O casamento é uma instituição divina, em Gênesis 2:18 e 20 o Senhor Deus Criador estabeleceu o padrão do casamento, ele é monogâmico, Deus criou uma esposa, não varias. O rompimento do padrão monogâmico veio através de Lameque que tomou para si duas esposas, Ada e Zilá (Genesis 4:23) Jesus estabeleceu o que foi feito no inicio, um casamento monogâmico sem rupturas (Leia todo o capitulo 19 de Mateus)
Temos problemas para resolver. Não desejo me alinhar com qualquer opinião teológica, apenas entrar no pensamento bíblico e explorar o contexto das escrituras e nada mais.
Após Lameque, a poligamia entra no mundo e mais tarde vai se infiltrar dentro do povo de Deus, quero ser bem claro, que embora Deus tenha permitido a poligamia Ele NUNCA ensinou e também NUNCA aprovou a poligamia. Entendemos isso pela mentalidade de Cristo acerca do divorcio que Ele aborda nos Evangelhos e posteriormente Paulo quando faz recomendações acerca da ordenança de presbíteros e diáconos (I Timóteo 3:2 e 12) eles deveriam ser maridos de UMA SÓ MULHER.
Mas vimos no antigo testamento, os patriarcas quebrando o padrão Davi teve oito esposas, Jacó teve duas esposas e duas concubinas, Abraão teve três esposas, Sara, Agar e Quetura etc.
É bem complexo tentar fazer exegese desses fatos bíblicos, levando em conta que os patriarcas não eram adúlteros, até porque não devemos relativizar o problema, eles não eram adúlteros, pelo menos dentro do contexto espiritual, e não cultural. Deus permitiu, mas nunca aprovou, a poligamia, e esse desvio dos patriarcas serviu como lições, que de certa forma foram amargas, as conseqüências também, e talvez num tragédia exemplar temos o fim da vida de Salomão com suas extravagâncias como uma apostasia devastadora, por causa das suas muitas esposas que o induziram a pratica de idolatria. Na época de Jesus, parece que esse desvio foi corrigido, o padrão do casamento era o monogâmico, porém outro problema precisava ser resolvido: o divorcio
O Divorcio
O divorcio foi instituído por Moisés (Mateus 19:7 e Marcos 10:4) entramos num terreno complexo e polêmico que divide opiniões, devemos começar pelo contexto do tema, o divorcio não foi instituído diretamente por Deus, quando Ele deu Eva como esposa, não ordenou a Adão que tomasse outras esposas ou que por uma eventual crise, mesmo de infidelidade, deixasse Eva e se casasse com outra. Não há orientações quanto a isso, mesmo que Deus estivesse ciente dos problemas oriundos de um casamento, que na época de Adão teria a proposta de ser eterno, ou pelo menos que durassem uns 1000 anos depois da queda.
Só o homem tinha o direito de escrever a carta de divorcio e abandonar sua esposa, e isso no contexto mosaico posterior, se dava por qualquer motivo.
Não havia casamento civil, de cartório como vimos hoje, isso é coisa recente, dentro do judaísmo antigo, inclusive na época de Jesus, o casamento era de ordem religiosa e familiar, o casamento civil é algo recente, foi criado no ano de 1890 no Brasil, justamente por causa das complicações envolvendo protestantes e católicos, pois os pastores protestantes não eram autorizados a efetuar casamentos, mas tão somente os padres, o problema foi resolvido pelo Marechal Teodoro da Fonseca que promulgou o decreto 181 instituindo o casamento civil, colocando no poder do estado o “atar” e posteriormente “desatar” através do poder do estado, o casamento.
No antigo Testamento vimos que Deus não criou um cartório, para que o casamento de Adão e Eva se desse sob efeito de um estado secular, não houve muitas formalidades, assim como vimos no casamento de Isaque com Rebeca, no primeiro encontro, quando Rebeca vem ainda longe, Isaque está meditando no campo, ele toma Rebeca e leva para sua tenda e numa linguagem simples, dorme com ela! Onde está a autoridade que legaliza o casamento de Rebeca e Isaque? Leia o contexto de Gênesis 24, o consentimento e aprovação dos pais de ambos, foi debaixo da bênção e da aprovação dos pais de Isaque e Rebeca que a união ocorreu, sem muitas formalidades iniciais, e isto aos olhos de muitos legalistas soa como um descarado adultério, se for levado para o contexto atual. Um casamento mais complexo com rituais e formalidades pode ser observado na época de Jesus, em Caná da Galileia (João 2) e no contexto do sermão profético em Mateus 25. O que desejo salientar aqui, é que o ministro do evangelho e os pais, desempenham o papel principal na bênção do casamento e quem tem o poder de ligar e desligar não é o estado secular mas a igreja! (Mateus 16:19)
Os que vociferam que se alguém não se casa no civil está em adultério, já condenaram os pais de Jesus e todos os santos do Antigo e do Novo Testamento de adúlteros, pois nenhum deles se casaram no civil, simplesmente porque não havia casamento civil antes de 1890!
Não quero aqui deixar de invocar a importância legal no contexto secular do casamento civil, ele deve seguir sob o efeito de direitos dos cônjuges dentro do estado, estou fazendo uma abordagem bíblica e espiritual, não é o casamento civil que “ata” o ato conjugal, mas o ministro e os pais do noivo e da noiva. O amém deles é que tem a validação perante Deus, o casamento civil apenas soma algo dentro das leis do estado, para que os direitos dentro do casamento tenham validação perante o estado, a Deus que é de Deus e a Cesar o que é de Cesar.
O divorcio foi instituído no antigo Testamento e de certa forma, motivou os homens a abandonarem suas esposas por qualquer motivo. Cristo então estabelece um padrão, só por motivo de fornicação (Mateus 5:32 e 19:9 ACF) A causa do divorcio no contexto dos Evangelhos era a dureza de coração. O âmbito da causa foi restrito a infidelidade, nesse caso o homem teria direito de se divorciar, mas, no entanto surge outro problema, a infidelidade conjugal era punida com pena capital, como podemos ver em João 8, a mulher que foi pega em flagrante adultério foi levada ate Cristo para ser apedrejada. Segundo o Léxico de Strong, “porneia” o substantivo feminino no grego traduzida pela ACF como fornicação, significa relação sexual ilícita, tanto pode significar adultério quanto fornicação.
Assim está claro que o divorcio, o direito do homem deixar a sua esposa no caso de infidelidade, ainda é permitido no Novo Testamento, porem de forma restrita.
E quanto ao Novo Casamento?
Aqui temos outro assunto polêmico, Cristo abordou o divorcio dentro do Sermão da montanha, ele diz em Mateus 5:32: “Qualquer que casar com a (mulher) repudiada, comete adultério” Está claro até aqui que:
A esposa que adulterou dá ao marido o direito do divorcio, e se a repudiada se casar com outro homem, este homem comete adultério com a repudiada.
Isso é repetido novamente em Mateus 19:9 “Qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação e casar com outra, comete adultério e quem casar com a repudiada comete adultério”
Agora vimos algo mais, Cristo propõe uma condição ao esposo, “não sendo por causa de fornicação” nesse caso, suponho que a infidelidade aqui também parte do esposo, e não apenas dela. Uma ruptura do casamento por adultério parece levar a outro adultério através de um novo casamento. Isso está bem claro nas Palavras de Jesus, porém desejo salientar que Cristo não dá o direito ao divorcio a não ser por motivos de infidelidade conjugal. Jesus colocou o casamento dentro do caminho estreito, e por esse caminho devemos andar, o contrario disso é se associar com a iniquidade dos dias de Noé “Casavam e se davam em casamento” (Mateus 24:39) ou seja, uma banalização, um ataque e desvalorização, e mais do que isso, uma dessacralização do matrimônio, a primeira instituição criada por Deus depois de ter criado o homem e a mulher.
Conclusão: Infelizmente não cheguei a conclusão que muitos esperavam, mas o que ocorrerá com aquelas pessoas que estão no segundo ou mais casamento? Qual a situação dessas pessoas? Acredito que pelo fato delas terem sido ensinadas erradas, o juízo cairá sob quem ensinaram elas de forma errada como descreve Tiago 2:1. Na impossibilidade de correção devido as circunstancias, muitos dessas pessoas desejam ainda servir ao Senhor, elas devem orar a Deus, esperar na graça, pois Cristo também faz uma abordagem seria sobre o problema do adultério em Mateus 5:27 e 28, e isso implica também aos esposos fieis ao padrão da poligamia, mas que não cuidam devidamente do próprio coração. Como homem não tenho muita esperança a apresentar a elas, mas tenho minhas limitações e falhas, que elas possam colocar no Senhor toda esperança, e esperar que o Espírito Santo possa conduzi-las na direção certa.
Clavio J. Jacinto
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