Um rei tinha dois jardineiros, um era
responsável pela colheita de flores silvestres, outro era responsável pela
colheita das flores no jardim. Todos os dias, cada um fazia seu trabalho com
dedicação, eram homens simples, servos do rei. No palácio havia uma sala de
recepção que eram adornadas todos os dias com as flores colhidas. As flores que
o jardineiro buscava nos campos eram bonitas, mas as rosas que o outro
jardineiro apresentava eram magníficas. Todos admiravam e apreciavam
aquele espetáculo de lindas rosas em arranjos magníficos. Um dia, o rei chamou
os dois jardineiros e perguntou por que as flores colhidas no jardim eram tão
magníficas e seus arranjos tão perfeitos. Então o jardineiro das rosas olhou
para o seu amigo colhedor de flores silvestres e então olhou para o rei e
disse:
-O segredo
está nas mãos
O
rei em com a face confusa, pouco entendeu daquelas palavras, mas olhou para o
primeiro jardineiro e pediu que mostrasse as mãos, o que ele fez de imediato.
Suas mãos eram lisas e macias. Então pediu para o jardineiro das rosas
mostrarem suas mãos e elas estavam feridas e cheia de cicatrizes. Este então
lhes disse
- Colher rosas e trabalhar com elas
não é um serviço fácil, elas possuem espinhos afiados e tenho que lidar com os
espinhos o dia todo, mas meu serviço é recolher as rosas sem contudo recolher
espinhos. Ao trabalhar com as roseiras, tenho que lidar com os espinhos, eles
fazem parte do meu trabalho, tenho que conviver com eles, mas acredite, o fato
de ver o palácio tão bem adornado e a felicidade do Rei, compensa todas as
aflições da minha missão.
A
vida cristã não é diferente, Paulo teve que lidar com espinhos, Cristo suportou
uma coroa de espinhos, o homem adâmico vive em uma terra de abrolhos e
espinheiros, e mesmo depois da regeneração ainda vive nessa terra amaldiçoada
pelo pecado, tal como o lírio que vive entre espinhos (Cantares 2:2) Mas se a
vida cristã não remove os espinhos das aflições (João 16:33) nem dos problemas
e das dores, ainda assim, desabrocham as virtudes e a fé num coração
consagrado. Em Hebreus 11, na plataforma dos heróis da fé, encontramos homens
cheios de cicatrizes, mas por essas brechas feitas pelas tribulações e
provações, brilham as glórias da vida espiritual profunda, a luz do evangelho
resplandece por essas frestas abertas pelas feridas das adversidades. Assim
também vimos como a igreja do Novo Testamento lida com os espinhos da
perseguição, mas mantém firme como a noiva do cordeiro, pois as rosas da
fidelidade adornam a beleza da igreja dos redimidos, enquanto que as cicatrizes
atestam sua fidelidade extrema. E como Cristo deixou as pisadas e devemos
seguir seu exemplo, (I Pedro 2:21) no nosso Getsemani, diante do cálice de
todas as aflições, nunca devemos nos omitir da completa oração “Todavia seja
feita a tua vontade e não a minha”(Mateus 26:39)
Clavio J. Jacinto
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