Autor: Clavio J. Jacinto
Jezabel é conhecida em alguns círculos ultra-conservadores
como a “mãe das vaidades”, na verdade não podemos perder o foco da verdade
sobre ela, sem abandonarmos uma visão parcial e opiniosa sobre a questão, o
ponto crucial de Jezabel é que ela é mãe de um sistema demoníaco, que começou
com ela e prevalece no mundo espiritual esperando uma ocasião para se
manifestar como método de prostituição espiritual.
Nós encontramos o centro da história em I Reis 17 a 19, nesse
cenário Jezabel promove dos pecados que se destacam entre os demais, a primeira
é a sutileza que usa para alcançar os objetivos mais sinistros e a outra seu ódio
contra quem é conservador. Aqui nesse artigo, o termo “conservador” pode ser
entendido como alguém que crê nos fundamentos da fé cristã e acreditam que o cristianismo
é a revelação divina sobre o único meio de salvação que é através de Cristo.
Percorrendo essa visão chegamos á outras verdades; só o Senhor deve ser adorado.
Muitos anos depois, na era do Novo Testamento, a igreja de Tiatira sofre com
uma infiltração, uma mulher chamada Jezabel que se diz profetisa, ensina e
engana os cristãos de Tiatira, induzindo eles a praticaram fornicação e comer
das comidas sacrificadas aos ídolos (demônios) Em I Reis temos a origem desse sistema,
mais de mil anos depois aparece em uma igreja da Província romana da Ásia.
Temos aqui um sistema espiritual, de alguma forma, nada temos vinculado na história
dos dois casos, o que se manifesta aqui é o espírito que opera por trás da manifestação
de uma mulher que se diz profetisa, mas que carrega dentro do conceito a mesma
influencia maligna de Jezabel. Da mesma forma há outros sistemas demoníacos que
começaram no mundo antigo e ainda prevalece no mundo espiritual e se
manifestam ocasionalmente, inclusive entre os filhos de Deus, a essa manifestação
não tem outro intuito, a não ser arruinar com assembléias locais de destruir
cristãos. Veja por exemplo em Judas 1:11 onde alguns contemporâneos de Judas,
irmão do Senhor foram acusados de entrarem pelo caminho de Caim
, levados
pelo engano do prêmio de Baalão e pereceram na contradição de Coré. Notemos é
um sistema de iniqüidade, O caminho de Caim foi inaugurado pelo seu ódio,
inveja e homicídio, e desde então está aberto e durante todo o período da história do povo de Deus, muitos entram por esse caminho profano e ímpio.
Esses são
sistemas, outros são mais recentes, como o sistema nicolaita, mas é obvio que
ao inaugurar um sistema maligno, o diabo usa os meios para alcançar fins e de
tempo em tempo, esses sistemas malignos aparecem dentro de assembléias cristãs
e na sociedade. Note por exemplo a situação moral e espiritual precário do povo
ante-diluviano em Gênesis 6, Jesus disse em Mateus 24:37 a 39 que o mesmo
comportamento decadente estaria presente por ocasião dos últimos tempos e a Sua
Vinda. Acredito que de certa forma, as coisas emergem das profundezas, como descreve João nos primeiros versículos do capítulo 9 de Apocalipse, e então
seguem a manifestação e chegam á um fim.
Um dos principais
problemas hoje em dia é a falta de discernimento, notamos que nas igrejas da Asia descritas em Apocalipse 2
e 3, havia esse problema, porém notamos que na Igreja de Éfeso havia um critério:
“pusestes a prova os que se dizem apóstolos e não são, e tu os achastes
mentirosos”(Apocalipse 2:2) Se em Tiatira a mulher que se dizia profetisa não
foi testada, os falsos apóstolos de Efeso foram! e por causa disso uma foi
enganada e outra não. Quando a infiltração do sistema de engano satânico se
infiltra, o discernimento é necessário, aliás, o exercício do discernimento
nunca deve ser ignorado em momento algum e muito menos ainda em nossos dias,
onde vimos tanto fogo estranho se passando por manifestações espirituais autênticas.
Há algo
interessante com relação a Jezabel, ela está associada coma idolatria e quase sempre o culto aos demônios
está associado com o culto idólatra, e assim é possível também associar Jezabel
com o ocultismo, pois de certa forma há um vínculo entre idolatria e a prática do ocultismo. Dave Hunt em seu livro “A Sedução do Cristianismo” já advertia na
década de 1990 sobre a sedução enganadora que se infiltrou na igreja já na época
em que ele escrevia o livro citado, ele escreveu:
“O
cristianismo bem pode estar se defrontando com o maior desafio as sua história:
uma série de seduções poderosas e crescentes que estão alterando sutilmente a
interpretação bíblica e solapando a fé de milhões de pessoas. A maioria dos
crentes mal toma ciência do que está acontecendo e entende ainda menos sobre as
questões envolvidas”
A questão do
discernimento envolve maturidade, lemos isso em Hebreus 5;15 respeitando o contexto da passagem, o homem natural não pode discernir coisas espirituais,
então somente aqueles que nasceram de novo, que são de fato redimidos, podem ter
os sentidos exercitados para o discernimento.
Veja o amado
leitor que o profeta Balaão exerceu suas atividades enganadoras na época da lei
(Números 23) mesmo assim as atividades do sistema “balaaonico” está vigente
muitos séculos depois vai aparecer infiltrado entre grupos de falsos cristãos “Os
quais deixando o caminho direito, erraram, seguindo o caminho de Balaão, filho
de Beor, que amou o prêmio da injustiça” (II Pedro 2:15 veja também Apocalipse
2;14) a artimanha estratégica do sistema demoníaco é promover tropeços para os
filhos de Deus, no contexto de números 23 entra também a estratégia do erotismo
como meio de se alcançar um fim. Balaque queria que o povo de Deus fosse
amaldiçoado por Balaão, mas este não tem autoridade espiritual para amaldiçoar
o povo eleito, pois estavam protegidos pelo Senhor, então o meio pelo qual
Balaão achou para induzir o povo eleito ao erro foi enviar mulheres sedutoras
para que os judeus ficassem encantados com a sedução de mulheres eróticas, e
ocorreu que realmente caíram na armadilha e pecaram contra o Senhor. Isso é chamado
de enviar tropeços, esse era o meio pelo qual o povo de Deus cedeu e ficou
aberto e desprotegido, por fim Balaque conseguiu alcançar parte de seus
intentos, por causa da maneira como Balaão instruiu sobre o modo como o povo de
Deus poderia ser destruído. O sistema foi desenvolvido por Balaão, mais tarde o
diabo vai usar os mesmos meios na igreja de Pérgamo (Apocalipse 2:14)
O comentário Beacon do livro de Apocalipse explica o problema de Balaão na igreja de Pérgamo:
Balaão é descrito como aquele que ensinava
Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel para que comessem dos
sacrifícios da idolatria e se prostituíssem. Essa declaração preenche um
pequeno hiato no relato do Antigo Testamento. Lá lemos que Balaão foi chamado
por Balaque, rei de Moabe, para amaldiçoar os israelitas, a quem temia (Nm
22.1—24.25). Quando Deus não permitiu que o profeta amaldiçoasse seu povo,
evidentemente Balaão sugeriu uma maneira indireta de trazer a maldição divina
sobre Israel. Isso é indicado em Números 21.16, em que Moisés disse às mulheres
de Moabe: “Eis que estas foram as que, por conselho de Balaão, deram ocasião
aos filhos de Israel de prevaricar contra o SENHOR, no negócio de Peor, pelo
que houve aquela praga entre a congregação do SENHOR”. O “negócio de Peor” era
uma combinação de idolatria e imoralidade (Nm 25.1-9), como podemos ler em
Apocalipse. O que o relato deixa mais claro aqui é o fato de Balaão ter
aconselhado Balaque a fazer com que suas mulheres seduzissem os homens
israelitas nesses dois pecados. O esquema funcionou bem demais. Balaão também é
mencionado em 2 Pedro 2.15 e Judas 11. A palavra grega para tropeços
(scandalon; cf. escândalo) foi primeiramente usada para a isca de uma armadilha
e, em seguida, para a própria armadilha. Isso se encaixa perfeitamente na
figura aqui. Balaque preparou uma armadilha para os israelitas e eles foram
apanhados nela. Swete comenta: “As mulheres de Moabe foram deliberadamente
lançadas no caminho dos homens israelitas, que não suspeitavam de nada, na
esperança de causar a ruína deles”.38 Lenski traduziu a expressão aqui: “lançar
uma armadilha diante dos filhos de Israel”.39 Pelo que tudo indica, havia
alguns membros na igreja em Pérgamo que procuraram convencer os membros a
aceitar os costumes pagãos para evitar perseguição. Eles defenderam a idéia de
comer nos templos pagãos e participar na adoração aos ídolos, o que incluía
prostituir-se com as “virgens” do templo. E possível que tenham dito que o que
alguém faz com o corpo não afeta a sua alma. O fato de comer carne sacrificada
aos ídolos já tinha se tornado um problema em Corinto, onde Paulo tratou disso
(1 Co 8)
Que possamos aprender com esses fatos, pois
sistemas demoníacos se erguem durante todo o período histórico em que o povo de
Deus peregrina sobre a terra, outro exemplo claro é a Babilônia, a cidade desapareceu
mas as raízes espirituais que influenciaram a grande cidade continuam
existindo, a babilônia ganha esplendor no fim dos tempos, lá em Apocalipse 17 e
18 ela aparece com glamour e um requinte de espiritualismo, comercio religioso,
ocultismo e feitiçaria, a cidade ficou em ruínas a muitos séculos mas o sistema
espiritual que foi estabelecendo a partir de lá ainda está vigente e emerge com
mais intensidade em períodos de grandes apostasias. Tudo isso apenas revela que
o inimigo está a espreita, que uma grande influencia demoníaca permeia o sistema
do mundo que jaz no maligno, e que precisamos de discernimento espiritual para
não cairmos nas armadilhas sutis do inimigo.
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