Os Perigos da Relatividade Semântica


 


Se os pensamentos corrompem a linguagem também podem corromper os pensamentos” (George Orwell)

 

 O Escritor John Steinback, que ganhou o Nobel de literatura, no romance “O  Inverno de Nossa Desesperança” narra como um dos personagens consegue fazer um neologismo com uma terminologia original,  fazendo um jogo duplo com um conceito definitivo e sacro na tradição religiosa ocidental, o termo “Good Friday” na America do norte é entendido como a mesma Sexta feira santa entre nós. porém quando surgiu a pergunta o que significa “Good Friday” a resposta foi que significava “nojento” uma inferência de que era um dia profano.

O neologismo é uma arma ideológica e na reengenharia social anticristã, ela tem o propósito de enganar, enganar quem não tem discernimento. Tanto na política quanto na cultura, esvaziar o sentido do absoluto e criar ambigüidades tende a deturpar o sentido da verdade. Isso ocorre hoje, bem diante de nossos olhos e ouvidos. O pós modernismo traz essas deturpações do sentido, é um jogo de engano sutil, a palavra é proferida mas já há uma divergência entre quem profere e quem escuta, pois por trás dos dois, pode existir conceitos diferentes e até significados opostos. Por exemplo, a palavra tolerância, ela pode ser, dependendo do contexto, não tolerar quem não tolera o erro. A tolerância significa a mais rude intolerância com que discorda. Isso é basicamente diabólico desde a sua essência. Jesus ensinou: “Seja porém o vosso falar: Sim, sim; não,  não; porque o que passa disto é procedente do mal” (Mateus 5:37) A natureza do ensino de Cristo é que o  “sim” e o “não”  não pode ter efeito ambíguo e contrários ao sentido absoluto, o sentido deve ser realista, da mesma forma no Antigo Testamento encontramos a advertência: “ai daqueles   que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que fazem das trevas luz, e da luz trevas; e fazem do amargo doce, e do doce amargo”(Isaias 5;20). Quando as palavras perdem o sentido, a verdade será sacrificada no altar profano da conveniência humanista.

O neologismo associado as tendências malignas da nossa época secular, poluída por ideologias anticristãs e vãs filosofias, associadas ao politicamente correto, tendem a torcer o sentido dos termos, isso não é novo, até mesmo a cristandade se acha moralmente enferma, a questão de definir o pecado, é ambígua e agora é sinônimo de “problema” abandonaram o conceito bíblico e adotaram a visão da psicologia mundana. Toda a sociedade está agora impregnada  de ambigüidades, esse processo de mudança de paradigmas vem ocorrendo aos poucos, e atualmente se encontra enraizado na sociedade. Como se altera o comportamento de um indivíduo na sociedade: abolindo os absolutos.  Há uma guerra de narrativas compostas por termos ambiguos, ela é promovida por demônios, o diabo o pai da mentira foi o primeiro ser no universo a usar o neologismo, o relativismo e a ambigüidade como arma ideológica para lançar uma sociedade no abismo e ele conseguiu incutir na mente de Eva que as Palavras do Criador não significavam o que realmente diziam “certamente” disse a serpente a Eva, “não morrerás”. Por trás do véu espiritual, a luta gigantesca contra a historicidade do livro de Genesis, lança esse duplo ataque, relegado ao mito, a meta-narrativa da queda impor também a possibilidade do tentador ser um símbolo e não ser uma pessoa. Esse reducionismo de verdades bíblicas, altera a forma como é construída a cosmovisão de uma pessoa, então temos o caminho aberto para a  apostasia moral e espiritual. A mentira por trás de um conceito de origem ideológico com  uma associação á semântica que perde o seu sentido exato conduz o homem a duvidar da verdade, e quem duvida de uma verdade e abandona um absoluto essencial, cai na armadilha do diabo.

Não sei se George Orwell era um profeta ou tinha uma percepção pessimista do mundo, assim como H. G. Wells, tinha envolvimento com a sociedade Fabiana, flertava com o socialismo, suas obras “1984” e a “Revolução dos Bichos”  são caracterizadas pela tirania política, mas o primeiro livro “1984” conhecido romance distópico, narra uma ditadura com um sistema de controle de cada individuo, Orwell cunhou alguns termos no romance, como “novilingua” e “duplipensar” debaixo do domínio titânico, o “grande Irmão” vigiava, com um olho “eletrônico” a sociedade dominada, com  a tecnologia criou-se uma tecnocracia de controle total. O romance “1984” merece atenção, pois ao narrar o sistema da sua ficção, Orwell criou uma sociedade distópica onde as palavras perdem o seu sentido e ainda por cima, desenvolveu o conceito de escravidão voluntária e criou as regras para se viver dentro do sistema, trocar a liberdade pela “segurança”. Assim, era considerado crime discordar, as idéias poderiam ser criminosas, passíveis de uma sentença letal. Não há senão uma aceitação condicional das regras, uma conformação com a duplicidade “guerra é paz” um oposto que mergulha em ambigüidades, a fusão de termos opostos para se adequar a uma circunstância e projetar a possibilidade da justificativa do injustificável. Uma sociedade torna-se anticristã quando processa a abolição dos absolutos. Quando as palavras perdem o significado, quando um sistema ideológico faz uma redefinição dos termos, é assim que se processa um “reset” e a engenharia do comportamento social impele essas mudanças. Assim, quando se fala sobre família, qual é o significado? Qual a definição que se está dando para “família” no contexto das mudanças de paradigmas usando pelos sistemas políticos ideológicos de tendências opostas aos valores judaicos-cristãos?

Acaso não vimos hoje uma imposição de hábitos sociais descaradamente anticristãos? a mídia diabólica, comprometida com o deus deste século, não vem trabalhando para apresentar a impiedade como algo normal? a mudança dos termos e a diluição do significado das palavras uma guerra de narrativas semânticas, um apoio aberto ao relativismo e toda sorte de ambigüidades, assim vivemos o que lemos no sinistro romance de Orwell “Ignorância é força” e por fim “liberdade é escravidão”.  Hoje vimos como os esquemas mentais do politicamente correto querem apenas ajustar a impiedade ao uso normal da vida. Aniquila-se os absolutos por uma causa conveniente, quem não abraça o relativismo torna-se um criminoso, intolerante, fundamentalista, o jogo das palavras é óbvio, o termo ‘fundamentalista” nunca é usado com ambigüidade de conceito, é um termo extremamente pejorativo, usado na mais extravagante ignorância pois a “ignorância é força” se as palavras perderem seu sentido real, a confusão se instaura, e os códigos morais que norteiam a consciência perde-se na confusão, aliás, o que vimos hoje é um reducionismo técnico do indivíduo, ele é apenas um componente da grande máquina social, nas palavras de H. G. Wells: “Cada um é um item de uma massa social”.

A ameaça de nossos tempos envolve cristãos bíblicos, que precisam se firmar na verdade e não negociá-las em troca das conveniências que o sistema oferece.  Cada vez mais vimos que por trás da agenda globalista há a tendência de se relativizar tudo e promover um reducionismo da verdade a nível pessoal com limites a convicções próprias e não passar além disso. A verdade ou um conjunto delas seriam universalmente ambíguas, e limitadas aos opostos dentro de cada cidadão global. Essa é uma tentativa de criar um sistema sem conflitos, Huxley previu isso na “filosofia Perene” e Helena Blavatsky na teosofia tentou achar um fio primordial que unisse todas as religiões num princípio de crenças única.

Quando Cristo disse que era a verdade, essa singularidade é um absoluto que coloca a fé cristã na exclusividade de possessão de fatos. Assim como ele fez essa declaração em João 14:6 adiante os apóstolos reiteraram com firmeza essa verdade (Atos 4:12) quando isso ocorreu, houve um confronto com o sistema religioso vigente local, com o judaísmo e posteriormente com o império romano que consagrava os imperadores á divindades. O culto ao imperador era uma obrigação social, e os cristãos que rejeitaram essa idolatria pagaram o preço com a perseguição e com a própria vida.


"A linguagem política é projetada para tornar as mentiras verdadeiras e o assassinato respeitável"(George Orwell)


Da mesma forma na época do profeta Daniel, quando os amigos do profeta arriscaram suas vidas por não se dobrarem a estátua que foi erguida no campo de Dura, num período de globalização das crenças (assim como também houve essa tendência durante um período do império romano)

"O problema do relativismo semântico estava no cerne da rebelião de Babel contra o criador, ali as palavras perderam o seu significado verdadeiro e instaurou-se uma confusão universal" (C. J. Jacinto)

É lógico que para que haja uma mudança de paradigmas é necessário a imposição de uma relatividade semântica, e isso ocorre hoje, é uma guerra cultural que se instaura muitas vezes de modo sutil, imperceptível aos que se encantam com a doce orquestra da tecnologia ocidental e o materialismo consumista que envolve essa corrente tendenciosa que produz profunda cegueira e anestesia a sensibilidade humana. A guerra de narrativas ideológica que envolve filosofias políticas e leva cristãos para o combate, acabam impelindo os cristãos na defesa de um capitalismo doente que influencia a cristandade a cair na armadilha do maquiavelismo e do materialismo. Devemos tomar muito cuidado pois os dias difíceis estão  diante de nossos olhos, e mais do que nunca devemos estar preparados para a oposição contra o cristianismo bíblico que mais cedo ou mais tarde estará dando golpes mortais contra aquilo que chamam pejorativamente de cristianismo fundamentalista.

 

 "O próprio conceito de verdade objetiva está desaparecendo do mundo" (George Orwell)

Conclusão:

 No contexto de I Corintios 14, Paulo estava abordando a questão de línguas, era um problema de semântica e absoluto que estavam em perigo, ele então anuncia que Deus não é um Deus de confusão (I Corintios 14:33) Falar a  verdade com precisão de significados é uma ordenança bíblica (Zacarias 8:16 e Efesios 4:25) Negar a expressão exata de um termo, reduzindo seu significado princpios ambíguos tem influencia do espirito do erro (I João 2:22) Assim também como o maior pecado e imperdoável vem pela verbalização de um erro sério, a blasfêmia contra o Espírito Santo envolve a aplicação errada de termos verbais (Mateus 12:30) Cristo também advertiu que os homens darão conta no dia do juízo por todas as palavras inúteis, sem sentido, falsas, ambíguas e relativizadas no dia do juízo (Mateus 12:36) 

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Clavio J. Jacinto

 

 

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