União com Cristo: O segredo dos Vencedores

 

União com Cristo: O segredo dos Vencedores

 

 C. J. Jacinto

A batalha espiritual é uma realidade constante na vida de todo cristão. Vivemos em um mundo cercado por desafios visíveis e invisíveis, onde as forças das trevas procuram incessantemente romper nosso relacionamento com Deus. No entanto, a Escritura é clara ao nos ensinar que a chave para vencer essa guerra está na nossa união com Cristo. Não se trata apenas de uma doutrina teológica, mas de uma realidade espiritual transformadora e prática.

“Não devemos separar Cristo de nós mesmos, nem nos separar dele. Em vez disso, devemos nos apegar corajosamente, com ambas as mãos, àquela comunhão pela qual ele se uniu a nós” (João Calvino)

A nossa posição de comunhão e intimidade com Cristo é fundamental para vivermos uma vida triunfando sobre todas as batalhas, até o dia do nosso encontro com Ele.

 

Nossa Posição em Cristo: Fonte de Autoridade e Vitória

 

A primeira e mais importante verdade é esta: em Cristo, somos mais que vencedores. A obra redentora do Senhor nos arrancou do domínio das trevas e nos colocou sob a luz do Reino de Deus (Colossenses 1:13). Quando nascemos de novo, recebemos uma nova identidade, uma nova posição e um novo poder espiritual. Essa posição em Cristo é o alicerce da nossa autoridade sobre o mal. A vitória já foi conquistada por Jesus na cruz — nossa missão é permanecer n’Ele e viver à luz dessa vitória.

O apóstolo João afirma:

“Maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo.” (1 João 4:4)

Essa verdade deve moldar nossa postura diante de qualquer batalha. Mesmo em meio a tentações, dúvidas, ataques emocionais ou pressões externas, o cristão que está consciente de sua posição espiritual não teme o inimigo, mas resiste com firmeza, fé e obediência à Palavra de Deus.

Porque estamos unidos pela fé a [Jesus Cristo], que é perfeitamente justo, Deus nos aceita como perfeitamente justos. Deus não recorre a algum tipo de ficção legal, chamando de justo algo que não o é. Em vez disso, Ele nos declara justos com base na justiça real e consumada de Cristo, imputada a nós por causa da nossa união com Ele.(Jerry bridges)

Cristo pela redenção efetuada uma vez por todas, nos dá com ela a vida de intimidade que outrora nossos pais perderam no jardim, e por essa intima união com Cristo e nossa comunhão com Ele, obteremos a experiência descrita em tiago, sujeitar-se a Deus para o diabo fugir de nós.

 

O Inimigo da União: A Estratégia de Satanás

 

Desde o Éden, o objetivo de Satanás é claro: romper o relacionamento entre Deus e o homem. Em Gênesis 3, vemos que a serpente não atacou diretamente com violência, mas com dúvida, sedução e desobediência. O pecado de Eva e Adão não foi apenas um ato de rebelião, mas o rompimento da comunhão com Deus. A primeira consequência do pecado foi o afastamento da presença divina.

Assim, Satanás continua a operar na mesma área: a desobediência. Ele tenta nos afastar de Cristo através da carne, do velho homem, da autoconfiança e do ego. Quando ignoramos a presença de Cristo em nós, e vivemos segundo nossos próprios desejos, nos tornamos instrumentos inconscientes da estratégia do inimigo. Perdemos a percepção da nossa posição em Cristo e abrimos brechas para sermos dominados espiritualmente.

“Podemos distinguir os dois aspectos da nossa união com Cristo desta forma: Nossa união legal com Cristo nos dá direito a tudo o que Cristo fez por nós, agindo em nosso lugar, como nosso substituto. Nossa união vital com Cristo é o meio pelo qual Ele opera em nós por meio do Seu Espírito Santo. A união legal refere-se à Sua obra objetiva fora de nós, que nos é creditada pela fé. A união vital refere-se à Sua obra subjetiva em nós, que também se realiza pela fé, à medida que confiamos em Seu Espírito para operar em nós e por meio de nós. Embora nossa união com Cristo tenha dois aspectos, é uma só união. Não podemos ter união legal sem também ter união vital. Se, pela fé, nos apropriarmos do que Cristo fez por nós, também começaremos a experimentar a Sua obra em nós. (Jerry bridges)

Dessa união vital, Cristo que é o espirito vivificante, nos vivifica, nos fortalece, nos protege. A fé em Cristo torna-se o escudo pelo qual os dardos inflamados do maligno são apagados.

 “A união é a base de todo o nosso conforto e privilégio que temos pelo Senhor Jesus Cristo: nossa comunhão brota de nossa união com ele” (Obadiah Grew )

 

Cristo em Nós, e Nós em Cristo: A Chave da Vitória

 

Jesus deixou claro:

“Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.” (João 14:23) Essa verdade é poderosa: Cristo habita em nós, e nós habitamos n’Ele. Em 2 Coríntios 5:17, Paulo reforça que “se alguém está em Cristo, nova criatura é”. Essa união mútua é o segredo da vitória. Vencemos não por mérito próprio, mas porque Aquele que venceu o mundo vive em nós. É a partir dessa consciência que se vence o inimigo. A guerra espiritual não é vencida com rituais ou força de vontade, mas com posicionamento espiritual correto: permanecer em Cristo, revestidos de Sua armadura, obedientes à Sua Palavra e sensíveis à direção do Espírito.

“União com Cristo – esta é a soma e a substância do status do cristão, a definição de seu relacionamento com Jesus, a grande realidade na qual todas as nuances de seu novo ser são abrangidas.” (James Stwart)

 

Exemplo de Davi: Confiança na Presença de Deus

 

Um dos grandes exemplos bíblicos da vitória pela união com Deus é Davi diante de Golias. Davi não confiava em si mesmo, nem em sua experiência militar — porque ele não tinha nenhuma. Sua confiança estava no nome do Senhor. Ele declara:

 “Tu vens contra mim com espada, e com lança, e com escudo; porém eu vou contra ti em nome do Senhor dos Exércitos.” (1 Samuel 17:45)

Davi não enfrentou Golias com presunção, mas com convicção de que  Deus estava com ele. O mesmo princípio é ensinado em 1 João 4:4 — o que habitava em Davi era maior do que o gigante que estava diante dele. Essa é a postura que vence:  consciência da presença, confiança na Palavra e dependência total de Deus.

A expressão “em Cristo” resume da forma mais breve e profunda possível o significado inesgotável da redenção do homem. Fala da segurança nAquele que suportou em Seu próprio corpo o juízo de Deus contra o nosso pecado; fala da aceitação nAquele em quem somente Deus se compraz; fala da certeza do futuro nAquele que é a Ressurreição e a Vida; fala da herança da glória nAquele que, como Filho unigênito, é o único herdeiro de Deus; fala da participação na natureza divina nAquele que é o Verbo eterno; fala do conhecimento da verdade e da liberdade nessa verdade, nAquele que Ele mesmo é a Verdade. Tudo isso, e muito mais do que jamais pode ser expresso em linguagem humana, significa estar em Cristo. (Philip Hughes)

Cristo nos faz participantes de Seu eterno triunfo, quando na Cruz, pela morte e seu divino sangue derramado, venceu a mais avassaladora de todas as batalhas, de modo impressionante, pela Sua ressurreição, houve um romper das estruturas espirituais da morte, a ressurreição é o selo da vitória de Cristo sobre todo o mundo espiritual caído e através dessa vitória vem a certeza da restauração de todas as coisas. O cristão que nasceu de novo, pela regeneração, é o primeiro a experimentar acerteza dessa restauração (Efesios 1:10)

 

Nunca Seja Independente no Campo de Batalha

 

O autor Christian Chen expressa com sabedoria:

 “Vencemos a guerra espiritual por meio da união com Cristo. Nunca seja independente num campo de batalha. Nunca se exponha. Nunca se coloque em um lugar elevado. Você estará se expondo ao perigo e nunca vencerá a guerra. Mas se você aprender a lição de como habitar em Cristo, obterá a vitória.”

A independência espiritual é um erro fatal. Aquele que se coloca em posição elevada, isolado da comunhão com Cristo, torna-se presa fácil. A autoconfiança é um laço invisível. Por isso, precisamos aprender a habitar em Cristo. Essa permanência é viva, prática e constante.

“O tema da união espiritual é o mais importante, o mais profundo e, ainda assim, o mais abençoado de todos os que são apresentados nas Sagradas Escrituras; e, no entanto, infelizmente, dificilmente há outro que seja hoje mais negligenciado. A própria expressão "união espiritual" é desconhecida na maioria dos círculos cristãos professos, e mesmo onde é empregada, recebe um significado tão extenso que abrange apenas um fragmento desta preciosa verdade.” (A. W. Pink)

É verdade que o diabo ruge como leão buscando quem possa tragar, isso revela a violência da sua ação, a astucia de suas estratégias, a força do seu ataque, mas em cristo temos a promessa “ele fugirá de vós” e “O inimigo não toca” nossa união com Cristo é o termo estabelecido pelas Escrituras quanto a segurança que precisamos ter e a vitoria que precisamos obter em nosso andar diário.

 

A Vitória Não é Esforço Próprio, Mas União Permanente

 

Por fim, é essencial lembrar que a vitória espiritual  não depende do nosso desempenho, mas da nossa  posição em Cristo. Quanto mais conscientes estivermos dessa união, mais confiança, paz e força teremos para enfrentar qualquer tempestade. A guerra continua enquanto estivermos neste mundo, mas a certeza da vitória é um presente da graça de Deus para todos os que permanecem em Cristo.

A união com Cristo é o segredo. Habitar n’Ele é o nosso refúgio e fortaleza. Viver n’Ele é o nosso triunfo.

Permaneça em Mim, diz Jesus. Apegue-se a Mim. Apegue-se firmemente a Mim. Viva uma vida de comunhão íntima e próxima Comigo. Aproxime-se de Mim. Transfira todo fardo sobre Mim. Lance todo o seu peso sobre Mim. Nunca se afaste de Mim por um momento sequer. Esteja, por assim dizer, enraizado e plantado em Mim. Faça isso e Eu nunca o abandonarei. Eu sempre permanecerei em você. (J. C. Ryle)

 

Somos chamados para batalhar pela fé (Judas 3) a exercer uma militância legitima (II Timoteo 2:5) ou seja em união com Cristo. Jamais poderemos entrar na batalha espiritual diária sem Cristo, jamais poderemos enfrentar os desafios da vida cristã autentica sem sermos cheios do Espirito Santo. Em Romanos 8:37 Paulo afirma que somos mais que vencedores por aquele que nos amou: Cristo. Oh! que possamos ter percepção constante de Sua presença em nós, nossa união com Ele é uma benção maravilhosa, devemos desfrutar dessa união maravilhosa, dessa realidade espiritual, dessa vida cristã profunda que essa realidade espiritual nos possibilita experimentar.

 

“Emanuel, Deus conosco em nossa natureza, em nossa tristeza, em nossa obra de vida, em nossa punição, em nossa sepultura, e agora conosco, ou melhor, nós com Ele, na ressurreição, ascensão, triunfo e esplendor do Segundo Advento.” (Charles Spurgeon)