CANSADOS E SOBRECARREGADOS
Você já ouviu muitas vezes esse chamado, mas certamente
muitos que ouviram isso, nunca corresponderam a esse chamamento divino. Cristo
viu um povo cansado e sobrecarregado de fardos legalistas produzidos por uma
religião que subtraia amarguras ao invés de doçuras. Vivia próximo de uma
cultura grega e romana sobrecarregada de deuses, tradições e superstições, que
conduziam as almas aos mais abissais fossos espirituais do pecado e do engano,
e então Ele vem e diz: ”Vinde a mim todos os que estas cansados e
sobrecarregados e eu vos aliviarei”(Mateus 11:28) Toda espiritualidade judaica
na época de Cristo estava envolta na declaração egocêntrica meritória “Eu faço”.
Esse era um orgulho elevado, encapsulava a esperança religiosa e então de forma
hermética era imposta sobre o coração as crenças “merecemos porque fazemos” e “somos
melhores porque obedecemos” Não há dúvida que um espantalho de orgulho crescia
dentro desses corações, a religião do esforço evoluiu para uma espécie de obscuridade
tão obscena que o Messias estava diante deles mas não enxergavam. Eu temo que
essa espécie de religião nunca tenha morrido de fato, ela nunca morreu nas
falsas religiões pagãs, onde o homem exerce o papel fundamental na própria redenção.
Mas isso ocorre dentro da cristandade, há certa amargura produzida por um peso insuportável
de uma religião puramente legalista que desconhece a graça mas suporta a
desgraça porque confia nos próprios méritos como moeda dourada para fazer uma
negociata com o Senhor, é claro levando em conta a conduta de enxergar o sangue
precioso de Cristo como uma nulidade, uma falsidade, uma insuficiência em
questões legais de redenção. Assim considero dignas as palavras de Watchman Nee,
no livro A Vida Cristã Normal : “Muitos cristãos se esforçam para se conduzir
pela força de vontade, e então pensam que a vida cristã é mais cansativa e
amarga”. Eu sei o quanto isso é complexo
para muitos, mas quando Jesus disse que deveríamos negar a nós mesmos, isso é
um negar a confiança do nosso ego, uma negação das nossas boas obras e méritos
religiosos, negue-se a si mesmo, não confie no ego, não confie nas obras
decoradas com as mais sublimes artes produzidas pelo ego.(Marcos 8:34 e Lucas
9:23) Sendo Cristo quem faz o chamado a ir a Ele, porque Ele é o redentor do
homem, Ele compra com seu próprio sangue, (I Coríntios 6:20 com I Pedro 1:18 e
19) Assim volto a citar novamente Watchman Nee “Não importa qual seja sua deficiência
pessoal, ou se são cento e uma coisas diferentes, Deus sempre tem uma resposta
suficiente, Seu Filho Jesus Cristo, Ele é a resposta para toda necessidade”. A essência
fundamental da fé bíblica é uma confiança completa na obra de Cristo e uma
disposição permanente de que o Espírito de Cristo presida a vida do regenerado,
de modo que o redimido tenha forças espirituais de cumprir toda a vontade de
Deus na sua vida, mas isso não vem de nós, tal como a salvação, a permanência do Espírito Santo na vida do
cristão é dar a possibilidade de viver a vida santa em um estagio existencial
que é o intermediário entre a justificação e a glorificação.(João 16:13). É Cristo quem dá o descanso espiritual, a
obra redentora efetuada na cruz, garante isso, o Novo Testamento aponta para o
Cristo fez por nós, mas a maioria dos chamados cristãos ainda estão viciados em
religião de obras humanas, então não queremos esvaziar o cântaro do nosso
orgulho nem esvaziar o poço entulhado de obras mortas, não querem se desfazer
dessas bugigangas do mundo da pirataria
espiritual, e então ousam competir com a obra da cruz. Isso parece loucura, mas
competir com Cristo é colocar-se no lugar dele, e acreditar que nossas obras
são eficazes para produzir auto-justificação, de fato é competir diretamente
com Cristo, é posicionar-se contra a obra de Cristo, é tornar-se um
anticristo...
Clavio J. Jacinto
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