Há pelo menos três passagens nas Escrituras
que abordam a questão do escândalo, veja o amado leitor que o tema não é muito
discorrido em nossos dias, e quando é empregado, a abordagem é sempre sobre
alguém que cometeu algo contra a sua própria fé, contradizendo em ações o que
antes pregava em seus sermoes religiosos. Mas vimos que Jesus advertiu com um “ai”
aos que cometem escândalos (Mateus 18:7) Ele também afirmou que os escândalos
seriam impossíveis de serem evitados entre os homens (Lucas 17:1) e Paulo, que
sempre amplia os ensinos de Cristo, pois ele tinha o Espírito de Cristo
(Romanos 8:9) admoesta a que tenhamos um bom discernimento para notar os que
provocam dissensões e escândalos contra a doutrina apostólica, deve-se desviar
de tais (Romanos 16:17) note que a verdade última do tema que estou abordando;
os escandalos, envolve a sentença: contra a doutrina. Portanto contra a
ortodoxia, contra o evangelho, contra a verdade revelada. Então escândalo tem
uma conexão com apostasia e com heresia de alguma forma. A palavra grega “Skandalon”
significa “obstáculo” “empecilho” algo que se sobrepoe para obstruir a
influencia da verdade. O fluir das coisas verdadeiras é impedido pela ação do “skandalon”.
Esse deve ser o sentido total do termo. Não há necessidade de compreendermos
que o escândalo a nível prático, precisa ser algo chocante á sensibilidade de um
coração que sustenta alguns valores morais elevados, justamente porque o
escandalo a que o Novo Testamento se refere é tudo o que corresponde a ser um
empecilho á verdade revelada. Assim aquilo que predomina dentro de uma
circunstância que impede a expressão exata das verdades evangélicas de alguma
forma são os empecilhos que obstruem o fluir da verdade sobre as pessoas de um
modo geral. Vimos essa correspondência nas igrejas de Apocalipse 2 e 3, e nelas
o que se manifesta antes de tudo são os falsos ensinos seguido das
consequências deles. Note que a chamada
para a sensibilidade deve sempre nos motivar ao discernimento para não
promovermos os escândalos a nível bíblico e não venhamos a ser uma forma de
empecilho ou obstáculo para o evangelho. Não devemos ser o fator da nulidade da
crença, nossa vida deve corresponder-se as nossas convicções e não ir contra
elas. A postura de um cristão que não vive o que prega não é muito distante da
postura de um ateu que não obedece porque não crê. Note aí a essência
espiritual do “skandalon” a desobediência do incrédulo é justificada pelo seu
ceticismo, mas não há justificativas para quem vive contrário às suas
convicções espirituais. Nisso consiste o espírito de apostasia que reinará na
igreja nos últimos dias. Uma negação, não com a boca mas com as ações. Eis aí o
escandalo, quando a vida está morna, pois a identidade sequencial a fé que
professa é relativa. Um exemplo claro é quando pregamos sobre o Reino de Deus
mas o nosso coração está ajustado a desejar com ímpeto as coisas que
pertencem aos reinos desse mundo. Outro exemplo digno de nota é quando tentamos
espiritualizar o materialismo, assim acreditamos que o espiritual é de tal
maneira alheio a esse mundo, que torna-se impossível viver uma fé sem se
desprender dos tesouros deste mundo e das vaidades dele. Mas aqui temos o
escandalo coletivo, pois a tendência da igreja moderna descamba sempre para o
materialismo como foi com a igreja de Laodicéia. Queremos de fato evitar os
escandalos? temos que abandonar as ideias que permeiam a teologia fraca de
nossos dias que tenta misturar Nova Jerusalém con a Babilonia. Aqui temos o cerne da apostasia que estará
presente nos ultimos dias, esse abandono da fé no Reino de Deus pela fé nos
valores e riquezas dos reinos desse mundo. Esse humanismo que se instaurou de
forma definitiva no seio das assembleias cristãs, a enfase dada ao mundo, a
influencia que ele vem tendo de forma predominante sobre os cristãos é um
escândalo aos olhos do Espírito Santo, mas sobretudo torna-se em empecilho para
os incrédulos experimentarem uma verdadeira conversão e assimilarem as
evidencias de que a cruz de Cristo e a obra consumada que foi realizado por Ele
na cruz, constitui-se na resposta definitiva contra o pecado e o inferno. Assim
o escândalo será tudo o que serve de empecilho para que a mensagem da cruz seja
exaurida e desacreditada em nossos dias. Esses que promovem esses escandalos, são
inimigos da cruz de Cristo (Filipenses 3:18) eles são religiosos, professam uma
fé cristã superficial de modo que não são como lâmpadas que apontam para o
evangelho mas apenas sombras que confundem o caminho da salvação.
CLAVIO J. JACINTO
0 comentários:
Postar um comentário