Cristo Odeia a Falsa Doutrina
Duas vezes no livro de Apocalipse encontramos a expressão de
Cristo com relação as doutrinas dos Nicolaitas: “As quais eu também odeio”
(Apocalipse 2:6) enquanto que na primeira descrição se faz uma referência às
obras dos nicoalitas, na segunda descrição se faz menção a doutrina dos
nicolaitas (Apocalipse 2:15) Obras são seqüência ajustadas de acordo com as
convicções. Nosso sistema de crenças
afeta completamente o destino de nossas ações. Jamais fugir do assunto, a firmeza
na fé é uma exigência fundamental das Escrituras. Porém se nossas convicções
são fracas, isso tende a produzir apostasia e hipocrisia. “O Homem de ânimo
dobre é inconstante em todos os seus caminhos”(Tiago 1:8). Vamos primeiro falar um pouco sobre esse
cristianismo sentimentalista frouxo de nossos dias, que usa terminologias e
jargões que classificam Cristo como um Mestre sem ímpeto e que tolera todas as
coisas erradas em nome do amor. Na mentalidade desses teólogos e pregadores, o ódio
seria algo profano impróprio para um cristão. De certa forma, eles podem ter
razão, depende do contexto em que se aplica o assunto, mas não é admirável que
Cristo odeie falsas doutrinas? Ter uma repulsa contra coisas erradas é antes
uma expressão de santidade, e até que o zelo exija, os profetas de Baal tiveram
que pagar o preço pela ousadia quando tiveram que enfrentar o Elias de Deus e o
Deus de Elias. Acontece que há um paradoxo no caráter de Cristo, sem qualquer
contradição, Ele é Cordeiro e é Leão. Formas afeminadas e covardes associadas a
Cristo são maneiras supersticiosas de distorcer o caráter de dEle, é com ele
que descobrimos que a tolerância é regida pelo amor a verdade, por isso vimos
duas vezes Ele tomando de chicote e expulsando cambistas do templo. Sua
expressão de repulsa á hipocrisia gerou discursos de “ódio” contra os judeus, e
Mateus 23 é um exemplo disso. Não estou fazendo apologia a violência, sou
completamente pacifico, seguido a risca os ensinos do sermão da montanha, mas
acontece que nem sempre devemos agir com tolerância aquilo que é abominável,
não devemos fazer pacto com a injustiça, não se dá pérolas aos porcos, nem
sempre temos que agir com doçura diante horrendas formas de desvios doutrinários
que ocorre com tanta freqüência em nossos dias. Chegou o tempo em que uma assembléia
cristã estava opondo-se a infestação da doutrina dos nicolaitas, e Jesus ficou
do lado de quem fez forte oposição contra elas, não ficou dos lados do que
adotaram a tese ou a síntese, ele permaneceu ao lado dos contra. “Tens porém,
isto: que odeias as obras dos nicolaitas, as quais eu também odeio” (Apocalipse
2:6) Repito que sou contra qualquer forma de violência sustentada pela energia
da carne do velho homem, sou mais contra ainda quando ela é injetada por demônios,
mas inspiração carnal e demoníaca são antes de tudo forças anticristãs que
lutam para denegrir o próprio caráter de Cristo e seus ensinos, devem ser
combatidos com sabedoria e unção do Espírito. Sou completamente contra quaisquer
meios inquisitórios, sabemos de polemicas envolvendo isso, o caso de Calvino e
Serveto e de Calvinistas queimando arminianos, da igreja da Inglaterra perseguindo
os não conformistas, não é disto que estou falando, porque não concordo com
essa abordagem apologética. Mas embora tenhamos essa cautela, todavia as
Escrituras nos ordena não ter comunhão com hereges “Ao homem herege, depois de
uma e outra admoestação, evita-o” (Tito 3:10 veja também II João 1:10) Agora em segundo lugar devemos entender que
não é errado odiar aquilo que Cristo odeia, o que não podemos é amar o que ELE
odeia, pois então teremos uma contradição de caráter e passamos a ser hipócritas.
Quando lemos os originais, o Textus Receptus, o termo grego “miséo” traduzido
por “odeio” em Apocalipse, significa uma escolha á amar menos, desprezar,
rejeitar por falta de afeto. Não há aqui qualquer idéia de perseguição seguida
de violência física, mas desprezo e rejeição por algo que é contrario aos princípios
bíblicos. Tomando posse dessas verdades, devemos entender que o apreço pelo que
é contrario a sã doutrina gera oposição contra aquilo que é santo, de certa
forma é nutrir sentimentos anticristãos. Num mundo onde ocorrem mudanças de
paradigmas, cada vez mais ficará difícil a pratica do cristianismo bíblico,
desde muitas décadas, a sociedade ocidental que se desenvolveu dentro de uma
cosmovisão cristã, sofreu grandes mudanças por causa dos conceitos relativistas
que se infiltraram nela, seja pelo movimento nova era que defendia um ecletismo
cósmico ou pela própria tendência social humanista e secular. A verdade é que
até mesmo dentro do evangelicalismo moderno a tendência para o ecumenismo é
obvia, a crença de que não há verdades absolutas, mas cada qual tem uma verdade
individual e mesmo sendo contraditória ou oposta á do outro, assim mesmo ambas
devem ser aceitas como verdade é uma intervenção diabólica contra a Palavra de
Deus, note que essa é a visão de religiões orientais, do ecumenismo que tenta
pluralizar aquilo que deveria ser singular.
Quando Cristo declarou “Odeio” como descreveu pessoalmente em
Apocalipse, Ele estava reagindo contra aquilo que não aprovava: doutrinas que
iam contra os princípios que ensinou. Havia um sentimento de repulsa e
rejeição, não nutria amor por aquilo que era oposição ao evangelho. Não é um
convite á perseguição, você não encontra atitudes dessa natureza no Novo
Testamento, cristãos perseguindo e matando não cristãos por causa de questões
doutrinarias. E que ninguém tente justificar essas atitudes de violência contra
o próximo, porque nunca é ordenado tais coisas no Novo Testamento. Mas isso não
significa que deva amar aquilo que Deus odeia. Significa que devo aprovar com
meu silencio aquilo que a Bíblia brada contra. Mas nosso mundo do “politicamente
correto” do relativismo quer que aceitemos todas as coisas como verdadeiras,
menos a nossa verdade particular articulada pelos ensinos santos do Novo
Testamento. Seremos dono de uma verdade relativa, mas em breve, não teremos o
direito de ter uma verdade absoluta. Não teremos o direito de odiar a
profanação do Santo, não teremos o direito de odiar a blasfêmia, não teremos o
direito de odiar qualquer forma de abominação, o relativismo moral não nos dará
esse direito, porém os adeptos do relativismo moral terão o direito de odiar a cada
cristão que ame verdadeiramente a Deus e odeia a tudo o que ofenda a Ele, aqui
jaz uma contradição no próprio relativismo, pois é de fato uma filosofia
inconsistente com a sensatez.
Conclusão. Primeiro: O
ódio pelo qual um cristão deve nutrir pelas falsas doutrinas de perdição (II
Pedro 2:1) não é um ódio de violência contra seu semelhante, muito pelo
contrario, é impossível amar a verdade sem condenar o erro. Não se trata de
ações violentas contra o próximo, trata-se de convicções e posturas de firmeza
com respeito às verdades descritas Nas Escrituras, verdades essas que são como lâmpadas
que alumiam a escuridão espiritual dos perdidos (Salmos 119:105) “Miséo”
significa não nutrir simpatia, mas completa aversão contra aquilo que não é sã
doutrina (Tito 2:1) sentir uma aversão firme contra as heresias de destruição,
cuja devastação espiritual tem proporções infinitas e irreversíveis na
eternidade, significa reprovar com firmeza o que vai contra o evangelho ou
contra os mandamentos divinos. Um exemplo claro é João Batista que tomou
oposição contra um falso casamento, pois era um relacionamento que ia contra os
princípios estabelecidos pela Palavra de Deus. Note que a repulsa de João
Batista produziu um ódio santo, um sentimento de aversão, porém pacifico, sem violência
verbal ou física, porque era uma manifestação
de sentimento santificado pelo amor a verdade. O ódio intolerante dos que se
sentiram ofendido é que causou o martírio, o assassinato do Batista, que depois
de ser preso pelo suposto crime de ofensa contra a autoridade, morreu degolado
pelos caprichos nutridos por alguém que odiava a verdade porque amava o pecado.
Segundo: Amar o próximo não é o mesmo que amar as suas falsas
crenças, o verdadeiro amor ao próximo pode comprometer a nossa segurança, pois
pregando que Cristo é o único caminho, que alguém precisa se arrepender de seus
pecados, que a idolatria é uma abominação, que o envolvimento com a feitiçaria
são pecados gravíssimos e podem conduzir a alma do praticante ao inferno, pode
ser ofensivo a quem pratica tais atos pecaminosos, sendo que quem está
alertando a respeito disso, pose ser um impulso que vem do amor por Cristo e
pelos perdidos.
Sendo assim, aquele que de fato ama a Deus e odeia tudo o que
ofende a Deus de alguma forma torna-se na pratica como a pessoa mais inofensiva
do mundo quando se trata de ofensas físicas e verbais. Digo isso com toda
convicção, olhando para a vida de Paulo, Pedro, Tiago, e o próprio Cristo, e o
faço porque alguém pode fazer uma interpretação descontextualizada desse estudo
bíblico.
Autor: Clavio J. Jacinto
Nota: O autor usa como referencias bíblicas, a Tradução Corrigida e Fiel da Sociedade Bíblica
Trinitariana, que já a muitos anos adotou como bíblia padrão na vida
ministerial.
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