Uma das grandes controvérsias atuais envolve a questão dos “Filhos de Deus” em Gênesis 6:2 a 5. Quem eram esses seres? Homens ou anjos caídos? O texto de Gênesis está inserido em um contexto histórico, o dilema envolve manifestações sobrenaturais ou a negação dessas manifestações. Não é pelo fato de que a narrativa envolve assuntos complexos que devemos deixar de crer que houve de fato ações demoníacas, anjos caídos interagindo de alguma forma com as mulheres.
Na medida do possível, desejo ser imparcial, eu não tenho interesse de agradar ou desagradar homens, os abusos cometidos e as especulações extremas sobre o texto de Gênesis são reconhecidas pelo autor deste artigo. Há especulações e uma super ênfase sobre Nephilins e fim dos tempos, uma narrativa especulativa que centraliza o “retorno dos Nephilins” com mais ênfase do que o retorno de Cristo, e os abusos cometidos nas abordagens sobre esse assunto.
Vamos ao Contexto:
Gênesis 6 está inserido num contexto de acontecimentos sobrenaturais, seres demoníacos ou angélicos interagindo com os homens, e temos lá em Gênesis 3:1 a 7 uma serpente, que interage de forma dinâmica com Eva, só muitos milênios depois, em Apocalipse 12:9 encontramos revelação de que a antiga serpente era o diabo, mas em Gênesis a serpente era uma astuta alimária do campo, que vai rastejar depois de induzir Eva ao engano fatal. Gênesis 3 não é um texto fácil de ser interpretado quanto ao modo e a conexão com a identidade e a ação de Satanás dentro do Jardim. Esse é o contexto, uma serpente seráfica interagindo, conversando e induzindo Eva ao erro. É uma ação sobrenatural, paranormal, suprafisica. Não temos problemas quanto a isso, mas quando alguns chegam em Gênesis 6, então há duas teorias, a primeira nega uma manifestação sobrenatural, que os “Filhos de Deus” são da descendência piedosa de Sete. Essa descendência piedosa se casou com a descendência ímpia de Caim. Mas não esqueçamos do contexto, coisas estranhas são narradas em Gênesis 19:1 a 24, novamente vimos anjos interagindo com homens, e a narrativa é muito clara, não sabemos se os habitantes moralmente degenerados de Sodoma perceberam que eram anjos que estavam na casa de Ló, mas tudo indica que sim, se levarmos em conta o aspecto dos anjos, ainda que interagindo com os homens, é possível que exista distinções e isso tornaria fácil aos habitantes de Sodoma identificá-los. Não importa se essa suposição seja verdadeira ou não, temos uma epistola no Novo Testamento, Judas, que aponta para essa direção!
Agora que temos um contexto espiritual para fazer uma exegese do texto, a passagem de Jó 1:6 aponta para a identidade dos anjos, como “Filhos de Deus” e essa passagem se ajusta também com Gênesis 6.
Há uma desonestidade ou pelo menos uma parcialidade dos que negam que os “Filhos de Deus” não eram anjos, eles não explicam que a teoria de que eram anjos caídos, era uma interpretação histórica e antiga, e omitir esses fatos dá a entender que a crença que defende Gênesis 6:2 a 5 como um acontecimento sobrenatural/paranormal é apenas uma especulação recente. Mas não é assim. Há também outro fato interessante, também omitido deliberadamente por muitos proponentes que defendem que a narrativa Gênesis 6:2 a 5 não envolve anjos caídos, muitos grandes eruditos e homens piedosos defenderam a interpretação sobrenatural. Essa foi a crença de Filo e Josefo entre os judeus, o Escritor do livro de Enoque (Que é citado em Judas pelo menos duas vezes, além disso, o “enoquismo” teve uma grande influencia dentro da escatologia e visão do sobrenatural no Novo Testamento). Os Hagiógrafos tinham discernimento espiritual para saber o que eram fatos e o que eram mitos dentro da literatura apócrifa. Entre os pais apostólicos, um dos mais fortes apologistas que batalhou pela fé uma vez dada aos santos, Justino Martir, defendeu a interpretação sobrenatural, Tertuliano Comodiano, Ambrosio de Milão e Agostinho na sua obra “A Cidade de Deus” também defenderam a visão sobrenatural.
A teoria de que os “Filhos de Deus “ eram da linhagem piedosa de Sete foi desenvolvida por Juliano Africano no século III, a interpretação sobrenatural/paranormal é mais antiga e está enraizada no cristianismo histórico por causa da sua antiguidade.
As especulações recentes apontam para a alternativa de que satanás queria alterar o código genético da humanidade. Eu pessoalmente não defendo essa idéia, essa sim é uma interpretação moderna. Os gigantes (Nephilins) seriam o resultado do cruzamento genético entre anjos e homens. Os que defendem essa ideia, associam o fenômeno de abduções e o fenômeno UFO com Gênesis 6:2 a 4, seguir esse caminho, é aumentar a especulação tornando o assunto ainda mais polêmico, pois só quem conhece os estudos e pesquisas de autores sérios, sobre UFOS e abduções, entende que de fato parece existir uma associação entre Gênesis 6:2 a 5 e o fenômeno paranormal/ocultista dos UFOS. Essas especulações somaram mais polêmicas ao assunto. Mas a minha opinião é que a suposta coleta de esperma e material genético nas experiências dramáticas de abduções modernas estão ligadas a rituais mágicos e não tem associação com alterações genéticas da raça. Somente quem tem um conhecimento do ocultismo pode entender a minha suposição, a magia sexual foi muito explorada por Aleister Crowley apenas para citar um exemplo, e nos antros mais obscuros do ocultismo rituais envolvendo sexo e o uso do material genético sexual é explorado para fins mágicos (Na antiguidade o ato sexual já existia na prostituição cultual, e creio que nas suas formas mais perversas tenha sido praticado em Sodoma e Gomorra)
Quando falamos acerca de gigantes, e de fato no Antigo Testamento temos descrições de homens gigantes. até mesmo com deformações (seis dedos) homens possantes como Golias, de forma genérica, os Anaquins, talvez isso tenha sido uma deformação genética, por consequência da queda e suponho por causa das alterações climáticas pós-diluvianas. Ao observar as descrições de Gênesis 6, de alguma forma, esses anjos caídos se apossaram de homens ímpios, e interagiram através de corpos possuídos para coabitarem com as mulheres, esse casamento ilícito daria a possibilidade de intervirem com mais frequência entre os homens, pois todo o Novo Testamento na sequência das descrições que faz acerca de demônios, revela que eles precisam de um corpo para habitar, agir com freqüência, dominar, controlar e alcançar seus propósitos malignos, e temos então uma descrição que considero clássica, em Mateus 8:28 a 34, os endemoniados gadarenos tinham uma força possante, fenomenal, uma legião habitava em pelo menos um dos dois que tinham o habita no cemitério local. Eles tinham uma força colossal, não somente o comportamento foi alterado, o modo como viviam, a força que possuíam, e surge uma pergunta: do que se alimentavam? Num hebraísmo antigo, esses endemoniados também eram “gigantes” quanto a força e poder que possuíam.
A demonologia bíblica revela de forma clara que quanto mais uma sociedade mergulha na iniquidade e na pratica de magia negra e ocultismo, mais legalidade dará aos espíritos caídos se apossarem dos homens e destruí-los, induzindo a violência (Os gadarenos possuíam uma violência extrema e esse era o comportamento dos homens por ocasião do dilúvio)
Creio que a descida dos “Filhos de Deus” em Gênesis 6:2 a 5, deve ser compreendido como uma narrativa sobrenatural, pois a bíblia apóia essa visão de forma clara, a tendência de negar os milagres a as descrições sobrenaturais da bíblia é uma tendência liberal e modernista. Mesmo que seja uma descrição complexa (Genesis 3:1 a 7 também é) um estudo sobre a demonologia dentro da revelação progressiva das Escrituras demonstra de forma segura que existe um interagir demônios e homens quando existem as condições para isso.
C. J. Jacinto
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