O pecado é uma transgressão, é uma anomalia, algo fora do escopo da ação de Deus e de todo o Seu propósito. Portanto Deus não é o autor do pecado. Por definição, temos um exemplo de pecado, essa foi a base da queda, Satanás na sua postura atroz contra o mandamento de Deus mentiu para Eva. Deus não pode mentir (Veja Tito 1:2) A mentira é um pecado, o diabo é chamado de “pai da mentira” (João 8:44) Se Deus fosse o autor do pecado, Ele não seria Santo, seria uma entidade do mesmo nível do pai da mentira. Mas Deus é perfeitamente santo, nos encontramos em Hebreus 6:18 que é impossível que Deus minta, significa essa declaração que é impossível que Deus peque! Johannes Wollebius em Compendio de Teologia Cristã ensina: “O pecado tem diversas formas por causa da variedade de circunstancias” Concordo, mas, no entanto, afirmo: o pecado tem uma só essência: a Transgressão de princípios, Pois A. A. Hodge em Esboços de Teologia também ensinou: “A essência da virtude e do vicio das disposições do coração, não está na sua causa, mas na sua natureza” E. H. Bancroft em Teologia Elementar escreveu: “As Escrituras Sagradas põem em relevo dois grandes princípios de qualidades morais, a santidade e seu antagonista; o pecado” O primeiro pertence a Deus somente, Ele é moralmente perfeito, assim como Cristo também é moralmente perfeito, pois nos é dito acerca do Filho: “O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano”( I Pedro 2:22) e isso é uma prova de Sua divindade, pois a perfeição em Seu sentido absoluto, pertence a Deus Pai e a Seu Filho e ao Espírito Santo.
Mas o que é pecado, eu concordo com a definição simples de Thomas Watson: “Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou a sua transgressão” Watson cita I João 3:4 para estabelecer a sua definição. Em seguida ele ainda acrescenta: “A Palavra latina ‘transgredior’ significa ultrapassar os limites. A lei moral deve nos manter dentro dos limites do dever. Pecado é ir além desses limites” (A Fé Cristã- Estudos Baseados no Breve Catecismo de Westminster)
Por isso eu defino também de forma bem simples que pecar é errar contra Deus (I João 3:4 e I João 5:17) é afrontar sua santidade, é um ato de rebelião contra o Santo. O primeiro pecado do ser Humano (Eva) foi de natureza antiDeus, Eva e posteriormente Adão escolheram a insubordinação à vontade de Deus. A queda injetou no coração do mundo essa semente de rebeldia, pior que isso, uma afronta contra Deus. Mas o pecado de certa forma possui em si um paradoxo, ele injeta o prazer imediatista e esconde uma conseqüência voraz. Essa natureza pecaminosa inerente no ser humano, filhos de Adão foi imputada, não é adquirida, mas imputada, é uma herança.
Uma forma errada de entender:
Eu sou um pecador porque estou pecando
Uma forma correta de entender:
Estou pecando porque sou pecador.
Ora, Paulo foi claro em passagens como Romanos 3:23 e Romanos 5:12 e 13.
O pecado foi um princípio maligno que afetou toda a criação, a catástrofe foi cósmica, não foi local, mas universal, todo o universo foi afetado pelo pecado e precisa passar por uma redenção. Eu considero a obra de Cristo como uma redenção cósmica, não se trata de universalismo, o que estou afirmando é que haverá uma redenção do cosmos, novos céus e nova terra onde habita justiça (Isaías 65:17, 22 II Pedro 3:23). Desejo reiterar que a redenção de Cristo nunca irá alcançar aqueles que não creram em Cristo e não foram regenerados como o próprio Salvador ensinou tão claramente em João 3.
Os processos que envolvem o pecado são múltiplos, e tendem sempre a um nível de obscuridade extrema e abissal, as profundezas de satanás (Apocalipse 2:24) promove intensa escravidão (romanos 7:14) e tem seus passos iniciais na omissão em fazer o bem (Tiago 4:17) e vai decaindo mais e mais em avanços colossais até as profundezas satânicas.
Os efeitos do pecado são muitos, suas conseqüências devastadoras, seus efeitos são pessoais e cósmicos, podem ser catastróficos a níveis pessoais como ocorreu com os judeus na época de Jesus, muitos dos quais blasfemaram contra o Espírito Santo e cometeram o pecado imperdoável (Mateus 12:32). Em Tiago 1:15 vimos como se processa o pecado e Apocalipse 20 na parte onde descreve o grande trono branco e o juízo final, as conseqüências devastadoras, quando os impenitentes não convertidos serão lançados no lago de fogo. a segunda morte.
Claro que há graus de pecados como lemos em I João 5:16 e 17, mas todos os pecados são graves, todo o pecado tem em si natureza da maldição, A mulher de Ló apenas olhou para a Sodoma condenada, Moisés golpeou a pedra com a vara, algumas crianças desrespeitaram Eliseu, Ananias e Safira, ficaram com uma parte do dinheiro da oferta, Uzá tocou na Arca, Uzias queria apenas queimar incenso, mas todos sofreram conseqüências devastadoras quando cometeram pecados pelos quais somos tão indiferentes, tão indiferentes que os mais legalistas nem sequer colocam em seus regimentos internos para punir com disciplina seus infratores.
Tudo o que não provem da fé é pecado (Romanos 14:23) portanto seja bendito aqueles que crêem na justificação pela fé! Pois estão confiando na obra consumada e perfeita que Cristo uma vez por todas realizou na cruz do Calvário, o tribunal onde Deus resolveu o problema da nossa condenação e nos oferece através de Cristo, a justificação, ou seja, a aceitação perante Ele. É-nos dito que Cristo efetuou uma eterna redenção (Hebreus 9:12). A nossa fé em cristo, nossa salvação pela fé somente como diz as Escrituras: “De maneira que a lei nos serviu de tutor, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados” (Gálatas 3:24) é via de regra, o caminho para sujeitar-se a vontade de Deus e a confiar em seu plano salvífico!
Assim entendemos que a natureza do pecado em seus aspectos múltiplos de manifestação podem ser vistos no grego do Novo Testamento e seus respectivos significados:
Harmatia: Falta
Anomalia: Ilegalidade
Parabese: Ultrapassar os limites
Apeitheia: Desobediencia
Paraptoma: Transgressão
Poneria: declínio, baixeza
Adika: Injustiça. erro
Epethymia: Desejo forte. paixão descontrolada e impulsiva, nesse caso, para o erro.
A doutrina do pecado não deve ser abandonada, nesses dias de relativismo moral e afrouxamento doutrinário, muitos tentam cobrir a doutrina do pecado com o suor das pregações humanistas, queremos mudar o conceito, chamando o pecado de problema ou doença, usando neologismos, para que a apostasia se fortaleça e engula o maior numero possível de desavisados para a danação eterna, querem oferecer uma aceitação conveniente apenas por covardia e interesses egoístas.
Por definição concisa, pecado se adéqua a qualificar tudo o que não alcança os padrões de um Deus Santo.
Soli Deo Gloria
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Autor : C. J. Jacinto
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