DEVE O CRISTÃO CONFIAR
EM SENTIMENTOS E EXPERIÊNCIAS?
Uma das Exortações mais
importantes de Paulo concernente a vida cristã pode ser lida em I Timóteo 4:16:
“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque,
fazendo isto, te salvarás tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” Eis aqui uma grande e fundamental exortação,
devemos tomar os devidos cuidados com a vida cristã, ela exige isso, Paulo
assevera muito sobre esse tema, é de crucial importância que tenhamos em mente
essa disposição: “Examinai a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós
mesmos. Ou não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? se não
é que já estais reprovados”(II Coríntios 13:5).
Tenho uma grande consideração pela Introdução à Teologia Cristã de
Wiley-Culbertson (Casa Nazarena de Publicações) Você encontra muitos ensinos
maravilhosos dentro desse livro, e no inicio, já nos admoesta: “Torna-se desastroso
crer numa falsidade, por mais sincero que seja e, assim, quanto mais intensa
for a sinceridade, mais terrível são as conseqüências. Só o conhecimento da
verdade liberta e oferece segurança ao homem. Se isto é verdade, como de fato o
é, no plano físico e material da vida, quanto mais importante será no plano dos
valores espirituais com suas conseqüências eternas”(1)
Sem dúvida o cuidado
faz parte da diligência cristã, durante a vida abordamos varios aspectos vitais, a
maneira como devemos escolher uma assembléia cristã para nos congregarmos, o
tipo de pregador que devemos buscar ouvir, a maneira como devemos dar valor aos
estudos bíblicos, enfim, encontramos nas Escrituras exortações que são de princípios essenciais como o buscar o Reino de Deus e a sua justiça, prioridades
que implicam na nossa trajetória, a intensidade da peregrinação cristã sempre
será de acordo com a nossa visão espiritual.
Hoje em dia está na
moda a “religião do sentimento” esse é um conceito atual, o “sentir” como um
teste de que estamos seguros quanto a verdade. A experiência colocada como
termômetro espiritual e como prova irrefutável da verdade. Esse conceito é
errôneo, perigoso, mas está muito popular hoje em dia devido ao crescimento do
misticismo medieval e o movimento carismático. Não estou dizendo que é errado
ter sentimentos e experiências espirituais, o que quero é que o amado leitor
coloque cada coisa no seu devido lugar. Sob efeito da experiência espiritual, o
cristão de hoje precisa escolher ser bíblico ou ser pragmático. Uma escolha irá
excluir a outra. Ou a bíblia será a autoridade final em questões de fé e
doutrina ou a experiência prevalece. Essa encruzilhada é um desafio constante,
porque muitos se sentem seguro com aquilo que estão sentindo e não na confiança
que estão colocando na obra consumada e perfeita de Cristo na Cruz. As implicações e os perigos seguem, pelo
caminho do pragmatismo, quando colocamos
nosso eu na frente de Cristo, assim a dependência do sentir e da experiência
fica atrelada a nós e não a Cristo. O Dr Martin Lloyd Jones aconselha com toda
a razão: Não busquem uma experiência, e sim, busquem-nO; busquem conhecê-lO;
busquem perceber Sua presença; busquem amá-lO. Busquem morrer para si mesmos e
para tudo mais, para que possam viver inteiramente nele e para Ele e
entregar-se inteiramente a Ele. Se Ele estiver no centro, vocês estarão em
segurança. Mas se simplesmente buscarem uma experiência, se estiverem em busca
de sensações e excitamento, então estarão abrindo a porta para a simulação-e
provavelmente a receberão” (2)
Ora, Lloyd Jones
percebe as implicações e os perigos de uma vida não cristocêntrica. A Pessoa de
Cristo e o relacionamento com Ele acima das emoções, sentimentos e
experiências. Essa seqüência de crer em Cristo e ter um relacionamento com Ele
é a base da verdadeira religião, como diz Jonathan Edwards “Crer em Cristo e
vê-lo espiritualmente são simultâneos” (3) Isso está além da vida dependente de
sentimentos bons. Um Tiago transpassado pela espada, um Estevão lapidado, um
Antipas martirizado, um João batista encarcerado e um João Evangelista
desterrado são realidades que apontam para essa verdade. Creio que muitas vezes
precisamos de iluminação espiritual para contemplar essas verdades mais
profundas (Salmos 119:18) A fé cristã não se baseia em sentimentos, mas em uma
pessoa histórica e eterna: o Senhor Jesus Cristo. Ela é feita de morte e
ressurreição, há um monte onde alguns discípulos viram a transfiguração de
Cristo, há também um cárcere onde João Batista foi decapitado. Há cumes e vales,
e em qualquer circunstância, a verdade que prevalece por ser suprema, é Cristo,
se Ele é a realidade no relacionamento, todas as coisas se convergem para uma
consumação bendita (Efésios 1:10) não importa se no mundo passamos por aflições
(João 16:33) a consumação da história pertence ao triunfo do ressuscitado do
Alfa e Ômega.(Apocalipse 1:11) A maneira como você vê e se relaciona com Cristo determina o
estado da sua bem aventurança. A importância pelo qual as coisas espirituais
procedem de uma única realidade: Cristo Jesus o Senhor (João 14:6) é que a
Bíblia, principalmente o Novo Testamento apontam para esse centro de todas as
coisas espirituais e verdadeiras. Enquanto que Cristo é a verdadeira realidade
que liberta (João 8:32) o diabo engana e cega o entendimento de todos os que
não creem No Filho Divino e na sua perfeita obra redentora. Cito novamente
Jonathan Edwards, que adverte de forma clara sobre esse assunto ao afirmar:
“Satanás engana a muitos sobre o estado de suas almas; desse modo, arruína-os
eternamente. Em alguns casos, satanás leva as pessoas a pensar que são
extraordinariamente santas, quando na realidade são o pior tipo de hipócritas”
(4) e ainda: “Os homens pecam na ilusão de estarem servindo a Deus; portanto
pecam sem restrições” (5)
O motivo pelo qual não
devemos confiar em nós mesmos, nos nossos sentimentos e experiências, mas na
pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, é devido ao engano pessoal e
espiritual. De fato, quase sempre
pessoas espiritualmente enganadas tendem a acreditarem em si mesmas e a estarem
seguras da condição em que se encontram, como disse Charles Spurgeon: “A
pobreza espiritual anda lado a lado com a vangloria. Contentamento com os bens
terrenos enriquece os homens, mas o contentamento com a condição espiritual é o
sintoma da pobreza” (6) e então ele prossegue: “O homem que confia em si mesmo
corre o risco de cair porque irá ao encontro da tentação na confiança de que é
forte capaz de escapar” (7)
A autoconfiança é uma
heresia, ela é ainda mais grave quando têm um vínculo religioso, pois na medida
que avança no coração humana acaba diminuindo cada vez mais a importância e o
valor da obra da Cruz realizada pelo Filho de Deus, e são os sentimentos e as
experiências que sustentam a autoconfiança.
Devemos confiar em
Cristo, nosso relacionamento com Ele deve ser a base da nossa fé e a plataforma
que sustenta toda a nossa espiritualidade.
Bibliografia
(1) Introdução a Teologia Sistemática Wiley & Culbertson Casa Nazarena de
Publicações Página 17
(2) Deus o Espírito Santo Dr Martin Lloyd-Jones Publicações Evangélicas
Selecionadas Paginas 325 e 326
(3) A Busca do Crescimento Jonathan
Edwards Cultura Cristã. Pagina 44
(4) A Genuína Experiência Espiritual
Jonathan Edwards. Publicações Evangélicas Selecionadas. Pagina 14
(5) Idem Pagina 16
(6) Aviva a Tua Obra Charles Spurgeon.
Publicações Pão Diário E editora dos Clássicos Página 23.
(7) Idem Pagina 57
Autor: Clavio J.
Jacinto
0 comentários:
Postar um comentário