Acautelai-vos Contra Os Falsos Profetas



Acautelai-vos Contra Os Falsos Profetas

Sermão Pregado na: Comunhão Bíblica Bereana

 

Uma das passagens mais importantes sobre a questão do discernimento e a percepção oculta do engano está em Mateus 7:15 a 23. Nosso Senhor começa essa advertência com um  “Acautelai-vos”. O grego “prosechete” indica que devemos ter muito cuidado, nossa percepção deve ser aguda, devemos perceber os detalhes escondidos que fazem a diferença e que revelam a verdadeira identidade por trás de uma máscara ou falsa aparência. Parece que o engano processa toda a astucia por trás de um legado de imitação ou sob a fantasia de algo que pareça inocente. Desde cedo aprendemos que parece que o diabo ataca o homem pelo engano visual, até alcançar o entendimento e cegá-lo de modo a impedir que a verdadeira natureza espiritual por trás do engano disfarçado seja notada. (II Coríntios 4:4 com Genesis 3:6) Eva teve seu entendimento corrompido. “Mas temo que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que há em Cristo.” (II Coríntios 11:3)  Esse é o meio pelo qual o diabo age, usando seus agentes, os falsos profetas e falsos doutores, ou falsos mestres. Eles vem com uma aparência ambígua, usam meios de disfarce, de modo que escondem a identidade e enganam com fraudulência espiritual, conduzindo muitos por falsos evangelhos, já que Pedro adverte que a falsa doutrina que esses falsos doutores introduzem de forma encoberta é altamente corrompida de modo a produzir resultados terríveis, devastando as almas descuidadas com o veneno espiritual. (II Pedro 2:1 e 2)

 

Assim, devemos perceber que há no mundo falsos profetas e falsos mestres que de forma aberta promovem a apostasia e heresias. Eles atuam em campo aberto, todos os que conhecem as Escrituras e as doutrinas fundamentais da fé cristã, sabem que eles são falsos e que suas doutrinas são errôneas e heréticas. Nosso mundo religioso está cheio desse tipo de enganadores, tais são enganados pelo Pai da mentira e estão debaixo da influência do espírito do erro, negam as doutrinas fundamentais das Escrituras, a divindade de Cristo, a salvação pela graça, a exclusividade da fé cristã, negam a substituição penal e o sacrifício vicário de Cristo, negam a segunda vinda literal e triunfante do Senhor, negam autoridade das Escrituras e sua inspiração verbal e plena, enfim negam os fundamentos da fé cristã,  todavia fazem isso de forma aberta.

Jesus está falando sobre outro tipo de enganação, mais sutil, é um tipo de engano em que seus agentes se apresentam como se fossem ortodoxos, como se fossem verdadeiros cristãos, porém agem de modo oculto, de forma tão sutil, que usam falsa identidade e falsa aparência, e passam aos olhos incautos como se fossem verdadeiros pregadores e profetas divinos, parecem ser representantes de uma mensagem cheia de piedade, mas escondem por trás das aparências uma devassidão espiritual.

Note que Pedro também adverte sobre o modo como se processa o engano desses falsos profetas, tudo é feito de forma encoberta (Grego: “Pareisagó” que significa infiltração com astucia) e porque conseguem processar essa infiltração doutrinária maligna no meio da igreja de Cristo? porque usam como meio a aparência exterior, de modo que a precaução torne-se algo superficial, a falsa identidade convida a vitima ao descuido. Esse é a estratégia do diabo. Tomemos como exemplo a historia dos Gibeonitas (Josué 9:1 a 15) note que eles eram inimigos que deveriam ser expulsos da terra prometida, mas eles disfarçaram-se e mentiram a Josué, armaram todo um cenário fantasioso para enganar os filhos de Deus. Então Josué fez um pacto, pois não consultou ao Senhor, ao invés disso confiou na sua percepção julgando a situação dos gibeonitas pela aparência deles e o argumento que usaram para enganá-lo. De certa forma a lição é uma advertência, quantos descuidados ao ouvirem pregadores que tem aparência de piedade, mas negam a sua eficácia, caem na armadilha do engano pelo fato de não consultarem a palavra de Deus e de tomarem todo conselho divino contra os seus  erros, a ordem do dia é ser bereiano (Atos 17:11) Veja que Paulo adverte que os obreiros fraudulentos se transfiguram em obreiros de Cristo (II Coríntios 11:13) eles fazem igual seu mestre, o diabo que se transfigura em anjo de luz.(II Coríntios 11:14) assim os ministros do diabo seguem o exemplo de seu mestre, tornam-se falsificadores de identidade, transforma-se em ministros de justiça, mas na verdade são por natureza servos da iniqüidade.(II Coríntios 11:15)

A estratégia é muito simples, esses enganadores usam de grande sutileza, primeiro eles ganham a confiança de seus ouvintes, conseguem manipular as coisas de modo a se apresentarem como obreiros vinculados a justiça de Deus, a linguagem deles é “Senhor, Senhor!” (Mateus 7:21) isso é uma linguagem que apresenta uma espiritualidade tão elevada, mas a  natureza do coração que tais declarações supostamente piedosas procedem é maligna, é abissal. A linguagem que parece ser tão piedosa esconde uma natureza extremamente iníqua (Mateus 7:23). Mas  há certa eficácia quanto a isso, de modo que uma vez que um enganador consegue ganhar a confiança de alguém, ele não só ganha um admirador como também um defensor. As coisas tornam-se difíceis dentro de uma assembléia cristã, onde um falso profeta consegue arrebanhar um grupo de defensores que devido a cegueira espiritual, não conseguem perceber que são vítimas de um engodo. As conseqüências podem ser devastadoras, porque o que ocorre em seguida podem ser divisões dentro da congregação. Se o diabo por meio de seus agentes conseguir provocar uma divisão por conta disso, ele conseguiu alcançar seus propósitos.

Jesus fala que certa classe de falsos profetas se vestem de ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Esses lobos cruéis começaram a aparecer na medida que os apóstolos foram partindo dessa vida “Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós, lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho”(Atos 20:29) desde então esse é o meio pelo qual o diabo ataca a igreja do Senhor, de modo que percebemos a ação do diabo por meio de agentes de disseminação de heresias nas descrições que Cristo faz acerca das igrejas da Ásia em Apocalipse 2 e 3. A palavra grega traduzida por “interiormente” é a mesma usada em Mateus 23:27 quando Jesus compara os fariseus de serem como os sepulcros adornados que por fora parecem ser tão bonitos porém interiormente está cheio de podridão. Essa linguagem forte, mostra de forma muito dramática o contraste entre a aparência e a natureza do engano, isso revela como é perigosa, infame e desonesta a estratégia diabólica e sutil dos falsos profetas  que estamos abordando nesse estudo.

Em Mateus 7: 16 a 20, Jesus, nosso Mestre Bendito, pelo qual naquele momento glorioso da transfiguração, Deus Pai aconselhou: “Este é o meu amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o”(Mateus 17:5) Esse Cristo de Deus, ensina-nos a respeito do discernimento espiritual. Ele afirma que se conhece uma árvore pelo fruto, e então nós temos a grandiosa lição que os falsos profetas são reconhecidos pelo tipo de fruto que produzem. Árvores boa não produzem frutos malignos, o oposto também é uma verdade biológica, assim procede no âmbito espiritual. Podemos nos lembrar de Gálatas 5:22, onde Paulo fala sobre o fruto do Espírito, um homem regenerado entra nesse processo de frutificação espiritual, e o trabalhar divino no espírito humano tem o princípio que opera em todas as coisas que são regeneradas “Dando o seu fruto de mês a mês ...”(Apocalipse 2:2) aqui temos  a produção espiritual perene, todo aquele que está ligado na videira verdadeira produz em abundância das coisas espirituais verdadeiras. Aqui está a linha que divide o falso do verdadeiro e então podemos entrar nessa esfera de realidade espiritual de João 15:1 a 8. Cada cristão é uma vara associada a videira verdadeira, aqui temos o processo da frutificação. Há o trabalhar de Cristo na vida do regenerado, existem podas e o injetar da vida de Cristo no homem interior de modo que ele se renova dia após dia (II Coríntios 4:16 a 18) O homem regenerado não tem disfarces, a sua vida é a sua essência, o seu caráter se manifesta pelo que ele é em Cristo. A forma como os seguidores de Cristo foram chamados pela primeira vez de cristãos, denota que eles tinham o caráter e a expressão da vida de Cristo neles, não eram imitadores, eles tinham o espírito de Cristo (romanos 8:9) havia neles a expressão da vida espiritual autêntica. Assim produziam os frutos da justiça mediante a essência do que eles eram. Não havia disfarces, mas a expressão da vida regenerada é sempre ser uma nova criatura, e o manifestar do poder divino estava neles. Então havia a realidade, eles estavam dentro da realidade que é Cristo (João 14:6 a palavra verdade é traduzida do grego “alateia” que também significa “realidade”). A expressão da vida espiritual autêntica do verdadeiro discípulo é o fruto, o fruto expressa a sua natureza interior e o que está ligado ao homem interior “Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito” (I Coríntios 6:17). A natureza do fruto é a expressão produtiva do coração regenerado.

Jesus associa o falso profeta com a árvore má, e por esse ângulo espiritual, podemos exercer a nossa capacidade de enxergar o interior de um homem e ver se de fato ele é um verdadeiro pregador ou um falso profeta. Deixe-me dizer algo importante aqui, porque estamos lidando com algo de extrema importância, comentando sobre essa passagem o piedoso Matthew Henry nos adverte que o falso profeta disfarçado de cordeiro, esconde a natureza de lobo que é o pior inimigo das ovelhas verdadeiras. Assim creio que ao abordar o tema e dar todos os princípios para que possamos enxergar de modo eficaz as coisas na esfera espiritual de acordo com o assunto que estou abordando, nosso Senhor e Salvador demonstra um grande amor por seus filhos amados.

Um fruto bom é a expressão de um coração santificado, toda expressão da doçura de um fruto espiritual pode ser observado na conduta que está reajustada de acordo com as bem aventuranças de Mateus 5:1 a 16. Em seguida temos ainda um vislumbre do expressar da vida espiritual em Mateus 5:43 a 48. Outro indicador que expressa a mais pura santidade da vida interior é o modo como vimos as coisas temporais e eterna, o tipo de tesouro que estamos buscando desde o interior do coração e que se expressa na maneira como agimos diante dessas coisas (Mateus 6:19 a 24)      

Um aspecto importante sobre a vida espiritual genuína é que há um processo de limpeza pela palavra de Cristo (João 15:3) e um relacionamento com o Senhor (João 15:4) esse relacionamento é pessoal, conhecer o cristianismo é conhecer a Cristo.  A igreja não é uma organização em que  estamos ligados é um organismo pelo qual estamos vinculados em uma ordem vital, é união no corpo de Cristo, ser membro de uma instituição não é o mesmo que ser membro do corpo de Cristo. “Se alguém não estiver em mim será lançado fora”(João 15:6) então o relacionamento pessoal e interior faz toda a diferença. Essa diferença interna é impossível no falso profeta porque o seu interior é completamente corrompido, possui a natureza do devorador, o centro íntimo da alma é voraz e maligno. Assim o fruto é a expressão da interioridade do homem salvo. A raiz está em Cristo, esta parte mais íntima de nosso ser está batizado no corpo de Cristo “Se alguém estiver em mim” essas são as condições propícias para a frutificação espiritual. Cristo então conclui: “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto, e assim sereis meus discípulos” (João 15:8) Notamos também uma verdade preciosa, o homem que dá fruto espiritual em abundância não recebe gloria de homens, ele sempre tende a dar glória a Deus por isso. A fonte do poder espiritual da frutificação é Deus pelo seu Espírito Santo (Gálatas 5:220 e Ele deve receber toda a glória. Geralmente os falsos profetas querem a glória para si mesmo, eles possui a mesma malignidade tendenciosa do “filho do Pecado” quer ser adorado como se fosse Deus e quer ser o centro da devoção. Quase sempre os falsos profetas usam da expressão de arrogância, orgulho e manipulação psicologia. Eles trabalham para manter o status de verdadeiro quando são falsos e para isso, labutam dia e noite para manter a identidade em segredo. O fruto do Espírito (Note que Jesus também menciona o fruto no singular em João 15:8) é o manifestar exterior da natureza interior. Assim quando vimos alguém usar de uma artimanha tal como abordamos apenas com interesse próprio em busca de coisas que satisfazem seu ego sejam elas materiais ou não, tal atitude foge da regra de buscar tesouros no céu. De modo que vimos que em nossos dias há uma contingente enorme de pregadores cujo interesse é elevar-se no patamar da fama e do sucesso financeiro, buscando assim a fé como um meio de ganhar a vida e manter um “status” na forma de uma “grande personagem de Deus” quando na verdade está praticando simonia ministerial. Todos esses são sinais evidentes do falso profeta, note que não há a longo prazo, uma expressão de vida espiritual verdadeira. O fruto é uma expressão que aparece por processos, só quando começamos a ver a vida de alguém e começamos perceber seus verdadeiros interesses e vem a luz suas verdadeiras intenções é que estamos apto a qualificá-lo como verdadeiro ou falso mestre. No entanto, é verdadeira a conclusão de que o verdadeiro cristão conhece a Cristo como Pessoa ressurreta que é seu Salvador pessoal, desse conhecimento vem o relacionamento e desse relacionamento o fruto que irá se expressar exteriormente no testemunho de vida.

Vamos notando que na medida em que o Senhor prossegue no seu discurso de advertência agora em Mateus 7:21 a 23 ele menciona o fato de que uma confissão meramente formal pode ser compatível com uma vida falsa. E ele vai mais longe, essa vida falsa pode ser pragmática, e então o falso cristão confia no fato das coisas erradas funcionarem no sistema religioso então isso gera uma falsa confiança. Quantos em nossos dias enganam com o discurso seguido de sinais e maravilhas, mas que por fim não evidenciam fruto espiritual autêntico!  Cristo então mostra a parte prática da fé “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mateus 7:21) aqui está o discurso religioso, meramente religioso! exteriorizado, o discurso segue a mascara de cordeiro, tudo parece  fato, mas é pura fantasia sinistra. Por trás de um discurso que parece tão espiritual e de uma aparência que parece tão santa, está um coração mergulhado em trevas infernais. É lamentável que essa estratégia possa ser uma armadilha tão fácil no decorrer da historia do cristianismo.

Ora quando Cristo diz que pelo fruto se conhece a árvore, isso vai contra a evidência exterior do falso profeta, pois é dito a respeito dele: “Apartai-vos de mim vós que praticais a iniqüidade”(Mateus 7: 23) O que se manifesta do interior do lobo disfarçado de ovelha é iniqüidade, veja que isso pode ser apresentado com rótulos bem religiosos como profecias e sinais e maravilhas, mas por trás dessas manifestações supostamente sobrenaturais está um elemento nocivo e maligno: iniqüidade. Além disso, notamos que Jesus também declara “Nunca vos conheci” aqui novamente está a grande questão da vida espiritual: Você conhece a Cristo? Essa é uma pergunta prioritária, pois não se trata de um conhecimento teológico, mas de um conhecimento relacional, aqui está uma grande diferença, não somente dizer: Senhor, Senhor! Mas está debaixo do Senhorio de Cristo “Todo aquele que escuta estas minhas palavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha”(Mateus 7:24) note novamente aqui a natureza interior, de profundidade, pois o fundamento está na rocha, vai mais profundo, não se assenta na areia, mas penetra mais interiormente atravessa camada da areia, sai do mero superficialismo e faz contato com a essência, com a solidez, nesse caso, há a durabilidade do material em que se penetra até a essência, e é exatamente onde nosso coração deve estar, completamente dentro de Cristo, assim como também deve Ele estar completamente dentro de nós.

A práxis da Palavra de Deus é antes de tudo a admoestação constante do verdadeiro pregador “E sede cumpridores da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tiago 1:22) O poder da Palavra está associado ao cumprimento, tudo está relacionado, veja esse cumprimento de forma objetiva tanto na vida pessoal quanto na história do universo, seu começo e seu fim e em todo o plano salvífico desde a queda até a consumação dos séculos, a palavra de Deus funciona, ela está dentro da existência, ela é a expressão funcional da vontade de Deus, é a revelação, é a voz de Deus, e pelo livro sagrado vem o manifestar constante de Deus aos homens.

O modo como os falsos profetas agem dentro do ensino de Cristo no sermão da montanha, revela um tipo muito mais perigoso de pregadores, pastores e mestres. Na segunda epístola universal do Apostolo Pedro o Espírito Santo associa o falso profeta ao falso mestre: E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou trazendo sobre si mesmos repentina destruição (II Pedro 2:1) note a natureza completamente destrutiva desses agentes do engano Primeiro, suas heresias provocam perdição (Grego: apoleia que também significa destruição) então podemos entender consultando um léxico grego que as heresias disseminadas por esses falsos doutores possui um caráter destruidor. No final do versículo a mesma palavra grega é usada para o fim do falso mestre “Trazendo sobre si repentina destruição” novamente a palavra grega é “apoléia” e denota destruição e ruína eterna. Tudo isso é feito de modo encoberto, encapsulado de forma a não mostrar a verdadeira natureza nociva das heresias que se infiltram por tais mecanismos de destruição espiritual.

Por esse motivo Cristo adverte-nos no sermão da montanha a respeito dos falsos profetas e falsos doutores, a artimanha desses são mais sutis, eles se disfarçam,  fingem, usam mascaras, se aproveitam de todos os que não usam de cautela. Paulo fala em Tito 2:12 a 15 que devemos viver no presente século com sobriedade, sem sermos sóbrios, não podemos ser cautelosos. A sobriedade e a vigilâncias são termos correlatos, só pode vigiar quem está sóbrio, e só permanece sóbrio quem for cauteloso, no grego, sóbrio na passagem de Tito é sōphronōs, ocorre somente em Tito 2:12 e significa estar atento, andar com prudência, ser sensato, com mente sensível e sadia.

Voltemos assim para Mateus 7:15 onde comecei o meu discurso, porque quando Jesus disse “acautelai-vos” a palavra grega é “prosechete” e significa prestar atenção, ser muito cauteloso, então isso nos leva para um olhar pelos detalhes. De certa forma, a maior parte das pessoas não conseguem distinguir uma nota falsa de uma verdadeira. Porque isso ocorre? é certo que se não formos cautelosos, a nota falsa passará com facilidade diante de nossos olhos, como se fosse uma nota verdadeira. Mas quando atentamos para os detalhes, então podemos descobrir perceber que há sinais que evidenciam que a nota não é autêntica, pois faltam as qualificações necessárias para torná-la em uma nota verdadeira. Quando alguém toma as devidas precauções, pode observar nos detalhes da nota, que ela é falsa. Há evidencias tais como qualidade do papel que não correspondem com a nota original e verdadeira. Muitos sinais podem alertar que a nota é falsa, mas precisamos ser cautelosos, olhar com cuidado, ver os detalhes mínimos que fazem a diferença entre a falsa e a verdadeira. Uma nota pode ser percebida através de um dispositivo eletrônico que emite uma luz para mostrar se o papel é papel moeda, todavia quando a pessoa conhece bem a nota verdadeira, consegue distinguir a falsa quando toca uma cédula falsa, a qualidade do papel e a qualidade gráfica é totalmente inferior. Porém notas falsas passa com muita facilidade, se a vítima não tem um conhecimento prévio dos detalhes que marcam a verdadeira cédula, assim a falta de cuidado é o meio pelo qual dá vantagens para a circulação de notas falsas. Levemos esse princípio a Palavra de Deus. O que Jesus ensinou segue a mesma regra que usamos para distinguir uma nota falsa de uma verdadeira, devemos prestar atenção, observar os detalhes, a vida espiritual verdadeira produz frutos espirituais verdadeiros. Se tivermos um conhecimento bíblico adequado, se conhecemos os ensinos de Cristo, se estivermos familiarizados como os ensinos do Novo Testamento principalmente, então vamos observar nos detalhes que o rótulo não corresponde ao conteúdo, que as aparências não correspondem a essência, que o exterior não corresponde ao interior quando tivermos que lidar com os falsos profetas e falsos doutores no uso corrente do discernimento espiritual aplicando os princípios que Jesus estabeleceu no sermão da montanha quanto a esse assunto tão importante. Por mais que seja sofisticada uma falsificação, ela ainda assim será uma falsificação. Não passará despercebida aos olhos daqueles que conhecem os detalhes de uma nota verdadeira, o envolvimento contínuo com tudo o que é verdadeiro nos capacita a detectarmos tudo aquilo que é falso. Essa é uma verdade indiscutível.

Chegamos ao final desse estudo, e note que quando Jesus conclui o sermão do monte Ele deixou esse assunto dos falsos profetas para o final, e então a sua postura nobre é o maior exemplo contra as falsificações espirituais: “E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina, porquanto os ensinava como quem tendo autoridade, e não como os escribas”(Mateus 7:28 e 29)  O modo como Cristo viveu e pregou é um exemplo clássico do perfil de um verdadeiro mestre espiritual. Durante toda a vida, Ele esvaziou-se, viveu como um servo do Pai, o modelo de um Filho vivendo como servo denota um poder espiritual muito grande. Seus discursos eram redigidos com unção, havia uma conexão espiritual do céu com a terra, e todas as vezes que Cristo falava, seus lábios eram como a porta do céu aberta. Seus discursos eram memoráveis e causava impacto porque Ele era puro interiormente, essa pureza era celestial, primeiro o Verbo se faz carne, depois o Verbo ensina, e o que fala, era um diferencial dos discursos convencionais. Não era uma arte de retórica, não era um impressionismo de linguagem técnica, não era uma retórica erudita e fria, não eram palavras vazias e mortificadas como mortalhas verbais de uma religião formal. Havia autoridade (Grego: exousian) não mera arte de linguagem ou discurso sem vida. Não se tratava de uma técnica de linguagem egocêntrica apenas para demonstrar sabedoria e erudição, atitude que evoca louvores para o expositor, mas palavras que transmitiam vitalidade espiritual “A palavra que eu vos digo são espírito e vida” (João 6:63) essa autoridade provinha de uma vida consagrada á vontade do Pai que o enviou. Esse modo de expressar autoridade por meio de discursos e ensinos, é o modelo da verdadeira pregação, ela é uma marca distinta dos verdadeiros mestres espirituais. O discurso que vem do interior regenerado e consagrado, habitação do Espírito Santo, é diferente, aquilo que vem do profundo consagrado alcança o coração do ouvinte, não é mera arte de retórica, é acima de tudo o poder do Espírito Santo usando o coração e os lábios do verdadeiro mestre como instrumento para o Louvor do Deus triúno.

 

Que essas palavras sejam de grandes bênçãos para todos os irmãos, que o Senhor ilumine nossos corações para a compreensão do estudo presente, e que além das palavras, cada leitor possa colocar em prática tudo o que aprendeu, e viver de modo sóbrio, tomando as devidas escolhas para a peregrinação até o dia de Cristo: Sobriedade, vigilância e cautela.


Pr C. J. Jacinto

 

 

 

Essa mensagem é parte de um sermão pregado na Comunhão Biblica Bereiana, de Paulo Lopes (SC). Somos uma Igreja local e independente de confissão batista, teocêntrica e fundamentada na mensagem e na obra consumada e perfeita de Cristo na cruz.

 

Mais informações sobre nossos cultos e trabalhos:

(48) 99644-1307

 


 

Se você foi abençoado com essa e outras mensagens, sua gratidão é a minha motivação, entre em contato comigo

claviojj@gmail.com

 

 

 

 

 


0 comentários:

Postar um comentário