um fato comum, mas isso não prova que essas religiões estejam com a verdade, milagres não são provas de que Deus está agindo por intermédio de falsos mestres, nem mesmo acerca de artes divinatórias, mesmo que se  acerte por métodos divinatórios, ainda assim isso não pode ser considerada como uma prova de que é Deus quem está revelando. A bíblia é muito clara sobre essas demandas provocadas pelo espírito do erro (I Timóteo 4: Mateus 4:1 a 11 e 7:15 a 21 Apocalipse 13 etc.) O diabo pode se transformar em um anjo luminoso e promover experiências numinosas e proclamar mensagens por meio de revelações sobrenaturais (Compare Gálatas 1:8 com II Corintios 11:14 e I Timóteo 4:1).  A grande maioria das pessoas que se dizem cristãs a acreditam que Deus trabalha por meio de certas superstições e crendices cristianizadas, é porque milagres acontecem, mas não o milagre que atesta se alguém é um verdadeiro cristão, mas as Escrituras. Infelizmente hoje em dia, a ferramenta espiritual que muitos usam para testar espíritos é um equivoco perigoso e trágico: se funciona então é verdadeiro! O correto seria: é completamente bíblico portanto é verdadeiro, mas infelizmente, até onde sei, poucas, aliás são raríssimas as pessoas que encontrei, que professando serem carismáticas, testam os espíritos pelos princípios estabelecidos pela Palavra de Deus. De fato o único livro que aborda esse assunto, ainda que autor tenha sido  carismático, e o fez de uma forma magistral de modo que o livro é uma boa indicação: Proteção Contra o Engano de Derek Prince, tem sido uma obra que dá as Escrituras a posição de autoridade, e acredito que Prince contribui de forma clara contra as tendências do movimento carismático, que ele denuncia como fracassadas em sua pequena obra. (Clavio J. Jacinto)



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