O acidente com o Césio 137 em Goiânia no ano de 1987 ficou marcado na história do Brasil como o pior
acidente radiológico do Brasil, contaminou mais de 1500 pessoas e causou quatro
mortes. Tudo aconteceu quando um aparelho
de radioterapia foi encontrado numa clínica abandonada e desmontado para a
venda como sucata. Não quero me deter nos pormenores que causaram o acidente,
nem as pessoas envolvidas pois elas eram inocentes e não tinham idéia do perigo
por trás de uma máquina abandonada e do elemento radioativo que causou mortes,
pânico e conseqüências terríveis a longo prazo, principalmente para os
envolvidos no acidente, porque eram pessoas que não agiram de ma fé, eram
inocentes quanto a gravidade da situação, até que o problema viesse a ser
descoberto. Creio que a maioria das pessoas nas mesmas circunstâncias agiria da
mesma forma. Mas o acidente com o Césio 137 tem lições, toda tragédia sempre
nos apresentam duras lições, e creio ser uma das piores formas de aprender por
meio de conseqüências avassaladoras. A primeira lição é que a ingenuidade não
isenta ninguém do engano. As vítimas eram ingênuas quanto ao perigo por trás
daquela maquina abandonada. Não imaginavam que por trás de um pó brilhante
dentro de uma máquina sucateada estava um perigo mortal: elemento radioativo. Da mesma forma vimos como as coisas ocorrem a
nível espiritual, pessoas que não fazem idéias do engano espiritual não ficam
isentas dos perigos que as ameaçam. Milhões de pessoas estão envolvidas com
ocultismo, idolatria, e heresias de destruição. Elas não percebem a natureza
das coisas e pensam que não há perigo nelas. Agem com toda a inocência, como
que fascinados, não há percepção da realidade porque muitas vezes o elemento
catalisador do perigo não se apresenta de imediato, dessa forma os instintos de
preservação dos homens não reage perante o perigo oculto. Acredito que o diabo
age da mesma forma. Quando Paulo diz que o diabo se transfigura em anjo de luz
(II Coríntios 11:14) é exatamente isso o que ocorre. Sua estratégia é esconder
a sua verdadeira natureza, suas armadilhas são revestidas de falsas aparências.
A astucia diabólica é característica de
todo o sistema de engano que esconde o perigo por trás de belas ações (Seus
ministros se transfiguram em ministros de justiça, afirma o contexto do
versículo citado acima) por trás das falsas aparências etc. Assim como as vítimas do Césio 137, não puderam perceber a gravidade de lidar de maneira desprotegida contra a
radioatividade quando expostos aquele material radioativo, também muitos não
percebem o perigo de ficar expostos aos enganos de uma heresia e doutrinas de
demônios. Talvez essa lição tenha a similaridade em ambas as partes. AS flores
carnívoras se apresentam belas e exalam perfumes atraentes como meio de induzir
o engano aos insetos, para serem devorados, assim também vemos que diabo se transfigura em anjo de luz mas na
verdade sua natureza é que ele anda ao derredor buscando alguém para tragar (I
Pedro 5:8). Assim a questão primeira é que a ingenuidade não é proteção contra
o engano, e é exatamente a causa do porque ele engana o mundo inteiro
(Apocalipse 12:9) a maioria de suas vítimas são ingênuas, falta aquela percepção
própria para que se viva de modo sensato diante da natureza do engano tal como
de fato é. Essa é uma dura lição, um fato que não pode ser ignorado. Você encontra milhões de pessoas alienadas nas falsas religiosas, muitos caem nas
armadilhas das seitas mais nocivas, porque são ingênuas, milhões de almas
perceberão tarde demais que foram enganadas durante todo o tempo e até mesmo durante
toda a vida. Quanto mais ingênua for uma pessoa no âmbito das coisas
espirituais, mais fácil será cair na armadilha da ilusão e das falsas aparências.
Quanto menos discernimento, menor ainda será o bom senso. Ao lidar com as coisas referentes a natureza
espiritual, certas medidas precisam serem tomadas, e a primeira delas é que não
devemos ser ingênuos, porque a aparência de um rótulo pode ser de uma beleza
extravagante enquanto que o conteúdo pode ser extremamente sinistro. Tanto na
esfera natural quanto na esfera espiritual isso ocorre com a mesma freqüência,
em ambos os níveis, o princípio operante é o mesmo, lembre-se que Paulo fala
das astutas ciladas do diabo (Efésios 6:11) elas são de natureza astuta porque
escondem a verdadeira natureza por trás da falsa aparência. Isso ocorre hoje em
todos os setores da vida, inclusive dentro da cristandade, falsas igrejas,
falsos pastores, falsos profetas, falsos doutores, falsos teólogos, falsos
pregadores. A aparência real está por trás das mascaras, que é difícil de
perceber, precisa o homem espiritual ser arguto para perceber a verdadeira
natureza por trás de boas intenções e ações. Acredito que isso deveria ser uma
chamada para que tenhamos muito cuidado com as coisas principalmente com
aquelas que denotam valores eternos. Quase sempre somos descuidados nesses
assuntos de crucial importância para os dias de grande engano pelo qual estamos
vivendo atualmente (I Timóteo 4:1. Mas a lição de Césio 137 não termina aqui.
Ainda temos outra lição para aprender. A aparência brilhante do engano possui
um poder de atração que cega o discernimento. Essa é a grande armadilha que
quase sempre surte efeito nas demandas e
investidas do maligno. O diabo sabe que é uma boa investida usar métodos de
sedução que cativam os olhos e as emoções de sua presa, quando ela está aberta
para a ambição e para a curiosidade. Quando falo em ambição, falo de todas as
esferas, desde a ambição financeira, a avareza, até a ambição emocional, o
orgulho. Quantos de nós confrontaríamos a oferta do diabo apresentando os
reinos do mundo e toda a glória deles, caso estivéssemos no mesmo lugar do
Senhor Jesus no monte da tentação? (Mateus 4:8) Como reagiríamos se o texto diz
que os reinos brilhavam com uma glória mundana (Fama, conforto, aplausos, riquezas,
sucesso, popularidade etc.)? rejeitaríamos, porque por trás dessa glória brilhante estava uma falsa luz, pois que noutro lugar o Espírito do Senhor diz
que o mundo jaz no maligno? (Veja I João 5:19). Uma das frases que mais me
impactou no caso das vítimas de Césio 137 é que uma delas declarou “Eu me
apaixonei pelo brilho da morte...” o Césio 137 brilhava no escuro, aquele
brilho cativou os olhos e emocionou as vítimas, mas nenhuma delas sentiu o
perigo, o brilho cativou mas a morte não! O perigo não se evidenciou pelo
brilho que cativava os olhos. Para aquelas pessoas ingênuas, havia ali uma
grande descoberta que os tornavam importantes, de fato foi emocionante
descobrir aquele pó brilhante, era uma experiência não convencional, uma
ruptura com a rotina das coisas comuns.
Oh! que o amado leitor se sinta a vontade para compreender como as
coisas funcionam assim também na dimensão espiritual. Quando Paulo diz que
ainda que um anjo pregue um evangelho diferente do que já foi pregado no Novo
Testamento (a 1:8) esse pode ser um anjo de luz, mas por trás da mensagem há um
obscuro anátema. Vivemos em tempos tão
perigosos quanto os primeiros anos da igreja, quando João, o apóstolo amado
rogava para que seus leitores exercessem o discernimento espiritual provando os
espíritos. (I João 4:1 a 6). O homem
natural possui uma tendência para a transcendência no âmbito religioso, isso de
certa forma é o meio pelo qual o diabo se aproveita para enganar os homens.
Assim, faz uso de suas estratégias, os meios adequados para ludibriar
aqueles ingênuos que não possuem um
discernimento adequado para enfrentar essa onda de engano que prevalece sobre
o mundo desde a queda como vimos a partir de Génesis 3.
Como o amado leitor
pode perceber, a tragédia do Césio 137 que ocorreu em 1987 em Goiânia, nos
ensina muitas coisas relativas à vida cristã e aos perigos concernentes ao
engano espiritual e as estratégias que o diabo e os seus demônios usam para
persuadir os homens ao erro. Essas seduções do inimigo de nossas almas se dão
justamente porque a falta de discernimento impede uma percepção profunda da
realidade por trás das falsas aparências. (Veja Apocalipse 13:14 e II
Tessalonicenses 2:10) A falta de discernimento espiritual dificulta muito a
obtenção de uma visão verdadeira relativa aos fatos de natureza espiritual. E
como no incidente citado, às vezes a percepção do erro vem tarde demais, de
modo que as conseqüências já são em certas condições até mesmo irreversíveis.
Minha oração é que você meu amado leitor, aprenda sobre essas verdades e possa
exercer mais e mais o seu discernimento espiritual, que as lições desse pequeno
estudo possam ser de grande benção para você, pois creio que mais do que nunca
nós cristãos que vivemos no presente século, estejamos com os olhos em Cristo e
sejamos cheios do Espírito Santo, a fim de permanecermos firmes na Palavra do
Evangelho que nos ilumina.
Clavio J. Jacinto