No livro “Aviva a Tua
Obra” Charles Spurgeon aborda os problemas da igreja atual. As posições
conservadoras do príncipe dos pregadores foram mantidas as custas de perdas memoráveis
no âmbito eclesiástico, por não ceder ao liberalismo decorrente na sua época. A
verdade cristã tem um custo muito alto, porque não permite aliança com espécie alguma
de apostasia nem tendências liberais e relativistas. Na sua abordagem sobre a decadência
espiritual da igreja de Ladiceia (Apocalipse 3:14 a 22) Spurgeon tenta elaborar
um perfil verbal da condição espiritual daquela igreja em franco estado de
apostasia, provocado por um declínio do fervor espiritual seguido de um orgulho
por causa do materialismo e auto-suficiência. As palavras do príncipe dos
pregadores são inquietantes, ele parece que viu a igreja atual, sua visão profética
vai alem do tempo. No prólogo do livro de Francis Schaeffer O Deus Que Se
Revela, Charles Colson acerta as palavras quando fala sobre uma função profética
genuína provocado pelo despertamento que contribui para a visão espiritual e o
discernimento da presente era. Colson escreveu: “Na verdade um profeta é alguém que vê, no
presente, coisas que os outros não conseguem enxergar. É também aquele que nos
adverte sobre o que irá acontecer no futuro se não endireitarmos o nosso
caminho”. Concordo com essa definição de “profeta” e então posso apresentar a
abordagem que Charles Spurgeon faz a respeito da igreja de Laodiceia e seu
paralelo com a igreja de nossos dias. é fenomenal a percepção dele ao expressar
o que aos nossos olhos pareça ser tão normal, o que na verdade é um desastre
enorme, quando olhamos as coisas pelo verdadeiro sentido das Escrituras: “a
condição descrita em nosso texto é, secundariamente, uma das deploráveis indiferenças
e negligencias. Eles não eram frios, mas também não eram quentes; não eram infiéis,
mas também não eram cristãos sérios; não se opunham ao evangelho, mas não o
defendiam; não estavam cometendo injurias, contudo não estavam fazendo nenhum
bem maior; não eram mal afamados em termos de caráter moral, mas também não se
distinguiam por sua santidade; não eram descrentes, mas não eram entusiasmados
na devoção, nem notáveis no zelo. Eram o que o mundo chama de ‘moderados”;
pertenciam ao grupo da igreja liberal, não eram fanáticos nem puritanos; eram
prudentes e evitavam o fanatismo, respeitáveis e avessos ao entusiasmo”. Essa
descrição é um golpe no nosso modo de ver a fé, um equilíbrio para permanecer
entre dos reinos, o de Deus e do mundo. Um trocadilho com o sistema, não
devemos incomodar os incrédulos e eles não devem nos incomodar. Essa moderação
como um meio de ficarmos na corda bamba da espiritualidade, é um perigo, e pior
é que achamos que toda essa paz com o pecado, com o mundo e com as trevas é
sinal de idêntica espiritualidade, acho que precisamos de profetas que nos
digam, o quanto é passiva e morna a nossa condição de viver a fé cristã hoje
em dia.
C. J. JACINTO
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