Provai is Espiritos
Por
D. M. Panton
A Igreja hoje confronta-se com uma
inundação de manifestações sobrenaturais.
Movimentos espirituais tremendos
estão surgindo em todas as partes do mundo.
Repentinamente o discípulo pode individualmente, confrontar-se com o
sobrenatural. Consequentemente é impossível evitar um grave dilema: Se
assumimos que tudo quanto é sobre-humano é Divino ou pelo menos bom, corremos o risco de cair no abraço do Anticristo. “A esse cuja vinda
é segundo a eficácia
de Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira...”
(2 Tessalonicenses 2:9). Se por outro lado rejeitamos o sobrenatural por
considerá-lo necessariamente mal, corremos o risco de condenar como satânicos,
milagres que verdadeiramente procedem de Deus. Envolvidos como estamos,
queiramos ou não, nos últimos conflitos entre céu e inferno, a descoberta de um
critério que permita distinguir o milagre Divino do satânico, torna-se de
importância suprema.
Ser
Sincero é Suficiente?
Além disso é certo que a graça
sozinha não é critério suficiente. Apesar da reconhecida devoção, sinceridade e
oração, Deus não tem evitado que crentes caiam
em erros graves
no campo da doutrina; por que devemos
esperar que Ele torne impossível errarmos no tocante aos dons miraculosos, pelo fato de termos
a devoção, a sinceridade e a oração como fundamento? Pois, se essa expectativa
for verdadeira como Dean Goode observa
com precisão, "ela, de uma vez, descristianiza
todos, exceto aqueles que recebem os 'dons'. Ora, se Deus não permite que
nenhum cristão verdadeiro seja confundido nessa questão, então segue-se que, se
esses são realmente os 'dons extraordinários do Espírito', aqueles que não receberam
não podem ser cristãos verdadeiros"
(Modern Claims
to the Gifts of the Spirit, pg. 250). A Escritura não apresenta em lugar algum a santidade de vida ou a
sinceridade de coração, como substitutos para testes verbais claros ou como
sendo, em si mesmos, testes para o sobrenatural.
Pois a história tem demonstrado o
perigo. Provavelmente nenhum filho de Deus
jamais acolheu um espírito enganador, sem primeiro submetê-lo a algum teste.
Mesmo assim, às margens da história estão espalhados os destroços da
sedução sobrenatural. Repetidamente
os discípulos têm,
em vão, confiado naquilo
que não constitui teste: sua posição, sua santidade, experiência, invocação
do Sangue, entre outros, ao invés de confiar no único critério dado por Deus: a aplicação daquela parte da Sua
Palavra, que se relaciona com um visitante do mundo invisível. Espíritos e mais
espíritos têm escapado dos testes concebidos por aqueles a quem eles têm
subjugado com as mais monstruosas alegações.
Exemplos de Engano
Esta foi a
queda do Montanismo: "Não sou anjo
nem embaixador" disse o espírito que enganou Montanus o fundador do
Montanismo "mas EU, o Senhor Deus, o Pai, estou presente" (Dean Goode's Modern Claims to the Gifts of
the Spirit, pg. 109). Esta foi a queda do Irvinganismo: "Nada
pode distinguir os espíritos, exceto um coração bom e sincero que discerne
entre o bem e o mal", disse Edward Irving (Life of Edward Irving,
Mrs. Oliphant)."Ninguém jamais testou o espírito
que estava em mim", disse o Sr. Baxter,
profeta do Irvinganismo, após ter sido liberto
do Enganador (Narrative of Facts, pg 131). Esta foi a queda dos espiritualistas. Para Stainton Moses,
um ex-clérigo, eis o que diziam os seus familiares com os quais ele se
confraternizou (em seções mediúnicas) por mais de trinta anos: "pregamos
um evangelho mais nobre, revelando um deus muito mais divino que você já havia
concebido antes" (Spirit Teaching, pg. 207). Sobre o Dr. Monk, um médium famoso, que havia sido no passado um pastor
Batista caiu um espírito
com poder sobrenatural enquanto ele pregava. Esta foi a queda dos Mórmons: "Eu sou Jesus Cristo o Pai e o Filho", disse o
espírito que escreveu o livro de Mormom. Esta foi a queda do Príncipe de Agapemone, que fora no passado um clérigo evangélico ardoroso e dedicado. Ele
declarou sobre a direção do espírito que o controlava, e a quem erroneamente
tomou pelo Espírito Santo: "em mim vocês veem Cristo em carne; por mim e
em mim Deus redimiu toda carne da morte" (Hepworth Dixson,
Spiritual Wives, vol. 1, pg. 272).
Esta tem sido também a queda de muitos líderes
cristãos modernos. Declarou
o Dr. Parker: "Oro à
minha esposa todos os dias. Nunca venho para o trabalho sem pedir a ela que
venha comigo; e ela realmente vem. Nunca venho a este lugar sem que ela venha comigo" (Review of Reviews, Janeiro,
1902). Mais grave ainda é a declaração feita pelo Dr. R. J. Campbell: "Estou consciente da presença de alguém no invisível misterioso,
neste momento. Quem é? Sempre acreditei que fosse Jesus. Não é uma abstração vaga, mas um ser definido,
vivo e pessoal. Trabalho sobre suas ordens. Estou errado em acreditar
que seja Jesus? Se assim for, terei sido iludido
a fazer muitas
coisas as quais nunca teria tentado de outra forma. Alguém do
mundo espiritual está me direcionando. Se não é Jesus, quem será? Para mim é
uma coisa incrível, impossível de se aceitar, que possa ser outra pessoa" (Christian Commonwealth, 30 Nov. 1910).
O Dom de Discernir os
Espíritos
Nenhuma escravidão que se possa
imaginar, pode ser mais horrível do que a aceitação de um espírito maligno,
tomando-o pelo Espírito de Deus. Talvez nenhum
perigo seja mais temível nos últimos dias do que Mateus 24:24 que diz: “porque surgirão
falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios que, se possível fora,
enganariam até os escolhidos”, e, provavelmente nenhum filho de Deus já tenha
acolhido algum espírito enganador, sem tê-lo submetido a testes; mas estes eram
seus próprios testes e não os testes de
Deus. Nem mesmo nós nos encontramos na posição de possuidores de algum
poder infalível de discernimento
dentro de nós. Um único fato é suficiente para desacreditar decisivamente
qualquer poder de discernimento nato em
um discípulo: entre os nove dons do Espírito Santo aparece o dom de
"discernimento de espírito" de acordo com 1 Coríntios 12:10: “e a
outro a operação de maravilhas; e a outro a profecia; e a outro o dom de discernir os espíritos; e a outro a variedade de línguas; e a outro a
interpretação das línguas”. Isso quer dizer que nem mesmo os mais
agraciados com dons na Igreja, na época dos Apóstolos, podiam infalivelmente
distinguir um espírito de outro, a
menos que possuíssem
este dom especial. Assim sendo,
muito menos o podemos nós, destituídos como
estamos de todo milagre e inspiração. Na proteção clara e inspirada da
Escritura deve estar nossa única segurança possível; e, duvidar, desconsiderar
ou negar tal proteção Divina, uma vez descobertas, enquanto apoiamos em nossos
próprios poderes para desmascarar o mais sutil inimigo dos seres humanos,
é lançar
fora a espada e lutar usando a bainha. Porque o Espírito Santo pode vir sobre um ímpio, como aconteceu a Balaão e um espírito
maligno pode vir sobre um homem
santo, pois os profetas, agraciados com o dom de discernir os espíritos, eram
instruídos a se assentar lado a lado e fazer a distinção (I Co 14:29: “e falem dois ou três profetas, e os outros julguem”).
Os Três Testes
É verdade que existem dois testes gerais, ambos
doutrinários, a saber:
Outro evangelho
“Mas,
ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que
já vos tenho anunciado, seja anátema”. (Gálatas 1:8)
Jesus veio em carne
“Porque já muitos enganadores entraram no
mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o
enganador e o anticristo”. (2 João 1:7)
Um encontro repentino com um espírito
exige um teste decisivo, e este é conclusivamente fornecido em I Jo 4:1-3.
“Amados,
não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm
levantado no mundo. Nisto conhecereis o
Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é
de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não
é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de
vir, e eis que já agora está no mundo”. (1 João 4:1-3)
Estes testes substituem aqueles dados através da Lei: Dt 13:1-3 e Jr 28:9.
“Quando profeta ou sonhador de sonhos se levantar no meio de ti, e te der um sinal ou prodígio, E suceder o tal
sinal ou prodígio, de que te houver falado, dizendo: Vamos após outros deuses,
que não conheceste, e sirvamo-los; Não ouvirás as palavras daquele profeta ou
sonhador de sonhos; porquanto o Senhor vosso Deus vos prova, para saber se amais o Senhor vosso Deus com todo o vosso
coração, e com toda a vossa alma”. (Deuteronômio 13:1-3)
“O profeta que profetizar de paz, quando se
cumprir a palavra desse profeta, será conhecido como aquele a quem o Senhor na verdade enviou”.
(Jeremias 28:9)
Os testes nos Evangelhos e Gálatas
são peculiarmente precisos onde houver suspeita de espíritos malignos, ainda
que não haja manifestações sobrenaturais). Aqui está a nossa proteção
definitiva. (Vou acrescentar algumas
inferências óbvias entre parênteses, sobre o texto de I Jo 4:1-3):
Amados (os únicos qualificados a
fazer o teste, Lc 10:19 (“eis
que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo,
e nada vos fará dano algum”), não
creiam em todos os espíritos (pois a fé em um espírito pode ser mortal),
mas provem os espíritos (porque
espíritos tanto do céu
quanto do inferno podem se manifestar a qualquer momento), se eles são de Deus.
Porque muitos falsos profetas (homens realmente inspirados, porém, pelos
demônios, os quais são na verdade médiuns) estão no mundo. Por meio disso (como
critério, dado pelo Senhor) conheçam o Espírito de Deus (de modo que os outros
"espíritos" mencionados são também seres pessoais): Todo espírito
(a quem se
deve dirigir diretamente, deixando de lado a pessoa do profeta – Atos 16:16, “e aconteceu que,
indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espírito de
adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores”) que confesse (em resposta
ao desafio) que Jesus Cristo veio em carne (teste este nunca antes dado, e, por isso, nunca antes utilizado) é de Deus (é verdade
que durante a Sua
vida terrena, os demônios confessaram que nosso Senhor
era o Santo de Deus, mas (1) isso não aconteceu como
resposta ao teste, ao passo que Deus agora ordena a colocação de um desafio
direto para cada espírito que se comunicar;
(2)
É Jesus como MESSIAS, o Cristo humano,
não somente como Filho de Deus,
que os poderes invisíveis são chamados a confessar; (3) Isso ocorreu
antes que estes testes
tivessem sido dado à igreja,
e, desta forma, presumidamente, antes que uma proibição à evasão tivesse
sido estabelecida sobre o mundo invisível; e (4) Seja por coação ou sagacidade,
é fato comprovado que os espíritos imundos, deste modo, infalivelmente se
revelam desde a ressurreição de nosso Senhor); e todo espírito que não confesse
Jesus (silenciar-se ou esquivar-se habilmente
é tão fatal quanto a negação) não é de Deus (é natural que uma alma sincera evite submeter a teste o que
possa ser provas de ser o Próprio Espírito Santo. Mas, a passagem ordena isso e
verdadeiramente nos revela o Espírito
depois dEle ter sido
testado. "Por meio
disso (depois de
aplicado o teste) conheçam o Espírito de Deus).
A Segurança do Teste
A importância deste teste é
impossível de se exagerar. A Palavra de Deus aqui se responsabiliza
pessoalmente pelo resultado: Se evasão ou dissimulação por parte dos demônios
fosse possível, não somente uma resposta do espírito provaria não ser critério, mas a passagem
toda se tornaria
uma cerca apodrecida às bordas de um precipício,
tornando-se mais perigosa para alguém que se debruçasse sobre ela, do que se não estivesse
lá. É critério infalível. Mas várias
condições subentendidas no contexto necessitam observação mais cuidadosa.
(1) A Escritura não oferece base, tanto que eu esteja
informado, para a suposição de que este teste seja eficaz nas mãos de não
convertidos. O teste , assim como a invocação do nome do Senhor (Mc 9:39, “Jesus, porém, disse:
Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo falar mal de mim”), não é um encantamento mágico que possa ser
usado por qualquer um (At 19:13-16, “e
alguns dos exorcistas judeus ambulantes tentavam invocar o nome do Senhor Jesus
sobre os que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus a quem
Paulo prega. E os que faziam isto eram sete filhos de Ceva, judeu, principal
dos sacerdotes. Respondendo, porém, o espírito maligno, disse: Conheço a Jesus,
e bem sei
quem é Paulo;
mas vós quem
sois? E, saltando neles o homem que tinha
o espírito maligno,
e assenhoreando- se de todos,
pôde mais do que eles; de tal maneira que, nus e feridos, fugiram daquela casa”), mas uma incumbência solene confiada ao povo de
Deus, para proteção do Seu rebanho. (2) É um teste para o espírito,
e não para o profeta.
Assim sendo, nunca deve ser aplicado, a menos que o sobrenatural
esteja obviamente presente;
e o espírito deve ser compelido a responder e não o profeta. Estamos lidando
com um adversário sutil e inescrupuloso (assim, em nossos dias, todos os que
declaram ter dons sobrenaturais vindos de Deus, deveriam responder a duas
perguntas: (1) O espírito foi isolado primeiro entre vocês depois um
"sim" ou "não" foi exigido à pergunta "Jesus Cristo
veio em carne? (2) Se a resposta for positiva, como foi que vocês isolaram o
espírito de forma efetiva, de modo a estarem certos e capazes de assegurar a outros, que a resposta
veio do espírito e não da pessoa que ele possuía naquele momento?
Sem que estas perguntas sejam apresentadas, (perguntas estas nunca respondidas
satisfatoriamente entre as seitas espíritas dos nossos dias), qualquer um que
consinta entrar no invisível, entra de olhos vendados no domínio das potestades que ele não sabe discernir. Mais ainda: você que possui o dom, sempre
que pronuncia as palavras "Jesus é Senhor" (estas palavras exatamente e não outras, I Co
12:3, “portanto,
vos quero fazer compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus diz:
Jesus é anátema, e ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito
Santo”) pela capacidade
sobrenatural de expressão, elas são pronunciadas em condições que deixam
dúvidas de que ela falou (isto é, a capacidade sobrenatural) e não você? Nenhum
caso autêntico de resposta a estes testes, com testemunhos públicos e provas
foi até agora dado à igreja de Cristo; nenhum caso sem exame pormenorizado também;
nada além do que tem ocorrido no pseudo-espiritismo ao
longo das eras, rumores não comprovados.
(3) O sistema doutrinário e espontâneo de um
espírito (como em Atos 16:17, “esta, seguindo
a Paulo e a nós, clamava, dizendo:
Estes homens, que nos
anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo”) não é critério; um espírito pode ser
tão ortodoxo na confissão geral quanto um humano hipócrita. Somente uma confissão em resposta a um desafio direto pode trazer à tona sua real origem. João não diz: "creiam em todos os espíritos",
como se todo o sobrenatural fosse sempre Divino; nem disse também: não creiam em espírito nenhum", como se comunicações miraculosas de Deus agora
fossem impossíveis; mas, "não creiam em todos os espíritos", porque
um espírito, maligno ou não, pode se manifestar a qualquer momento.
Demônios Falam em Línguas
Além disso, o teste comprovadamente
funciona. Línguas sobrenaturais irromperam há oitenta anos atrás na família de
um clérigo em Gloucestershire; uma emissão
de sons sobre-humanos, através de um menino
de sete anos, que governava a casa como se fosse a voz de Deus.
Finalmente surgiu uma suspeita
na mente daquele pastor e o seu superior lhe sugeriu que aplicasse o teste.
Naquele momento o menino gritou: "Não teste os espíritos! Não teste os
espíritos"! De modo solene, o espírito cujo protesto foi sabiamente ignorado,
foi indagado se Jesus Cristo veio em carne, o que ele prontamente negou.
Depois de ser silenciado pelo pastor, o espírito partiu e nunca mais retornou.
Espíritos Familiares
Outro caso concreto pode ser mencionado. Há
alguns anos atrás, em Norwick, um jovem informou a um conhecido
meu, muito dedicado
ao Senhor, que durante
uma sessão espírita ele havia se comunicado com sua avó. "Sua avó, a quem eu conheci muito
bem, tinha um
caráter adorável e
era uma mulher santa," respondeu o velho. "Meu conselho é que você volte e
pergunte a ela: 'Jesus Cristo veio em carne?'" Poucos dias depois, o
jovem, terrivelmente abalado, retornou dizendo: "A resposta imediata do espírito foi 'NÃO', seguindo- se de uma
torrente de blasfêmias. É um espírito do inferno!"
A Experiência do Autor
Posso acrescentar minha própria
experiência. Há mais ou menos vinte anos atrás, eu, juntamente com alguém que
hoje é Cônego Anglicano e outro que é missionário no interior da China e vários
formados, aplicamos o teste em meu alojamento em Cambridge. Foi perguntado ao espírito, depois de se ter certeza de
que um espírito estava realmente presente e dele
ter sido totalmente isolado: "Você está disposto a se comunicar
conosco a respeito da encarnação de Jesus Cristo?" Ele respondeu com um
enfático "sim". Perguntamos então a ele: "Jesus Cristo veio em
carne?" A resposta foi um NÃO ainda mais enfático. A emoção tremenda que
senti frente àquela terrível descoberta, nunca sairá da minha memória.
Portanto, não há a necessidade de um bebê em Cristo ser mais enganado do que um crente maduro
na fé, caso ele faça uma aplicação
honesta do teste. Porque o poder revelador reside, não no grau de
santidade do inquiridor, mas na infalibilidade da Palavra! "Amados"
(de qualquer idade, maturidade
ou circunstância), "provem os espíritos."
Jesus é Senhor ou
Anátema?
O segundo teste supremo para o
sobrenatural aparece no início do tratado de Paulo, sobre os dons miraculosos. (Vou acrescentar algumas
inferências óbvias entre
parênteses, ao texto de I Co 12:1-3):
"A
respeito dos dons espirituais (ou,
os inspirados: a maior parte dos críticos modernos decide a favor do sentido
'homens inspirados' – Godet. O
versículo 3 também determina isso.
Além do mais, "os testes dados não se
aplicarão a todos os casos de dom espiritual, como
por exemplo o dom de cura, e outros que eram dons de ação, mas apenas aos dons de palavra inspirada" – Govett), não quero, irmãos,
que sejais ignorantes (pois tal ignorância é perigosa). Sabeis que
outrora, quando éreis gentios, vos deixastes conduzir (seduzidos por frenesis
demoníacos e pelo engano, "perseguidos por um flagelo de demônios
malignos"–Justin) aos ídolos
mudos (para os
quais os demônios conduzem) conforme (pois inspirações pitônicas (espíritos adivinhadores)
tomam formas variadas) éreis conduzidos.
Portanto, dou a vocês (como uma revelação especial) a compreender (de maneira a
diferenciar sem risco de erro entre o que recebe dom de Deus e o que recebe dom
do diabo) que ninguém que fala pelo Espírito de Deus (isto é, nenhum homem inspirado) afirma: Anátema Jesus!
Por outro lado, ninguém (isto é, nenhum
homem inspirado) pode dizer: Jesus é Senhor!
Senão pelo Espírito
Santo (não 'Cristo'
apenas; aqui Paulo diz Jesus e não Cristo. Sua
preocupação é com a Pessoa histórica que viveu na Terra sob o nome de Jesus. É com Ele
que toda a inspiração verdadeira está inseparavelmente ligada. É dEle que toda
a inspiração carnal e diabólica se afasta. Os Gnósticos tinham por habito
mandar que aqueles que entravam em suas igrejas amaldiçoassem a Jesus (Godet).
A ausência do termo "Senhor" antes
de "Jesus", marca tão evidente
na literatura das Línguas Estranhas, e creio eu, invariável
em suas articulações "inspiradas", é muito significativa. "Àquele que me usou", diz numa
carta um conhecido meu que possui o dom
de línguas, "eu
consciente e voluntariamente me submeti à sua utilização, e ele me revelou Jesus, Filho de Deus, que veio em carne, o Espírito fala com força dentro
de mim na língua (estranha), louvando a Jesus, Filho de Deus, que veio em
carne." Aqui está uma pessoa escrevendo sob o poder de um espírito;
todavia, embora nosso Senhor seja frequentemente mencionado, nunca o é como
Senhor, e o louvor dado ao Senhor pelo ser
– espírito é totalmente
distinto da confissão requerida, ficando longe também
de ser uma resposta a um desafio direto – I Co 12:1-3).
O
Teste é para o Espírito não para o Profeta
Nenhum dom é mais imitado por Satanás, ou tem
sido mais imitado através dos
tempos, do que o mais elementar de todos os dons (I Co 14:19): o dom de
Línguas. Somente quando a articulação for evidentemente sobrenatural, é que o teste pode
ser aplicado de forma correta e eficaz;
mas ele é inconfundível e decisivo. Os órgãos da articulação de sons, em um
homem inspirado, passaram em parte do seu controle para o espírito controlador (mas, nos casos Divinos, apenas
parcialmente; isto é, enquanto o Espírito Santo era responsável pelo conteúdo, o profeta
era responsável pela ocasião e duração da declaração,
pois "os espíritos dos profetas ESTÃO SUJEITOS aos profetas" I Co
14:32. Um profeta devia parar, e
podia parar, caso uma revelação repentina fosse dada a outro profeta (I Co
14:30). A impossibilidade de se verificar o que diz o profeta é sempre um sintoma da inspiração satânica). Portanto, nenhum homem
(esta é a revelação de Deus), desde que um poder sobrenatural esteja
operando por meio dele, controlando seus órgãos de
expressão, pode dizer "Jesus é
anátema", se for um espírito
bom; nem pode dizer "Jesus é Senhor" se
for um espírito maligno.
Repetindo: o espírito é que deve ser testado e não o homem. Mas, um problema prático, infinitamente
importante, permanece. O que faremos se o sobrenatural nos vier em uma forma
que não possa ser testado, como por exemplo, uma "língua" que terá o cuidado de não responder
em nossa própria
língua? "O teste de I João 4", alguém que fala
línguas me escreveu, "nunca poderia ser aplicado a mim, pois quando
o poder sobrenatural está sobre mim, as expressões sempre são uma língua estranha; e isso é
uma experiência constante." Um coração devotado à Palavra de Deus só pode
ter uma resposta: Nenhum
cristão tem qualquer direito de receber o sobrenatural ou um espírito de outro
mundo, se não fizer a aplicação destes testes de Deus, de modo solene e eficaz.
O perigo crítico jaz aqui: um espírito enganador
se apresenta num disfarce que não
pode ser testado, e, desse modo, persuade o recipiente a aceitar esse arranjo e fazer a suposição horrivelmente
tenebrosa, de que o espírito é o Espírito Santo. Mas o Próprio Espírito
nos deu os testes;
assim sendo, Ele não Se ofenderá com sua aplicação respeitosa. É ordem dEle
que tais testes sejam aplicados. Quando Ele vem, ou então
um espírito bom ou anjo com Sua permissão vem, Ele indicará Seus
próprios testes. Por isso,
um espírito que evitá-los, procede
do Abismo. Um espírito
não testado deve ser afastado
e banido a qualquer custo.
O Pecado Imperdoável
"É de
suma importância," nas palavras do Sr. G. H. Pember, "que o pleno significado dessa declaração (I Co 12:1-3) seja entendido pelos crentes dos nossos
dias. Porque novamente as manifestações demoníacas estão se multiplicando entre
nós, e isso com uma sutileza suficiente para enganar qualquer um que
negligencie a aplicação dos testes prescritos". A falha ou a recusa
obstinada em usar os testes de forma cuidadosa e solene, pode, em si mesma, ser
nada mais do que um ardil, um ataque maligno do Príncipe das Trevas. A recusa
em fazê-lo aparece já no início do Segundo Século: "E a todo profeta que fala no Espírito," diz o Didaque, "não deveis testar ou provar; pois todo pecado será perdoado, mas
este não será perdoado." Exatamente do mesmo modo, mil e oitocentos
anos mais tarde, foi declarado pela Sra. Woodworth
Etter: "Constitui pecado
imperdoável, atribuir deliberadamente qualquer umas das obras maravilhosas do
Espírito Santo ao diabo. Nunca houve, desde o tempo das igrejas primitivas,
tanto perigo das pessoas cometerem o pecado imperdoável como há hoje, desde que
o fogo Pentecostal envolveu a Terra" (Signs and Wonders, pg.
138). Confundir os milagres de Deus,
realizados através do ser humano em qualquer época ou nação, com milagres de satanás,
seria verdadeiramente uma tragédia; mas imaginar que este fosse
o pecado para qual não haverá perdão é totalmente errôneo, e, (usado como a Sra. Woodworth Etter o faz), é uma coação da pior espécie. Porque
atribuir a satanás os milagres operados do nosso
Senhor, e por Ele somente, evidenciados por seu caráter imaculado e Sua
vida perfeita, é o que constitui a blasfêmia imperdoável: "Porque eles disseram: Ele
tem um espírito imundo" (Mc 3:30). Não há provas, tanto quanto eu
conheça, de que blasfêmia imperdoável tenha sido cometida, desde que nosso
Senhor a expôs nos lábios dos Fariseus daquela
época.
"Eu louvo a Deus", diz um líder do Movimento de Línguas
(Estranhas–Tradutor) na Inglaterra, "porque
o Espírito que habita em nós não necessita ser isolado nem questionado para
evidenciar aquele fato (que Jesus veio em carne)." Esta é uma negação
macabra! Um manifesto coletivo
de um grupo de pastores na
Alemanha, declarou o seguinte em 1908: "Declaramos
o grave fato de que no recente movimento de Línguas em Cassel e outros lugares,
cristãos conhecidos receberam dom de profecia e línguas e não eram do Espírito
Santo. Devemos confessar que falhamos numa medida altamente deplorável, porque
não fizemos uso do teste "provai os espíritos," conforme o mandamento da Palavra de Deus.
Aceitamos sobre nós a culpa e a censura por causa dessa deficiência, como
também nas esferas
mais amplas da Igreja Cristã." Por causa dessa culpável, inexplicável e única
negligência, surgiram o Montanismo,
os Camisards, o Irvinganismo, o Espiritualismo e o moderno Movimento das Línguas. Dessa mesma negligência deverá surgir a grande apostasia!
"O
Espírito diz expressamente que em tempos vindouros alguns deverão abandonar a
sua fé, dando ouvidos a espíritos enganadores" (I Tm 4:1)
"Amados,
provem os espíritos" (I Jo 4:1)
"Não desprezeis as
profecias; testai todas as coisas" (I Ts 5:20)
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Autor: D. M.
Panton Traduzido por Delcio Meireles
Preciosa Semente