Acautelai-vos Contra Os Falsos Profetas
Sermão Pregado na: Comunhão Bíblica Bereana
Uma das passagens mais importantes sobre a questão do
discernimento e a percepção oculta do engano está em Mateus 7:15 a 23. Nosso
Senhor começa essa advertência com um
“Acautelai-vos”. O grego “prosechete” indica que devemos ter muito
cuidado, nossa percepção deve ser aguda, devemos perceber os detalhes
escondidos que fazem a diferença e que revelam a verdadeira identidade por trás
de uma máscara ou falsa aparência. Parece que o engano processa toda a astucia
por trás de um legado de imitação ou sob a fantasia de algo que pareça
inocente. Desde cedo aprendemos que parece que o diabo ataca o homem pelo
engano visual, até alcançar o entendimento e cegá-lo de modo a impedir que a
verdadeira natureza espiritual por trás do engano disfarçado seja notada. (II
Coríntios 4:4 com Genesis 3:6) Eva teve seu entendimento corrompido. “Mas temo
que, assim como a serpente enganou Eva com a sua astúcia, assim também sejam de
alguma sorte corrompidos os vossos sentidos, e se apartem da simplicidade que
há em Cristo.” (II Coríntios 11:3) Esse
é o meio pelo qual o diabo age, usando seus agentes, os falsos profetas e
falsos doutores, ou falsos mestres. Eles vem com uma aparência ambígua, usam
meios de disfarce, de modo que escondem a identidade e enganam com fraudulência
espiritual, conduzindo muitos por falsos evangelhos, já que Pedro adverte que a
falsa doutrina que esses falsos doutores introduzem de forma encoberta é
altamente corrompida de modo a produzir resultados terríveis, devastando as
almas descuidadas com o veneno espiritual. (II Pedro 2:1 e 2)
Assim, devemos perceber que há no mundo falsos profetas e
falsos mestres que de forma aberta promovem a apostasia e heresias. Eles atuam
em campo aberto, todos os que conhecem as Escrituras e as doutrinas
fundamentais da fé cristã, sabem que eles são falsos e que suas doutrinas são
errôneas e heréticas. Nosso mundo religioso está cheio desse tipo de
enganadores, tais são enganados pelo Pai da mentira e estão debaixo da
influência do espírito do erro, negam as doutrinas fundamentais das Escrituras,
a divindade de Cristo, a salvação pela graça, a exclusividade da fé cristã,
negam a substituição penal e o sacrifício vicário de Cristo, negam a segunda
vinda literal e triunfante do Senhor, negam autoridade das Escrituras e sua
inspiração verbal e plena, enfim negam os fundamentos da fé cristã, todavia fazem isso de forma aberta.
Jesus está falando sobre outro tipo de enganação, mais sutil,
é um tipo de engano em que seus agentes se apresentam como se fossem ortodoxos,
como se fossem verdadeiros cristãos, porém agem de modo oculto, de forma tão
sutil, que usam falsa identidade e falsa aparência, e passam aos olhos incautos
como se fossem verdadeiros pregadores e profetas divinos, parecem ser representantes
de uma mensagem cheia de piedade, mas escondem por trás das aparências uma
devassidão espiritual.
Note que Pedro também adverte sobre o modo como se processa o
engano desses falsos profetas, tudo é feito de forma encoberta (Grego:
“Pareisagó” que significa infiltração com astucia) e porque conseguem processar
essa infiltração doutrinária maligna no meio da igreja de Cristo? porque usam
como meio a aparência exterior, de modo que a precaução torne-se algo
superficial, a falsa identidade convida a vitima ao descuido. Esse é a
estratégia do diabo. Tomemos como exemplo a historia dos Gibeonitas (Josué 9:1
a 15) note que eles eram inimigos que deveriam ser expulsos da terra prometida,
mas eles disfarçaram-se e mentiram a Josué, armaram todo um cenário fantasioso
para enganar os filhos de Deus. Então Josué fez um pacto, pois não consultou ao
Senhor, ao invés disso confiou na sua percepção julgando a situação dos
gibeonitas pela aparência deles e o argumento que usaram para enganá-lo. De
certa forma a lição é uma advertência, quantos descuidados ao ouvirem
pregadores que tem aparência de piedade, mas negam a sua eficácia, caem na
armadilha do engano pelo fato de não consultarem a palavra de Deus e de tomarem
todo conselho divino contra os seus
erros, a ordem do dia é ser bereiano (Atos 17:11) Veja que Paulo adverte
que os obreiros fraudulentos se transfiguram em obreiros de Cristo (II Coríntios
11:13) eles fazem igual seu mestre, o diabo que se transfigura em anjo de
luz.(II Coríntios 11:14) assim os ministros do diabo seguem o exemplo de seu
mestre, tornam-se falsificadores de identidade, transforma-se em ministros de
justiça, mas na verdade são por natureza servos da iniqüidade.(II Coríntios
11:15)
A estratégia é muito simples, esses enganadores usam de
grande sutileza, primeiro eles ganham a confiança de seus ouvintes, conseguem
manipular as coisas de modo a se apresentarem como obreiros vinculados a
justiça de Deus, a linguagem deles é “Senhor, Senhor!” (Mateus 7:21) isso é uma
linguagem que apresenta uma espiritualidade tão elevada, mas a natureza do coração que tais declarações
supostamente piedosas procedem é maligna, é abissal. A linguagem que parece ser
tão piedosa esconde uma natureza extremamente iníqua (Mateus 7:23). Mas há certa eficácia quanto a isso, de modo que
uma vez que um enganador consegue ganhar a confiança de alguém, ele não só
ganha um admirador como também um defensor. As coisas tornam-se difíceis dentro
de uma assembléia cristã, onde um falso profeta consegue arrebanhar um grupo de
defensores que devido a cegueira espiritual, não conseguem perceber que são
vítimas de um engodo. As conseqüências podem ser devastadoras, porque o que
ocorre em seguida podem ser divisões dentro da congregação. Se o diabo por meio
de seus agentes conseguir provocar uma divisão por conta disso, ele conseguiu
alcançar seus propósitos.
Jesus fala que certa classe de falsos profetas se vestem de
ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Esses lobos cruéis começaram
a aparecer na medida que os apóstolos foram partindo dessa vida “Porque eu sei
isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós, lobos cruéis, que
não pouparão ao rebanho”(Atos 20:29) desde então esse é o meio pelo qual o
diabo ataca a igreja do Senhor, de modo que percebemos a ação do diabo por meio
de agentes de disseminação de heresias nas descrições que Cristo faz acerca das
igrejas da Ásia em Apocalipse 2 e 3. A palavra grega traduzida por
“interiormente” é a mesma usada em Mateus 23:27 quando Jesus compara os
fariseus de serem como os sepulcros adornados que por fora parecem ser tão
bonitos porém interiormente está cheio de podridão. Essa linguagem forte,
mostra de forma muito dramática o contraste entre a aparência e a natureza do
engano, isso revela como é perigosa, infame e desonesta a estratégia diabólica
e sutil dos falsos profetas que estamos
abordando nesse estudo.
Em Mateus 7: 16 a 20, Jesus, nosso Mestre Bendito, pelo qual
naquele momento glorioso da transfiguração, Deus Pai aconselhou: “Este é o meu
amado Filho, em quem me comprazo; escutai-o”(Mateus 17:5) Esse Cristo de Deus,
ensina-nos a respeito do discernimento espiritual. Ele afirma que se conhece
uma árvore pelo fruto, e então nós temos a grandiosa lição que os falsos
profetas são reconhecidos pelo tipo de fruto que produzem. Árvores boa não
produzem frutos malignos, o oposto também é uma verdade biológica, assim
procede no âmbito espiritual. Podemos nos lembrar de Gálatas 5:22, onde Paulo
fala sobre o fruto do Espírito, um homem regenerado entra nesse processo de
frutificação espiritual, e o trabalhar divino no espírito humano tem o
princípio que opera em todas as coisas que são regeneradas “Dando o seu fruto
de mês a mês ...”(Apocalipse 2:2) aqui temos
a produção espiritual perene, todo aquele que está ligado na videira
verdadeira produz em abundância das coisas espirituais verdadeiras. Aqui está a
linha que divide o falso do verdadeiro e então podemos entrar nessa esfera de
realidade espiritual de João 15:1 a 8. Cada cristão é uma vara associada a
videira verdadeira, aqui temos o processo da frutificação. Há o trabalhar de
Cristo na vida do regenerado, existem podas e o injetar da vida de Cristo no
homem interior de modo que ele se renova dia após dia (II Coríntios 4:16 a 18)
O homem regenerado não tem disfarces, a sua vida é a sua essência, o seu caráter
se manifesta pelo que ele é em Cristo. A forma como os seguidores de Cristo
foram chamados pela primeira vez de cristãos, denota que eles tinham o caráter
e a expressão da vida de Cristo neles, não eram imitadores, eles tinham o
espírito de Cristo (romanos 8:9) havia neles a expressão da vida espiritual
autêntica. Assim produziam os frutos da justiça mediante a essência do que eles
eram. Não havia disfarces, mas a expressão da vida regenerada é sempre ser uma
nova criatura, e o manifestar do poder divino estava neles. Então havia a
realidade, eles estavam dentro da realidade que é Cristo (João 14:6 a palavra
verdade é traduzida do grego “alateia” que também significa “realidade”). A
expressão da vida espiritual autêntica do verdadeiro discípulo é o fruto, o
fruto expressa a sua natureza interior e o que está ligado ao homem interior
“Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito” (I Coríntios 6:17). A
natureza do fruto é a expressão produtiva do coração regenerado.
Jesus associa o falso profeta com a árvore má, e por esse
ângulo espiritual, podemos exercer a nossa capacidade de enxergar o interior de
um homem e ver se de fato ele é um verdadeiro pregador ou um falso profeta.
Deixe-me dizer algo importante aqui, porque estamos lidando com algo de extrema
importância, comentando sobre essa passagem o piedoso Matthew Henry nos adverte
que o falso profeta disfarçado de cordeiro, esconde a natureza de lobo que é o
pior inimigo das ovelhas verdadeiras. Assim creio que ao abordar o tema e dar
todos os princípios para que possamos enxergar de modo eficaz as coisas na
esfera espiritual de acordo com o assunto que estou abordando, nosso Senhor e
Salvador demonstra um grande amor por seus filhos amados.
Um fruto bom é a expressão de um coração santificado, toda
expressão da doçura de um fruto espiritual pode ser observado na conduta que
está reajustada de acordo com as bem aventuranças de Mateus 5:1 a 16. Em
seguida temos ainda um vislumbre do expressar da vida espiritual em Mateus 5:43
a 48. Outro indicador que expressa a mais pura santidade da vida interior é o
modo como vimos as coisas temporais e eterna, o tipo de tesouro que estamos
buscando desde o interior do coração e que se expressa na maneira como agimos
diante dessas coisas (Mateus 6:19 a 24)
Um aspecto importante sobre a vida espiritual genuína é que
há um processo de limpeza pela palavra de Cristo (João 15:3) e um
relacionamento com o Senhor (João 15:4) esse relacionamento é pessoal, conhecer
o cristianismo é conhecer a Cristo. A
igreja não é uma organização em que
estamos ligados é um organismo pelo qual estamos vinculados em uma ordem
vital, é união no corpo de Cristo, ser membro de uma instituição não é o mesmo
que ser membro do corpo de Cristo. “Se alguém não estiver em mim será lançado
fora”(João 15:6) então o relacionamento pessoal e interior faz toda a
diferença. Essa diferença interna é impossível no falso profeta porque o seu
interior é completamente corrompido, possui a natureza do devorador, o centro
íntimo da alma é voraz e maligno. Assim o fruto é a expressão da interioridade
do homem salvo. A raiz está em Cristo, esta parte mais íntima de nosso ser está
batizado no corpo de Cristo “Se alguém estiver em mim” essas são as condições propícias
para a frutificação espiritual. Cristo então conclui: “Nisto é glorificado meu
Pai, que deis muito fruto, e assim sereis meus discípulos” (João 15:8) Notamos
também uma verdade preciosa, o homem que dá fruto espiritual em abundância não
recebe gloria de homens, ele sempre tende a dar glória a Deus por isso. A fonte
do poder espiritual da frutificação é Deus pelo seu Espírito Santo (Gálatas
5:220 e Ele deve receber toda a glória. Geralmente os falsos profetas querem a
glória para si mesmo, eles possui a mesma malignidade tendenciosa do “filho do
Pecado” quer ser adorado como se fosse Deus e quer ser o centro da devoção.
Quase sempre os falsos profetas usam da expressão de arrogância, orgulho e
manipulação psicologia. Eles trabalham para manter o status de verdadeiro
quando são falsos e para isso, labutam dia e noite para manter a identidade em
segredo. O fruto do Espírito (Note que Jesus também menciona o fruto no
singular em João 15:8) é o manifestar exterior da natureza interior. Assim
quando vimos alguém usar de uma artimanha tal como abordamos apenas com
interesse próprio em busca de coisas que satisfazem seu ego sejam elas
materiais ou não, tal atitude foge da regra de buscar tesouros no céu. De modo
que vimos que em nossos dias há uma contingente enorme de pregadores cujo
interesse é elevar-se no patamar da fama e do sucesso financeiro, buscando
assim a fé como um meio de ganhar a vida e manter um “status” na forma de uma
“grande personagem de Deus” quando na verdade está praticando simonia ministerial.
Todos esses são sinais evidentes do falso profeta, note que não há a longo
prazo, uma expressão de vida espiritual verdadeira. O fruto é uma expressão que
aparece por processos, só quando começamos a ver a vida de alguém e começamos perceber seus verdadeiros interesses e vem a luz suas verdadeiras intenções é
que estamos apto a qualificá-lo como verdadeiro ou falso mestre. No entanto, é
verdadeira a conclusão de que o verdadeiro cristão conhece a Cristo como Pessoa
ressurreta que é seu Salvador pessoal, desse conhecimento vem o relacionamento
e desse relacionamento o fruto que irá se expressar exteriormente no testemunho
de vida.
Vamos notando que na medida em que o Senhor prossegue no seu
discurso de advertência agora em Mateus 7:21 a 23 ele menciona o fato de que
uma confissão meramente formal pode ser compatível com uma vida falsa. E ele
vai mais longe, essa vida falsa pode ser pragmática, e então o falso cristão
confia no fato das coisas erradas funcionarem no sistema religioso então isso
gera uma falsa confiança. Quantos em nossos dias enganam com o discurso seguido
de sinais e maravilhas, mas que por fim não evidenciam fruto espiritual
autêntico! Cristo então mostra a parte
prática da fé “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos
céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mateus 7:21)
aqui está o discurso religioso, meramente religioso! exteriorizado, o discurso
segue a mascara de cordeiro, tudo parece
fato, mas é pura fantasia sinistra. Por trás de um discurso que parece
tão espiritual e de uma aparência que parece tão santa, está um coração
mergulhado em trevas infernais. É lamentável que essa estratégia possa ser uma
armadilha tão fácil no decorrer da historia do cristianismo.
Ora quando Cristo diz que pelo fruto se conhece a árvore,
isso vai contra a evidência exterior do falso profeta, pois é dito a respeito
dele: “Apartai-vos de mim vós que praticais a iniqüidade”(Mateus 7: 23) O que
se manifesta do interior do lobo disfarçado de ovelha é iniqüidade, veja que
isso pode ser apresentado com rótulos bem religiosos como profecias e sinais e
maravilhas, mas por trás dessas manifestações supostamente sobrenaturais está um
elemento nocivo e maligno: iniqüidade. Além disso, notamos que Jesus também
declara “Nunca vos conheci” aqui novamente está a grande questão da vida
espiritual: Você conhece a Cristo? Essa é uma pergunta prioritária, pois não se
trata de um conhecimento teológico, mas de um conhecimento relacional, aqui
está uma grande diferença, não somente dizer: Senhor, Senhor! Mas está debaixo
do Senhorio de Cristo “Todo aquele que escuta estas minhas palavras e as
pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a
rocha”(Mateus 7:24) note novamente aqui a natureza interior, de profundidade,
pois o fundamento está na rocha, vai mais profundo, não se assenta na areia,
mas penetra mais interiormente atravessa camada da areia, sai do mero
superficialismo e faz contato com a essência, com a solidez, nesse caso, há a
durabilidade do material em que se penetra até a essência, e é exatamente onde
nosso coração deve estar, completamente dentro de Cristo, assim como também
deve Ele estar completamente dentro de nós.
A práxis da Palavra de Deus é antes de tudo a admoestação
constante do verdadeiro pregador “E sede cumpridores da palavra e não somente
ouvintes, enganando-vos a vós mesmos” (Tiago 1:22) O poder da Palavra está
associado ao cumprimento, tudo está relacionado, veja esse cumprimento de forma
objetiva tanto na vida pessoal quanto na história do universo, seu começo e seu
fim e em todo o plano salvífico desde a queda até a consumação dos séculos, a
palavra de Deus funciona, ela está dentro da existência, ela é a expressão
funcional da vontade de Deus, é a revelação, é a voz de Deus, e pelo livro
sagrado vem o manifestar constante de Deus aos homens.
O modo como os falsos profetas agem dentro do ensino de
Cristo no sermão da montanha, revela um tipo muito mais perigoso de pregadores,
pastores e mestres. Na segunda epístola universal do Apostolo Pedro o Espírito
Santo associa o falso profeta ao falso mestre: E também houve entre o povo
falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores que introduzirão
encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou
trazendo sobre si mesmos repentina destruição (II Pedro 2:1) note a natureza
completamente destrutiva desses agentes do engano Primeiro, suas heresias
provocam perdição (Grego: apoleia que também significa destruição) então
podemos entender consultando um léxico grego que as heresias disseminadas por
esses falsos doutores possui um caráter destruidor. No final do versículo a
mesma palavra grega é usada para o fim do falso mestre “Trazendo sobre si
repentina destruição” novamente a palavra grega é “apoléia” e denota destruição
e ruína eterna. Tudo isso é feito de modo encoberto, encapsulado de forma a não
mostrar a verdadeira natureza nociva das heresias que se infiltram por tais
mecanismos de destruição espiritual.
Por esse motivo Cristo adverte-nos no sermão da montanha a
respeito dos falsos profetas e falsos doutores, a artimanha desses são mais
sutis, eles se disfarçam, fingem, usam
mascaras, se aproveitam de todos os que não usam de cautela. Paulo fala em Tito
2:12 a 15 que devemos viver no presente século com sobriedade, sem sermos
sóbrios, não podemos ser cautelosos. A sobriedade e a vigilâncias são termos
correlatos, só pode vigiar quem está sóbrio, e só permanece sóbrio quem for
cauteloso, no grego, sóbrio na passagem de Tito é sōphronōs, ocorre somente em Tito 2:12 e
significa estar atento, andar com prudência, ser sensato, com mente sensível e
sadia.
Voltemos
assim para Mateus 7:15 onde comecei o meu discurso, porque quando Jesus disse
“acautelai-vos” a palavra grega é “prosechete” e significa prestar atenção, ser
muito cauteloso, então isso nos leva para um olhar pelos detalhes. De certa
forma, a maior parte das pessoas não conseguem distinguir uma nota falsa de uma
verdadeira. Porque isso ocorre? é certo que se não formos cautelosos, a nota
falsa passará com facilidade diante de nossos olhos, como se fosse uma nota
verdadeira. Mas quando atentamos para os detalhes, então podemos descobrir
perceber que há sinais que evidenciam que a nota não é autêntica, pois faltam
as qualificações necessárias para torná-la em uma nota verdadeira. Quando
alguém toma as devidas precauções, pode observar nos detalhes da nota, que ela
é falsa. Há evidencias tais como qualidade do papel que não correspondem com a
nota original e verdadeira. Muitos sinais podem alertar que a nota é falsa, mas
precisamos ser cautelosos, olhar com cuidado, ver os detalhes mínimos que fazem
a diferença entre a falsa e a verdadeira. Uma nota pode ser percebida através
de um dispositivo eletrônico que emite uma luz para mostrar se o papel é papel
moeda, todavia quando a pessoa conhece bem a nota verdadeira, consegue
distinguir a falsa quando toca uma cédula falsa, a qualidade do papel e a
qualidade gráfica é totalmente inferior. Porém notas falsas passa com muita
facilidade, se a vítima não tem um conhecimento prévio dos detalhes que marcam
a verdadeira cédula, assim a falta de cuidado é o meio pelo qual dá vantagens
para a circulação de notas falsas. Levemos esse princípio a Palavra de Deus. O
que Jesus ensinou segue a mesma regra que usamos para distinguir uma nota falsa
de uma verdadeira, devemos prestar atenção, observar os detalhes, a vida
espiritual verdadeira produz frutos espirituais verdadeiros. Se tivermos um
conhecimento bíblico adequado, se conhecemos os ensinos de Cristo, se estivermos
familiarizados como os ensinos do Novo Testamento principalmente, então vamos
observar nos detalhes que o rótulo não corresponde ao conteúdo, que as
aparências não correspondem a essência, que o exterior não corresponde ao
interior quando tivermos que lidar com os falsos profetas e falsos doutores no
uso corrente do discernimento espiritual aplicando os princípios que Jesus
estabeleceu no sermão da montanha quanto a esse assunto tão importante. Por
mais que seja sofisticada uma falsificação, ela ainda assim será uma
falsificação. Não passará despercebida aos olhos daqueles que conhecem os
detalhes de uma nota verdadeira, o envolvimento contínuo com tudo o que é
verdadeiro nos capacita a detectarmos tudo aquilo que é falso. Essa é uma verdade
indiscutível.
Chegamos
ao final desse estudo, e note que quando Jesus conclui o sermão do monte Ele
deixou esse assunto dos falsos profetas para o final, e então a sua postura
nobre é o maior exemplo contra as falsificações espirituais: “E aconteceu que,
concluindo Jesus este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina,
porquanto os ensinava como quem tendo autoridade, e não como os
escribas”(Mateus 7:28 e 29) O modo como
Cristo viveu e pregou é um exemplo clássico do perfil de um verdadeiro mestre
espiritual. Durante toda a vida, Ele esvaziou-se, viveu como um servo do Pai, o
modelo de um Filho vivendo como servo denota um poder espiritual muito
grande. Seus discursos eram redigidos com unção, havia uma conexão espiritual
do céu com a terra, e todas as vezes que Cristo falava, seus lábios eram como a
porta do céu aberta. Seus discursos eram memoráveis e causava impacto porque
Ele era puro interiormente, essa pureza era celestial, primeiro o Verbo se faz
carne, depois o Verbo ensina, e o que fala, era um diferencial dos discursos
convencionais. Não era uma arte de retórica, não era um impressionismo de
linguagem técnica, não era uma retórica erudita e fria, não eram palavras
vazias e mortificadas como mortalhas verbais de uma religião formal. Havia
autoridade (Grego: exousian) não mera arte de linguagem ou discurso sem vida.
Não se tratava de uma técnica de linguagem egocêntrica apenas para demonstrar
sabedoria e erudição, atitude que evoca louvores para o expositor, mas palavras
que transmitiam vitalidade espiritual “A palavra que eu vos digo são espírito e
vida” (João 6:63) essa autoridade provinha de uma vida consagrada á vontade do
Pai que o enviou. Esse modo de expressar autoridade por meio de discursos e
ensinos, é o modelo da verdadeira pregação, ela é uma marca distinta dos verdadeiros
mestres espirituais. O discurso que vem do interior regenerado e consagrado,
habitação do Espírito Santo, é diferente, aquilo que vem do profundo consagrado
alcança o coração do ouvinte, não é mera arte de retórica, é acima de tudo o
poder do Espírito Santo usando o coração e os lábios do verdadeiro mestre como
instrumento para o Louvor do Deus triúno.
Que
essas palavras sejam de grandes bênçãos para todos os irmãos, que o Senhor
ilumine nossos corações para a compreensão do estudo presente, e que além das
palavras, cada leitor possa colocar em prática tudo o que aprendeu, e viver de
modo sóbrio, tomando as devidas escolhas para a peregrinação até o dia de
Cristo: Sobriedade, vigilância e cautela.
Pr C. J. Jacinto
Essa
mensagem é parte de um sermão pregado na Comunhão Biblica Bereiana, de Paulo
Lopes (SC). Somos uma Igreja local e independente de confissão batista,
teocêntrica e fundamentada na mensagem e na obra consumada e perfeita de Cristo
na cruz.
Mais
informações sobre nossos cultos e trabalhos:
(48)
99644-1307
Se
você foi abençoado com essa e outras mensagens, sua gratidão é a minha
motivação, entre em contato comigo
claviojj@gmail.com
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