PROFUNDIDADE E RELACIONAMENTO


 






O cristianismo bíblico sempre será uma religião de profundidade. Não há nada de superficial em suas estruturas doutrinárias. A começar pela redenção, a obra redentora da cruz é uma violência contra a natureza do pecado, a descida e encarnação do Verbo é um ato sobrenatural, a transcendência do divino ao terreno é um acontecimento de impacto atemporal, a fé cristã vai além do normal, é profunda, ultrapassa o mundo quântico, vai mais além, o espectro obscuro e deformado da natureza do pecado e seus efeitos só podem ser vistos pela luz da glória do Evangelho de Cristo, sem essa luz, todo o conceito do maravilhoso se limita a criação e não a misericórdia e a providência do Criador com relação a sua criação. Em Mateus 15 Jesus vai debater contra a religião superficial e artificial, estratificada por tradições e exteriorizada apenas para esconder a natureza perversa de homens religiosos que não vivem a profundidade do Evangelho nem experimentar a palingenesia (Redenção ou novo nascimento). O Novo Testamento fala sobre “as profundezas de Deus” (I Corintios 2:10) e alcançamos ela, quando o nível da vida espiritual desce até a intimidade de um relacionamento com o Senhor, isso se dá através de uma proximidade do coração do redimido com a presença do Redentor, a fonte da ressurreição, da verdade e da vida. Toda a sofisticação da religião com base em tradições e crenças humanas sem vida, sufoca a vida divina que se manifestam pelas verdades bíblicas, embora a Palavra revelada seja viva e eficaz, os entulhos religiosos das tradições humanas sobrepostos um sobre outros, impedem um fluir das verdades espirituais da graça de Deus. Jesus acusou homens com um sistema religioso sofisticado na estratificação fria de conceitos sem vida, obscurecidos pelas sombras do monturo de uma religião humanista, de distantes de Deus. A ênfase exagerada em doutrinas de homens, esses eram os manifestos dos homens mortos no pecado, na condição arruinada de viverem debaixo da maldição do espírito do erro (Efesios 2:1 e 2). Jesus acusa os Judeus: “Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim” (Mateus 15:8) Jesus estava citando Isaias 29:13. Percebemos que os lábios e a boca dos acusados denotavam uma piedade confessional impressionante, mas era tudo uma coisa muita rasa, uma película muito fina a cobrir um coração distante do Senhor. Cristo fora do coração, significa uma religião de aparências e fadada ao fracasso e a vergonha (Apocalipse 3:20) O coração em Mateus 15:8 é a tradução do grego “kardia”. Há no mundo ocidental uma confusão no que diz respeito a entender o significado do coração, segundo as Escrituras, o coração não é aquele órgão que bombeia o sangue para todas as partes do nosso corpo, mas o centro do comando afetivo do homem interior, o chão figurado onde repousa a nossa consciência, volição e virtudes, o local do discernimento e a janela por onde um santo pode experimentar a visão beatífica (Mateus 5:8). é um lugar íntimo, onde podemos esconder o amor pelo pecado, longe dos olhares da reprovação dos homens, o lugar onde guardamos nossas paixões mais vergonhosas, guardados dos olhos dos reprovadores, o coração traça pelo que tem dentro dele, o perfil da face da alma, se viesse a lume esse perfil, poderíamos ver o quanto um ser humano pode ser monstruosamente desfigurado pelo pecado. Mas a formosura da verdadeira piedade também é uma verdade a se considerar, vimos que aos olhos dos seus algozes, que Estevão tinha rosto de anjo (Atos 6:15) Cristo se transfigurou e a sua glória foi vista por alguns discípulos, aqui temos a expressão exata da manifestação de um coração controlado e habitado por Deus através do Espírito Santo. Não é isso o produto artificial de uma fantasia religiosa, senão aquela vida espiritual que se caracteriza por um coração que tem intimidade com Deus, um fato, um resultado do novo nascimento, da regeneração. Quando o coração está próximo de Deus a mente é renovada e iluminada, dessa benção procede o verdadeiro discernimento e a verdadeira experiência de iluminação espiritual, pois a presença do Senhor é a presença da sua glória “Deus é luz” (I João 1:5) Quando o Senhor está próximo do nosso coração, os olhos do nosso entendimento são iluminados sabemos a respeito da verdadeira esperança e conhecemos todas as riquezas da glória de Deus (Efésios 1:18)



C. J. Jacinto

 

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