O escritor José Saramago certa
vez escreveu que “A historia da humanidade era uma tragédia completa”. Ler um
livro como “O Estrangeiro” de Albert Camus, é perceber como o curso do abismo
da vida sem sentido é caudaloso em meio a humanidade. O Niilismo afeta o mundo
moderno, a crença superficial tem sido o combustível que os niilistas usam para
atacar a arruinar com a fé cristã, por outro lado é a firmeza na fé e as
convicções fortes, o antídoto contra a tristeza da alma. Cristãos imaturos
aprovam a bondade de Deus na benção e questionam o caráter de Deus nas
aflições. Nenhum livro mergulha mais
profundo na dor humana do que o livro de Jó, e se queres entender o sacrifício de
Cristo por nós, multiplique as dores de Jó milhões de vezes e então lance sobre
Cristo, a partir daí, começarás a entender o que foi a obra cruz, porque a dor
de Jó foi a dor de um homem, mas a de Cristo foi de todos os homens e por todos
os homens. Aqui está a entrada para a espiritualidade verdadeira e o descanso
na obra de Cristo e na pessoa bendita do Salvador. Devemos enfrentar a vida, as
lutas, as nossas lagrimas serão enxugadas (Apocalipse 20:4) não é estranho e
nem contraditório um cristão sofrer e chorar, não é uma contradição, porque a bíblia
fala claramente sobre isso. Jesus Cristo e os apóstolos nunca se omitiram de
falar sobre isso, aliás, não era somente um fato aceitável, como também uma
condição aceitável. Na verdade, a fé e o descanso no Senhor deve nos conduzir
para muito além do tempo presente, deve nos conduzir permanentemente para
dentro dos propósitos de Deus na eternidade. Quando morre um ente querido
salvo, não há perda, apenas separação de acordo com os níveis existenciais, quando
há dores emocionais e aflições e
tribulações, algo está em processo dentro da nossa vida, Deus usa isso como método
de aprimoramento e crescimento
espiritual. Isso é difícil de
compreender, portanto deve ser aceito com a fé. Tudo o que acontece por
permissão de Deus e não por conseqüência de nossas escolhas e ações erradas,
estão dentro da vontade soberana de Deus, testada está a sua fé por esse
caminho sagrado, a luz da glória do evangelho resplandece mais por essa via,
porque conseguindo ver a realidade espiritual além da física, é como ter os
olhos sobre a escuridão da meia noite, com a convicção absoluta de que adiante
está o resplandecer da aurora. Assim olhamos para a morte que nos rodeia,
todavia o coração está fixo e irremovível na ressurreição e na vinda de Cristo.
Enquanto que as aflições do tempo presente conduzem o coração ao vale das
lagrimas, o mundo vindouro estabeleceu pra sempre a restauração de toda a
beleza eterna. As flores murcham na primavera da vida não nos campos celestiais. “Porque a nossa
leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui
excelente” (II Coríntios 4:17) a leve tribulação da vida, por mais pesada que
seja aos ombros de uma vida limitada pelas circunstancias terrenas, é a
produtora do peso da glória eterna. Ela existe, a dor é a catapulta que lança
as sementes das consolações eternas na Nova Jerusalém, é o arado que rasga a
vida terrena, para que seja semeada as glórias celestiais, o mesmo tumulo que é
cavado, para guardar o corpo de um salvo, também é o canteiro do florescimentos
da imortalidade, é isso que Paulo está dizendo nessa passagem de II Coríntios. Você
consegue ver que existe a tribulação permissiva para que haja a gloria necessária?
Entendemos isso? Aqui não jaz uma filosofia de vida, são os fatos do Novo Testamento,
fatos reais selados pela obra de Cristo e a sua ressurreição,. Dias atrás
preguei em certo lugar e citei essa passagem de Paulo, estava pregando sobre um
tema difícil, o sofrimento na vida humana e o propósito das aflições na vida do
cristão. Não é fácil fazer uma abordagem temática sobre a teodiceia para a
igreja pós moderna, cheia de gente atraída por um falso conceito sobre a dor e
a vida cristã autentica, a sociedade hedonista e as filosofias que carregam
esses aspectos, influenciou muitos pregadores e escritores, e de fato criou
falsos ensinos, verdadeiras heresias sobre o sofrimento e a dor, de sorte que
conheço muitas pessoas decepcionadas pela fé cristã, porque certos pregadores
lhes ofereceram paliativos falsificados, placebos espirituais, prometendo a
cura e a resolução dos problemas da vida em um toque de mágica, caso aceitassem
a fé cristã. O que de fato não ocorreu, e de certa forma, se a pessoa ao se
converter e tornar-se uma nova criatura, não tiver uma visão ampla das
realidades espirituais contidas em Cristo, perecerá no caminho da decepção “Não
atentando nós nas coisas que se vêem, mas nas que não se vêem; porque as que se
vêem são temporais, e as que não vêem são eternas” (II Coríntios 4:18). O
verdadeiro cristão não pode fixar seus olhos nas aflições que passam, na dor
inserida no mundo, nos sofrimentos momentâneos, o que passamos aqui, mesmo a de
Jó, numa perspectiva do Novo Testamento, é uma leve e momentânea tribulação,
isso pode ser muito ilógico para alguns, mas se medirmos as aflições da vida
com a eternidade, elas são lapsos, fragmentos imediatos da existência, e nada
mais que isso. Assim, somos chamados a ver o invisível, pelos olhos da fé,
olhar para as consolações eternas, quando na janela da vida, lá fora vimos o
frio das tribulações, devemos também olhar os campos que irão florescer quando
gelo derreter. Se a tarde leva a luz do sol, e a escuridão chega sobre nossos
olhos, fixemos os olhos na noite, pois sobre ela, nascerá a estrela da manhã.
Quando a terra se fende com lamina do arado, ela tem o custo do suor do
lavrador, que arando a terra, na força de seus braços, cava os sulcos e semeia
o trigo, de certa forma, jogar sementes debaixo da terra é uma perda. Durante
muitos anos, meu pau foi lavrador, quando chegava a época do plantio do feijão,
aqueles grãos que dariam uma boa feijoada, era jogado debaixo da terra, isso
não era uma perda? Porém com o passar do tempo, a semente germina, a planta
cresce e floresce, há um processo até a frutificação e a maturação. Nenhum lavrador
joga a semente debaixo da terra, e imediatamente chora sobre a cova, porque
perdeu a semente, ele sabe que ela germinará e terá uma colheita abundante, sua
fé repousa sobre uma plantação verdejante cheia de frutos, ainda que esteja
diante dele uma terra cheia de covas escondendo sementes, é assim o repouso da
fé, esse repouso não pode colocado sobre promessas humanas homens, nem mesmo
sobre vãs filosofias, não pode ser colocada sobre as criaturas, deve sim ser
colocada sobre as promessas do Novo Testamento, deve ser colocada sobre a
pessoa do Bendito Salvador, nosso Senhor Jesus Cristo, pois em Cristo
encontramos o balsamo para nossas feridas, Ele é a fonte que nos dá a água pura
refrescante e cristalina, para saciar a nossa sede existencialista, sobre
Cristo e somente sobre Ele deve repousar a nossa fé e a nossa confiança “tendo
por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará
até ao dia de Jesus Cristo” (Filipenses 1:6) “Bendito seja o Deus e Pai de
nosso Senhor Jesus Crosto que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de
novo para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dente os mortos”
(I Pedro 1:3)
Conclusão: A vida tem sentido, ela não tem direção para quem não crê em Deus e em seus propósitos, mas ela tem sentido e direção para quem crê e confia em Cristo, para o incrédulo, o sentido da vida é viver e morrer, para o cristão o sentido da vida é servir e amar, primeiramente a Deus e depois ao próximo. Todo o materialismo reducionista propagado por quem acredita num universo mecânico, cego e fatalista, precisa abraçar o absurdo em absoluto, e por esse caminho ninguém jamais pode encontrar a verdadeira sabedoria.
Clavio J. Jacinto