(1)
Desci os degraus para dentro de mim
Por desventuras escadas rumo abaixo
Desejável abrigo de certos sentimentos
Acendi uma luz e entrei nesse portal
(2)
Na superfície havia flores de sorrisos
Mascaras de acácias, lírios de felicidade
Havia até mesmo uma face flutuante dourada
Eram pétalas enrugadas de supostas santidades
(3)
Mas quanto mais eu medroso descia
Uma obscuridade tanto mais me estranhava
Pois que dessa escuridão eu percebia
Que lá dentro coisas me espantavam
(4)
Na baixeza desse lugar do coração
Havia tais gritos espantos incessantes
E em intrépido temor e calafrios
Esfreguei meus olhos num instante
(5)
Vi tumbas e coisas ainda mais medrosas
Trincheiras e outras coisas medonhas
Entes de chagas abertas e vultosas
Coisas terríveis que a pureza não sonha
(6)
De medo minha alma toda estremecia
E abrindo meus olhos olhei
Dos vultos que sobre mim pairavam
De suste horrendo me arrepiei
(7)
Vi chacais e lobos sombrios uivando
Parecem feras e bestas tão mais assustadoras
Cadáveres vivendo nos antros cavando
Feridas agressivas e sofredoras
(8)
Eram as magoas guardadas no meu interior
Ressentimentos, lembranças inóspitas e coisas assim
Tantas feridas de muitas ofensas
Todas vivendo lá dentro de mim
(9)
Mas que de posse de certo perdão
Que recebi desde aquela mais rude cruz
Tomei a coragem a receber libertação
A luz do evangelho lá dentro acendi
(10)
Oh! Aurora de brilhos benditos e celestiais
Que em esperança dentro de mim se acendeu
Em glória resplandecente de mim removeu
Todas essas dores que me arremessavam aos “ais”
(11)
Desde então a graça e o perdão floresceram
Meu coração em doçuras e eternos mananciais
Que dentro de mim as todas as magoas dissolveram
Em Cristo minha alma descansa em paz
(CLAVIO J. JACINTO)
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